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Um lugar de cura inesperado

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    Vou contar-vos uma coisa
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    de que não falo, provavelmente,
    há mais de 10 anos.
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    Sejam pacientes comigo
    enquanto vos guio nesta viagem.
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    Quando eu tinha 22 anos,
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    cheguei a casa do trabalho,
    pus a trela à minha cadela
  • 0:15 - 0:17
    e saí para a minha corrida do costume.
  • 0:17 - 0:19
    Eu não fazia ideia, naquele momento,
  • 0:19 - 0:21
    que a minha vida iria mudar para sempre.
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    Enquanto eu preparava
    a minha cadela para a corrida,
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    um homem, que estava a acabar
    uma bebida num bar,
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    pegou nas chaves do carro,
    entrou num carro
  • 0:31 - 0:34
    e dirigiu-se para sul
    ou para onde quer que ia.
  • 0:35 - 0:37
    Eu atravessei a rua a correr,
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    e a única coisa de que me lembro
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    foi sentir como se uma granada
    rebentasse na minha cabeça.
  • 0:43 - 0:46
    Lembro-me de pôr as mãos no chão
  • 0:46 - 0:48
    e sentir o sangue da minha vida
  • 0:48 - 0:51
    a esvaziar-se pelo pescoço e pela boca.
  • 0:53 - 0:56
    Aconteceu que ele passou
    um sinal vermelho
  • 0:56 - 0:58
    e atropelou-me a mim e à minha cadela.
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    Ela acabou por ficar debaixo do carro.
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    Eu aterrei em frente do carro
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    e ele passou por cima das minhas pernas.
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    A minha perna esquerda
    ficou presa no eixo das rodas
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    e ficou toda torcida.
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    O para-choques do carro
    bateu na minha garganta,
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    e cortou-a ao meio.
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    Acabei por sofrer um trauma do tórax.
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    A nossa aorta passa por detrás do coração
    — é a nossa maior artéria —
  • 1:22 - 1:26
    e foi cortada, fazendo com que o sangue
    me saísse pela boca.
  • 1:27 - 1:31
    Espumava, e estavam-me
    a acontecer coisas horríveis.
  • 1:33 - 1:35
    Eu não fazia ideia do que se passava,
  • 1:35 - 1:38
    mas apareceram estranhos
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    que mantiveram o meu coração
    a mexer, a bater.
  • 1:41 - 1:43
    Eu digo "mexer-se" porque estava agitado
  • 1:43 - 1:46
    e eles estavam a tentar
    fazê-lo entrar no ritmo.
  • 1:46 - 1:49
    Alguém foi esperto
    e pôs-me uma caneta Bic no pescoço
  • 1:49 - 1:52
    para abrir as vias respiratórias
    e eu conseguir respirar.
  • 1:52 - 1:54
    O meu pulmão colapsou,
  • 1:54 - 1:57
    e houve alguém que me abriu
    e também espetou ali um alfinete
  • 1:57 - 1:59
    para evitar que acontecesse
  • 2:00 - 2:02
    aquele acontecimento catastrófico.
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    Acabei por ir parar ao hospital.
  • 2:06 - 2:08
    Estava embrulhada em gelo
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    e acabaram por me pôr em coma induzido.
  • 2:12 - 2:15
    Acordei 18 meses depois.
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    Estava cega, não conseguia falar,
  • 2:18 - 2:19
    e não conseguia andar.
  • 2:20 - 2:22
    Pesava 29 quilos.
  • 2:26 - 2:29
    O hospital não sabe o que fazer
    a uma pessoa naquele estado.
  • 2:29 - 2:32
    Começaram por chamar-me "vegetal".
  • 2:32 - 2:35
    É outra história que nem sequer
    vamos abordar.
  • 2:37 - 2:39
    Fiz imensas cirurgias
    para reconstruir o pescoço,
  • 2:39 - 2:42
    para reparar o coração,
    umas quantas vezes.
  • 2:42 - 2:44
    Algumas coisas resultaram, outras não.
  • 2:44 - 2:46
    Tenho muitas próteses
    de titânio dentro de mim,
  • 2:46 - 2:48
    ossos de cadáver
  • 2:48 - 2:51
    para tentar fazer com que os meus pés
    se movessem da maneira certa.
  • 2:51 - 2:53
    Acabei por ficar com um nariz de plástico,
  • 2:53 - 2:55
    dentes de porcelana
    e uma série de outras coisas.
  • 2:55 - 2:58
    Mas, por fim, voltei a ter
    um aspeto humano.
  • 3:00 - 3:01
    Mas...
  • 3:04 - 3:06
    ... às vezes é duro
    falar sobre estas coisas,
  • 3:06 - 3:08
    por isso sejam pacientes.
  • 3:08 - 3:11
    Fiz mais de 50 cirurgias.
  • 3:11 - 3:13
    mas quem está a contar?
  • 3:13 - 3:14
    (Risos)
  • 3:14 - 3:17
    Por fim, o hospital decidiu
    que estava na hora de ter alta.
  • 3:17 - 3:20
    Precisavam de espaço
    para outra pessoa
  • 3:20 - 3:24
    que eles pensavam que talvez recuperasse
  • 3:24 - 3:27
    fosse do que fosse do que estava a passar.
  • 3:27 - 3:30
    Tinham perdido a esperança
    de eu poder recuperar.
  • 3:30 - 3:33
    Assim, puseram um mapa na parede,
    atiraram um dardo,
  • 3:33 - 3:36
    e ele acertou num lar de idosos
    aqui no Colorado.
  • 3:37 - 3:40
    Eu sei que vocês estão
    a coçar a cabeça:
  • 3:40 - 3:41
    "Um lar de idosos?
  • 3:41 - 3:43
    "Mas que raio é que foste lá fazer?"
  • 3:43 - 3:46
    Mas, se pensarem
    em todas as capacidades e talentos
  • 3:46 - 3:48
    que estão nesta sala,
    neste momento,
  • 3:48 - 3:50
    é o que um lar de idosos tem.
  • 3:50 - 3:53
    Estavam ali essas capacidades e talentos
  • 3:53 - 3:55
    que aqueles idosos tinham.
  • 3:55 - 3:57
    A grande vantagem que têm
    sobre a maior parte de vocês
  • 3:57 - 3:59
    é a sabedoria,
  • 3:59 - 4:01
    porque tinham uma vida longa.
  • 4:01 - 4:04
    Eu precisava daquela sabedoria
    naquele momento da minha vida.
  • 4:04 - 4:06
    Mas imaginem o que foi para eles
  • 4:06 - 4:09
    quando eu lhes apareci à porta?
  • 4:09 - 4:12
    Naquela altura, tinha engordado 2 kg,
    pesava 31 kg.
  • 4:13 - 4:15
    Estava careca.
  • 4:15 - 4:17
    Estava vestida com uma bata de hospital.
  • 4:17 - 4:20
    Alguém tinha-me dado um par de ténis.
  • 4:20 - 4:23
    Tinha uma bengala branca numa mão
  • 4:23 - 4:26
    e uma mala cheia de relatórios
    médicos na outra mão.
  • 4:26 - 4:29
    Então os idosos perceberam
  • 4:29 - 4:31
    que tinham de fazer
    uma reunião de emergência.
  • 4:31 - 4:33
    (Risos)
  • 4:33 - 4:36
    Afastaram-se, olharam
    uns para os outros e disseram:
  • 4:36 - 4:40
    "Ok, que capacidades temos nós
    aqui nesta sala?
  • 4:40 - 4:42
    "Esta miúda precisa de ser
    muito trabalhada."
  • 4:42 - 4:47
    Por fim, começaram a reunir
    os seus talentos e capacidades
  • 4:47 - 4:49
    a todas as minhas necessidades.
  • 4:49 - 4:51
    Uma das primeiras coisas
    que precisaram de fazer
  • 4:51 - 4:53
    foi avaliar o que eu precisava
    de imediato
  • 4:53 - 4:57
    Eu precisava de aprender a comer
    como um ser humano normal,
  • 4:57 - 5:00
    uma vez que eu tinha andado
    a alimentar-me por um tubo no peito
  • 5:00 - 5:02
    e pelas veias.
  • 5:02 - 5:05
    Por isso, tive de aprender
    novamente a comer.
  • 5:05 - 5:07
    E eles passaram por esse processo.
  • 5:07 - 5:09
    Depois tiveram de pensar:
  • 5:09 - 5:11
    "Ela precisa de mobiliário.
  • 5:11 - 5:14
    "Ela está a dormir
    ao canto deste apartamento."
  • 5:14 - 5:15
    Foram às suas arrecadações
  • 5:15 - 5:18
    e juntaram o que tinham
    de mobílias extra.
  • 5:18 - 5:20
    Deram-me tachos e frigideiras, cobertores,
  • 5:21 - 5:23
    tudo.
  • 5:23 - 5:26
    Depois, o que eu precisava a seguir
  • 5:26 - 5:28
    era de uma mudança de visual.
  • 5:28 - 5:29
    (Risos)
  • 5:29 - 5:31
    Por isso, desapareceram as batas verdes
  • 5:31 - 5:34
    e apareceram
    os padrões florais e o poliéster.
  • 5:34 - 5:36
    (Risos)
  • 5:38 - 5:42
    Não vamos falar sobre os penteados
    que eles me tentaram impingir
  • 5:42 - 5:44
    quando o meu cabelo voltou a crescer.
  • 5:44 - 5:46
    Mas eu disse que não ao cabelo azul.
  • 5:46 - 5:48
    (Risos)
  • 5:49 - 5:52
    Então, o que acabou por acontecer
  • 5:52 - 5:56
    foi que decidiram que eu precisava
    de aprender a falar.
  • 5:56 - 5:58
    Não podemos ser pessoas independentes
  • 5:58 - 6:01
    se não formos capazes de falar
    e não pudermos ver.
  • 6:01 - 6:04
    Eles acharam que não ser capaz de ver
    era uma coisa,
  • 6:04 - 6:06
    mas precisavam de me pôr a falar.
  • 6:06 - 6:09
    Enquanto a Sally, a gerente do escritório,
  • 6:09 - 6:10
    me ensinava a falar durante o dia
  • 6:10 - 6:15
    — é difícil, porque quando somos crianças,
    tomamos as coisas por garantidas.
  • 6:15 - 6:17
    Aprendemos as coisas inconscientemente.
  • 6:17 - 6:20
    Mas para mim, eu era adulta,
    e era embaraçoso,
  • 6:20 - 6:24
    tinha de aprender como coordenar
    a minha nova garganta com a língua,
  • 6:24 - 6:27
    os meus novos dentes e os lábios,
  • 6:27 - 6:29
    reter o ar e emitir a palavra.
  • 6:29 - 6:31
    Eu agi como uma criança de dois anos
  • 6:31 - 6:33
    e recusei-me a trabalhar.
  • 6:34 - 6:37
    Mas os homens tiveram uma ideia melhor.
  • 6:37 - 6:39
    Iam tornar aquilo divertido para mim.
  • 6:39 - 6:42
    Começaram a ensinar-me palavrões
    no Scrabble, à noite,
  • 6:43 - 6:45
    (Risos)
  • 6:47 - 6:49
    e depois, secretamente,
  • 6:49 - 6:51
    como praguejar como um marinheiro.
  • 6:52 - 6:55
    Por isso, vou deixar à vossa imaginação
  • 6:56 - 6:59
    quais foram as minhas primeiras palavras
  • 6:59 - 7:03
    quando a Sally conseguiu
    restaurar a minha confiança.
  • 7:03 - 7:04
    (Risos)
  • 7:04 - 7:06
    Então evoluí a partir dali.
  • 7:06 - 7:10
    E uma antiga professora
    que, por sinal, tinha Alzheimer
  • 7:10 - 7:13
    encarregou-se da tarefa
    de me ensinar a escrever.
  • 7:13 - 7:16
    A redundância na verdade foi boa para mim.
  • 7:16 - 7:18
    Então vamos continuar a avançar.
  • 7:19 - 7:21
    (Risos)
  • 7:24 - 7:27
    Um dos acontecimentos fulcrais para mim
  • 7:27 - 7:29
    foi aprender a atravessar
    a estrada outra vez,
  • 7:29 - 7:31
    como uma pessoa cega.
  • 7:32 - 7:34
    Por isso, fechem os olhos.
  • 7:34 - 7:38
    Agora imaginem
    que têm de atravessar uma rua.
  • 7:38 - 7:40
    Vocês não sabem o quão larga é rua
  • 7:41 - 7:44
    e não sabem se estão a andar a direito
  • 7:44 - 7:47
    e conseguem ouvir os carros a zumbir
    para a frente e para trás,
  • 7:47 - 7:49
    Vocês tiveram um acidente horrível
  • 7:49 - 7:51
    que vos pôs nesta situação.
  • 7:51 - 7:54
    Por isso eu tinha de ultrapassar
    dois obstáculos.
  • 7:55 - 7:57
    Um era o stress pós-traumático.
  • 7:58 - 8:02
    Sempre que me aproximava
    da esquina ou da curva
  • 8:02 - 8:03
    entrava em pânico.
  • 8:03 - 8:06
    E o segundo era tentar descobrir
  • 8:06 - 8:08
    como atravessar aquela rua.
  • 8:09 - 8:12
    Então, uma das idosas
    chegou-se ao pé de mim,
  • 8:12 - 8:14
    empurrou-me para a esquina e disse-me:
  • 8:15 - 8:18
    "Quando achares que é altura,
    estica a bengala para a frente.
  • 8:18 - 8:20
    "Se for atingida,
    não atravesses a estrada."
  • 8:21 - 8:23
    (Risos)
  • 8:25 - 8:27
    Fazia todo o sentido.
  • 8:28 - 8:32
    Mas, por volta da terceira bengala
    que foi a voar pela rua,
  • 8:33 - 8:36
    eles perceberam que precisavam
    de juntar os recursos,
  • 8:36 - 8:39
    e angariaram fundos para eu poder ir
    para o Instituto Braille
  • 8:39 - 8:44
    e aprender as competências
    para ser uma pessoa cega,
  • 8:44 - 8:48
    e também para arranjar um cão guia
    que transformou a minha vida.
  • 8:48 - 8:50
    Fui capaz de voltar para a universidade
  • 8:50 - 8:54
    por causa dos idosos
    que investiram em mim,
  • 8:54 - 8:57
    e também do cão guia e por causa
    do conjunto de competências que ganhei.
  • 8:58 - 9:00
    Dez anos mais tarde,
    recuperei a minha visão.
  • 9:00 - 9:02
    Não foi magia.
  • 9:02 - 9:05
    Optei por três cirurgias,
  • 9:05 - 9:07
    e uma delas era experimental.
  • 9:07 - 9:09
    Era uma cirurgia robótica.
  • 9:09 - 9:12
    Removeram um hematoma
    que estava atrás do meu olho.
  • 9:13 - 9:15
    A maior alteração para mim
  • 9:15 - 9:18
    foi que o mundo tinha seguido em frente,
  • 9:18 - 9:22
    havia inovações e todo o tipo
    de coisas novas
  • 9:22 - 9:24
    telemóveis, portáteis,
  • 9:24 - 9:27
    todas estas coisas
    que eu nunca tinha visto.
  • 9:27 - 9:31
    E como uma pessoa cega,
    a nossa memória visual desvanece-se
  • 9:31 - 9:34
    e é substituída pelo que sentimos
    pelas coisas
  • 9:35 - 9:37
    e como as coisas soam
  • 9:37 - 9:39
    e como as coisas cheiram.
  • 9:39 - 9:42
    Um dia, eu estava no meu quarto
  • 9:42 - 9:44
    e vi uma coisa ali no quarto
  • 9:44 - 9:46
    que me pareceu um monstro.
  • 9:46 - 9:48
    Comecei a andar à volta daquilo
  • 9:48 - 9:50
    e pensei: "Vou só tocar-lhe."
  • 9:50 - 9:51
    Toquei-lhe e exclamei:
  • 9:51 - 9:54
    "Oh meu Deus, é um cesto da roupa suja."
  • 9:54 - 9:57
    (Risos)
  • 9:58 - 10:02
    Tudo é diferente
    quando somos providos de visão
  • 10:02 - 10:04
    porque tomamo-la como garantida.
  • 10:04 - 10:08
    Mas quando somos cegos,
    temos a memória táctil das coisas.
  • 10:08 - 10:11
    A maior mudança para mim
    foi olhar para as minhas mãos
  • 10:11 - 10:15
    e ver que tinha perdido
    10 anos da minha vida.
  • 10:15 - 10:18
    Pensei que o tempo tinha parado
    por qualquer razão
  • 10:18 - 10:21
    e continuado para a família
    e para os amigos.
  • 10:21 - 10:22
    Mas quando olhei para elas,
  • 10:22 - 10:24
    percebi que o tempo
    também tinha passado para mim
  • 10:24 - 10:26
    e que precisava de o recuperar,
  • 10:26 - 10:28
    por isso comecei a fazê-lo.
  • 10:29 - 10:33
    Não havia palavras como
    "crowd-sourcing" e colaboração radical
  • 10:33 - 10:35
    quando tive o meu acidente.
  • 10:35 - 10:37
    Mas o conceito revelou-se verdadeiro.
  • 10:37 - 10:40
    Pessoas a trabalhar com pessoas
    para me reconstruir;
  • 10:40 - 10:42
    pessoas a trabalhar com pessoas
    para me reeducar.
  • 10:42 - 10:44
    Eu não estaria aqui hoje
  • 10:44 - 10:47
    se não fosse uma extrema
    colaboração radical.
  • 10:47 - 10:49
    Muito obrigada.
  • 10:49 - 10:52
    (Aplausos)
Title:
Um lugar de cura inesperado
Speaker:
Ramona Pierson
Description:

Quando Ramona Pierson tinha 22 anos, foi atropelada por um condutor alcoolizado e passou 18 meses em coma. No TEDxDU ela conta a história admirável da sua recuperação... aproveitando as capacidades coletivas e a sabedoria de um lar de idosos.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
10:52
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for An unexpected place of healing
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for An unexpected place of healing
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