Visualizar as maravilhas de uma célula viva
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0:01 - 0:03Eu sou um ilustrador médico,
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0:03 - 0:07e tenho um ponto de vista
ligeiramente diferente. -
0:07 - 0:09Tenho observado, desde que cresci,
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0:09 - 0:13as expressões da verdade
e da beleza nas artes -
0:13 - 0:15e a verdade e beleza na ciência.
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0:15 - 0:18Embora ambas sejam coisas fantásticas
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0:18 - 0:21— ambas têm características
próprias admiráveis — -
0:21 - 0:26a verdade e a beleza
observadas como ideais -
0:26 - 0:29pelas ciências e pela matemática
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0:29 - 0:32são quase como as gémeas siamesas ideais
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0:32 - 0:34com quem um cientista gostaria de namorar.
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0:35 - 0:36(Risos)
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0:37 - 0:42São expressões da verdade com significado,
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0:42 - 0:45isto é, são coisas que se podem venerar.
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0:45 - 0:49São ideais poderosos, irredutíveis,
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0:50 - 0:52são únicos, são úteis
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0:52 - 0:55às vezes, frequentemente,
muito tempo depois do facto. -
0:55 - 0:57Podem passar algumas das imagens agora,
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0:57 - 1:00porque eu não me quero ver no ecrã.
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1:01 - 1:04A verdade e a beleza
são coisas muitas vezes opacas -
1:04 - 1:08para as pessoas que não estão
envolvidas na ciência. -
1:08 - 1:14São coisas que descrevem a beleza
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1:14 - 1:18de uma maneira muitas vezes inacessível
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1:18 - 1:21aos que não entendem
a linguagem ou a sintaxe -
1:21 - 1:25da pessoa que estuda o assunto
no qual a verdade e beleza são expressas. -
1:25 - 1:27Se olharem para a matemática,
E=mc ao quadrado, -
1:27 - 1:30se olharem para a constante cosmológica,
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1:30 - 1:32em que há um ideal antrópico,
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1:32 - 1:35em que se vê que a vida
terá de ter evoluído -
1:35 - 1:38a partir dos números
que descrevem o universo -
1:38 - 1:41— são coisas extremamente difíceis
de compreender. -
1:41 - 1:42O que tenho tentado fazer
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1:42 - 1:45desde que tive formação
como ilustrador médico -
1:45 - 1:49— desde que o meu pai que era escultor
e foi o meu mentor visual -
1:49 - 1:51me ensinou a animação —
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1:51 - 1:55eu queria encontrar uma maneira
de ajudar as pessoas -
1:55 - 1:58a compreender a verdade e a beleza
nas ciências biológicas -
1:59 - 2:03utilizando a animação,
usando imagens, contando histórias. -
2:03 - 2:07Para que as coisas que não são
necessariamente evidentes às pessoas -
2:07 - 2:11possam ser iluminadas,
possam ser ensinadas e compreendidas. -
2:12 - 2:17Os estudantes de hoje em dia
estão muitas vezes imersos num ambiente -
2:17 - 2:23onde o que eles aprendem são temas
que têm verdade e beleza incorporadas, -
2:23 - 2:27mas a forma como estes são ensinados
é compartimentada -
2:27 - 2:32e levada ao ponto
em que a verdade e a beleza -
2:32 - 2:33nem sempre são evidentes.
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2:33 - 2:36É quase como aquela receita
de canja antiga, -
2:36 - 2:40em que a galinha é fervida
até o sabor desaparecer. -
2:41 - 2:43Nós não queremos fazer isso
aos nossos estudantes. -
2:43 - 2:48Temos então a oportunidade
de criar um ensino aberto. -
2:48 - 2:51Há uns anos, recebi uma chamada telefónica
de Robert Lue de Harvard, -
2:51 - 2:54do Departamento de Biologia
Molecular e Celular, -
2:54 - 2:56Ele perguntou-me se a minha equipa e eu
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2:56 - 2:59estávamos interessados e disponíveis
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2:59 - 3:02para mudar a maneira
como o ensino médico e científico -
3:02 - 3:04é ensinado em Harvard.
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3:04 - 3:08Então embarcámos num projeto
que exploraria a célula, -
3:08 - 3:11que exploraria a verdade
e a beleza inerentes -
3:11 - 3:13na biologia molecular e celular
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3:13 - 3:16para que os estudantes pudessem
visualizar uma imagem maior -
3:16 - 3:19onde pudessem "pendurar"
todos estes factos -
3:19 - 3:22e pudessem ter uma imagem mental da célula
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3:22 - 3:29como uma cidade grande, movimentada
e extremamente complicada -
3:30 - 3:32que é ocupada por micromáquinas.
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3:32 - 3:35Estas micromáquinas são o centro da vida.
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3:35 - 3:37Estas micromáquinas,
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3:37 - 3:40que são a inveja dos nanotecnólogos
em todo o mundo, -
3:40 - 3:47são dispositivos autossuficientes,
poderosos, precisos e cuidadosos -
3:47 - 3:50feitos de cordões de aminoácidos.
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3:50 - 3:54Estas micromáquinas determinam a forma
como uma célula se move, -
3:54 - 3:58determinam a forma
como uma célula se reproduz, -
3:58 - 4:01dão energia ao nosso coração,
dão energia à nossa mente. -
4:02 - 4:04Nós queríamos perceber
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4:05 - 4:08como tornar esta história numa animação
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4:08 - 4:12que seria o ponto central
da BioVisions em Harvard, -
4:12 - 4:16que é um website da Harvard
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4:16 - 4:19feito para os seus estudantes
de biologia molecular e celular -
4:19 - 4:23que irá — para além
de toda a informação textual, -
4:23 - 4:25para além de todas as coisas didáticas —
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4:25 - 4:27irá juntar tudo visualmente,
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4:27 - 4:30para que os estudantes tenham
uma visão interiorizada -
4:30 - 4:32do que é realmente uma célula
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4:32 - 4:34em toda a sua verdade e beleza,
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4:34 - 4:38e poderem estudar com esta visão em mente,
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4:38 - 4:40para que a sua imaginação seja estimulada,
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4:40 - 4:43para que a sua paixão seja estimulada
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4:43 - 4:45e para que eles possam avançar
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4:45 - 4:49e usar estas visões na cabeça
para fazerem novas descobertas -
4:49 - 4:52e para poderem descobrir
como é que a vida funciona. -
4:53 - 4:59Então, começámos por ver como é
que estas moléculas se agrupam. -
4:59 - 5:02Trabalhámos com o seguinte tema:
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5:02 - 5:07Temos macrófagos que descem
por um tubo capilar, -
5:07 - 5:10e estão a tocar na superfície
da parede capilar, -
5:10 - 5:14reunindo informação das células
que estão na parede capilar. -
5:14 - 5:19São informadas que há uma inflamação
algures lá fora, -
5:19 - 5:22que elas não conseguem ver ou sentir.
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5:22 - 5:24Mas elas recebem a informação
que as obriga a parar -
5:24 - 5:30e a interiorizar que precisam
de executar os vários passos -
5:30 - 5:33que farão com que mudem de forma,
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5:33 - 5:38e tentem sair desse capilar
e descobrir o que se está a passar. -
5:38 - 5:40Então estes motores moleculares
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5:40 - 5:43— tivemos de trabalhar
com os cientistas de Harvard -
5:43 - 5:49e com bancos de dados de modelos
de moléculas atomicamente corretas -
5:49 - 5:53e perceber como é que elas se mexem,
o que elas faziam. -
5:53 - 5:55E perceber como fazer isto de uma maneira
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5:55 - 6:01que fosse fiel ao que realmente acontece,
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6:01 - 6:06mas não tão fiel ao ponto de que
a compacta multidão real de uma célula -
6:06 - 6:10nos impedisse de ver
o que está a acontecer. -
6:10 - 6:13Vou mostrar um vídeo de três minutos,
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6:13 - 6:16uma versão condensada
do primeiro aspeto deste filme -
6:16 - 6:18que estamos a produzir.
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6:18 - 6:22É um projeto em curso que ainda durará
mais uns quatro ou cinco anos. -
6:22 - 6:24E eu quero que olhem para isto
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6:24 - 6:28e vejam os caminhos que a célula fabrica
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6:28 - 6:32— estas pequenas máquinas andantes
chamam-se cinesinas — -
6:32 - 6:34que carregam coisas enormes
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6:34 - 6:37que desafiariam, proporcionalmente,
a força de uma formiga. -
6:37 - 6:39Comecem o filme, por favor.
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6:41 - 6:44Estas máquinas, que dão poder
ao interior das células -
6:44 - 6:48são mesmo extraordinárias
e são a base de toda a vida. -
6:48 - 6:53Porque todas estas máquinas
interagem umas com as outras. -
6:53 - 6:55Passam informações entre si,
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6:55 - 6:58causam a execução de diversas tarefas
dentro da célula. -
6:58 - 7:01A célula irá produzir todas as partes
de que necessita -
7:01 - 7:04instantaneamente, através da informação
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7:04 - 7:07que é trazida do núcleo por moléculas
que leem os genes. -
7:09 - 7:13Nenhuma vida, do mais pequeno organismo
até todas as pessoas aqui, -
7:13 - 7:16seria possível sem estas
pequenas micromáquinas. -
7:16 - 7:19Na realidade, Chris,
na ausência destas máquinas, -
7:19 - 7:22a audiência aqui seria bastante escassa.
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7:23 - 7:25(Risos)
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7:38 - 7:40Este é o carteiro dos CTT da célula:
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7:42 - 7:43chama-se cinesina,
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7:44 - 7:48transporta um saco que está cheio
de proteínas novinhas em folha -
7:48 - 7:50para onde a célula precisar,
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7:50 - 7:53seja para uma membrana
ou para uma organela, -
7:53 - 7:56seja para construir, ou reparar algo
com estas proteínas. -
7:56 - 7:59Cada um de nós tem
cerca de 100000 destas coisas -
7:59 - 8:01a correr de um lado para outro,
neste momento, -
8:01 - 8:04dentro de cada uma
dos vossos 100 biliões de células. -
8:04 - 8:07Por isso, por mais preguiçosos
que se sentirem, -
8:07 - 8:10na realidade, nunca estão sem fazer nada.
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8:10 - 8:13(Risos)
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8:13 - 8:16Queria que, quando chegarem a casa,
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8:16 - 8:19pensem nisto, e pensem em como
as nossas células são poderosas -
8:19 - 8:21e pensem nalgumas das coisas
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8:21 - 8:24que estamos a aprender
sobre mecânica celular. -
8:24 - 8:28Assim que descobrirmos
tudo o que se se passa -
8:28 - 8:31— e acreditem, sabemos menos de 1%
do que se está a passar — -
8:31 - 8:33quando descobrirmos
o que se está passar, -
8:33 - 8:37teremos muito controlo
sobre o que fazemos com a nossa saúde, -
8:37 - 8:40sobre o que faremos
com as gerações futuras, -
8:40 - 8:42sobre por quanto tempo iremos viver.
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8:42 - 8:44E esperemos que consigamos usar isto
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8:44 - 8:47para descobrir mais verdade e mais beleza.
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9:01 - 9:05Mas é realmente extraordinário
que estas células, estas micromáquinas, -
9:06 - 9:12tenham a noção do que a célula necessita,
e façam a sua parte. -
9:12 - 9:15Trabalham em conjunto; levam a célula
a fazer o que precisa de fazer. -
9:15 - 9:21E o seu trabalho em conjunto,
ajuda o nosso corpo -
9:21 - 9:24— uma entidade gigante
que elas nunca verão — -
9:24 - 9:26a funcionar devidamente.
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9:26 - 9:27Obrigado.
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9:27 - 9:29(Aplausos)
- Title:
- Visualizar as maravilhas de uma célula viva
- Speaker:
- David Bolinsky
- Description:
-
David Bolinsky, ilustrador e animador médico, apresenta três minutos de animação deslumbrante que mostram a vida agitada de uma célula.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 09:28
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Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Visualizing the wonder of a living cell | |
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Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Visualizing the wonder of a living cell | |
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Nuno Melo added a translation |