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O que faz você especial? | Mariana Atencio | TEDxUniversityofNevada

  • 0:09 - 0:11
    Muito obrigada.
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    Sou uma jornalista.
  • 0:15 - 0:18
    Meu trabalho é falar com pessoas de todas
    as profissões e classes sociais
  • 0:18 - 0:20
    ao redor de todo o mundo.
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    Hoje, quero contar a vocês
  • 0:21 - 0:26
    por que decidi fazer isso e o que aprendi.
  • 0:27 - 0:29
    Minha história começa
    em Caracas, Venezuela,
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    na América do Sul, onde cresci;
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    para mim, um lugar que foi, e sempre será,
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    repleto de mágica e maravilha.
  • 0:38 - 0:39
    Desde muito jovem,
  • 0:39 - 0:43
    meus pais desejavam que eu tivesse
    uma visão mais ampla do mundo.
  • 0:43 - 0:46
    Lembro-me de uma vez, quando tinha
    cerca de sete anos de idade,
  • 0:46 - 0:49
    meu pai veio até mim e disse:
  • 0:49 - 0:52
    "Mariana, vou mandar
    você e a sua irmãzinha",
  • 0:52 - 0:54
    que tinha seis anos na época,
  • 0:54 - 0:57
    "para um lugar onde ninguém fala espanhol.
  • 0:57 - 0:59
    Quero que experimentem
    culturas diferentes".
  • 1:00 - 1:04
    Ele continuou falando e falando
    sobre os benefícios de um verão todo
  • 1:04 - 1:07
    em um acampamento nos Estados Unidos,
  • 1:07 - 1:09
    enfatizando uma pequena frase,
  • 1:09 - 1:12
    em que na época não prestei muita atenção:
  • 1:12 - 1:14
    "Nunca se sabe o que o futuro nos guarda".
  • 1:15 - 1:17
    Enquanto isso, na minha mente infantil,
  • 1:17 - 1:21
    eu pensava que estávamos indo
    para um acampamento em Miami.
  • 1:21 - 1:22
    (Risos)
  • 1:22 - 1:25
    Talvez fosse ainda melhor,
  • 1:25 - 1:29
    e fôssemos um pouco mais para o norte,
    em Orlando, onde morava o Mickey Mouse.
  • 1:29 - 1:30
    (Risos)
  • 1:30 - 1:32
    Fiquei muito animada.
  • 1:32 - 1:35
    Meu pai, entretanto, tinha um plano
    um tanto quanto diferente.
  • 1:36 - 1:40
    De Caracas, ele nos enviou
    para Brainerd, em Minnesota.
  • 1:40 - 1:41
    (Risos)
  • 1:41 - 1:43
    O Mickey Mouse não estava lá em cima,
  • 1:43 - 1:44
    (Risos)
  • 1:44 - 1:48
    e sem celular, Snapchat, ou Instagram,
  • 1:48 - 1:50
    eu não tinha como procurar informações.
  • 1:50 - 1:51
    Chegamos lá,
  • 1:51 - 1:53
    e uma das primeiras coisas que percebi
  • 1:53 - 1:57
    foi que o cabelo das outras crianças
    era de muitos tons de loiro,
  • 1:57 - 1:59
    e muitas delas tinham olhos azuis.
  • 1:59 - 2:02
    Enquanto isso, era assim
    que nós parecíamos.
  • 2:03 - 2:07
    Na primeira noite, todos se reuniram
    ao redor de uma fogueira
  • 2:07 - 2:08
    e o diretor disse:
  • 2:08 - 2:12
    "Crianças, temos um acampamento
    bastante internacional este ano;
  • 2:12 - 2:15
    as Atencios aqui vieram da Venezuela".
  • 2:15 - 2:16
    (Risos)
  • 2:16 - 2:19
    As outras crianças olhavam pra gente
    como se fôssemos de outro planeta.
  • 2:20 - 2:22
    Elas nos perguntavam coisas como:
  • 2:22 - 2:24
    "Você sabe o que é um hambúrguer?"
  • 2:24 - 2:28
    Ou: "Você vai à escola
    de jumento ou canoa?"
  • 2:28 - 2:29
    (Risos)
  • 2:29 - 2:31
    Eu tentava responder
    com meu inglês enferrujado,
  • 2:31 - 2:33
    e elas apenas riam.
  • 2:33 - 2:35
    Sei que elas não tentavam ser más;
  • 2:35 - 2:37
    estavam apenas tentando
    entender quem nós éramos,
  • 2:37 - 2:40
    e fazer uma correlação
    com o mundo que conheciam.
  • 2:40 - 2:42
    Podíamos ou ser como elas,
  • 2:42 - 2:45
    ou ser como alguém tirado
    de um livro de aventuras,
  • 2:45 - 2:47
    como "Aladdin",
    ou "Mogli: o menino lobo".
  • 2:48 - 2:49
    Certamente não éramos como elas,
  • 2:50 - 2:51
    não falávamos sua língua,
  • 2:51 - 2:53
    éramos diferentes.
  • 2:53 - 2:55
    Quando se tem sete anos
    de idade, isso dói.
  • 2:56 - 2:58
    Mas eu tinha minha irmãzinha
    para tomar conta,
  • 2:58 - 3:01
    e ela chorou todo dia no acampamento.
  • 3:01 - 3:04
    Então decidi ser corajosa,
  • 3:04 - 3:07
    e compreender tudo o que podia
    sobre o estilo de vida americano.
  • 3:08 - 3:11
    Fizemos então o que chamávamos
    de "ensaio de acampamento de verão"
  • 3:11 - 3:16
    por oito anos em diferentes cidades
    que americanos não tinham ouvido falar.
  • 3:17 - 3:22
    O que mais me lembro desses momentos
    era quando eu finalmente fazia amizade.
  • 3:22 - 3:26
    Fazer um amigo
    era uma recompensa especial.
  • 3:26 - 3:29
    Todos querem se sentir
    aceitos e valorizados,
  • 3:29 - 3:33
    e achamos que isso acontece
    de forma espontânea, mas não.
  • 3:33 - 3:37
    Quando se é diferente,
    precisa aprender a fazer parte.
  • 3:37 - 3:41
    Precisa ser prestativo,
    esperto, engraçado,
  • 3:41 - 3:45
    qualquer coisa para ser descolado
    com o grupo de que você quer fazer parte.
  • 3:45 - 3:47
    Mais tarde, no ensino médio,
  • 3:47 - 3:50
    meu pai expandiu seu plano de verão,
  • 3:50 - 3:54
    e de Caracas mandou-me
    para Wallingford, em Connecticut,
  • 3:54 - 3:56
    para o último ano do ensino médio.
  • 3:56 - 3:59
    Nessa época, lembro-me de sonhar no avião
  • 3:59 - 4:04
    sobre a "experiência americana
    de ensino médio", com um armário.
  • 4:04 - 4:08
    Seria perfeito, como no meu programa de TV
    favorito, "Uma galera do barulho".
  • 4:08 - 4:09
    (Risos)
  • 4:10 - 4:11
    Eu chego lá, e me dizem
  • 4:11 - 4:15
    que minha colega de quarto
    me espera ansiosa.
  • 4:16 - 4:17
    Eu abro a porta,
  • 4:17 - 4:19
    e lá estava ela, sentada na cama,
  • 4:20 - 4:21
    com um turbante.
  • 4:22 - 4:25
    Seu nome era Fatima,
    era uma muçulmana de Bahrein,
  • 4:25 - 4:28
    e ela não era o que eu esperava.
  • 4:28 - 4:31
    Ela provavelmente notou minha decepção,
    quando olhei para ela,
  • 4:31 - 4:34
    porque não me esforcei para esconder.
  • 4:35 - 4:37
    Sabe, sendo adolescente,
    queria me enquadrar mais,
  • 4:37 - 4:39
    queria ser popular,
  • 4:39 - 4:42
    talvez ter um namorado para a formatura,
  • 4:42 - 4:45
    e senti que a Fatima entrou no caminho
  • 4:45 - 4:48
    com sua timidez e seu vestuário restrito.
  • 4:49 - 4:52
    Eu não percebi que a estava
    fazendo se sentir
  • 4:52 - 4:54
    como me senti naquele
    acampamento de verão.
  • 4:55 - 4:57
    Era o equivalente do ensino médio
    de perguntar para ela:
  • 4:58 - 5:00
    "Você sabe o que é um hambúrguer?"
  • 5:00 - 5:03
    Eu estava consumida pelo meu egoísmo,
  • 5:03 - 5:05
    e incapaz de me colocar no lugar dela.
  • 5:06 - 5:08
    Tenho que ser honesta com vocês,
  • 5:09 - 5:11
    duramos apenas alguns meses juntas.
  • 5:11 - 5:14
    Logo depois ela foi enviada
    para morar com um orientador,
  • 5:14 - 5:16
    em vez de outros estudantes.
  • 5:16 - 5:19
    Lembro-me de pensar:
    "Ah, ela vai ficar bem.
  • 5:19 - 5:21
    Ela só é diferente".
  • 5:22 - 5:24
    Quando rotulamos alguém como diferente,
  • 5:24 - 5:26
    isso os desumaniza de alguma forma.
  • 5:26 - 5:28
    Eles se tornam "o outro".
  • 5:28 - 5:31
    Não são dignos do nosso tempo,
    não são problema nosso.
  • 5:31 - 5:36
    Na verdade, eles, "o outro", talvez sejam
    a causa de nossos problemas.
  • 5:37 - 5:40
    Então, como reconhecemos
    nossos pontos cegos?
  • 5:40 - 5:45
    Começa por entender aquilo
    que faz você diferente,
  • 5:45 - 5:47
    por abraçar essas características.
  • 5:48 - 5:52
    Somente assim você passa a apreciar
    o que torna os outros especiais.
  • 5:53 - 5:56
    Lembro-me de quando isso me atingiu.
    Foi alguns meses depois disso.
  • 5:57 - 6:00
    Eu tinha encontrado um namorado,
    feito um grupo de amigos,
  • 6:00 - 6:03
    e praticamente esquecido de Fatima,
  • 6:03 - 6:07
    até todos terem se inscrito
    em um show de talentos para caridade.
  • 6:07 - 6:10
    Você precisava oferecer
    um talento para o leilão.
  • 6:10 - 6:14
    Parecia que todo mundo
    tinha algo de especial para oferecer.
  • 6:14 - 6:17
    Alguns tocariam violino,
  • 6:17 - 6:19
    outros iriam recitar um monólogo teatral,
  • 6:20 - 6:21
    e lembro-me de pensar:
  • 6:21 - 6:24
    "Não praticamos talentos
    como esses lá em casa".
  • 6:24 - 6:27
    Mas estava determinada
    a encontrar algo de valor.
  • 6:28 - 6:29
    O dia do show de talentos chega,
  • 6:29 - 6:32
    eu subo no palco
    com minha caixinha de som,
  • 6:32 - 6:34
    coloco de lado e aperto o "Play",
  • 6:34 - 6:39
    e uma canção da Shakira,
    minha artista favorita, começa a tocar.
  • 6:40 - 6:45
    E eu canto: "Whenever, wherever,
    we're meant to be together",
  • 6:45 - 6:49
    e eu disse: "Meu nome é Mariana,
    e vou leiloar uma aula de dança".
  • 6:50 - 6:54
    Parecia que a escola toda
    levantou a mão para dar um lance.
  • 6:54 - 6:56
    Minha aula de dança se destacou mesmo
  • 6:56 - 6:59
    da décima aula de violino
    oferecida naquele dia.
  • 7:00 - 7:03
    E voltando ao meu dormitório,
    não me sentia diferente.
  • 7:03 - 7:04
    Eu me sentia muito especial.
  • 7:05 - 7:08
    Foi quando comecei a pensar em Fatima,
  • 7:08 - 7:13
    alguém que falhei em enxergar
    como especial, quando a conheci.
  • 7:13 - 7:15
    Ela era do Oriente Médio,
  • 7:15 - 7:17
    assim como a família de Shakira.
  • 7:17 - 7:21
    Ela poderia ter me ensinado
    uma coisa ou duas sobre dança do ventre,
  • 7:21 - 7:23
    se eu estivesse aberta a isso.
  • 7:24 - 7:25
    Agora, quero que todos peguem o adesivo
  • 7:25 - 7:28
    que lhes foi dado no início
    da nossa palestra hoje,
  • 7:28 - 7:31
    onde escreveram
    o que os torna especiais,
  • 7:31 - 7:32
    e quero que olhem pra ele.
  • 7:32 - 7:35
    Se está assistindo em casa,
    pegue um papel,
  • 7:35 - 7:37
    e escreva nele o que faz você diferente.
  • 7:38 - 7:40
    Podem se sentir seguros ao olhar para ele,
  • 7:40 - 7:43
    talvez envergonhados, ou até orgulhosos.
  • 7:44 - 7:46
    Mas vocês precisam começar a abraçar isso.
  • 7:47 - 7:52
    Lembrem-se, é o primeiro passo
    em apreciar o que faz os outros especiais.
  • 7:53 - 7:55
    Quando voltei para casa na Venezuela,
  • 7:55 - 8:00
    comecei a entender como
    essas experiências estavam me mudando.
  • 8:00 - 8:03
    Ser capaz de falar em línguas diferentes,
  • 8:03 - 8:07
    ser guiada por todas essas
    pessoas e lugares diferentes,
  • 8:07 - 8:10
    me deu uma sensibilidade única.
  • 8:10 - 8:12
    Estava finalmente começando a entender
  • 8:12 - 8:15
    a importância de me colocar
    no lugar das outras pessoas.
  • 8:16 - 8:21
    Essa é uma grande parte da razão
    do porquê decidi ser uma jornalista.
  • 8:21 - 8:26
    Ainda mais vindo de uma parte do mundo
    rotulada geralmente como "quintal",
  • 8:26 - 8:29
    "aliens ilegais",
    "terceiro mundo", "os outros",
  • 8:30 - 8:32
    eu quis fazer algo para mudar isso.
  • 8:33 - 8:35
    Mas foi na época, entretanto,
  • 8:35 - 8:37
    em que o governo venezuelano desativou
  • 8:37 - 8:39
    a maior estação televisiva em nosso país.
  • 8:40 - 8:41
    A censura estava crescendo,
  • 8:42 - 8:45
    e meu pai veio até mim
    mais uma vez e disse:
  • 8:45 - 8:47
    "Como você vai ser uma jornalista aqui?
  • 8:47 - 8:49
    Você tem que partir".
  • 8:49 - 8:51
    Foi quando me dei conta.
  • 8:51 - 8:54
    Era isso que ele estava
    preparando para mim.
  • 8:54 - 8:57
    Era o que o futuro guardara para mim.
  • 8:58 - 9:03
    Então em 2008, fiz minhas malas,
    e vim para os Estados Unidos,
  • 9:04 - 9:06
    sem passagem de volta, dessa vez.
  • 9:07 - 9:10
    Estava dolorosamente ciente
    de que, aos 24 anos de idade,
  • 9:10 - 9:15
    eu estava meio que me tornando
    uma refugiada, imigrante, o outro,
  • 9:15 - 9:18
    mais uma vez, e agora para valer.
  • 9:19 - 9:23
    Consegui uma bolsa
    para estudar jornalismo.
  • 9:23 - 9:26
    E eu me lembro quando me deram
    minha primeira tarefa:
  • 9:27 - 9:30
    cobrir a eleição histórica
    do presidente Barack Obama.
  • 9:31 - 9:34
    Eu me senti sortuda, esperançosa.
  • 9:34 - 9:35
    Estava tipo: "Sim, é isso.
  • 9:35 - 9:38
    Cheguei à América pós-racial,
  • 9:38 - 9:41
    onde a noção de nós e eles
    está se desfazendo,
  • 9:41 - 9:44
    e provavelmente será erradicada
    durante a minha existência".
  • 9:45 - 9:48
    Cara, como eu estava errada, certo?
  • 9:49 - 9:54
    Por que a presidência de Barack Obama
    não aliviou as tensões raciais no país?
  • 9:54 - 9:57
    Por que algumas pessoas
    ainda se sentem ameaçadas
  • 9:57 - 10:00
    por imigrantes, LGBTQ,
    e grupos de minorias
  • 10:00 - 10:03
    que estão apenas tentando encontrar espaço
  • 10:03 - 10:06
    nestes Estados Unidos
    que deveria ser de todos nós?
  • 10:06 - 10:08
    Eu não tinha as respostas na época,
  • 10:09 - 10:12
    mas em oito de novembro de 2016,
  • 10:12 - 10:15
    quando Donald Trump se tornou
    nosso presidente, ficou claro
  • 10:15 - 10:19
    que uma grande parte do eleitorado
    os vê como "os outros".
  • 10:19 - 10:22
    Alguns veem pessoas vindo
    para tomar seus empregos,
  • 10:22 - 10:25
    ou terroristas em potencial
    que falam em uma língua diferente.
  • 10:26 - 10:32
    Enquanto isso, grupos de minorias
    muitas vezes veem ódio, intolerância,
  • 10:32 - 10:34
    e mentes fechadas do outro lado.
  • 10:35 - 10:38
    É como se estivéssemos presos em bolhas
    que ninguém deseja estourar.
  • 10:39 - 10:42
    A única forma de o fazer,
    o único jeito de sair disso,
  • 10:42 - 10:48
    é perceber que ser diferente
    também significa pensar diferente.
  • 10:48 - 10:50
    Mostrar respeito requer coragem.
  • 10:51 - 10:53
    Nas palavras de Voltaire:
  • 10:53 - 10:56
    "Posso não concordar
    com uma só palavra sua,
  • 10:56 - 11:00
    mas defenderei até a morte
    seu direito de dizê-la".
  • 11:01 - 11:03
    Falhar em ver qualquer
    coisa boa do outro lado
  • 11:03 - 11:06
    torna o diálogo impossível.
  • 11:06 - 11:09
    Sem um diálogo, continuaremos
    repetindo os mesmos erros,
  • 11:09 - 11:12
    porque não aprenderemos nada novo.
  • 11:13 - 11:17
    Cobri as eleições de 2016 para a NBC News.
  • 11:18 - 11:22
    Foi meu primeiro grande trabalho
    nessa rede "mainstream"
  • 11:22 - 11:24
    para onde fui depois
    da televisão espanhola.
  • 11:25 - 11:28
    E eu queria fazer algo diferente.
  • 11:28 - 11:32
    Assisti aos resultados da eleição
    ao lado de famílias sem documentação.
  • 11:33 - 11:37
    Poucos pensaram em passar aquele momento
    ao lado de pessoas não cidadãs,
  • 11:38 - 11:41
    na verdade as que mais
    perderam naquela noite.
  • 11:42 - 11:45
    Quando se tornou aparente
    que Donald Trump venceria,
  • 11:45 - 11:49
    uma garotinha de oito anos
    chamada Angelina veio até mim em prantos.
  • 11:50 - 11:54
    Ela soluçava, e me perguntava
    se sua mãe seria deportada agora.
  • 11:55 - 11:57
    Eu a abracei e disse:
    "Vai ficar tudo bem",
  • 11:58 - 12:00
    mas, na verdade, eu não sei.
  • 12:00 - 12:05
    Esta é a foto que tiramos naquela noite,
    para sempre guardada em meu coração.
  • 12:05 - 12:07
    Essa era a garotinha
  • 12:07 - 12:11
    que tinha a mesma idade que eu
    quando fui para o acampamento em Brainerd.
  • 12:11 - 12:14
    Ela já sabe que ela é "o outro".
  • 12:14 - 12:17
    Ela caminha de casa para a escola
    com medo, todos os dias,
  • 12:17 - 12:19
    de que sua mãe irá ser levada.
  • 12:20 - 12:23
    Então, como nos colocar
    no lugar de Angelina?
  • 12:24 - 12:27
    Como fazê-la entender que ela é especial,
  • 12:27 - 12:30
    e não simplesmente indigna
    de ter sua família reunida?
  • 12:32 - 12:36
    Dando a ela e a famílias como a dela
    tempo na frente da câmera,
  • 12:37 - 12:40
    tentei fazer com que as pessoas
    as vissem como seres humanos,
  • 12:40 - 12:42
    e não simplesmente "aliens ilegais".
  • 12:43 - 12:46
    Sim, elas feriram a lei,
    e deveriam pagar por isso,
  • 12:46 - 12:49
    mas também deram tudo por este país,
  • 12:49 - 12:52
    assim como muitos outros
    imigrantes antes deles.
  • 12:53 - 12:57
    Já contei a vocês como meu caminho
    para o crescimento pessoal começou.
  • 12:57 - 13:02
    Por fim, quero ainda dizer a vocês
    como cheguei à parte mais difícil,
  • 13:02 - 13:05
    que me abalou profundamente.
  • 13:05 - 13:08
    O dia, 10 de abril de 2014,
  • 13:09 - 13:13
    eu estava dirigindo para o estúdio
    e recebi uma ligação dos meus pais.
  • 13:14 - 13:16
    "Você está no ar?", perguntaram.
  • 13:16 - 13:18
    Soube na hora que havia algo de errado.
  • 13:18 - 13:20
    "O que houve?", eu disse.
  • 13:20 - 13:23
    "É sua irmã, ela sofreu
    um acidente de carro".
  • 13:25 - 13:28
    Foi como se meu coração tivesse parado.
  • 13:29 - 13:31
    Minhas mãos se prenderam ao volante,
  • 13:32 - 13:33
    e lembro-me de ouvir as palavras:
  • 13:34 - 13:36
    "É improvável que ela ande de novo".
  • 13:38 - 13:40
    Dizem que a sua vida pode mudar
    em um piscar de olhos.
  • 13:41 - 13:44
    A minha mudou naquele momento.
  • 13:44 - 13:48
    Minha irmã era minha metade bem-sucedida,
  • 13:48 - 13:50
    uma diferença de apenas um ano de idade,
  • 13:50 - 13:54
    e passou disso para alguém
    que não poderia andar,
  • 13:54 - 13:56
    levantar-se, ou vestir-se sozinha.
  • 13:57 - 14:01
    Isso não era como um acampamento,
    onde eu podia tornar as coisas melhores.
  • 14:01 - 14:03
    Isso era aterrorizante.
  • 14:04 - 14:08
    Ao longo de dois anos,
    minha irmã passou por 15 cirurgias,
  • 14:09 - 14:11
    e passou a maior parte do tempo
    em uma cadeira de rodas.
  • 14:12 - 14:14
    Mas isso não era nem o pior.
  • 14:15 - 14:20
    O pior era tão doloroso, que até hoje
    é difícil colocar em palavras.
  • 14:21 - 14:24
    Era o jeito como as pessoas
    olhavam para ela,
  • 14:25 - 14:28
    olhavam para nós, diferentes.
  • 14:28 - 14:33
    Não conseguiam ver
    uma advogada bem-sucedida
  • 14:33 - 14:37
    ou uma jovem com perspicácia afiada
    e um coração gentil.
  • 14:38 - 14:39
    Qualquer lugar a que fôssemos,
  • 14:40 - 14:43
    percebia que as pessoas viam apenas
    uma garota na cadeira de rodas.
  • 14:43 - 14:46
    Não conseguiam ver
    qualquer coisa além disso.
  • 14:48 - 14:50
    Depois de lutar como uma guerreira,
  • 14:50 - 14:55
    posso dizer com gratidão que hoje
    minha irmã está andando,
  • 14:55 - 14:58
    e se recuperou além
    das expectativas de qualquer um.
  • 14:58 - 15:00
    (Aplausos)
  • 15:00 - 15:01
    Obrigada.
  • 15:03 - 15:05
    Mas durante essa provação dolorosa,
  • 15:05 - 15:08
    aprendi que há diferenças
    que são simplesmente uma droga,
  • 15:09 - 15:11
    e é difícil encontrar algo positivo nelas.
  • 15:12 - 15:14
    Minha irmã não está melhor
    por causa do que aconteceu.
  • 15:16 - 15:21
    Mas ela me ensinou que não se pode deixar
    que as diferenças definam você.
  • 15:23 - 15:27
    Ser capaz de se reimaginar
    além do que as pessoas veem
  • 15:28 - 15:30
    é a tarefa mais dura de todas,
  • 15:31 - 15:33
    mas também a mais bela.
  • 15:34 - 15:37
    Sabem, todos nós chegamos
    a este mundo em um corpo.
  • 15:38 - 15:41
    Pessoas com dificuldades
    físicas ou neurológicas,
  • 15:41 - 15:46
    comunidades ambientalmente impactadas,
    imigrantes, meninos, meninas,
  • 15:47 - 15:50
    meninos que querem vestir-se
    como meninas, meninas com véus,
  • 15:51 - 15:53
    mulheres vítimas de abuso sexual,
  • 15:53 - 15:56
    atletas que se curvam
    como forma de protesto,
  • 15:56 - 16:02
    negros, brancos, asiáticos,
    nativo-americanos, minha irmã, vocês, eu.
  • 16:02 - 16:07
    Todos queremos o que qualquer um quer:
    ter um sonho e alcançá-lo.
  • 16:08 - 16:11
    Mas às vezes a sociedade nos diz,
    e dizemos a nós mesmos,
  • 16:11 - 16:13
    que não nos enquadramos no molde.
  • 16:15 - 16:17
    Bem, se analisarem minha história,
  • 16:17 - 16:21
    desde nascer em um lugar diferente
    até fazer a dança do ventre na escola,
  • 16:21 - 16:24
    até contar histórias que vocês
    não veriam na TV normalmente,
  • 16:25 - 16:27
    o que me faz diferente
  • 16:27 - 16:31
    é o que me faz ser especial
    e bem-sucedida.
  • 16:32 - 16:36
    Viajei pelo mundo e falei com pessoas
    de todas as profissões e classes sociais.
  • 16:37 - 16:39
    E sabem o que eu aprendi?
  • 16:39 - 16:45
    A coisa que cada um de nós
    tem em comum é sermos humanos.
  • 16:46 - 16:51
    Então deem um passo à frente
    para defender sua raça, a raça humana.
  • 16:51 - 16:53
    Vamos apelar para isso.
  • 16:53 - 16:57
    Vamos ser humanistas,
    antes e depois de qualquer outra coisa.
  • 16:58 - 17:01
    Por fim, quero que peguem
    o adesivo, o papel,
  • 17:01 - 17:04
    onde escreveram
    o que faz vocês diferentes,
  • 17:04 - 17:07
    e quero que celebrem isso
    hoje e todos os dias,
  • 17:07 - 17:09
    gritem de suas janelas.
  • 17:09 - 17:12
    Também encorajo vocês
    a serem curiosos e perguntarem:
  • 17:12 - 17:15
    "O que há nos papéis das outras pessoas?"
  • 17:15 - 17:17
    "O que faz elas diferentes?"
  • 17:17 - 17:21
    Vamos celebrar estas imperfeições
    que nos fazem especiais.
  • 17:22 - 17:28
    Espero que isso ensine a vocês
    que a palavra "normal" não define ninguém.
  • 17:28 - 17:30
    Somos todos diferentes.
  • 17:30 - 17:32
    Somos todos originais e únicos,
  • 17:33 - 17:36
    e isso é o que nos faz
    maravilhosamente humanos.
  • 17:37 - 17:38
    Muito obrigada.
  • 17:38 - 17:41
    (Aplausos)
Title:
O que faz você especial? | Mariana Atencio | TEDxUniversityofNevada
Description:

Jornalista da NBC News, Mariana Atencio já viajou o mundo, do Haiti a Hong Kong. Em sua palestra, Mariana nos diz como as pessoas que ela conheceu ao longo do caminho em sua própria experiência imigrante ensinaram-lhe que a única coisa que todos nós temos em comum é sermos humanos.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
17:47

Portuguese, Brazilian subtitles

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