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Z-Day 2014 Londres - Melissa Saviste - Recompensas e Motivação

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    Lost Hobbit
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    Dia-Z Londres 2014
    Movimento Zeitgeist
  • 0:11 - 0:15
    Sobre Recompensas e Motivação
    Dia Zeitgeist 2014
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    [conversa inaudível]
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    Oradora: Melissa Saviste
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    [excerto do programa televisivo
    "The Lang and O'Leary Exchange"]
  • 0:37 - 0:41
    (Amanda Lang) A riqueza conjunta
    - de acordo com a Oxfam -
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    das 85 pessoas mais ricas do mundo
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    é igual à das 3,5 mil milhões
    mais pobres.
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    (Kevin O’Leary) É fantástico.
  • 0:49 - 0:51
    E isto é algo excelente
    porque inspira todos,
  • 0:51 - 0:54
    motiva-os a olhar para cima,
    para os 1% e dizer:
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    “Eu quero tornar-me uma dessas pessoas,
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    "eu vou lutar arduamente para chegar ao topo.”
  • 0:58 - 1:00
    Isto são notícias fantásticas,
    e claro que eu as aplaudo.
  • 1:01 - 1:02
    [silêncio incómodo]
  • 1:02 - 1:03
    (O'Leary) O que isto pode ter de errado?
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    (Lang) A sério?
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    (O’Leary) Sim, a sério.
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    (Lang) Portanto, alguém a viver com...
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    (O'Leary) Eu celebro o Capitalismo.
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    (Lang) ...um dólar por dia em África
    levanta-se de manhã
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    e diz "Eu vou ser o Bill Gates"?
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    - O'Leary: É a motivação que todos precisam.
    - Lang: A única coisa...
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    - Lang: ...entre mim e ele é 'motivação',
    - O'Leary: Não sou contra a caridade!
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    - Lang: ... Só preciso de puxar as minhas meias…
    - O'Leary: Eu não sou contra...
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    - Lang: ...esperem, eu não tenho meias!"
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    (O'Leary) Ouve. Não me digas que queres
    redistribuir a riqueza outra vez.
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    Isso nunca irá acontecer, está bem?
  • 1:21 - 1:25
    (Lang) Sabes que mais, pegas num dado simples como este
    que nem é bom nem mau. É apenas um facto...
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    (O'Leary) É um dado comemorativo.
    Estou muito entusiasmado com ele.
  • 1:27 - 1:29
    Estou maravilhado por ser verdade.
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    Eu digo a miúdos todos os dias: "se tu"...
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    - O'Leary: O quê que isto tem de errado?
    - Lang: Se isto surgir numa festa...
  • 1:32 - 1:36
    - O'Leary: Não, não. Amanda, o que está de errado?
    - Lang: ...que resposta possível...
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    - O'Leary: Se trabalhares duro, um dia talvez sejas podre de rico.
    - Lang: Estamos a falar de pessoas...
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    ...em pobreza extrema.
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    - Lang: ... estão 3,5 mil milhões...
    - O'Leary: Não estamos não!
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    - O'Leary: Estavas apenas a falar...
    - Lang: ...nesta categoria.
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    - O'Leary: de pessoas muito ricas.
    - Lang: Não.
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    Esse era Kevin O'Leary,
    um empresário canadiano
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    e provavelmente alguém
    que não se quereria a governar o mundo.
  • 1:59 - 2:03
    Essas eram as ideias dele sobre a motivação humana.
  • 2:04 - 2:06
    Ele alega que o dinheiro é o que motiva as pessoas
  • 2:06 - 2:11
    e especialmente a expectativa de estar
    entre o 1% dos mais ricos do mundo,
  • 2:11 - 2:15
    o que infelizmente parece ser
    uma visão bastante comum nos dias de hoje.
  • 2:15 - 2:17
    Mas será isto verdade?
  • 2:18 - 2:22
    No espírito Zeitgeist, iremos olhar
    para o que as evidências nos dizem
  • 2:23 - 2:29
    porque, como bem sabemos,
    a opinião maioritária ou senso comum
  • 2:29 - 2:31
    às vezes revelam-se errados.
  • 2:36 - 2:39
    Primeiro, algumas experiências psicológicas
  • 2:39 - 2:45
    que dizem que recompensas, na verdade,
    podem reduzir a motivação pré-existente.
  • 2:46 - 2:51
    Numa experiência de 1971, Edward Deci
    pôs estudantes a montar puzzles de cubos
  • 2:51 - 2:56
    primeiro sem recompensas, depois por dinheiro;
    e por fim sem recompensas outra vez.
  • 2:56 - 3:00
    Ele observou-os secretamente,
    e analisou o que faziam no seu tempo livre
  • 3:00 - 3:04
    e reparou que, no seu tempo livre,
  • 3:04 - 3:07
    eles brincavam com os puzzles com prazer;
  • 3:07 - 3:12
    no entanto, depois da condição com recompensa,
    e após a remoção dessa recompensa,
  • 3:12 - 3:15
    eles brincavam menos com os puzzles,
  • 3:15 - 3:18
    subitamente tinham menos motivação
    para brincar com os puzzles.
  • 3:19 - 3:22
    Outra experiência semelhante
    foi feita com crianças
  • 3:22 - 3:24
    que tinham uma motivação intrínseca para desenhar.
  • 3:24 - 3:27
    Isto significa que gostavam de desenhar
    pelo simples prazer de o fazer,
  • 3:27 - 3:29
    apenas pela diversão que lhes dá.
  • 3:29 - 3:32
    Não por qualquer motivação externa.
  • 3:32 - 3:36
    Depois, a algumas das crianças
    foi dado um certificado como recompensa
  • 3:36 - 3:39
    sob a condição de continuarem a desenhar
  • 3:39 - 3:42
    e, depois disso,
    elas mostraram menos interesse em desenhar
  • 3:42 - 3:44
    do que aquelas que nunca receberam recompensas
  • 3:44 - 3:48
    e também menos interesse
    do que elas próprias tinham no início.
  • 3:49 - 3:53
    A investigação chama este feito de
    "excesso de justificação":
  • 3:53 - 3:56
    Se se der uma razão adicional para fazer
    alguma coisa que já é interessante,
  • 3:56 - 3:57
    isso faz com que as pessoas pensem
  • 3:57 - 4:00
    que a tarefa não vele a pena ser feita
    sem a recompensa.
  • 4:00 - 4:02
    Isto é, por outras palavras,
  • 4:02 - 4:05
    a atenção passa de 'fazer a tarefa'
    para apenas 'obter a recompensa'.
  • 4:08 - 4:12
    Isto pode fazer com que se diga que, bem,
    a motivação não é assim tão importante,
  • 4:12 - 4:15
    desde que as coisas sejam feitas,
    e que sejam feitas bem.
  • 4:15 - 4:18
    E obviamente oferecer recompensas deveria fazer
    com que as pessoas se esforçassem mais
  • 4:18 - 4:20
    e obtivessem melhores resultados.
  • 4:20 - 4:24
    Por isso, Sam Glucksberg testou isto
    com um puzzle simples.
  • 4:24 - 4:28
    Aos participantes foi dada uma caixa com tachas,
    uma vela e uma caixa com fósforos.
  • 4:28 - 4:31
    e foi-lhes dito para fixar a vela à parede.
  • 4:31 - 4:33
    Conseguem pensar em como fariam isto?
  • 4:34 - 4:37
    A metade dos participantes foi dito
    que receberiam uma recompensa monetária
  • 4:37 - 4:40
    se estivessem entre os mais rápidos
    a resolver o problema.
  • 4:42 - 4:44
    Esta é uma versão simplificada do problema
  • 4:44 - 4:47
    que foi dada a outro grupo de participantes.
  • 4:47 - 4:52
    Existe uma diferença crucial:
    a caixa com tachas foi previamente esvaziada
  • 4:52 - 4:55
    e nesta versão,
    o puzzle é bastante fácil de resolver.
  • 4:58 - 5:01
    Os resultados mostram que para a primeira condição,
  • 5:01 - 5:04
    que é mais difícil e necessita de pensamento criativo,
  • 5:04 - 5:07
    o desempenho piora se estiverem
    envolvidas recompensas.
  • 5:07 - 5:11
    Isto pode ser, novamente, a atenção a deslocar-se
    da 'tarefa' para 'receber o dinheiro'
  • 5:11 - 5:14
    ou eles podem ficar demasiado entusiasmados
    com o bónus de recompensa.
  • 5:14 - 5:19
    Por outro lado,
    o desempenho foi de facto melhor nesta versão,
  • 5:19 - 5:20
    na simplificada,
  • 5:20 - 5:22
    quando lhes foram dadas recompensas,
  • 5:23 - 5:26
    porque a tarefa era muito simples.
  • 5:26 - 5:33
    Por isso, parece que faz sentido continuar a pagar
    às pessoas por tarefas manuais simples.
  • 5:34 - 5:38
    No entanto, como sabem,
    isto deixou de ser relevante
  • 5:38 - 5:42
    porque existem coisas como caixas automáticas
    e carros com condução autónoma,
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    e em alguns locais na Ásia,
    até já há restaurantes robotizados.
  • 5:50 - 5:54
    Assim, o que sobra para os humanos fazerem
    são tarefas criativas, mentalmente exigentes,
  • 5:54 - 5:57
    como construir e manter esses robôs.
  • 5:57 - 5:59
    Estes são os tipo de tarefas que
  • 5:59 - 6:02
    Glucksberg demonstrou que são prejudicados
    pela promessa de recompensas.
  • 6:05 - 6:10
    Caso estejam a pensar se aumentar o valor
    da recompensa funcionaria,
  • 6:10 - 6:15
    existe uma experiência realizada
    por Dan Ariely e colegas na Índia rural,
  • 6:15 - 6:17
    onde estes poderiam oferecer
    aos participantes dinheiro
  • 6:17 - 6:20
    que para eles correspondia a um ano de salário.
  • 6:20 - 6:23
    Eles descobriram que o desempenho diminui mais
  • 6:23 - 6:25
    quando foram oferecidas quantias maiores.
  • 6:25 - 6:27
    Então, talvez, quando apenas se consegue pensar
  • 6:27 - 6:30
    no que se fará com o grande bónus
    quando este for recebido,
  • 6:30 - 6:33
    pode fazer com que menos trabalho seja feito.
  • 6:35 - 6:39
    Algo que todas estas experiências tinham em comum
  • 6:39 - 6:43
    foi que uma recompensa tangível como
    dinheiro ou um certificado
  • 6:43 - 6:46
    eram oferecidos sob a condição
    dos participantes fazerem algo
  • 6:46 - 6:50
    e até mesmo os principais críticos
    deste tipo de investigação concordam que
  • 6:50 - 6:53
    esta é uma condição real em que o desempenho piora.
  • 6:54 - 6:59
    Então, o que devemos fazer enquanto estamos
    num sistema onde precisamos de dinheiro para viver?
  • 6:59 - 7:03
    Dan Pink, no seu livro "Drive", sugere que
    as empresas deveriam pagar aos funcionários
  • 7:03 - 7:05
    bem e incondicionalmente,
  • 7:05 - 7:08
    de forma a que o dinheiro deixe de ser uma questão
  • 7:08 - 7:10
    e estes possam focar-se no seu trabalho.
  • 7:10 - 7:12
    A mesma ideia poderia ser aplicada a países,
  • 7:12 - 7:16
    que é o que os defensores
    do Rendimento Básico sugerem.
  • 7:17 - 7:20
    Eles acreditam que, se todos tiverem dinheiro suficiente
    para cobrir as suas necessidades básicas,
  • 7:20 - 7:23
    então as pessoas continuariam a trabalhar.
  • 7:23 - 7:25
    Elas trabalhariam no que gostam de fazer
  • 7:25 - 7:28
    devido ao desejo natural das pessoas
    em tornar o mundo melhor,
  • 7:28 - 7:30
    enquanto estarem num emprego que não as satisfaz,
  • 7:30 - 7:33
    apenas por uma questão de sobrevivência,
  • 7:33 - 7:35
    frequentemente dificulta a sua capacidade de o fazer.
  • 7:37 - 7:41
    Isto é similar à ideia da
    Hierarquia das Necessidades de Maslow
  • 7:41 - 7:44
    em que há necessidades básicas
  • 7:44 - 7:46
    mas quando estas estão satisfeitas
  • 7:46 - 7:50
    e as pessoas têm assegurado o seu trabalho,
    casa e por aí adiante,
  • 7:50 - 7:52
    elas podem focar-se em necessidades superiores
  • 7:52 - 7:56
    como relações, auto-estima e realização pessoal.
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    Mas se o futuro for incerto,
  • 7:58 - 8:03
    isso impede os indivíduos de atingirem
    o seu verdadeiro potencial.
  • 8:03 - 8:07
    No topo desta pirâmide de necessidades está
    a realização pessoal
  • 8:07 - 8:12
    que essencialmente significa contribuir
    algo útil e duradouro para a sociedade,
  • 8:12 - 8:15
    o que é uma perspectiva consideravelmente distinta
  • 8:15 - 8:20
    daqueles que pensam que as pessoas apenas trabalham
    quando são incentivadas externamente.
  • 8:23 - 8:25
    Voltando à ideia do Rendimento Básico.
  • 8:25 - 8:29
    Então, o que acontece quando as necessidades básicas
    e de segurança das pessoas estão satisfeitas?
  • 8:29 - 8:34
    Felizmente esta experiência já foi realizada
    algumas vezes pelo mundo.
  • 8:34 - 8:36
    Aqui está um exemplo no Canadá.
  • 8:36 - 8:40
    Nessa altura, os governos da América do Norte
    estavam bastante entusiasmados com a ideia.
  • 8:40 - 8:46
    Eles pensavam até em expandir a ideia
    por todos os E.U.A. e pelo Canadá.
  • 8:46 - 8:51
    Este projeto piloto foi executado entre 1974 e '79,
  • 8:51 - 8:55
    mas, infelizmente, parou devido à recessão,
  • 8:55 - 8:58
    e todos os dados do projecto foram arquivados
  • 8:58 - 9:00
    porque o governo pensou que tinha falhado.
  • 9:00 - 9:05
    Os dados foram finalmente
    descobertos e analisados em 2009
  • 9:05 - 9:06
    e os resultados foram deveras interessantes.
  • 9:06 - 9:10
    Eles mostraram efeitos mínimos no emprego.
  • 9:10 - 9:15
    Os únicos grupos que trabalharam substancialmente
    menos foram mães recentes e adolescentes,
  • 9:15 - 9:20
    porque, bem, tomar conta de crianças e estudar
    são muito importantes
  • 9:20 - 9:24
    e também, como resultado,
    as taxas de sucesso escolar aumentaram,
  • 9:24 - 9:28
    outras pessoas tiveram a oportunidade de escolher
    o tipo de trabalho que faziam
  • 9:28 - 9:33
    e, notavelmente, visitas hospitalares diminuíram
    e a saúde mental melhorou
  • 9:33 - 9:36
    o que efectivamente poupou dinheiro ao país.
  • 9:37 - 9:42
    Um estudo mais recente foi conduzido
    num pequeno povoado na Namíbia,
  • 9:42 - 9:45
    nos anos 2008-09.
  • 9:46 - 9:48
    Os resultados foram bastante dramáticos.
  • 9:48 - 9:50
    Quando o estudo começou,
  • 9:50 - 9:55
    os níveis de pobreza alimentar estavam nos 76%
    e depois desceram até os 16%.
  • 9:55 - 10:00
    Portanto, essencialmente, as pessoas já não se tinham
    de preocupar com a comida.
  • 10:00 - 10:02
    Poderiam ter deixado de trabalhar por completo,
  • 10:02 - 10:07
    mas, pelo contrário, o emprego aumentou 10%
  • 10:07 - 10:10
    porque as pessoas passaram a ter dinheiro
    para abrir os seus negócios
  • 10:10 - 10:14
    e tinham dinheiro para comprar
    os produtos desses negócios.
  • 10:14 - 10:20
    Isto mostra como um pequeno impulso em recursos
    ajuda as pessoas a colocá-los a bom uso
  • 10:20 - 10:23
    em vez de aumentar a dependência do dinheiro "gratuito"
  • 10:23 - 10:26
    que era o que os críticos previam.
  • 10:26 - 10:30
    Além disto, os pais passaram a poder
    pagar os encargos escolares
  • 10:30 - 10:31
    pelo que a frequência escolar duplicou,
  • 10:31 - 10:34
    e a taxa de desistências baixou para quase zero,
  • 10:34 - 10:38
    principalmente devido às crianças
    já não estarem desnutridas.
  • 10:39 - 10:42
    De igual forma o índice de criminalidade diminuiu 42%,
  • 10:42 - 10:45
    porque as pessoas já não precisavam de roubar.
  • 10:46 - 10:53
    Infelizmente, porém, o governo Namibiano
    não planeia estender isto a todo o país,
  • 10:53 - 10:59
    apesar das contas mostrarem
    que iria apenas custar 3% do PIB.
  • 11:01 - 11:05
    Contudo, existe um governo algures no mundo
    em que isto poderá acontecer.
  • 11:05 - 11:09
    Na Suíça, ainda existe a tradição antiga
    de democracia directa,
  • 11:09 - 11:13
    e frequentemente fazem referendos
    sobre assuntos importantes.
  • 11:13 - 11:17
    Para propor um referendo,
    são necessárias 100 000 assinaturas
  • 11:17 - 11:20
    as quais os defensores
    do Rendimento Básico conseguiram atingir.
  • 11:20 - 11:23
    Os votos serão realizados nos próximos
    dois ou três anos,
  • 11:23 - 11:27
    e será uma experiência interessante para acompanhar.
  • 11:27 - 11:30
    Irão os suíços ficar desmotivados e parar de trabalhar?
  • 11:30 - 11:34
    As evidências até agora dizem que provavelmente não,
  • 11:34 - 11:37
    mas se as evidências até agora não foram suficientes,
  • 11:37 - 11:39
    existem muitos mais exemplos.
  • 11:39 - 11:42
    [diferentes projectos de código-aberto
    apresentados no ecrã]
  • 11:42 - 11:45
    E além destes todos,
  • 11:45 - 11:46
    muitas estatísticas mostram que
  • 11:46 - 11:51
    entre 30 e 50% das pessoas são voluntárias
    pelo menos uma vez por mês,
  • 11:51 - 11:55
    e lembrem-se, tudo isto acontece
    mesmo elas tendo empregos a tempo inteiro.
  • 11:58 - 12:01
    Por isso, depois destes exemplos todos,
    podem estar a pensar
  • 12:01 - 12:04
    o que é que motiva as pessoas afinal?
  • 12:04 - 12:11
    Apresentarei quatro teorias, que provavelmente,
    estão próximas da realidade e têm aspectos em comum.
  • 12:12 - 12:16
    Primeiro há a teoria de Maslow falada anteriormente,
  • 12:16 - 12:20
    depois a teoria da Autodeterminação de Deci e Ryan
  • 12:20 - 12:25
    cujos elementos são a competência,
    a autonomia e a conexão,
  • 12:25 - 12:28
    - com grande ênfase na autonomia:
  • 12:28 - 12:31
    ser capaz de escolher o que fazer, como o fazer,
  • 12:31 - 12:34
    quando o fazer, e com quem o fazer.
  • 12:34 - 12:38
    Eles dizem que isto também explica
    os estudos anteriores
  • 12:38 - 12:43
    porque colocar alguém a fazer algo
    por uma recompensa
  • 12:43 - 12:46
    é essencialmente uma forma de controlo,
  • 12:46 - 12:49
    é tentar controlar o comportamento da pessoa
  • 12:49 - 12:52
    oferecendo-lhe algo que ela realmente necessita.
  • 12:54 - 13:01
    Normalmente nos locais de trabalho,
    as necessidades de autonomia não são satisfeitas,
  • 13:01 - 13:03
    porque frequentemente não se escolhe
  • 13:03 - 13:06
    como e qual o trabalho que é feito.
  • 13:06 - 13:11
    No entanto, em alguns locais de trabalho mais progressivos,
  • 13:11 - 13:12
    tenta-se aumentar a autonomia.
  • 13:12 - 13:16
    Por exemplo, a Google dá aos empregados
    20% do seu tempo
  • 13:16 - 13:18
    para trabalharem no que quiserem,
  • 13:18 - 13:22
    e a partir disto temos coisas
    como o Gmail e Google News.
  • 13:22 - 13:27
    De igual forma, o "Post-it" foi desenvolvido
    pela empresa 3M
  • 13:27 - 13:31
    ao deixar que os seus funcionários inventassem
    o que eles quisessem.
  • 13:33 - 13:36
    Dan Pink modificou ligeiramente as três palavras
  • 13:36 - 13:39
    sendo a sua versão: autonomia,
    mestria e propósito.
  • 13:39 - 13:43
    Voltaremos à mestria e
    ao propósito nos próximos diapositivos.
  • 13:43 - 13:46
    Finalmente, Alfie Kohn no seu livro "Punished by Rewards" (Punidos pelas Recompensas),
  • 13:46 - 13:51
    usa 3 C's: colaboração (Collaboration),
    satisfação (Content) e escolha (Choice),
  • 13:51 - 13:54
    aos quais poderíamos adicionar desafio (Challenge).
  • 13:54 - 13:57
    Ele também cita Herzberg, que disse:
  • 13:57 - 14:00
    "Se queres que as pessoas façam um bom trabalho,
  • 14:00 - 14:03
    "dá-lhes um bom trabalho para fazerem", e
  • 14:03 - 14:06
    "Preguiça, indiferença e irresponsabilidade
  • 14:06 - 14:09
    são respostas perfeitamente válidas
    a trabalho absurdo".
  • 14:11 - 14:14
    [ECRÃ: MOTIVAÇÃO
    Não é que eu seja preguiçoso,
    é que eu simplesmente não me importo]
  • 14:14 - 14:16
    Isto é do filme "Office Space".
  • 14:19 - 14:22
    Voltando à mestria.
  • 14:22 - 14:26
    Existe uma teoria de um psicólogo húngaro
    com um nome muito difícil [ecrã: Csikszentmihalyi],
  • 14:26 - 14:29
    que não pronunciarei,
  • 14:29 - 14:32
    ele descreve o estado de experiência óptima
    chamado "flow" (fluxo)
  • 14:32 - 14:35
    que significa que se está
    completamente imerso numa tarefa,
  • 14:35 - 14:38
    a ponto de quase se perder a sensação do passar do tempo,
  • 14:38 - 14:42
    esquecendo-se até se se tem fome ou sede.
  • 14:43 - 14:46
    Mais ou menos como a citação de Isaac Asimov:
  • 14:46 - 14:48
    "Nada interfere com a minha concentração.
  • 14:48 - 14:50
    "Poderiam colocar uma orgia no meu escritório
  • 14:50 - 14:52
    "que eu não olharia - bem, talvez uma única vez".
  • 14:55 - 14:58
    De acordo com a teoria, o estado de fluxo é atingido
  • 14:58 - 15:02
    se a dificuldade da tarefa corresponder
    às capacidades da pessoa.
  • 15:02 - 15:07
    Por isso, se a tarefa for só um pouco desafiante,
    ou muito fácil, então será aborrecida;
  • 15:07 - 15:11
    se for muito difícil,
    produzirá mais ansiedade que outra coisa.
  • 15:11 - 15:13
    O estudo mostrou que este estado é
  • 15:13 - 15:16
    três vezes mais provável de acontecer no trabalho
    do que no tempo-livre
  • 15:16 - 15:19
    e que as pessoas estão normalmente
    mais felizes neste estado
  • 15:19 - 15:22
    do que em actividades recreativas que
    não produzem um estado de fluxo
  • 15:22 - 15:24
    como ver televisão,
  • 15:24 - 15:26
    o que cria um paradoxo muito estranho
  • 15:26 - 15:30
    porque as pessoas ainda passam
    muito tempo a ver televisão
  • 15:30 - 15:34
    e isto realça um ponto importante
    que as pessoas muitas vezes não percebem:
  • 15:34 - 15:36
    o quanto podem desfrutar do trabalho.
  • 15:36 - 15:40
    E acham que o trabalho deve ser chato
    só porque é trabalho,
  • 15:40 - 15:44
    o que é uma atitude que vale a pena contestar.
  • 15:47 - 15:51
    A importância do propósito é
    bastante auto-evidente.
  • 15:51 - 15:55
    Se há um propósito,
    então há uma razão para fazer algo
  • 15:55 - 15:58
    e, por isso, há motivação para o fazer.
  • 15:59 - 16:01
    Como referido no início em relação ao senso-comum,
  • 16:01 - 16:04
    vale a pena analisar isto cientificamente.
  • 16:04 - 16:12
    Dan Ariely testou esta ideia em experiências
    envolvendo Lego Bionicles e trituradoras de papel.
  • 16:12 - 16:18
    Na experiência com Bionicles, os participantes
    foram instruídos a montar Lego Bionicles,
  • 16:18 - 16:20
    e era-lhes pago quantidades de dinheiro
    decrescentes para o fazerem
  • 16:20 - 16:22
    mas todos recebiam o mesmo.
  • 16:22 - 16:25
    No entanto, existiam duas situações.
  • 16:25 - 16:28
    Na primeira situação, logo que o Bionicle era montado,
  • 16:28 - 16:31
    o investigador desmontava-o de imediato;
  • 16:31 - 16:34
    Na segunda situação, os Bionicles ficavam expostos
  • 16:34 - 16:38
    e os participantes podiam ver todos
    os Bionicoles montados anteriormente.
  • 16:39 - 16:45
    Na segunda situação, eles montaram em média
    mais Bionicles do que na primeira situação.
  • 16:46 - 16:50
    De igual forma, com trituradoras de papel,
    eles faziam uma tarefa em papel
  • 16:50 - 16:58
    e na primeira situação, o investigador
    reconhecia o trabalho que tinham feito,
  • 16:58 - 17:00
    digitalizava-o e colocava-o numa pilha.
  • 17:00 - 17:03
    Na segunda situação,
    o investigador ignorava o que eles tinham feito
  • 17:03 - 17:05
    e apenas colocava-o num monte de papéis;
  • 17:05 - 17:07
    e na terceira situação, eles passavam-no
    por uma trituradora de papéis.
  • 17:07 - 17:10
    Como podem imaginar, na terceira situação,
  • 17:10 - 17:13
    os participantes perderam a sua motivação rapidamente,
  • 17:13 - 17:18
    ao passo que se o seu trabalho fosse reconhecido,
    eles teriam mais motivação para o fazer.
  • 17:18 - 17:22
    De facto, ter de fazer um trabalho inútil
    é tão desagradável
  • 17:22 - 17:24
    que tem sido utilizado como punição.
  • 17:24 - 17:29
    Primeiro no mito grego de Sísifo, o qual, como punição,
    tinha de transportar uma pedra montanha acima,
  • 17:29 - 17:32
    mas mal atingia o topo,
  • 17:32 - 17:35
    a pedra caía novamente e ele tinha que recomeçar.
  • 17:36 - 17:40
    No mundo real, foi utilizado em prisões
    onde os prisioneiros tinham que cavar buracos
  • 17:40 - 17:42
    e tapá-los novamente.
  • 17:42 - 17:46
    Isto antes das instituições perceberem
    que poderiam lucrar com os prisioneiros
  • 17:46 - 17:48
    obrigando-os a fazer trabalho necessário.
  • 17:49 - 17:54
    Não é de admirar que tantas pessoas
    nos trabalhos de hoje não tenham motivação
  • 17:54 - 17:56
    e detestem ir para o trabalho todos os dias,
  • 17:56 - 17:59
    porque existem tantos empregos que
    simplesmente não parecem ter um propósito,
  • 17:59 - 18:01
    às vezes trabalhos
    que não fazem falta nenhuma
  • 18:01 - 18:04
    tais como anúncios de placas em sanduíche.
  • 18:06 - 18:12
    Mas às vezes empregos são criados
    em prol da própria criação de empregos
  • 18:12 - 18:15
    apenas devido à forma de como o sistema monetário funciona
  • 18:15 - 18:17
    ...ou "disfunciona", melhor dizendo.
  • 18:18 - 18:24
    Infelizmente, porém, às vezes os empregos
    com mais propósito não são remunerados de todo
  • 18:24 - 18:28
    ou se o são, pagam muito menos que os restantes empregos.
  • 18:28 - 18:31
    Mas pelo lado positivo, as pessoas fazem-nos na mesma.
  • 18:33 - 18:39
    Eu gostaria de deixar-vos com algumas ideias
    sobre o que fazer com esta informação toda.
  • 18:40 - 18:42
    Primeiro, obviamente,
    podem usar todos estes exemplos
  • 18:42 - 18:46
    sempre que alguém alegar que
    sem dinheiro nada seria feito
  • 18:46 - 18:49
    o que é algo que todos provavelmente
    ouvimos muitas vezes.
  • 18:49 - 18:54
    Segundo, gostava que perguntassem a vocês próprios:
    o que vos motiva?
  • 18:54 - 18:59
    O que fazem no vosso tempo livre
    que sintam que tem um propósito,
  • 18:59 - 19:02
    que vos preenche, que vos desafia?
  • 19:02 - 19:07
    E se não há nada assim neste momento,
    talvez possam pensar em algo
  • 19:07 - 19:12
    que poderiam fazer porque frequentemente
    é melhor dar o exemplo
  • 19:12 - 19:17
    e, desta forma, poderiam ser mais uma contribuição
  • 19:17 - 19:20
    para a evidência crescente que
    as pessoas fazem coisas
  • 19:20 - 19:23
    simplesmente pela sua motivação intrínseca,
  • 19:23 - 19:25
    e não pelo dinheiro.
  • 19:26 - 19:30
    E, finalmente, podem fazer as mesmas questões
    aos vossos amigos:
  • 19:30 - 19:36
    O que os motiva? Continuariam a trabalhar
    se uma Economia Baseada nos Recursos existisse
  • 19:36 - 19:38
    ou se recebessem um Rendimento Básico?
  • 19:38 - 19:41
    Ou estariam sentados no sofá todo o dia?
  • 19:42 - 19:47
    Bem, afinal de contas, até o Kevin do vídeo inicial...
  • 19:48 - 19:50
    (Devia haver uma fotografia aqui...)
  • 19:55 - 19:56
    (Cá estamos.)
  • 19:56 - 20:01
    Até o Kevin do vídeo inicial é
    ocasionalmente motivado intrinsecamente.
  • 20:01 - 20:03
    [Ecrã: Kevin O'Leary a tocar guitarra]
  • 20:03 - 20:05
    Obrigada.
Title:
Z-Day 2014 Londres - Melissa Saviste - Recompensas e Motivação
Description:

7.20pm -- Sobre Recompensas e Motivação (Melissa Saviste)
XPUNI (http://leehamster.com)

Vídeos do Z-Day Londres 2014:
https://www.youtube.com/playlist?list=PLvIdjZp47QFeoPMHyh7-QWfnnTrmu9lRX

Gravado por Stephen Oberauer no dia anual do Movimento Zeitgeist (Z-Day) em Londes, 2014.

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Video Language:
English, British
Duration:
41:02

Portuguese subtitles

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