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Os rapazes e as raparigas da ponte | Olenka Márquez | TEDxMadridSalon

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    Esta noite, esta ponte
    une-nos a todos uns aos outros.
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    Une-nos a todos os que somos
    daqui, deste bairro,
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    com os que vieram de fora.
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    Une-nos com aqueles que,
    diferentes ou parecidos,
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    vivem aqui connosco.
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    É essa diversidade,
    cuja beleza e cuja riqueza
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    — essa diversidade representada
    pelas cores desta ponte —
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    pretendemos apresentar esta noite.
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    Esta ponte une-nos com uma história
    que começou há três anos,
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    quando um grupo de vizinhos
    do bairro de San Cristóbal,
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    juntamente com as entidades
    locais do bairro
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    e com a colaboração
    de um grupo de especialistas,
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    decidiram que este local,
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    este local onde estamos aqui esta noite,
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    seja o local para voltar a participar.
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    Seja o local para voltar a trabalhar,
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    para voltarmos a nos unir e também
    seja o local para voltarmos a imaginar.
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    Nós, a princípio, não acreditávamos
    que fosse possível.
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    Não acreditávamos ser possível
    construir uma coisa
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    que permanecesse tanto no tempo.
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    E muito menos que fosse cuidado.
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    Mas, claro, como não cuidar duma coisa
    que fomos nós que fizemos?
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    Em 2012, começámos a planear
    esta grande ideia transformadora
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    que começou no início de 2013.
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    Reconquistando este espaço público,
    passo a passo,
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    uma ação após outra, metro a metro,
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    à medida que íamos obtendo
    os recursos necessários.
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    Crianças que só tinham
    dois palmos de altura
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    pintaram primeiro as letras
    e a parede que tenho atrás de mim.
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    Três meses depois, traçaram-se as ruas,
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    puseram-se as escadas e os andaimes,
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    para os pais, as mães,
    os filhos e os netos.
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    Quase 200 pessoas contribuíram
    cada uma com um losango
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    para recuperar 1700 m2
    da superfície desta ponte.
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    Em novembro de 2013, com um contentor
    de madeiras que uma empresa já não queria
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    vizinhos e vizinhas do bairro
    fizeram um triângulo
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    seguido logo por outro,
    para construir a mobília
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    de toda esta ponte que podem ver
    com os vossos olhos
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    e também para construir o palco
    em que estou, neste momento.
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    Assim, sem sermos pintores,
    nem pedreiros, nem artesãos,
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    — embora houvesse miúdos
    que, como já disse,
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    apareceram. logo no primeiro dia,
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    e queriam trabalhar com a broca —
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    trabalhámos em equipa
    para fazer deste espaço
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    o que podem ver esta noite:
    pura beleza.
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    E é aqui que surge a grande pergunta:
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    E agora?
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    Este espaço foi divulgado,
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    foi fotografado, premiado,
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    apareceu em vídeos musicais.
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    Já muita gente o veio visitar
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    — da Alemanha, de Paris,
    de Catar e também do Canadá.
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    Que fazer com um espaço
    em que tanta gente trabalhou?
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    Aqui, senhoras e senhores,
    é quando nós aparecemos,
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    os rapazes e as raparigas da ponte.
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    Somos um grupo de jovens do bairro
    e também de fora do bairro,
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    que nos propusemos fazer aqui
    coisas incríveis
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    que, normalmente, não costuma haver.
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    Propusemo-nos criar
    experiências culturais com o bairro
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    e aqui neste sítio, na ponte.
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    Somos os rapazes e as raparigas
    do primeiro curso de gestão cultural
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    e trabalhamos com a possibilidade
    de agitar as nossas ruas, deste bairro.
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    Mas também trabalhamos
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    com a possibilidade
    de despertar a nossa vitalidade.
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    Mas como se aprende fora da escola
    regulamentada e das formações oficiais?
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    Principalmente, aprende-se praticando,
    também à base de êxitos
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    e, claro, também à base de erros.
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    Muitas vezes, tivemos de aprender
    a fazer coisas que não sabíamos,
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    e outras vezes não tivemos outro remédio
    senão aprender a fazer coisas
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    que nem sequer nos tinham
    passado pela cabeça.
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    Tivemos de aprender a soldar
    porque precisávamos de construir
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    um dispositivo móvel e audiovisual
    para fazer cinema.
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    Aprendemos a utilizar o Photoshop
    porque precisávamos de fazer pósteres
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    e as tesouras e a cola
    já não eram suficientes.
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    Também aprendemos a fazer
    comunicados à imprensa,
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    porque precisávamos de fazer publicidade.
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    E agora, estamos a aprender
    a falar em público,
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    porque precisamos de comunicar.
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    (Aplausos)
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    Também aprendemos que, num local
    como este, pode acontecer tudo,
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    quase todas as coisas.
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    Não é obrigatório ser
    para cinema, bailado ou teatro.
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    Pode ser tudo isso ao mesmo tempo.
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    Até podemos estar a ver
    um concerto, a ouvir um concerto,
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    enquanto estamos a comer
    "paella", por exemplo,
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    Organizámos sessões de cinema
    debaixo da ponte, que não eram só cinema.
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    Contámos mais de 100 Charlôs,
    em "Charlie Chaplin em Tempos Modernos.
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    Vestidos com calças largueironas
    feitas em antigas oficinas.
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    Aprendemos a cair e a levantarmo-nos
    como Chaplin fazia,
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    com a ajuda de uns acrobatas especialistas
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    que nos ajudaram a dar aqueles murros,
    sem causarmos qualquer dano.
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    Um jovem poeta do bairro
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    com uma grande paixão pela poesia
    e pela palavra falada
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    inspirou o Festival da Palavra
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    que deu a oportunidade
    de subir a este mesmo palco
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    a poetas, a fãs do "rap",
    a pessoas apaixonadas,
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    e também a pessoas com experiência.
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    Também aprendemos que o teatro
    pode ser o que quisermos
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    e também o que não estamos à espera.
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    Colaborámos com um grupo
    de profissionais que nos ensinaram
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    que o teatro não é apenas ir a um sítio
    e ver como os outros atuam
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    mas que o teatro pode ser
    uma experiência viva e comunitária.
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    Os rapazes e as raparigas da ponte
    aprenderam no bairro
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    que a cultura não é apenas
    aquilo que está no centro
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    e que podemos ver
    nos pósteres do metro.
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    Não é preciso ser "snob"
    para fazer cultura.
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    A cultura é sobretudo um imaginário comum,
    provém das pessoas.
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    Pessoas como cada um de vós
    que estão aqui.
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    pessoas com um nome e um apelido,
    com frustrações, com medos e interesses.
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    Pessoas, sobretudo,
    com inquietações a despertar.
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    Se nos perguntassem se queríamos
    fazer este curso num centro oficial,
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    diríamos que agora sabemos
    que um edifício, um centro oficial,
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    não é o único local onde se aprende.
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    O que aprendemos aqui no bairro
    complementa o que podemos aprender
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    num edifício.
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    É isso precisamente
    que nos torna em especialistas.
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    Nós, os rapazes e as raparigas da ponte,
    não somos um grupo fechado.
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    somos sobretudo uma atitude.
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    A atitude de querer
    que se passem aqui coisas incríveis,
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    coisas que contaríamos com alegria.
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    Agora somos um grupo pequeno
    mas queremos ser um grupo muito maior
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    com mais vizinhos e vizinhas
    dispostos a propor loucuras.
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    Com mais jovens de todas as partes
    da cidade que também estejam dispostos
  • 6:44 - 6:46
    a colaborar neste bairro
    ou em qualquer outro.
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    E também com colaboradores
    e outras associações
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    que vejam neste espaço,
    nesta ponte de cores, uma oportunidade.
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    Que vejam nesta ponte de cores
    um espaço de liberdade.
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    Estamos orgulhosos por este bairro
    ser um exemplo de compromisso,
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    por este bairro ser
    um exemplo de criatividade
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    e que também seja
    um exemplo de energia.
  • 7:08 - 7:11
    Um bairro que, pouco a pouco,
    vai largando a sua fama de conflito.
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    Um bairro onde as pessoas sabem
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    que não podemos esperar
    a mudança, sentados.
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    Vocês todos também são de aqui, da ponte.
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    Animem esta aventura e deem-lhe vida.
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    Esta noite, esta ponte une-nos a todos.
  • 7:27 - 7:29
    Apenas a 15 minutos do centro de Madrid,
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    esta ponte espera-vos de braços abertos.
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    Sejam bem-vindos.
  • 7:34 - 7:35
    Muito obrigada.
  • 7:35 - 7:39
    (Aplausos)
Title:
Os rapazes e as raparigas da ponte | Olenka Márquez | TEDxMadridSalon
Description:

Olenka explica a história da Ponte das Cores que, ao longo de três anos, o bairro de San Cristobal de los Angeles ajudou a recuperar e a pintar, tornando-o num local maravilhoso a que ela e os seus colegas dão vida com experiências comunitárias e culturais. Este é o primeiro evento TEDx do mundo a realizar-se debaixo duma ponte.
Filmado por Daniel Goldman e editado por Xavi Fortino.

Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx

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Video Language:
Spanish
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
07:49

Portuguese subtitles

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