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Nós não somos tão diferentes: raça e identidade cultural | Seconde Nimenya | TEDxSnoIsleLibraries

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    Há três anos, eu ia me apresentar
    em uma conferência,
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    e o orador principal estava falando,
    duas horas antes de mim,
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    então eu tinha tempo de sobra.
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    Nesse discurso em particular,
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    eu não queria ir ao auditório
    escutar a fala.
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    Eu não queria ir porque o assunto era algo
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    com o qual eu não achava
    que podia me identificar.
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    Era sobre as experiências do palestrante
    como um homem gay e judeu.
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    (Risos)
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    Eu sabia que eu não podia aprender
    nada com esse homem.
  • 0:47 - 0:48
    (Risos)
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    Afinal, eu não sou gay,
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    eu não sou judia e não sou um homem.
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    Então o que eu poderia aprender com ele?
  • 1:01 - 1:04
    Mas eu não tinha nada mais para fazer
    antes da minha apresentação,
  • 1:04 - 1:09
    então eu decidi que sentaria no auditório
    e brincaria com o meu celular.
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    Quando o palestrante começou
    a compartilhar sua mensagem,
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    eu fui instantaneamente surpreendida,
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    tanto que até esqueci que estava
    lá para brincar com meu celular.
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    Primeiro, fiquei chocada com quantas
    coisas esse homem havia passado
  • 1:28 - 1:31
    apenas para ser aceito pela sociedade.
  • 1:32 - 1:37
    E então eu percebi que, embora
    suas experiências fossem diferentes
  • 1:37 - 1:42
    da minha própria jornada,
    nós não éramos tão diferentes assim.
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    Naquele dia, aprendi
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    que se você é gay ou hetero,
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    branco ou negro,
  • 1:51 - 1:55
    judeu, cristão ou muçulmano,
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    democrata ou republicano,
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    seres humanos, na sua essência,
    estão buscando a mesma coisa:
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    serem aceitos pelo que são.
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    Nos primeiros dias,
    quando cheguei nos Estados Unidos,
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    foi difícil, pois eu era diferente.
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    Quando as pessoas me perguntavam:
    "Qual seu nome, querida?"
  • 2:19 - 2:23
    Eu dizia: "Meu nome é Seconde",
  • 2:23 - 2:27
    e elas diziam: "Oh, você tem
    um sotaque lindo",
  • 2:27 - 2:30
    e eu respondia: "Obrigada".
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    Mas eu tinha consciência
    de que o meu sotaque tinha um sotaque.
  • 2:36 - 2:42
    Então eu já sabia a próxima pergunta,
    que era: "De onde você é?"
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    Eu parava, pensava,
  • 2:46 - 2:50
    e então dizia: "Sou canadense".
  • 2:50 - 2:53
    (Risos)
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    Mas elas refletiam sobre a minha resposta,
    me olhavam de novo e perguntavam:
  • 3:00 - 3:06
    "Mas de onde você é originalmente?",
    com uma grande ênfase em "originalmente".
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    Até que, um dia, minhas duas filhas
    adolescentes sentaram-se comigo,
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    me olharam nos olhos e,
    com uma atitude adolescente, disseram:
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    "Mãe, nós notamos que cada vez
    que as pessoas perguntam de onde você vem,
  • 3:24 - 3:25
    você mente".
  • 3:25 - 3:28
    (Risos)
  • 3:28 - 3:31
    É, foi como uma pequena
    intervenção, ou algo assim.
  • 3:31 - 3:33
    (Risos)
  • 3:35 - 3:37
    O que minhas filhas não sabiam
  • 3:37 - 3:40
    era por que eu estava tentando
    esconder minhas origens.
  • 3:40 - 3:43
    Naquela época, elas eram muito jovens
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    para entender completamente as muitas
    cicatrizes que eu carregava dentro de mim,
  • 3:49 - 3:53
    cicatrizes de uma infância vivida
    em um país devastado pela guerra.
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    Eu nasci e cresci no Burundi,
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    um pequeno país na África Centro-Leste.
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    Desde os seis anos, eu vivi guerras civis,
  • 4:06 - 4:09
    instabilidade constante
    e destruição no meu país,
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    assim me sentia envergonhada
    pelo estigma da guerra
  • 4:13 - 4:18
    e pelas muitas feridas
    invisíveis infligidas em mim.
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    E, como resultado de contínuas guerras
    civis, me tornei uma refugiada de guerra,
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    e vivi no Canadá por 12 anos antes
    de me mudar para os Estados Unidos.
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    Me mudar da África para o Canadá,
    e depois para os Estados Unidos,
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    significava que eu tinha de lidar
    com um conjunto de novas expectativas
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    de pessoas e culturas diferentes.
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    Como recém-chegada, havia sempre um lugar
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    onde o meu ser diferente era apontado,
  • 4:52 - 4:55
    e nem sempre de uma maneira boa,
  • 4:55 - 4:59
    e por isso eu estava tentando
    esconder minhas origens
  • 4:59 - 5:02
    quando as pessoas
    me perguntavam de onde eu vinha.
  • 5:02 - 5:06
    Eu queria pertencer
    e ser totalmente aceita.
  • 5:08 - 5:13
    Hoje, me considero afortunada
    por ter experienciado a vida
  • 5:13 - 5:16
    nesses diferentes cenários culturais.
  • 5:16 - 5:20
    Eles me deram um novo
    senso de apreciação,
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    e novas perspectivas em relação
    a diversidade e inclusão.
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    Agora, eu não estou dizendo
    que foi tudo tranquilo,
  • 5:32 - 5:37
    mas o que eu aprendi veio de algumas
    das situações mais difíceis,
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    especialmente como mãe.
  • 5:41 - 5:47
    Como quando minhas filhas
    vieram da escola chorando
  • 5:47 - 5:51
    porque seus colegas
    lhes chamaram de nomes,
  • 5:51 - 5:53
    quando elas começaram a escola;
  • 5:55 - 5:59
    nomes como "chocolate";
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    ou perguntaram se a mãe delas
    bebeu muito café preto,
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    quando estava grávida.
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    Verdade, essas palavras
    tinham uma conotação racial,
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    mas crianças de cinco, seis
    e sete anos não são racistas.
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    Aquelas crianças estavam apenas agindo
    em cima de algo que não conheciam,
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    e algo que não lhes foi ensinado.
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    Eu poderia ter culpado seus pais,
    seus professores, ou o diretor,
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    e para ser honesta com vocês, eu culpei.
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    Mas depois de algum tempo eu percebi
    que nenhuma quantidade de culpa
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    poderia ter restaurado
    a autoestima das minhas filhas
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    ou reduzido minha própria dor.
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    Quando as pessoas pensam:
    "Diferente é ruim para você",
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    e você acredita nisso,
    antes que você se dê conta,
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    você pode começar a negar
    seu próprio valor
  • 7:01 - 7:05
    e identidade própria,
    como eu estava fazendo
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    antes que minhas adolescentes
    me endireitassem.
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    Foi aí que eu decidi que a única coisa
    que eu realmente poderia controlar
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    era escolher como responder.
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    Eu poderia ser amarga,
  • 7:21 - 7:23
    ou eu poderia ser melhor.
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    Era a minha escolha.
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    Assim, em vez do medo, comecei a usar
  • 7:29 - 7:32
    minhas diferenças e minhas adversidades
  • 7:32 - 7:36
    para alimentar minha
    compaixão pelos outros.
  • 7:36 - 7:40
    Eu escolho defender e educar
    sobre a diversidade,
  • 7:40 - 7:45
    e superar a lacuna cultural
    entre nossas comunidades.
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    Essa tornou-se a minha paixão e missão.
  • 7:50 - 7:54
    Hoje, eu vejo como o medo
    das nossas diferenças
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    está afetando a juventude
    nas escolas e comunidades
  • 7:58 - 8:00
    por todos os Estados Unidos,
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    e a crescente discrepância
    que os jovens sentem
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    em relação às suas identidades sociais.
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    Quando eu falo com alunos no ensino médio,
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    ou em faculdades e universidades,
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    o obstáculo número um
    que eles têm em comum
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    não é em relação ao sucesso acadêmico.
  • 8:21 - 8:25
    Não, é em relação
    ao medo de serem diferentes,
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    e às ameaças que às vezes eles encaram
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    nas suas universidades
    ou nas suas comunidades,
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    em maior parte por causa
    de sua raça, gênero,
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    identidade sexual e religião.
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    Alguns de vocês já foram estereotipados,
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    talvez por causa da sua
    aparência, de quem você ama,
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    da religião você pratica,
    ou de como soa o seu nome.
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    Por vezes, todos nós já
    fomos vítimas e autores
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    de estereótipos e preconceitos.
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    Mas quando nós desencadeamos nossa
    capacidade para conexão e empatia humanas,
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    damos aos outros o dom
    de viver na sua própria verdade.
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    Agora eu olho o racismo, sexismo,
  • 9:20 - 9:25
    ou qualquer outro tipo de discriminação
    que afeta a nossa sociedade hoje,
  • 9:25 - 9:28
    com essas duas perspectivas:
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    um, o que isso faz para a pessoa
    contra a qual é cometida,
  • 9:35 - 9:39
    e dois, o que faz para o autor
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    daquela discriminação.
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    Eu verdadeiramente acredito
    que tanto a vítima quanto o autor
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    são feridos e precisam de cura.
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    No fundo do meu coração,
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    eu sei que somos mais parecidos
    do que diferentes,
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    então eu tenho a esperança de que podemos
    construir um mundo ainda mais lindo
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    se escolhermos usar nossas
    diferenças como um catalisador
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    para elevar uns aos outros.
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    Se escolhermos ver os outros
    por quem são e não pelo que são,
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    podemos até mudar o mundo.
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    Às vezes pessoas me perguntam: "Seconde,
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    então o que podemos fazer
    para que a nossa próxima geração
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    possa viver em mundo no qual
    as diferenças são celebradas?"
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    Então deixe-me compartilhar três coisas
    que você pode começar a fazer hoje.
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    Número um, comece onde você está,
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    e onde você tem maior poder pessoal
    para impactar uma mudança.
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    Pode ser na sua casa, escola,
  • 10:50 - 10:53
    sua comunidade ou seu local de trabalho.
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    E número dois, seja corajoso.
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    O que eu quero dizer com isso?
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    Seja corajoso tendo conversas
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    que às vezes são desconfortáveis.
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    Questões raciais, por exemplo,
    nos Estados Unidos,
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    é um tópico desconfortável
    para muitas pessoas.
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    Mas elas não desaparecem
    apenas ignorando-as.
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    Então vamos ter uma conversa sobre raça,
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    e buscar entendimento uns com os outros
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    e curar um ao outro.
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    E número três, seja flexível.
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    Mesmo com algo que não
    entenda ou não concorde,
  • 11:38 - 11:42
    tenha uma mente aberta
    e aprenda o que você não sabe.
  • 11:43 - 11:47
    No fim, tudo se resume
  • 11:47 - 11:52
    a dar um sorriso amável para um estranho,
  • 11:52 - 11:55
    um cumprimento de mão ou de cabeça
  • 11:55 - 11:58
    para reconhecer alguém e dizer:
  • 11:58 - 12:00
    "Eu te vejo".
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    "Eu te amo."
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    "Você importa."
  • 12:05 - 12:07
    Obrigada.
  • 12:07 - 12:10
    (Aplausos)
Title:
Nós não somos tão diferentes: raça e identidade cultural | Seconde Nimenya | TEDxSnoIsleLibraries
Description:

Americana nascida em Burundi, Seconde Nimenya descobriu, por conta da sua migração para a América, que as similaridades das pessoas ao redor do mundo vencem as coisas que nos separam.

Seconde viaja pelo mundo compartilhando uma mensagem de tolerância e paz, trabalhando para preencher lacunas entre comunidades multiculturais, e incitando os outros a usar a adversidade na vida para tornarem-se pessoas melhores. Ela defende a diversidade e inclusão no local de trabalho e sistema educacional. Seconde é autora de "Evolving Through Adversity". Seu segundo livro, "A Hand To Hold", é um romance sobre amor e redenção.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
12:25

Portuguese, Brazilian subtitles

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