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Fomos destinados a ser omnívoros sexuais?

  • 0:01 - 0:04
    Vou sair do guião
    e deixar Chris muito nervoso
  • 0:04 - 0:06
    por provocar a participação desta plateia.
  • 0:06 - 0:09
    Vocês estão comigo? Sim? Ótimo.
  • 0:10 - 0:13
    Quero que levante a mão
  • 0:13 - 0:16
    quem já ouviu
    um casal heterossexual a fazer sexo.
  • 0:16 - 0:19
    Podem ser os vizinhos,
    um quarto de hotel,
  • 0:19 - 0:21
    os vossos pais, desculpem.
  • 0:21 - 0:22
    Ok, quase toda a gente.
  • 0:22 - 0:25
    Agora levantem a mão,
    se o homem estava a fazer
  • 0:25 - 0:26
    mais barulho do que a mulher.
  • 0:28 - 0:30
    Só vejo ali um homem...
  • 0:30 - 0:32
    Não vale, se foi você.
  • 0:32 - 0:33
    (Risos)
  • 0:33 - 0:37
    Ele baixou a mão.
    E uma mulher. Ok.
  • 0:37 - 0:39
    Sentada ao lado do tipo barulhento.
  • 0:39 - 0:40
    O que é que isso nos diz?
  • 0:40 - 0:42
    Diz-nos que os seres humanos
  • 0:42 - 0:44
    fazem barulho quando fazem sexo
  • 0:44 - 0:46
    e, geralmente, é a mulher
    quem faz mais barulho.
  • 0:46 - 0:49
    Isso é conhecido como
    vocalização copulatória feminina,
  • 0:49 - 0:50
    para os que estão a tomar notas.
  • 0:50 - 0:52
    Eu nem sequer ia referir isto,
  • 0:52 - 0:54
    mas alguém me disse que Meg Ryan
    podia estar aqui,
  • 0:54 - 0:55
    (Risos)
  • 0:55 - 0:57
    e ela é a vocalizadora copulatória
  • 0:57 - 0:59
    mais famosa do mundo.
  • 0:59 - 1:02
    Então pensei:
    "Tenho que falar sobre isso".
  • 1:02 - 1:04
    Voltaremos a falar nisso depois.
  • 1:04 - 1:06
    Vou começar por dizer que os seres humanos
  • 1:06 - 1:10
    não descendem dos macacos,
    apesar do que vocês possam ter ouvido.
  • 1:10 - 1:11
    Nós somos macacos.
  • 1:11 - 1:13
    Somos mais próximos
    do chimpanzé e do bonobo
  • 1:13 - 1:17
    do que o elefante africano é
    do elefante indiano,
  • 1:17 - 1:20
    como Jared Diamond assinalou,
    num dos seus últimos livros.
  • 1:20 - 1:24
    Temos mais afinidades
    com os chimpanzés e os bonobos
  • 1:24 - 1:27
    do que os chimpanzés e os bonobos
    com qualquer outro primata,
  • 1:27 - 1:30
    gorilas, orangotangos,
    quaisquer que sejam.
  • 1:30 - 1:33
    Estamos extremamente próximos deles
  • 1:33 - 1:36
    e, como vão perceber,
    em termos de comportamento
  • 1:36 - 1:38
    também temos alguma relação.
  • 1:38 - 1:39
    O que pergunto hoje,
  • 1:39 - 1:42
    a pergunta que hoje quero
    explorar com vocês é:
  • 1:43 - 1:46
    Que tipo de macaco somos,
    em termos de sexualidade?
  • 1:47 - 1:49
    Desde os tempos de Darwin
  • 1:49 - 1:51
    que vigora o que Cacilda e eu chamamos
  • 1:51 - 1:53
    a narrativa padrão
    da evolução sexual humana.
  • 1:53 - 1:55
    Vocês sabem o que é isso,
  • 1:55 - 1:58
    mesmo que nunca tenham
    lido nada sobre o assunto.
  • 1:58 - 2:00
    A ideia é que, fazendo parte
    da natureza humana,
  • 2:00 - 2:03
    desde o início da era de nossa espécie,
  • 2:03 - 2:08
    os homens têm como que alugado
    o potencial reprodutivo das mulheres,
  • 2:08 - 2:10
    prestando-lhes certos bens e serviços.
  • 2:10 - 2:14
    Genericamente, estamos a falar
    de carne, abrigo, posição social,
  • 2:14 - 2:16
    proteção, coisas desse tipo.
  • 2:17 - 2:19
    Em troca, as mulheres oferecem fidelidade
  • 2:19 - 2:22
    ou, pelo menos,
    uma promessa de fidelidade.
  • 2:22 - 2:26
    Isto coloca homens e mulheres
    numa relação de oposição.
  • 2:26 - 2:30
    De acordo com esta visão, a guerra
    entre os sexos está no nosso ADN.
  • 2:32 - 2:36
    Cacilda e eu afirmamos que não é assim.
  • 2:36 - 2:38
    Essa relação económica,
  • 2:38 - 2:40
    essa relação de oposição,
  • 2:40 - 2:42
    é, na verdade, um produto da agricultura
  • 2:42 - 2:46
    que só surgiu há 10 mil anos, no máximo.
  • 2:46 - 2:48
    Anatomicamente, os seres humanos atuais
  • 2:48 - 2:51
    existem só há cerca de 200 mil anos,
  • 2:51 - 2:55
    portanto, estamos a falar
    de 5%, no máximo,
  • 2:55 - 2:58
    da nossa época, enquanto
    espécie distinta moderna.
  • 3:00 - 3:02
    Antes da agricultura,
  • 3:02 - 3:04
    antes da revolução agrícola,
  • 3:04 - 3:06
    é importante perceber que os seres humanos
  • 3:06 - 3:09
    viviam em grupos de caça e colheita
  • 3:09 - 3:12
    que se caracterizam,
    onde quer que se encontrem,
  • 3:13 - 3:17
    por um igualitarismo feroz,
    como lhe chamam os antropólogos.
  • 3:18 - 3:19
    Não só partilham as coisas,
  • 3:19 - 3:22
    como exigem que as coisas
    sejam partilhadas:
  • 3:22 - 3:24
    carne, abrigo, proteção, tudo isso
  • 3:24 - 3:27
    que, supostamente, eram mercadorias
    que as mulheres trocavam
  • 3:27 - 3:29
    pela sua fidelidade sexual.
  • 3:29 - 3:32
    Acontece que tudo isso era partilhado
    amplamente nessas sociedades.
  • 3:32 - 3:35
    Não estou a dizer
    que os nossos antepassados
  • 3:35 - 3:36
    fossem bons selvagens,
  • 3:36 - 3:38
    nem que os caçadores-recoletores modernos
  • 3:38 - 3:39
    também sejam bons selvagens.
  • 3:39 - 3:42
    O que estou a dizer é que
    essa é a forma mais simples
  • 3:42 - 3:44
    de reduzir o risco
  • 3:44 - 3:46
    num contexto de forrageio.
  • 3:46 - 3:49
    Não há grande discussão
    sobre isto entre os antropólogos.
  • 3:49 - 3:53
    Cacilda e eu alargámos essa
    atitude de partilha à sexualidade.
  • 3:53 - 3:56
    Afirmamos que a sexualidade humana
  • 3:56 - 4:00
    evoluiu, essencialmente,
    até à agricultura,
  • 4:00 - 4:04
    como forma de estabelecer e manter
  • 4:04 - 4:07
    as complexas cadeias flexíveis
    dos sistemas sociais
  • 4:07 - 4:10
    em que os nossos antepassados
    eram muito bons.
  • 4:10 - 4:14
    É por isso que a nossa espécie
    sobreviveu tão bem.
  • 4:15 - 4:17
    Isso deixa as pessoas pouco à vontade.
  • 4:17 - 4:20
    Portanto, é preciso fazer uma pausa
    nestas palestras para dizer:
  • 4:20 - 4:21
    Oiçam bem.
  • 4:21 - 4:24
    Digo que os nossos
    antepassados eram promíscuos,
  • 4:24 - 4:26
    mas não digo que eles
    faziam sexo com estranhos.
  • 4:26 - 4:28
    Não existiam estranhos.
  • 4:28 - 4:31
    Num grupo caçador-recoletor,
    não há estranhos.
  • 4:31 - 4:32
    As pessoas conhecem-se desde sempre.
  • 4:33 - 4:36
    Digo que havia algumas relações sexuais
    que se sobrepunham,
  • 4:36 - 4:40
    que os nossos antepassados provavelmente
    tinham várias relações sexuais diferentes
  • 4:40 - 4:43
    em qualquer momento
    das suas vidas adultas.
  • 4:43 - 4:46
    Mas não digo que eles
    faziam sexo com estranhos.
  • 4:46 - 4:49
    Não digo que eles não amavam
    as pessoas com quem tinham sexo.
  • 4:49 - 4:52
    Não estou a dizer que
    não havia afinidade entre o casal.
  • 4:52 - 4:55
    Estou apenas a dizer
    que o sexo não era exclusivo.
  • 4:55 - 4:58
    Aqueles de entre nós
    que escolheram ser monogâmicos...
  • 4:58 - 5:01
    Os meus pais, por exemplo, foram casados
  • 5:01 - 5:03
    durante 52 anos, sendo monógamos
  • 5:03 - 5:05
    — e, se não foram monógamos...
  • 5:05 - 5:07
    Pai e Mãe, nem quero saber.
  • 5:08 - 5:10
    Não estou a criticar,
  • 5:10 - 5:12
    não estou a dizer que isso é errado.
  • 5:12 - 5:13
    O que digo é que
  • 5:13 - 5:18
    afirmar que os nossos antepassados
    eram omnívoros sexuais
  • 5:19 - 5:22
    não é uma crítica à monogamia,
  • 5:22 - 5:25
    tal como afirmar que eles
    tinham uma dieta omnívora
  • 5:25 - 5:27
    não é uma crítica ao vegetarianismo.
  • 5:28 - 5:30
    Podemos optar por ser vegetarianos,
  • 5:30 - 5:32
    mas não pensemos que,
    só porque tomámos essa decisão,
  • 5:32 - 5:35
    o "bacon", de repente,
    deixa de cheirar bem.
  • 5:35 - 5:37
    É aí que eu quero chegar.
  • 5:38 - 5:40
    (Risos)
  • 5:40 - 5:43
    Esta ideia levou um minuto
    a apanhar, não?
  • 5:44 - 5:47
    Para além de ser um grande génio,
    um homem maravilhoso,
  • 5:47 - 5:50
    um marido maravilhoso,
    um pai maravilhoso,
  • 5:50 - 5:54
    Charles Darwin também era
    um tremendo puritano vitoriano.
  • 5:54 - 5:56
    Ele ficou perplexo
  • 5:56 - 5:59
    com os inchaços sexuais
    de certos primatas,
  • 5:59 - 6:00
    incluindo chimpanzés e bonobos,
  • 6:00 - 6:03
    porque esses inchaços sexuais
    tendem a provocar
  • 6:03 - 6:05
    muitos machos a copular com as fêmeas.
  • 6:05 - 6:09
    Ele não percebia por que diabo
    as fêmeas apresentavam essa coisa
  • 6:09 - 6:12
    se tudo o que elas tinham que fazer
    era manter o vínculo.
  • 6:12 - 6:15
    Darwin não sabia,
  • 6:15 - 6:17
    mas as fêmeas dos chimpanzés
    e dos bonobos
  • 6:17 - 6:19
    copulam uma a quatro vezes por hora
  • 6:19 - 6:22
    com até doze machos por dia
  • 6:22 - 6:24
    quando têm esses inchaços sexuais.
  • 6:24 - 6:27
    O interessante é que os chimpanzés fêmeas
    têm inchaços sexuais
  • 6:27 - 6:31
    durante cerca de 40% do ciclo menstrual,
  • 6:31 - 6:34
    os bonobos fêmeas, 90%,
  • 6:34 - 6:37
    e os seres humanos estão
    entre as poucas espécies do planeta
  • 6:37 - 6:39
    em que as fêmeas
    estão disponíveis para sexo
  • 6:39 - 6:41
    durante todo o ciclo menstrual,
  • 6:41 - 6:44
    quer esteja menstruada,
    quer após a menopausa,
  • 6:44 - 6:45
    ou mesmo se já estiver grávida.
  • 6:46 - 6:49
    Isto é raríssimo entre mamíferos.
  • 6:49 - 6:52
    É um aspeto muito interessante
    da sexualidade humana.
  • 6:53 - 6:58
    Darwin ignorou o reflexo
    do inchaço sexual, na sua época...
  • 6:58 - 6:59
    (Risos)
  • 7:01 - 7:04
    ... como os cientistas tendem
    a fazer por vezes.
  • 7:04 - 7:06
    Falamos de competição de esperma.
  • 7:06 - 7:09
    O homem médio ejacula cerca
    de 300 milhões de espermatozoides.
  • 7:09 - 7:11
    É um ambiente competitivo.
  • 7:11 - 7:14
    Mas esse esperma está a competir
    com o esperma de outros homens
  • 7:14 - 7:16
    ou com os seus iguais?
  • 7:16 - 7:18
    Há muito que comentar neste gráfico.
  • 7:18 - 7:20
    Para já, vou chamar a vossa atenção
  • 7:20 - 7:25
    para a pequena nota musical por cima das
    fêmeas do chimpanzé, do bonobo e do homem.
  • 7:25 - 7:28
    Ela indica a vocalização
    copulatória feminina.
  • 7:28 - 7:30
    Reparem nos números.
  • 7:30 - 7:31
    Um ser humano normal
  • 7:31 - 7:34
    tem sexo cerca de mil vezes na vida.
  • 7:35 - 7:37
    Se esse número parece alto para alguns,
  • 7:37 - 7:40
    garanto que, para outros, parece baixo.
  • 7:41 - 7:43
    Nós partilhamos esta proporção
    com os chimpanzés e os bonobos.
  • 7:43 - 7:46
    Não a partilhamos com
    os outros três macacos,
  • 7:46 - 7:48
    o gorila, o orangotango e o gibão
  • 7:48 - 7:50
    que são o tipo de mamíferos mais comuns
  • 7:50 - 7:52
    que têm sexo apenas
    cerca de 12 vezes na vida.
  • 7:53 - 7:56
    Os seres humanos e os bonobos
    são os únicos animais
  • 7:56 - 7:57
    que fazem sexo cara-a-cara
  • 7:57 - 8:00
    enquanto ambos estão vivos.
  • 8:00 - 8:02
    (Risos)
  • 8:05 - 8:08
    Podemos ver que os seres humanos,
    os chimpanzés e os bonobos
  • 8:08 - 8:10
    têm testículos externos
    o que, no nosso livro,
  • 8:10 - 8:14
    comparamos a um frigorífico
    especial na garagem,
  • 8:14 - 8:16
    apenas para a cerveja.
  • 8:16 - 8:19
    Se vocês são o tipo de pessoas
    que têm cerveja no frigorífico da garagem,
  • 8:19 - 8:22
    estão à espera de uma festa
    em qualquer altura
  • 8:22 - 8:23
    e estão preparados.
  • 8:23 - 8:26
    É isso que são os testículos externos.
  • 8:26 - 8:27
    Mantêm frios os espermatozoides
  • 8:27 - 8:30
    para poderem ter ejaculações frequentes.
  • 8:30 - 8:33
    Desculpem, é a verdade.
  • 8:34 - 8:37
    O ser humano — há quem
    fique contente por saber —
  • 8:37 - 8:39
    tem o pénis maior e mais firme
    de qualquer primata
  • 8:39 - 8:42
    Esta evidência vai muito
    para além da anatomia.
  • 8:42 - 8:44
    Vai até à antropologia.
  • 8:44 - 8:47
    Há registos históricos
    cheios de relatos de pessoas,
  • 8:47 - 8:49
    em todo o mundo, que têm práticas sexuais
  • 8:49 - 8:50
    que seriam impossíveis
  • 8:50 - 8:54
    segundo o que assumimos
    sobre a evolução sexual humana.
  • 8:54 - 8:57
    Estas mulheres são as mosuo
    do sudoeste da China.
  • 8:57 - 9:00
    Na sociedade delas, todos,
    homens e mulheres,
  • 9:00 - 9:02
    são totalmente autónomos sexualmente.
  • 9:02 - 9:04
    Não há vergonha associada
    ao comportamento sexual.
  • 9:04 - 9:06
    As mulheres têm centenas de parceiros.
  • 9:06 - 9:10
    Não interessa. Ninguém liga.
    Ninguém comenta. Não é um problema.
  • 9:10 - 9:12
    Quando a mulher engravida,
  • 9:12 - 9:14
    a criança é criada por ela,
    pelas suas irmãs e irmãos.
  • 9:14 - 9:18
    O pai biológico não é relevante.
  • 9:18 - 9:20
    Do outro lado do planeta, na Amazónia,
  • 9:20 - 9:23
    temos vários tribos que praticam
  • 9:23 - 9:25
    o que os antropólogos chamam
    "paternidade partilhada".
  • 9:25 - 9:28
    Essas pessoas acreditam
  • 9:28 - 9:31
    — e não há contato entre eles,
    nenhuma linguagem em comum,
  • 9:31 - 9:33
    portanto não é um ideia que se espalha,
  • 9:33 - 9:35
    é uma ideia que surgiu pelo mundo —
  • 9:35 - 9:37
    eles acreditam que um feto
    é, literalmente,
  • 9:37 - 9:39
    feito de sémen acumulado.
  • 9:39 - 9:41
    Assim, a mulher que quiser ter um filho
  • 9:41 - 9:43
    inteligente, engraçado e forte,
  • 9:43 - 9:46
    fará por ter muito sexo
    com um tipo inteligente,
  • 9:46 - 9:47
    um tipo engraçado e um tipo forte,
  • 9:47 - 9:50
    para ter a essência de cada um
    desses homens no bebé.
  • 9:50 - 9:52
    Quando a criança nasce,
  • 9:52 - 9:54
    esses homens hão de aparecer
  • 9:54 - 9:57
    e reconhecer a paternidade da criança.
  • 9:57 - 10:01
    Assim, a paternidade é uma espécie
    de obrigação da equipa, na sociedade.
  • 10:02 - 10:04
    Há vários exemplos como este
  • 10:04 - 10:06
    que descrevemos no livro.
  • 10:06 - 10:08
    Porque é que isso é importante?
  • 10:09 - 10:12
    Edward Wilson diz que
    nós precisamos de entender
  • 10:12 - 10:14
    que a sexualidade humana é,
  • 10:14 - 10:16
    primeiro que tudo,
    um dispositivo de ligação
  • 10:16 - 10:18
    e só depois, de procriação.
  • 10:18 - 10:19
    Penso que é verdade.
  • 10:19 - 10:22
    Isso é importante porque
    a nossa sexualidade evoluída
  • 10:22 - 10:23
    está em conflito direto
  • 10:23 - 10:26
    com vários aspetos do mundo moderno.
  • 10:26 - 10:28
    As contradições entre o que nos dizem
  • 10:28 - 10:31
    que devemos sentir
    e o que realmente sentimos
  • 10:31 - 10:35
    geram um grande sofrimento desnecessário.
  • 10:36 - 10:39
    A minha esperança é que uma compreensão
  • 10:39 - 10:41
    mais exata e atualizada
    da sexualidade humana
  • 10:41 - 10:44
    nos levará a termos
    mais tolerância para com nós mesmos
  • 10:44 - 10:46
    e para com os outros,
  • 10:46 - 10:50
    e termos maior respeito por configurações
    de relações não convencionais
  • 10:50 - 10:53
    como o casamento entre pessoas
    do mesmo sexo ou as uniões poliamorosas,
  • 10:55 - 10:58
    e que, finalmente, acabemos com a ideia
  • 10:58 - 11:01
    de que os homens têm
    um direito inato e instintivo
  • 11:01 - 11:05
    de vigiar e controlar o
    comportamento sexual das mulheres.
  • 11:05 - 11:07
    (Aplausos)
  • 11:08 - 11:09
    Obrigado.
  • 11:10 - 11:12
    Veremos que não são só os "gays"
  • 11:12 - 11:14
    que têm que assumir
    a sua homossexualidade.
  • 11:14 - 11:17
    Todos temos coisas para reconhecer.
  • 11:17 - 11:19
    Quando assumirmos essas coisas,
  • 11:19 - 11:23
    reconheceremos que a nossa luta
    não é entre nós mesmos,
  • 11:23 - 11:27
    a nossa luta é contra a ultrapassada
    perceção vitoriana da sexualidade humana
  • 11:27 - 11:31
    que mistura o desejo
    com o direito de propriedade,
  • 11:31 - 11:34
    gera a vergonha e a confusão
  • 11:34 - 11:36
    em vez do entendimento e da empatia.
  • 11:37 - 11:39
    É altura de abandonarmos "Marte e Vénus"
  • 11:39 - 11:41
    porque, na verdade,
  • 11:41 - 11:44
    os homens são de África
    e as mulheres são de África.
  • 11:44 - 11:46
    Obrigado.
  • 11:46 - 11:49
    (Aplausos)
  • 11:55 - 11:57
    Chris Anderson: Obrigado.
    Christopher Ryan: Obrigado.
  • 11:57 - 11:59
    CA: Tenho uma pergunta,
  • 11:59 - 12:03
    É tão atordoante tentar
    usar esses argumentos
  • 12:03 - 12:06
    sobre a História da Evolução
  • 12:06 - 12:09
    para transformar isso
    no que devemos fazer hoje.
  • 12:09 - 12:11
    Alguém podia fazer uma palestra e dizer:
  • 12:11 - 12:14
    "Olhem para nós,
    temos estes dentes afiados
  • 12:14 - 12:18
    "e músculos e um cérebro muito bom
    para arremessar armas".
  • 12:18 - 12:20
    Se olharmos para muitas sociedades
    em todo o mundo,
  • 12:20 - 12:22
    veremos níveis muito altos de violência.
  • 12:22 - 12:25
    A não-violência é uma escolha
    como o vegetarianismo,
  • 12:25 - 12:28
    mas não é quem nós somos.
  • 12:28 - 12:30
    Como é que isso pode ser diferente
  • 12:30 - 12:32
    da palestra que você fez?
  • 12:33 - 12:37
    CR: Primeiro que tudo, as evidências
  • 12:37 - 12:39
    para os altos níveis
    de violência na Pré-História
  • 12:39 - 12:41
    são muito discutíveis.
  • 12:41 - 12:44
    Mas esse é apenas um exemplo.
  • 12:44 - 12:47
    Claro, há muitas pessoas que me dizem:
  • 12:47 - 12:50
    "Lá porque vivemos
    de certa forma no passado,
  • 12:50 - 12:53
    não significa que devemos viver
    assim hoje em dia" e eu concordo.
  • 12:53 - 12:56
    Todos temos que responder
    ao mundo moderno.
  • 12:56 - 13:01
    Mas o corpo tem a sua herança...
  • 13:01 - 13:03
    trajetórias evolutivas.
  • 13:03 - 13:07
    Podemos viver de McDonald's
    e batidos de leite
  • 13:07 - 13:09
    mas o nosso corpo
    vai revoltar-se contra isso.
  • 13:09 - 13:10
    Nós temos apetites.
  • 13:10 - 13:12
    Acho que foi Schopenhauer quem disse:
  • 13:12 - 13:15
    "Uma pessoa pode fazer o que quiser
  • 13:15 - 13:17
    "mas não pode querer o que quer".
  • 13:17 - 13:18
    Aquilo que repudio
  • 13:18 - 13:21
    é a vergonha associada aos desejos.
  • 13:21 - 13:24
    É a ideia de que, se amarmos
    o marido ou a esposa,
  • 13:24 - 13:27
    e nos sentirmos atraídos
    por outras pessoas,
  • 13:27 - 13:28
    há qualquer coisa de errado connosco,
  • 13:28 - 13:30
    com o casamento
  • 13:30 - 13:31
    ou com o nosso parceiro.
  • 13:31 - 13:33
    Penso que há muitas famílias desfeitas
  • 13:33 - 13:35
    por expectativas irrealistas
  • 13:35 - 13:38
    que são baseadas na falsa visão
    da sexualidade humana.
  • 13:38 - 13:40
    É aí que quero chegar.
  • 13:40 - 13:42
    CA: Obrigado, transmitiu-nos
    isso muito bem. Obrigado.
  • 13:42 - 13:44
    CR: Obrigado, Chris.
  • 13:44 - 13:45
    (Aplausos)
Title:
Fomos destinados a ser omnívoros sexuais?
Speaker:
Christopher Ryan
Description:

Uma ideia que vigora na nossa visão moderna de relações: que homens e mulheres sempre acasalaram em relações de exclusividade sexual. Mas antes do aparecimento da agricultura, os seres humanos podem ter sido bastante promíscuos. O autor Christopher Ryan apresenta provas controversas de que os seres humanos são omnívoros sexuais por natureza, na esperança de que uma melhor compreensão possa eliminar a discriminação, a vergonha e o tipo de expectativas irrealistas que destroem as relações.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
14:02
  • Esta tradução deveria ter sido feita em português europeu e deve ser revista em português europeu (de Portugal), sob pena da tarefa ser devolvida e retirada, para ser de novo disponibilizada para nova revisão, na equipa de tradutores TED de Português (de Portugal), tal como aconteceu agora.

Portuguese subtitles

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