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A dança do escaravelho-do-excremento

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    Isto é cocó
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    e o que eu quero fazer hoje é
    partilhar a minha paixão
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    por cocó com vocês
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    o que pode ser bastante difícil
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    mas penso que o que vocês
    podem achar mais fascinante
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    é a forma como estes pequenos animais
    lidam com cocó.
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    Então, este animal aqui tem um cérebro
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    do tamanho de um grão de arroz,
    e mesmo assim consegue fazer coisas
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    que nem eu nem vocês
    poderíamos sequer pensar em fazer.
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    E basicamente tudo evoluiu para
    lidar com a sua fonte de alimento,
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    que é o excremento.
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    Portanto, a questão é:
    por onde começamos esta história?
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    E parece apropriado começar pelo fim
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    porque este é um produto da digestão que sai
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    de outros animais,
    mas que ainda contém nutrientes
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    e existem ali nutrientes suficientes
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    para os escaravelhos-do-excremento
    conseguirem viver
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    e então os escaravelhos-do-excremento
    comem excremento, e as suas larvas
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    também se alimentam de excremento.
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    Elas crescem completamente
    numa bola de excremento.
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    Na África do Sul, existem cerca de
    800 espécies de escaravelho-do-excremento,
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    em África existem cerca de 2 000 espécies
    de escaravelhos-do-excremento
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    e em todo o planeta existem cerca de
    6 000 espécies de escaravelhos-do-excremento.
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    Então, de acordo com os escaravelhos-do-excremento,
    o excremento é bastante bom.
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    A não ser que vocês estejam preparados
    para terem excremento nas vossas unhas
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    e para escavarem no próprio excremento,
    vocês nunca irão ver
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    90% das espécies de escaravelhos
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    porque eles vão directamente
    para dentro do excremento
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    em linha reta até abaixo dele, e então eles escavam
    para a frente e para trás
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    entre o excremento e a superfície do solo
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    e um ninho que eles fazem debaixo de terra.
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    Portanto, a questão é, como é que eles
    lidam com este material?
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    E a maioria dos escaravelhos-do-excremento
    consegue embrulhá-lo numa espécie de embalagem.
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    10% das espécies fazem, na realidade, uma bola
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    e empurram esta bola para longe
    da origem do excremento
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    normalmente, enterram-na num lugar remoto
    longe da origem do excremento
  • 1:54 - 1:57
    e têm um comportamento muito particular
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    pelo qual conseguem empurrar as suas bolas.
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    Então este é um proprietário muito orgulhoso
    de uma bela bola de excremento.
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    Vocês podem ver que é um macho
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    porque ele tem um pequeno cabelo na parte de trás
    das suas pernas,
  • 2:09 - 2:14
    e está claramente satisfeito por estar onde está.
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    E depois ele está prestes a tornar-se uma vítima
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    de um maldoso esmaga-e-apanha. (Risos)
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    E esta é uma clara indicação
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    de que este é um recurso valioso.
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    E portanto, recursos valiosos têm de ser protegidos
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    e guardados de uma forma especial, e nós achamos
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    que a razão de eles rolarem as bolas
    para longe é devido a isto...
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    ...devido à competição que está envolvida
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    em tomar posse daquele excremento.
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    Portanto, este monte de excremento era,
    na verdade... bem, isto era um monte de excremento
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    15 minutos antes de esta fotografia ser tirada
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    e nós achamos que é a intensa competição
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    que torna os escaravelhos tão bem adaptados
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    em rolar as bolas de excremento.
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    Então o que vocês têm que imaginar aqui
    é este animal
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    a mover-se através da savana africana.
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    A sua cabeça está para baixo.
    Ele está a andar para trás.
  • 3:06 - 3:11
    É a forma mais bizarra de transportar comida
    em qualquer direcção
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    e, ao mesmo tempo, ele tem que
    lidar com o calor.
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    Isto é África. Está calor.
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    Então o que eu quero partilhar convosco agora
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    são algumas das experiências que
    eu e os meus colegas
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    temos utilizado para investigar
    como os escaravelhos
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    lidam com estes problemas.
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    Observem este escaravelho,
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    e existem duas coisas que gostaria que notassem.
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    A primeira é como ele lida com este obstáculo
  • 3:37 - 3:40
    que nós colocámos no seu caminho.
    Vejam, ele faz uma pequena dança
  • 3:40 - 3:43
    e depois ele continua exactamente
    na mesma direcção
  • 3:43 - 3:47
    que tomou no início.
  • 3:47 - 3:50
    Uma pequena dança, e depois lá vai ele
    numa direcção em particular.
  • 3:50 - 3:54
    Portanto, claramente este animal sabe
    para onde se dirige
  • 3:54 - 3:55
    e sabe aonde quer ir
  • 3:55 - 3:57
    o que é uma coisa muito, muito importante
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    porque se pensarem nisso,
    vocês estão na pilha de excremento
  • 3:59 - 4:04
    têm este enorme bolo que vocês querem levar
    para longe de qualquer outro ser
  • 4:04 - 4:07
    e a forma mais rápida de fazer isso
    é em linha recta.
  • 4:07 - 4:11
    Então nós demos-lhes mais algumas
    tarefas para resolverem
  • 4:11 - 4:15
    e o que nós fizemos aqui, foi virar o mundo
  • 4:15 - 4:19
    debaixo dos pés deles.
    E vejam a resposta.
  • 4:25 - 4:28
    Então este animal fica na verdade
    com o mundo todo
  • 4:28 - 4:30
    virado debaixo dos seus pés.
    Foi virado 90 graus.
  • 4:30 - 4:33
    Mas ele não vacila. Ele sabe exactamente
    para onde tem de ir
  • 4:33 - 4:36
    e dirige-se para uma direcção em particular.
  • 4:36 - 4:38
    Então a nossa próxima questão foi:
  • 4:38 - 4:40
    Como é que eles fazem isto?
  • 4:40 - 4:43
    O que é que eles estão a fazer?
    E havia uma pista à nossa frente.
  • 4:43 - 4:47
    Era que, de vez em quando, eles subiam
    ao topo da bola
  • 4:47 - 4:49
    e davam uma vista de olhos em redor.
  • 4:49 - 4:51
    E o que é que vocês acham que eles
    poderiam estar a ver
  • 4:51 - 4:53
    quando subiam ao topo da bola?
  • 4:53 - 4:56
    Quais eram as pistas óbvias que
    este animal poderia usar
  • 4:56 - 5:00
    para direccionar o seu movimento?
    E a pista mais óbvia
  • 5:00 - 5:05
    era olhar para o céu, e então nós pensámos:
  • 5:05 - 5:07
    "O que é que eles estariam a olhar para o céu?"
  • 5:07 - 5:11
    E a coisa mais óbvia para se olhar é o sol.
  • 5:11 - 5:14
    Portanto, uma experiência clássica aqui
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    em que o que nós fizemos foi mover o sol.
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    O que faremos agora é escurecer o sol
    com uma tábua
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    e depois mover o sol com um espelho
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    para uma posição completamente diferente.
  • 5:24 - 5:26
    E reparem no que o escaravelho faz.
  • 5:26 - 5:29
    Ele faz uma pequena dupla dança
  • 5:29 - 5:31
    e depois dirige-se de volta exactamente
    na mesma direcção
  • 5:31 - 5:33
    da qual veio no início.
  • 5:33 - 5:37
    O que acontece agora? Então, claramente,
    eles estão a olhar para o sol.
  • 5:37 - 5:40
    O sol é uma pista muito importante
    no céu para eles.
  • 5:40 - 5:43
    O problema é que o sol nem sempre
    está disponível
  • 5:43 - 5:47
    porque ao pôr-do-sol, ele desaparece no horizonte.
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    O que acontece no céu aqui
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    é que há um padrão muito grande de
    luz polarizada no céu
  • 5:54 - 5:57
    que nós não conseguimos ver. É da forma
    como os nossos olhos são feitos.
  • 5:57 - 6:01
    Mas o sol está no horizonte aqui
  • 6:01 - 6:04
    e nós sabemos que quando
    o sol está no horizonte,
  • 6:04 - 6:06
    digamos que está neste lado,
  • 6:06 - 6:10
    existe um norte-sul, um caminho enorme
    através do céu
  • 6:10 - 6:13
    de luz polarizada que não conseguimos ver
  • 6:13 - 6:16
    e que os escaravelhos conseguem.
  • 6:16 - 6:18
    Então como é que testamos isso?
    Bem, isso é fácil.
  • 6:18 - 6:21
    O que nós fazemos é colocar um
    filtro de polarização enorme
  • 6:21 - 6:26
    colocar o escaravelho debaixo dele, e o filtro
    está nos ângulos certos
  • 6:26 - 6:28
    para os padrões de polarização do céu.
  • 6:28 - 6:33
    O escaravelho sai debaixo do filtro
  • 6:33 - 6:35
    e faz uma curva à direita
  • 6:35 - 6:37
    porque ele sai debaixo do céu
  • 6:37 - 6:40
    de que estava originalmente orientado
  • 6:40 - 6:42
    e depois reorienta-se de novo
  • 6:42 - 6:46
    para a direcção que deveria originalmente ir.
  • 6:46 - 6:52
    Então obviamente os escaravelhos
    conseguem ver luz polarizada.
  • 6:52 - 6:55
    Ok, então o que nós temos até agora é,
  • 6:55 - 6:58
    o que é que os escaravelhos estão a fazer?
    Eles estão a rolar bolas.
  • 6:58 - 7:01
    Como estão a fazê-lo?
    Bem, estão a rolá-las em linha recta.
  • 7:01 - 7:04
    Como é que eles as mantêm numa
    linha recta em particular?
  • 7:04 - 7:07
    Bem, eles estão a olhar para as
    pistas celestiais no céu
  • 7:07 - 7:09
    algumas das quais vocês e eu
    não conseguimos ver.
  • 7:09 - 7:11
    Mas como é que eles apanham
    estas pistas celestiais?
  • 7:11 - 7:14
    Isto era o que nos interessava a seguir.
  • 7:14 - 7:17
    E foi esse pequeno comportamento
    particular, a dança
  • 7:17 - 7:20
    que nós pensámos que seria importante,
    porque, olhem...
  • 7:20 - 7:22
    ele faz uma pausa de vez em quando
  • 7:22 - 7:26
    e depois dirige-se na direcção em que quer ir.
  • 7:26 - 7:30
    Então o que estão eles a fazer quando
    fazem esta dança?
  • 7:30 - 7:35
    Quão longe podemos empurrá-los antes de
    eles se voltarem a reorientar?
  • 7:35 - 7:38
    E nesta experiência aqui,
    o que nós fizemos foi forçá-los
  • 7:38 - 7:41
    a irem para um canal, e podem ver que ele não foi
  • 7:41 - 7:44
    particularmente forçado para dentro
    deste canal em particular,
  • 7:44 - 7:49
    e deslocámos gradualmente o escaravelho
    em 180 graus
  • 7:49 - 7:53
    até que este indivíduo acaba por ir na direcção
    exactamente oposta
  • 7:53 - 7:55
    que queria seguir inicialmente.
  • 7:55 - 7:58
    E vamos ver qual será a sua reacção
  • 7:58 - 8:01
    conforme se dirige através dos 90 graus aqui,
  • 8:01 - 8:03
    e agora ele dirige-se para...
    ...quando ele termina aqui
  • 8:03 - 8:06
    ele vai estar 180 graus na direcção errada.
  • 8:06 - 8:08
    E vamos ver qual é a resposta dele.
  • 8:08 - 8:11
    Ele faz uma pequena dança, ele dá uma volta
  • 8:11 - 8:15
    e volta para trás. Ele sabe exactamente
    para onde se dirige.
  • 8:15 - 8:17
    Ele sabe exactamente qual é o problema
  • 8:17 - 8:19
    e ele sabe exactamente como lidar com ele
  • 8:19 - 8:22
    e a dança neste comportamento de transição
  • 8:22 - 8:24
    é que lhes permite reorientarem-se.
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    Então esta é a dança, mas depois de
    gastarmos muitos anos
  • 8:29 - 8:33
    sentados nos arbustos de África a observar
    os escaravelhos em dias bonitos e quentes,
  • 8:33 - 8:35
    nós reparámos que havia outro comportamento
  • 8:35 - 8:38
    associado ao comportamento da dança.
  • 8:38 - 8:42
    De vez em quando, quando eles sobem
    ao topo da bola
  • 8:42 - 8:45
    eles limpam a cara.
  • 8:45 - 8:48
    E vocês vêem-no a fazê-lo outra vez.
  • 8:48 - 8:51
    Então pensámos, o que poderia estar
    a acontecer aqui?
  • 8:51 - 8:54
    Claramente, o chão está muito quente,
    e quando o chão está quente
  • 8:54 - 8:57
    eles dançam mais frequentemente,
    e quando eles fazem esta dança particular
  • 8:57 - 8:59
    eles limpam a parte inferior da cara.
  • 8:59 - 9:01
    E pensámos que isto poderia ser
    um comportamento de termorregulação.
  • 9:01 - 9:03
    Nós pensámos que talvez o que
    eles estão a fazer é tentar
  • 9:03 - 9:07
    sair do solo quente e também cuspir
    para as suas caras
  • 9:07 - 9:09
    como forma de a arrefecer.
  • 9:09 - 9:14
    Então o que nós fizemos foi umas arenas
  • 9:14 - 9:16
    uma era quente, a outra era fria.
  • 9:16 - 9:18
    Colocamos uma sombra nesta.
    Deixámos a outra quente.
  • 9:18 - 9:22
    E depois o que fizemos foi filmá-los com
    uma câmara térmica.
  • 9:22 - 9:26
    Então o que vêem aqui é uma imagem do calor
  • 9:26 - 9:30
    do sistema, e o que vocês podem ver
    emergir aqui
  • 9:30 - 9:33
    a partir das fezes é uma bola de excremento frio.
  • 9:33 - 9:37
    Então a verdade é, se olharem para
    a temperatura aqui
  • 9:37 - 9:42
    o excremento está frio. (Risos)
  • 9:42 - 9:45
    Então, tudo em que estamos interessados aqui
    é comparar a temperatura
  • 9:45 - 9:48
    do escaravelho com a do pano de fundo.
  • 9:48 - 9:52
    O pano de fundo aqui tem cerca de
    50 graus centígrados.
  • 9:52 - 9:54
    O escaravelho e a bola têm, provavelmente, cerca de
  • 9:54 - 9:56
    30 a 35 graus centígrados
  • 9:56 - 9:59
    portanto, esta é uma grande bola de gelado
  • 9:59 - 10:02
    que este escaravelho está neste momento
    a transportar através da savana.
  • 10:02 - 10:05
    Ele não está a subir.
    Ele não está a dançar, porque
  • 10:05 - 10:08
    a sua temperatura corporal é, na verdade,
    relativamente baixa.
  • 10:08 - 10:11
    É mais ou menos como a vossa ou a minha.
  • 10:11 - 10:16
    E o mais interessante aqui é que o
    seu pequeno cérebro está bastante frio.
  • 10:16 - 10:20
    Mas se nós contrastarmos agora com o que
    acontece num ambiente quente,
  • 10:20 - 10:22
    reparem na temperatura do solo.
  • 10:22 - 10:25
    É cerca de 55 a 60 graus centígrados.
  • 10:25 - 10:29
    Reparem quantas vezes o escaravelho dança.
  • 10:29 - 10:33
    E olhem para as suas pernas da frente.
    Elas estão a ferver.
  • 10:33 - 10:36
    Então a bola deixa uma pequena sombra térmica
  • 10:36 - 10:38
    e o escaravelho sobe ao topo da bola
  • 10:38 - 10:43
    e limpa a cara, e a toda a hora ele está
    a tentar arrefecer-se
  • 10:43 - 10:49
    achamos nós, e a evitar a areia quente
    que ele está a atravessar.
  • 10:49 - 10:53
    E o que fizemos foi colocar pequenas
    botas nessas pernas
  • 10:53 - 10:56
    porque esta era uma forma de testar
    se as pernas
  • 10:56 - 10:59
    estavam envolvidas em sentir a temperatura do solo.
  • 10:59 - 11:03
    E se repararem aqui, com botas,
    eles sobem ao topo da bola
  • 11:03 - 11:07
    muito menos vezes do que quando
    não tinham as botas.
  • 11:07 - 11:10
    Portanto, nós descrevemo-las como
    botas refrescantes.
  • 11:10 - 11:13
    Foi um composto dentário que utilizámos
    para criar estas botas.
  • 11:13 - 11:16
    E nós também arrefecemos
    a bola de excremento, conseguimos
  • 11:16 - 11:19
    colocar a bola num frigorífico,
    dar-lhes uma bonita e fresca bola de excremento
  • 11:19 - 11:22
    e eles subiram para cima da bola
    bastante menos vezes
  • 11:22 - 11:23
    do que quando tinham uma bola quente.
  • 11:23 - 11:26
    Isto é chamado de pernear.
    É um comportamento térmico
  • 11:26 - 11:28
    que vocês e eu fazemos se
    atravessarmos a praia
  • 11:28 - 11:31
    nós saltamos para a toalha,
    alguém tem uma toalha
  • 11:31 - 11:32
    — "Desculpe, eu saltei para a sua toalha." —
  • 11:32 - 11:35
    e depois vocês procuram outra toalha qualquer
  • 11:35 - 11:37
    e dessa forma vocês não queimam os pés.
  • 11:37 - 11:40
    E é exactamente o que os escaravelhos fazem.
  • 11:40 - 11:43
    Contudo, há mais uma história que eu gostaria
    de partilhar convosco
  • 11:43 - 11:44
    e é desta espécie em particular.
  • 11:44 - 11:47
    É do género chamado Pachysoma.
  • 11:47 - 11:50
    Há cerca de 13 espécies neste género, e eles têm
  • 11:50 - 11:56
    um comportamento em particular que acho
    que vos vai interessar.
  • 11:56 - 12:01
    Este é um escaravelho-do-excremento.
    Vejam o que ele está a fazer.
  • 12:01 - 12:04
    Conseguem reparar na diferença?
  • 12:04 - 12:07
    Eles normalmente não andam tão devagar.
    Isto é em câmara lenta
  • 12:07 - 12:09
    mas está a andar para a frente
  • 12:09 - 12:12
    e com isso, está, na verdade,
    a formar uma bola de excremento.
  • 12:12 - 12:15
    Esta é uma diferente espécie do mesmo género
  • 12:15 - 12:19
    mas com exactamente
    o mesmo comportamento de pilhagem.
  • 12:19 - 12:22
    Há mais um importante aspecto sobre o
  • 12:22 - 12:26
    comportamento deste escaravelho que
    nós achamos bastante fascinante
  • 12:26 - 12:30
    e que é ele forrar e aprovisionar um ninho.
  • 12:30 - 12:33
    Vejam este indivíduo aqui.
    O que ele está a tentar fazer
  • 12:33 - 12:36
    é fazer um ninho.
  • 12:36 - 12:37
    E ele não gosta desta primeira posição
  • 12:37 - 12:39
    mas ele adopta uma segunda posição
  • 12:39 - 12:43
    e cerca de 50 minutos mais tarde,
    o ninho está terminado
  • 12:43 - 12:47
    e ele afasta-se para forrar e aprovisionar
  • 12:47 - 12:49
    numa pilha de bolas secas de excremento.
  • 12:49 - 12:52
    E no que eu quero que reparem é
    o caminho de saída
  • 12:52 - 12:57
    comparado-o com o caminho de chegada.
    Comparem os dois.
  • 12:57 - 12:59
    Em geral, verão que o caminho de chegada
  • 12:59 - 13:02
    é bastante mais directo do que
    o caminho de saída.
  • 13:02 - 13:05
    No caminho de saída, ele está sempre à procura
  • 13:05 - 13:08
    de uma nova bola de excremento.
  • 13:08 - 13:09
    No caminho para casa, ele sabe onde ela está
  • 13:09 - 13:12
    e quer ir directo a ela.
  • 13:12 - 13:16
    O importante aqui é que esta não é
    uma viagem só de ida
  • 13:16 - 13:19
    como na maioria dos escaravelhos-do-excremento.
    A viagem repete-se
  • 13:19 - 13:24
    para a frente e para trás entre
    uma dispensa e um ninho.
  • 13:24 - 13:25
    E olhem, vocês vão ver
  • 13:25 - 13:29
    outro crime sul-africano mesmo a acontecer.
    (Risos)
  • 13:29 - 13:33
    E o vizinho rouba uma das bolas de excremento.
  • 13:33 - 13:36
    E o que vocês vão ver aqui
  • 13:36 - 13:40
    é um comportamento chamado
    caminho da integração.
  • 13:40 - 13:42
    E o que está a acontecer é que o escaravelho
  • 13:42 - 13:47
    tem uma casa, de onde sai
    por um caminho tortuoso
  • 13:47 - 13:50
    à procura de alimento, e quando encontra o alimento
  • 13:50 - 13:54
    volta para casa.
    Ele sabe exactamente onde é a casa.
  • 13:54 - 13:57
    Existem duas formas de ele poder fazer isto
  • 13:57 - 14:00
    e nós podemos testá-lo colocando o escaravelho
  • 14:00 - 14:03
    numa nova posição, quando está
    no local de pilhagem.
  • 14:03 - 14:06
    Usando pontos de referência, ele encontra
    o caminho para casa.
  • 14:06 - 14:09
    Se usar algo chamado caminho de integração,
  • 14:09 - 14:13
    ele não vai encontrar o caminho para casa.
    Ele vai chegar a um local errado
  • 14:13 - 14:16
    e o que ele faz aqui, estando a usar
    o caminho de integração,
  • 14:16 - 14:19
    é estar a contar os passos ou a medir a distância
    nesta direcção.
  • 14:19 - 14:23
    Sabe ir para casa, e sabe que deveria ir
    naquela direcção.
  • 14:23 - 14:26
    Se o mudarem de sítio, ele acaba no local errado.
  • 14:26 - 14:29
    Vamos ver o que acontece quando
    pomos este escaravelho
  • 14:29 - 14:32
    à prova com uma experiência parecida.
  • 14:32 - 14:37
    Aqui está o nosso astuto investigador.
  • 14:37 - 14:39
    Ele muda o escaravelho de sítio
  • 14:39 - 14:44
    e agora vemos o que acontece.
  • 14:44 - 14:47
    O que temos aqui é uma toca.
    Era onde estava a forragem.
  • 14:47 - 14:50
    A forragem foi mudada para uma nova posição.
  • 14:50 - 14:52
    Se ele estiver a usar pontos de referência
    como orientação
  • 14:52 - 14:54
    deve ser capaz de encontrar a toca
  • 14:54 - 14:57
    porque ele é capaz de reconhecer
    os pontos de referência em redor dela.
  • 14:57 - 15:00
    Se ele estiver a usar o caminho de integração
  • 15:00 - 15:03
    então deve terminar neste local errado.
  • 15:03 - 15:06
    Então vamos ver o que acontece
  • 15:06 - 15:09
    quando testamos o escaravelho.
  • 15:09 - 15:11
    Aqui está ele.
  • 15:11 - 15:17
    Ele está a prestes a ir para casa,
    e vejam o que acontece.
  • 15:17 - 15:20
    Que vergonha.
  • 15:20 - 15:22
    Ele não faz a mais pequena ideia.
  • 15:22 - 15:25
    Ele começa a procurar pela casa
    pela distância correcta
  • 15:25 - 15:31
    em relação ao alimento, mas ele está
    claramente perdido.
  • 15:31 - 15:35
    Sabemos então que este animal usa
    o caminho de integração
  • 15:35 - 15:39
    para encontrar o seu caminho,
    e o insensível investigador
  • 15:39 - 15:42
    leva-o ao topo esquerdo e larga-o. (Risos)
  • 15:42 - 15:46
    Então o que vemos aqui é um grupo de animais
  • 15:46 - 15:48
    que usam uma bússola, e usam o sol
    como uma bússola
  • 15:48 - 15:50
    para encontrar o seu caminho
  • 15:50 - 15:53
    e têm algum tipo de sistema
  • 15:53 - 15:55
    para medir essa distância,
  • 15:55 - 15:58
    e sabemos que esta espécie aqui
  • 15:58 - 16:01
    conta mesmo os passos.
    É o que eles usam como um odómetro,
  • 16:01 - 16:06
    um sistema de contar passos,
    para encontrar o seu caminho de volta a casa.
  • 16:06 - 16:09
    Ainda não sabemos o que
    os escaravelhos-do-excremento usam.
  • 16:09 - 16:11
    Então o que aprendemos com estes animais
  • 16:11 - 16:14
    com um cérebro do tamanho de um grão de arroz?
  • 16:14 - 16:18
    Bem, sabemos que conseguem rolar bolas
    em linha recta
  • 16:18 - 16:20
    usando pistas celestiais.
  • 16:20 - 16:23
    Sabemos que a dança é
    um comportamento de orientação
  • 16:23 - 16:26
    e também um comportamento termorregulador
  • 16:26 - 16:30
    e também sabemos que usam um sistema
    de caminho de integração
  • 16:30 - 16:32
    para encontrarem o seu caminho para casa.
  • 16:32 - 16:36
    Para um animal pequeno que lida com
    uma substância bastante revoltante
  • 16:36 - 16:39
    podemos realmente aprender uma enorme
    quantidade de coisas a partir deles
  • 16:39 - 16:42
    a fazer comportamentos que nem vocês
    nem eu conseguiríamos possivelmente fazer.
  • 16:42 - 16:46
    Obrigado. (Aplausos)
Title:
A dança do escaravelho-do-excremento
Speaker:
Marcus Byrne
Description:

Um escaravelho-do-excremento tem um cérebro do tamanho de um grão de arroz, e mesmo assim evidencia um tremenda quantidade de inteligência quando se trata de empurrar a sua fonte de alimento — excrementos de animais — para casa. Como? Tudo se resume a uma dança. (Filmado no TEDxWitsUniversity.)

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
17:08
Isabel Vaz Belchior approved Portuguese subtitles for The dance of the dung beetle
Isabel Vaz Belchior edited Portuguese subtitles for The dance of the dung beetle
Isabel Vaz Belchior edited Portuguese subtitles for The dance of the dung beetle
Isabel Vaz Belchior edited Portuguese subtitles for The dance of the dung beetle
Miguel Cabral de Pinho edited Portuguese subtitles for The dance of the dung beetle
Miguel Cabral de Pinho edited Portuguese subtitles for The dance of the dung beetle
Miguel Cabral de Pinho edited Portuguese subtitles for The dance of the dung beetle
Miguel Cabral de Pinho edited Portuguese subtitles for The dance of the dung beetle
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