O que faz você especial? | Mariana Atencio | TEDxUniversityofNevada
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0:09 - 0:11Muito obrigada.
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0:12 - 0:14Sou uma jornalista.
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0:15 - 0:18Meu trabalho é falar com pessoas de todas
as profissões e classes sociais -
0:18 - 0:20ao redor de todo o mundo.
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0:20 - 0:21Hoje, quero contar a vocês
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0:21 - 0:26por que decidi fazer isso e o que aprendi.
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0:27 - 0:29Minha história começa
em Caracas, Venezuela, -
0:29 - 0:32na América do Sul, onde cresci;
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0:32 - 0:35para mim, um lugar que foi, e sempre será,
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0:35 - 0:37repleto de mágica e maravilha.
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0:38 - 0:39Desde muito jovem,
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0:39 - 0:43meus pais desejavam que eu tivesse
uma visão mais ampla do mundo. -
0:43 - 0:46Lembro-me de uma vez, quando tinha
cerca de sete anos de idade, -
0:46 - 0:49meu pai veio até mim e disse:
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0:49 - 0:52"Mariana, vou mandar
você e a sua irmãzinha", -
0:52 - 0:54que tinha seis anos na época,
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0:54 - 0:57"para um lugar onde ninguém fala espanhol.
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0:57 - 0:59Quero que experimentem
culturas diferentes". -
1:00 - 1:04Ele continuou falando e falando
sobre os benefícios de um verão todo -
1:04 - 1:07em um acampamento nos Estados Unidos,
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1:07 - 1:09enfatizando uma pequena frase,
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1:09 - 1:12em que na época não prestei muita atenção:
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1:12 - 1:14"Nunca se sabe o que o futuro nos guarda".
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1:15 - 1:17Enquanto isso, na minha mente infantil,
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1:17 - 1:21eu pensava que estávamos indo
para um acampamento em Miami. -
1:21 - 1:22(Risos)
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1:22 - 1:25Talvez fosse ainda melhor,
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1:25 - 1:29e fôssemos um pouco mais para o norte,
em Orlando, onde morava o Mickey Mouse. -
1:29 - 1:30(Risos)
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1:30 - 1:32Fiquei muito animada.
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1:32 - 1:35Meu pai, entretanto, tinha um plano
um tanto quanto diferente. -
1:36 - 1:40De Caracas, ele nos enviou
para Brainerd, em Minnesota. -
1:40 - 1:41(Risos)
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1:41 - 1:43O Mickey Mouse não estava lá em cima,
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1:43 - 1:44(Risos)
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1:44 - 1:48e sem celular, Snapchat, ou Instagram,
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1:48 - 1:50eu não tinha como procurar informações.
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1:50 - 1:51Chegamos lá,
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1:51 - 1:53e uma das primeiras coisas que percebi
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1:53 - 1:57foi que o cabelo das outras crianças
era de muitos tons de loiro, -
1:57 - 1:59e muitas delas tinham olhos azuis.
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1:59 - 2:02Enquanto isso, era assim
que nós parecíamos. -
2:03 - 2:07Na primeira noite, todos se reuniram
ao redor de uma fogueira -
2:07 - 2:08e o diretor disse:
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2:08 - 2:12"Crianças, temos um acampamento
bastante internacional este ano; -
2:12 - 2:15as Atencios aqui vieram da Venezuela".
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2:15 - 2:16(Risos)
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2:16 - 2:19As outras crianças olhavam pra gente
como se fôssemos de outro planeta. -
2:20 - 2:22Elas nos perguntavam coisas como:
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2:22 - 2:24"Você sabe o que é um hambúrguer?"
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2:24 - 2:28Ou: "Você vai à escola
de jumento ou canoa?" -
2:28 - 2:29(Risos)
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2:29 - 2:31Eu tentava responder
com meu inglês enferrujado, -
2:31 - 2:33e elas apenas riam.
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2:33 - 2:35Sei que elas não tentavam ser más;
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2:35 - 2:37estavam apenas tentando
entender quem nós éramos, -
2:37 - 2:40e fazer uma correlação
com o mundo que conheciam. -
2:40 - 2:42Podíamos ou ser como elas,
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2:42 - 2:45ou ser como alguém tirado
de um livro de aventuras, -
2:45 - 2:47como "Aladdin",
ou "Mogli: o menino lobo". -
2:48 - 2:49Certamente não éramos como elas,
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2:50 - 2:51não falávamos sua língua,
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2:51 - 2:53éramos diferentes.
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2:53 - 2:55Quando se tem sete anos
de idade, isso dói. -
2:56 - 2:58Mas eu tinha minha irmãzinha
para tomar conta, -
2:58 - 3:01e ela chorou todo dia no acampamento.
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3:01 - 3:04Então decidi ser corajosa,
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3:04 - 3:07e compreender tudo o que podia
sobre o estilo de vida americano. -
3:08 - 3:11Fizemos então o que chamávamos
de "ensaio de acampamento de verão" -
3:11 - 3:16por oito anos em diferentes cidades
que americanos não tinham ouvido falar. -
3:17 - 3:22O que mais me lembro desses momentos
era quando eu finalmente fazia amizade. -
3:22 - 3:26Fazer um amigo
era uma recompensa especial. -
3:26 - 3:29Todos querem se sentir
aceitos e valorizados, -
3:29 - 3:33e achamos que isso acontece
de forma espontânea, mas não. -
3:33 - 3:37Quando se é diferente,
precisa aprender a fazer parte. -
3:37 - 3:41Precisa ser prestativo,
esperto, engraçado, -
3:41 - 3:45qualquer coisa para ser descolado
com o grupo de que você quer fazer parte. -
3:45 - 3:47Mais tarde, no ensino médio,
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3:47 - 3:50meu pai expandiu seu plano de verão,
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3:50 - 3:54e de Caracas mandou-me
para Wallingford, em Connecticut, -
3:54 - 3:56para o último ano do ensino médio.
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3:56 - 3:59Nessa época, lembro-me de sonhar no avião
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3:59 - 4:04sobre a "experiência americana
de ensino médio", com um armário. -
4:04 - 4:08Seria perfeito, como no meu programa de TV
favorito, "Uma galera do barulho". -
4:08 - 4:09(Risos)
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4:10 - 4:11Eu chego lá, e me dizem
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4:11 - 4:15que minha colega de quarto
me espera ansiosa. -
4:16 - 4:17Eu abro a porta,
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4:17 - 4:19e lá estava ela, sentada na cama,
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4:20 - 4:21com um turbante.
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4:22 - 4:25Seu nome era Fatima,
era uma muçulmana de Bahrein, -
4:25 - 4:28e ela não era o que eu esperava.
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4:28 - 4:31Ela provavelmente notou minha decepção,
quando olhei para ela, -
4:31 - 4:34porque não me esforcei para esconder.
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4:35 - 4:37Sabe, sendo adolescente,
queria me enquadrar mais, -
4:37 - 4:39queria ser popular,
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4:39 - 4:42talvez ter um namorado para a formatura,
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4:42 - 4:45e senti que a Fatima entrou no caminho
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4:45 - 4:48com sua timidez e seu vestuário restrito.
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4:49 - 4:52Eu não percebi que a estava
fazendo se sentir -
4:52 - 4:54como me senti naquele
acampamento de verão. -
4:55 - 4:57Era o equivalente do ensino médio
de perguntar para ela: -
4:58 - 5:00"Você sabe o que é um hambúrguer?"
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5:00 - 5:03Eu estava consumida pelo meu egoísmo,
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5:03 - 5:05e incapaz de me colocar no lugar dela.
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5:06 - 5:08Tenho que ser honesta com vocês,
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5:09 - 5:11duramos apenas alguns meses juntas.
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5:11 - 5:14Logo depois ela foi enviada
para morar com um orientador, -
5:14 - 5:16em vez de outros estudantes.
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5:16 - 5:19Lembro-me de pensar:
"Ah, ela vai ficar bem. -
5:19 - 5:21Ela só é diferente".
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5:22 - 5:24Quando rotulamos alguém como diferente,
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5:24 - 5:26isso os desumaniza de alguma forma.
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5:26 - 5:28Eles se tornam "o outro".
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5:28 - 5:31Não são dignos do nosso tempo,
não são problema nosso. -
5:31 - 5:36Na verdade, eles, "o outro", talvez sejam
a causa de nossos problemas. -
5:37 - 5:40Então, como reconhecemos
nossos pontos cegos? -
5:40 - 5:45Começa por entender aquilo
que faz você diferente, -
5:45 - 5:47por abraçar essas características.
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5:48 - 5:52Somente assim você passa a apreciar
o que torna os outros especiais. -
5:53 - 5:56Lembro-me de quando isso me atingiu.
Foi alguns meses depois disso. -
5:57 - 6:00Eu tinha encontrado um namorado,
feito um grupo de amigos, -
6:00 - 6:03e praticamente esquecido de Fatima,
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6:03 - 6:07até todos terem se inscrito
em um show de talentos para caridade. -
6:07 - 6:10Você precisava oferecer
um talento para o leilão. -
6:10 - 6:14Parecia que todo mundo
tinha algo de especial para oferecer. -
6:14 - 6:17Alguns tocariam violino,
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6:17 - 6:19outros iriam recitar um monólogo teatral,
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6:20 - 6:21e lembro-me de pensar:
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6:21 - 6:24"Não praticamos talentos
como esses lá em casa". -
6:24 - 6:27Mas estava determinada
a encontrar algo de valor. -
6:28 - 6:29O dia do show de talentos chega,
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6:29 - 6:32eu subo no palco
com minha caixinha de som, -
6:32 - 6:34coloco de lado e aperto o "Play",
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6:34 - 6:39e uma canção da Shakira,
minha artista favorita, começa a tocar. -
6:40 - 6:45E eu canto: "Whenever, wherever,
we're meant to be together", -
6:45 - 6:49e eu disse: "Meu nome é Mariana,
e vou leiloar uma aula de dança". -
6:50 - 6:54Parecia que a escola toda
levantou a mão para dar um lance. -
6:54 - 6:56Minha aula de dança se destacou mesmo
-
6:56 - 6:59da décima aula de violino
oferecida naquele dia. -
7:00 - 7:03E voltando ao meu dormitório,
não me sentia diferente. -
7:03 - 7:04Eu me sentia muito especial.
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7:05 - 7:08Foi quando comecei a pensar em Fatima,
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7:08 - 7:13alguém que falhei em enxergar
como especial, quando a conheci. -
7:13 - 7:15Ela era do Oriente Médio,
-
7:15 - 7:17assim como a família de Shakira.
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7:17 - 7:21Ela poderia ter me ensinado
uma coisa ou duas sobre dança do ventre, -
7:21 - 7:23se eu estivesse aberta a isso.
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7:24 - 7:25Agora, quero que todos peguem o adesivo
-
7:25 - 7:28que lhes foi dado no início
da nossa palestra hoje, -
7:28 - 7:31onde escreveram
o que os torna especiais, -
7:31 - 7:32e quero que olhem pra ele.
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7:32 - 7:35Se está assistindo em casa,
pegue um papel, -
7:35 - 7:37e escreva nele o que faz você diferente.
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7:38 - 7:40Podem se sentir seguros ao olhar para ele,
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7:40 - 7:43talvez envergonhados, ou até orgulhosos.
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7:44 - 7:46Mas vocês precisam começar a abraçar isso.
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7:47 - 7:52Lembrem-se, é o primeiro passo
em apreciar o que faz os outros especiais. -
7:53 - 7:55Quando voltei para casa na Venezuela,
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7:55 - 8:00comecei a entender como
essas experiências estavam me mudando. -
8:00 - 8:03Ser capaz de falar em línguas diferentes,
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8:03 - 8:07ser guiada por todas essas
pessoas e lugares diferentes, -
8:07 - 8:10me deu uma sensibilidade única.
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8:10 - 8:12Estava finalmente começando a entender
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8:12 - 8:15a importância de me colocar
no lugar das outras pessoas. -
8:16 - 8:21Essa é uma grande parte da razão
do porquê decidi ser uma jornalista. -
8:21 - 8:26Ainda mais vindo de uma parte do mundo
rotulada geralmente como "quintal", -
8:26 - 8:29"aliens ilegais",
"terceiro mundo", "os outros", -
8:30 - 8:32eu quis fazer algo para mudar isso.
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8:33 - 8:35Mas foi na época, entretanto,
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8:35 - 8:37em que o governo venezuelano desativou
-
8:37 - 8:39a maior estação televisiva em nosso país.
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8:40 - 8:41A censura estava crescendo,
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8:42 - 8:45e meu pai veio até mim
mais uma vez e disse: -
8:45 - 8:47"Como você vai ser uma jornalista aqui?
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8:47 - 8:49Você tem que partir".
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8:49 - 8:51Foi quando me dei conta.
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8:51 - 8:54Era isso que ele estava
preparando para mim. -
8:54 - 8:57Era o que o futuro guardara para mim.
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8:58 - 9:03Então em 2008, fiz minhas malas,
e vim para os Estados Unidos, -
9:04 - 9:06sem passagem de volta, dessa vez.
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9:07 - 9:10Estava dolorosamente ciente
de que, aos 24 anos de idade, -
9:10 - 9:15eu estava meio que me tornando
uma refugiada, imigrante, o outro, -
9:15 - 9:18mais uma vez, e agora para valer.
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9:19 - 9:23Consegui uma bolsa
para estudar jornalismo. -
9:23 - 9:26E eu me lembro quando me deram
minha primeira tarefa: -
9:27 - 9:30cobrir a eleição histórica
do presidente Barack Obama. -
9:31 - 9:34Eu me senti sortuda, esperançosa.
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9:34 - 9:35Estava tipo: "Sim, é isso.
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9:35 - 9:38Cheguei à América pós-racial,
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9:38 - 9:41onde a noção de nós e eles
está se desfazendo, -
9:41 - 9:44e provavelmente será erradicada
durante a minha existência". -
9:45 - 9:48Cara, como eu estava errada, certo?
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9:49 - 9:54Por que a presidência de Barack Obama
não aliviou as tensões raciais no país? -
9:54 - 9:57Por que algumas pessoas
ainda se sentem ameaçadas -
9:57 - 10:00por imigrantes, LGBTQ,
e grupos de minorias -
10:00 - 10:03que estão apenas tentando encontrar espaço
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10:03 - 10:06nestes Estados Unidos
que deveria ser de todos nós? -
10:06 - 10:08Eu não tinha as respostas na época,
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10:09 - 10:12mas em oito de novembro de 2016,
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10:12 - 10:15quando Donald Trump se tornou
nosso presidente, ficou claro -
10:15 - 10:19que uma grande parte do eleitorado
os vê como "os outros". -
10:19 - 10:22Alguns veem pessoas vindo
para tomar seus empregos, -
10:22 - 10:25ou terroristas em potencial
que falam em uma língua diferente. -
10:26 - 10:32Enquanto isso, grupos de minorias
muitas vezes veem ódio, intolerância, -
10:32 - 10:34e mentes fechadas do outro lado.
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10:35 - 10:38É como se estivéssemos presos em bolhas
que ninguém deseja estourar. -
10:39 - 10:42A única forma de o fazer,
o único jeito de sair disso, -
10:42 - 10:48é perceber que ser diferente
também significa pensar diferente. -
10:48 - 10:50Mostrar respeito requer coragem.
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10:51 - 10:53Nas palavras de Voltaire:
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10:53 - 10:56"Posso não concordar
com uma só palavra sua, -
10:56 - 11:00mas defenderei até a morte
seu direito de dizê-la". -
11:01 - 11:03Falhar em ver qualquer
coisa boa do outro lado -
11:03 - 11:06torna o diálogo impossível.
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11:06 - 11:09Sem um diálogo, continuaremos
repetindo os mesmos erros, -
11:09 - 11:12porque não aprenderemos nada novo.
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11:13 - 11:17Cobri as eleições de 2016 para a NBC News.
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11:18 - 11:22Foi meu primeiro grande trabalho
nessa rede "mainstream" -
11:22 - 11:24para onde fui depois
da televisão espanhola. -
11:25 - 11:28E eu queria fazer algo diferente.
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11:28 - 11:32Assisti aos resultados da eleição
ao lado de famílias sem documentação. -
11:33 - 11:37Poucos pensaram em passar aquele momento
ao lado de pessoas não cidadãs, -
11:38 - 11:41na verdade as que mais
perderam naquela noite. -
11:42 - 11:45Quando se tornou aparente
que Donald Trump venceria, -
11:45 - 11:49uma garotinha de oito anos
chamada Angelina veio até mim em prantos. -
11:50 - 11:54Ela soluçava, e me perguntava
se sua mãe seria deportada agora. -
11:55 - 11:57Eu a abracei e disse:
"Vai ficar tudo bem", -
11:58 - 12:00mas, na verdade, eu não sei.
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12:00 - 12:05Esta é a foto que tiramos naquela noite,
para sempre guardada em meu coração. -
12:05 - 12:07Essa era a garotinha
-
12:07 - 12:11que tinha a mesma idade que eu
quando fui para o acampamento em Brainerd. -
12:11 - 12:14Ela já sabe que ela é "o outro".
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12:14 - 12:17Ela caminha de casa para a escola
com medo, todos os dias, -
12:17 - 12:19de que sua mãe irá ser levada.
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12:20 - 12:23Então, como nos colocar
no lugar de Angelina? -
12:24 - 12:27Como fazê-la entender que ela é especial,
-
12:27 - 12:30e não simplesmente indigna
de ter sua família reunida? -
12:32 - 12:36Dando a ela e a famílias como a dela
tempo na frente da câmera, -
12:37 - 12:40tentei fazer com que as pessoas
as vissem como seres humanos, -
12:40 - 12:42e não simplesmente "aliens ilegais".
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12:43 - 12:46Sim, elas feriram a lei,
e deveriam pagar por isso, -
12:46 - 12:49mas também deram tudo por este país,
-
12:49 - 12:52assim como muitos outros
imigrantes antes deles. -
12:53 - 12:57Já contei a vocês como meu caminho
para o crescimento pessoal começou. -
12:57 - 13:02Por fim, quero ainda dizer a vocês
como cheguei à parte mais difícil, -
13:02 - 13:05que me abalou profundamente.
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13:05 - 13:08O dia, 10 de abril de 2014,
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13:09 - 13:13eu estava dirigindo para o estúdio
e recebi uma ligação dos meus pais. -
13:14 - 13:16"Você está no ar?", perguntaram.
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13:16 - 13:18Soube na hora que havia algo de errado.
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13:18 - 13:20"O que houve?", eu disse.
-
13:20 - 13:23"É sua irmã, ela sofreu
um acidente de carro". -
13:25 - 13:28Foi como se meu coração tivesse parado.
-
13:29 - 13:31Minhas mãos se prenderam ao volante,
-
13:32 - 13:33e lembro-me de ouvir as palavras:
-
13:34 - 13:36"É improvável que ela ande de novo".
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13:38 - 13:40Dizem que a sua vida pode mudar
em um piscar de olhos. -
13:41 - 13:44A minha mudou naquele momento.
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13:44 - 13:48Minha irmã era minha metade bem-sucedida,
-
13:48 - 13:50uma diferença de apenas um ano de idade,
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13:50 - 13:54e passou disso para alguém
que não poderia andar, -
13:54 - 13:56levantar-se, ou vestir-se sozinha.
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13:57 - 14:01Isso não era como um acampamento,
onde eu podia tornar as coisas melhores. -
14:01 - 14:03Isso era aterrorizante.
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14:04 - 14:08Ao longo de dois anos,
minha irmã passou por 15 cirurgias, -
14:09 - 14:11e passou a maior parte do tempo
em uma cadeira de rodas. -
14:12 - 14:14Mas isso não era nem o pior.
-
14:15 - 14:20O pior era tão doloroso, que até hoje
é difícil colocar em palavras. -
14:21 - 14:24Era o jeito como as pessoas
olhavam para ela, -
14:25 - 14:28olhavam para nós, diferentes.
-
14:28 - 14:33Não conseguiam ver
uma advogada bem-sucedida -
14:33 - 14:37ou uma jovem com perspicácia afiada
e um coração gentil. -
14:38 - 14:39Qualquer lugar a que fôssemos,
-
14:40 - 14:43percebia que as pessoas viam apenas
uma garota na cadeira de rodas. -
14:43 - 14:46Não conseguiam ver
qualquer coisa além disso. -
14:48 - 14:50Depois de lutar como uma guerreira,
-
14:50 - 14:55posso dizer com gratidão que hoje
minha irmã está andando, -
14:55 - 14:58e se recuperou além
das expectativas de qualquer um. -
14:58 - 15:00(Aplausos)
-
15:00 - 15:01Obrigada.
-
15:03 - 15:05Mas durante essa provação dolorosa,
-
15:05 - 15:08aprendi que há diferenças
que são simplesmente uma droga, -
15:09 - 15:11e é difícil encontrar algo positivo nelas.
-
15:12 - 15:14Minha irmã não está melhor
por causa do que aconteceu. -
15:16 - 15:21Mas ela me ensinou que não se pode deixar
que as diferenças definam você. -
15:23 - 15:27Ser capaz de se reimaginar
além do que as pessoas veem -
15:28 - 15:30é a tarefa mais dura de todas,
-
15:31 - 15:33mas também a mais bela.
-
15:34 - 15:37Sabem, todos nós chegamos
a este mundo em um corpo. -
15:38 - 15:41Pessoas com dificuldades
físicas ou neurológicas, -
15:41 - 15:46comunidades ambientalmente impactadas,
imigrantes, meninos, meninas, -
15:47 - 15:50meninos que querem vestir-se
como meninas, meninas com véus, -
15:51 - 15:53mulheres vítimas de abuso sexual,
-
15:53 - 15:56atletas que se curvam
como forma de protesto, -
15:56 - 16:02negros, brancos, asiáticos,
nativo-americanos, minha irmã, vocês, eu. -
16:02 - 16:07Todos queremos o que qualquer um quer:
ter um sonho e alcançá-lo. -
16:08 - 16:11Mas às vezes a sociedade nos diz,
e dizemos a nós mesmos, -
16:11 - 16:13que não nos enquadramos no molde.
-
16:15 - 16:17Bem, se analisarem minha história,
-
16:17 - 16:21desde nascer em um lugar diferente
até fazer a dança do ventre na escola, -
16:21 - 16:24até contar histórias que vocês
não veriam na TV normalmente, -
16:25 - 16:27o que me faz diferente
-
16:27 - 16:31é o que me faz ser especial
e bem-sucedida. -
16:32 - 16:36Viajei pelo mundo e falei com pessoas
de todas as profissões e classes sociais. -
16:37 - 16:39E sabem o que eu aprendi?
-
16:39 - 16:45A coisa que cada um de nós
tem em comum é sermos humanos. -
16:46 - 16:51Então deem um passo à frente
para defender sua raça, a raça humana. -
16:51 - 16:53Vamos apelar para isso.
-
16:53 - 16:57Vamos ser humanistas,
antes e depois de qualquer outra coisa. -
16:58 - 17:01Por fim, quero que peguem
o adesivo, o papel, -
17:01 - 17:04onde escreveram
o que faz vocês diferentes, -
17:04 - 17:07e quero que celebrem isso
hoje e todos os dias, -
17:07 - 17:09gritem de suas janelas.
-
17:09 - 17:12Também encorajo vocês
a serem curiosos e perguntarem: -
17:12 - 17:15"O que há nos papéis das outras pessoas?"
-
17:15 - 17:17"O que faz elas diferentes?"
-
17:17 - 17:21Vamos celebrar estas imperfeições
que nos fazem especiais. -
17:22 - 17:28Espero que isso ensine a vocês
que a palavra "normal" não define ninguém. -
17:28 - 17:30Somos todos diferentes.
-
17:30 - 17:32Somos todos originais e únicos,
-
17:33 - 17:36e isso é o que nos faz
maravilhosamente humanos. -
17:37 - 17:38Muito obrigada.
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17:38 - 17:41(Aplausos)
- Title:
- O que faz você especial? | Mariana Atencio | TEDxUniversityofNevada
- Description:
-
Jornalista da NBC News, Mariana Atencio já viajou o mundo, do Haiti a Hong Kong. Em sua palestra, Mariana nos diz como as pessoas que ela conheceu ao longo do caminho em sua própria experiência imigrante ensinaram-lhe que a única coisa que todos nós temos em comum é sermos humanos.
Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 17:47