Como consegui a minha evasão mais bela depois de 25 anos de detenção | Laurent Jacqua | TEDxParis
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0:08 - 0:11Aqui há uns anos,
numa determinada época, -
0:11 - 0:14eu estava num calabouço, sombrio,
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0:14 - 0:16na prisão de Fresnes.
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0:16 - 0:18Andava às voltas, na cela,
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0:18 - 0:22porque, como nos retiravam o colchão,
na época, só podíamos ficar de pé. -
0:22 - 0:24A um canto da cela,
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0:24 - 0:25havia a sanita,
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0:26 - 0:27Oiço um borbulhar.
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0:28 - 0:30Bom, debruço-me, aproximo-me e observo.
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0:30 - 0:32O que é que eu vejo?
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0:32 - 0:35Vejo aparecer a cabeça dum rato
que vem respirar -
0:35 - 0:37e depois desaparece.
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0:37 - 0:40Digo-vos que não fui à sanita
logo de seguida. -
0:40 - 0:42Encontrei-me a pensar
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0:42 - 0:45que estava numa situação um pouco difícil.
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0:45 - 0:48Mas, como estava sozinho
— o isolamento era total -
0:48 - 0:51estamos no escuro,
não vemos ninguém, -
0:51 - 0:54já há uns dias que eu
não discutia com ninguém — -
0:54 - 0:57e pensei: "Vou partilhar
o meu pão com ele". -
0:57 - 1:01Coloquei um bocadinho de pão
na borda da sanita. -
1:01 - 1:02Fiquei à espera.
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1:02 - 1:05No dia seguinte, hop,
tinha desaparecido. -
1:06 - 1:09Dois dias depois, a mesma coisa.
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1:09 - 1:15Por fim, o rato começou
a ficar um pouco mais domesticado. -
1:17 - 1:18Uns dias depois,
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1:18 - 1:21encontro-me ao pé do meu amigo rato.
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1:22 - 1:25Fazia-lhe confidências
e contava-lhe a minha vida. -
1:25 - 1:27E ele ouvia-me!
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1:27 - 1:30Mordiscava o bocado de pão, mas ouvia-me.
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1:30 - 1:33Eu estava ali... tinha uma companhia.
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1:34 - 1:36Tinha um apoio, alguém que me escutava.
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1:36 - 1:38Era fantástico!
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1:38 - 1:41Cheguei ao fim dos 45 dias de solitária
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1:41 - 1:44e era preciso separar-nos,
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1:45 - 1:48Sentámo-nos, lado a lado.
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1:49 - 1:51olhámos um para o outro,
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1:51 - 1:52fizemos as nossas despedidas,
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1:52 - 1:57e, garanto, vi uma lagrimazita
dos dois lados -
1:57 - 1:58(Risos)
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1:58 - 2:00e saí da solitária.
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2:00 - 2:02Fiquei a pensar:
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2:02 - 2:05"Como é que cheguei a isto?"
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2:05 - 2:07A história é que,
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2:07 - 2:12em dezembro de 1984,
estava com uma amiga, -
2:12 - 2:14a minha namorada da época
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2:14 - 2:17e fui agredido por oito "skin heads".
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2:17 - 2:20Na época, eram pessoas muito violentas.
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2:20 - 2:22aliás, continuam a ser, mas à frente.
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2:23 - 2:25Infelizmente, puxei de uma arma
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2:26 - 2:30e disparei porque sentia
que eles iam fazer-lhe mal. -
2:30 - 2:34Disparei e houve um morto e um ferido.
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2:35 - 2:37Dois dias depois,
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2:37 - 2:39estou num carro prisional,
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2:39 - 2:42parto para a maior prisão da Europa
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2:42 - 2:44a que chamam Fleury-Mérogis.
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2:44 - 2:46Nunca tinha visto uma prisão,
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2:46 - 2:49nunca tinha visto um carro prisional
nem uma gaiola. -
2:51 - 2:54Aliás, não sabia que se fechavam
seres humanos dentro de gaiolas. -
2:54 - 2:57Foi um choque enorme.
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2:57 - 3:00Encontrei-me na receção,
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3:00 - 3:02é o centro de Fleury-Mérogis,
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3:02 - 3:04onde se recebem os que chegam.
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3:04 - 3:08Ali, foi a primeira vez que tive
de me despir em frente de alguém. -
3:09 - 3:11Primeira humilhação.
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3:11 - 3:15Depois, vou à secretaria
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3:15 - 3:19onde entregamos as nossas coisas,
o bilhete de identidade, etc. -
3:19 - 3:21e onde nos dão um número.
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3:22 - 3:26Esse número fica toda a vida
na nossa memória -
3:26 - 3:29138496Q.
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3:31 - 3:33De seguida, ficamos em detenção.
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3:33 - 3:34A prisão o que é?
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3:34 - 3:37Não é apenas a privação das liberdades.
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3:37 - 3:38é também a miséria,
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3:38 - 3:41é também a falta de higiene,
a falta de cuidados, -
3:41 - 3:44o excesso de população dos detidos
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3:44 - 3:48e uma data de coisas
realmente desumanas. -
3:48 - 3:50Sobretudo, a violência.
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3:51 - 3:54Saímos para passear, temos logo de lutar.
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3:54 - 3:57É um universo duro
e é preciso sobreviver. -
3:57 - 3:59Estou na prisão
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3:59 - 4:01e começo a cumprir a pena.
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4:01 - 4:05Na época — estamos nos anos 80,
estamos em 1985 — -
4:05 - 4:07uma doença bastante espalhada
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4:07 - 4:10começa a provocar uma grande epidemia.
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4:12 - 4:14Aparecem os testes
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4:14 - 4:17para saber se temos SIDA ou não.
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4:17 - 4:19Eu faço um teste
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4:19 - 4:22e fico a saber que sou seropositivo.
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4:22 - 4:25A minha vida começa mal.
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4:26 - 4:30A partir daí, só penso numa coisa:
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4:30 - 4:31é evadir-me.
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4:31 - 4:36Porque, na época, pensava-se
que só vivíamos 3 anos, no máximo 5. -
4:37 - 4:40Fico obcecado, tenho de me evadir.
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4:41 - 4:44Cumpro a pena, quatro anos
em Fleury Mérogis, -
4:44 - 4:46depois sou transferido.
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4:46 - 4:50Espero obter uma redução
para metade da pena -
4:50 - 4:53porque, na altura,
eu tinha apanhado 10 anos -
4:53 - 4:56e tinham percebido
que eu tinha sido atacado. -
4:57 - 4:59Perdi a esperança, estou doente,
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4:59 - 5:01sei que talvez vá morrer amanhã,
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5:01 - 5:04já não suporto a prisão, tal como ela é.
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5:04 - 5:07Já não suporto a forma desumana
como tratam as pessoas, -
5:07 - 5:09portanto, resolvi fugir.
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5:09 - 5:11Em fuga, não há milhentas soluções.
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5:11 - 5:14Para sobreviver, é preciso dinheiro.
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5:14 - 5:16Não se pode trabalhar,
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5:16 - 5:18ponho-me a roubar,
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5:18 - 5:23entro numa série de assaltos.
e passo a ser um assaltante. -
5:25 - 5:27Acabo por ser apanhado.
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5:27 - 5:30Apanho mais dois ou três anos
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5:31 - 5:35e em 1993, acabo por sair
com a pena cumprida. -
5:35 - 5:38Aí, é sempre a mesma coisa,
não há remédio para a doença. -
5:38 - 5:40A prisão deu cabo de mim.
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5:40 - 5:44Isso significa que é um sistema
que nos torna violentos -
5:44 - 5:46e que nos transforma.
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5:47 - 5:50Tenho 28 anos, quando termino a pena.
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5:51 - 5:53E reincido.
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5:54 - 5:57Volto a usar armas,
volto a fazer assaltos. -
5:57 - 6:02Encontro-me num processo ultraviolento.
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6:04 - 6:07Em 1994 sou apanhado.
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6:07 - 6:12Sei que vou ficar preso durante anos
e que vou morrer na prisão. -
6:12 - 6:17Por fim, como sei que,
para mim, tudo acabou, -
6:17 - 6:19tento tudo por tudo.
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6:19 - 6:23A 9 de outubro de 1994, no aniversário
da abolição da pena de morte. -
6:23 - 6:24escolhi essa data para fugir.
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6:24 - 6:27Consigo que me enviem armas
para a prisão, -
6:27 - 6:30faço reféns e consigo sair.
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6:31 - 6:34Tenho uma vida de evadido
muito violenta também -
6:34 - 6:35com roubos e assaltos.
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6:37 - 6:39Por fim, em 1995, sou preso
por uma brigada da RAID. -
6:39 - 6:42e metem-me na prisão.
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6:42 - 6:46Encontro-me no bloco de isolamento,
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6:46 - 6:50porque passei a ser um homem perigoso,
e um inimigo da sociedade. -
6:51 - 6:52O que é verdade.
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6:52 - 6:55Cinco anos no bloco de isolamento,
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6:55 - 6:59é não ver ninguém
durante esses anos todos, -
6:59 - 7:01um isolamento total.
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7:01 - 7:03Para aguentar o isolamento,
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7:03 - 7:05a única solução que há,
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7:05 - 7:07visto que não há mais nada,
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7:07 - 7:08é ler.
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7:09 - 7:10Descobri a literatura.
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7:10 - 7:12Comecei a ler.
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7:12 - 7:14e encontrei nas palavras
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7:15 - 7:17uma forma de viajar
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7:17 - 7:21uma forma de escutar o mundo,
de que estava privado. -
7:23 - 7:26Encontrei que a força das palavras
era uma coisa muito poderosa -
7:26 - 7:29que podia levar-me a qualquer lado,
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7:30 - 7:32evadir-me, na realidade.
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7:35 - 7:38Depois desses anos de isolamento,
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7:39 - 7:43em 2000, de 1995 a 2000,
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7:43 - 7:44acabei por sair
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7:44 - 7:47e sou transferido
para a prisão de la Santé. -
7:47 - 7:49Aí, encontro pessoas,
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7:49 - 7:53toco nelas, para ver
se são realmente humanas. -
7:54 - 7:56Recomeço a rever
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7:56 - 7:58e inscrevo-me em cursos.
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7:58 - 8:00Há professores que vêm à prisão.
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8:00 - 8:02Há uma universidade, Paris VII,
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8:02 - 8:06que tem uma secção que se chama
Secção dos Estudantes Impedidos. -
8:06 - 8:08É para os prisioneiros.
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8:08 - 8:10Aí, encontro um professor,
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8:10 - 8:13um professor de Filosofia,
que se chama François Chouquet. -
8:14 - 8:16Discutimos
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8:16 - 8:18e ele diz-me
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8:20 - 8:24que as palavras são mais fortes
do que as armas. -
8:25 - 8:27Evidentemente, a princípio,
fartei-me de rir. -
8:28 - 8:30(Risos)
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8:30 - 8:33Ele é simpático, mas...
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8:35 - 8:38Mas continuo a estudar.
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8:40 - 8:42Comecei a escrever um pouco.
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8:42 - 8:47Ele deu-me a ler Tolstoi, Céline, Camus.
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8:48 - 8:50"À procura do tempo perdido"
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8:50 - 8:52— como se eu não tivesse
mais nada que fazer — -
8:52 - 8:54mas também me trazia qualquer coisa.
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8:54 - 8:56Era realmente uma riqueza.
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8:56 - 8:58Por fim, comecei a escrever
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8:58 - 9:01e mostrei-lhe o meu primeiro manuscrito.
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9:02 - 9:04Ele encorajou-me.
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9:04 - 9:06Enfim, eu existia
em qualquer parte da sociedade, -
9:06 - 9:09eu existia para alguém,
havia alguém que me lia. -
9:10 - 9:11Passamos a existir.
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9:11 - 9:14Em 2002, sou condenado definitivamente
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9:14 - 9:16e apanho 30 anos.
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9:18 - 9:19Trinta anos é muito tempo.
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9:19 - 9:20(Risos)
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9:20 - 9:24Tenho tempo para ler
três bibliotecas François Mitterrand. -
9:24 - 9:25(Risos)
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9:26 - 9:29Se apanho 30 anos, são 30 anos.
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9:29 - 9:30Digo sinceramente.
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9:30 - 9:32Quando a sentença saiu
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9:32 - 9:35fui transferido diretamente
para a penitenciária de segurança -
9:39 - 9:41e tentei evadir-me mais uma vez.
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9:41 - 9:42(Risos)
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9:42 - 9:43Apanhei mais dois anos,
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9:43 - 9:44(Risos)
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9:44 - 9:46Mas o jogo era assim.
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9:47 - 9:50Como não podia suportar
manter-me na prisão, -
9:50 - 9:51organizava motins,
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9:51 - 9:54larguei fogo a Clairvaux.
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9:54 - 9:56Foi terrível.
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9:59 - 10:02Era difícil aceitar
aquela privação de liberdade. -
10:02 - 10:06Naquela época,
eu já tinha 20 anos de prisão. -
10:06 - 10:08Por fim, em 2006,
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10:09 - 10:11pensei
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10:11 - 10:15que precisava de me afastar
da minha condição de indivíduo perigoso. -
10:17 - 10:20Tornar-me noutra pessoa,
já estava a ficar farto. -
10:20 - 10:23Em 2006, encontro-me
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10:25 - 10:27na penitenciária de Poissy.
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10:27 - 10:31Aí, criei o primeiro blogue
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10:31 - 10:34de um detido, de um prisioneiro,
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10:34 - 10:36no Le Nouvel Observateur.
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10:37 - 10:38O primeiro.
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10:38 - 10:42Hoje, todos têm Internet,
mas o primeiro fui eu que fiz. -
10:42 - 10:45Onde explicava, nas crónicas,
a vida de encarcerado -
10:45 - 10:47tudo aquilo que eu defendia,
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10:47 - 10:50como lutar contra um sistema
que nos mata -
10:52 - 10:55e também o absurdo do sistema.
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10:55 - 10:58E outros textos:
os deficientes na prisão, etc. -
11:00 - 11:02Evidentemente, a administração
penitenciária era contra, -
11:03 - 11:04porque era proibido.
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11:04 - 11:07Era proibido comunicar
sem passar pela censura. -
11:07 - 11:09Naquela época, eles não sabiam
como é que eu fazia. -
11:09 - 11:13Durante quatro anos, eu fiz passar
os meus textos na Internet, -
11:13 - 11:15sem eles saberem.
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11:16 - 11:18Também encontrei Fabien Marceau
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11:19 - 11:21num concerto.
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11:21 - 11:23Ele aparece, com a sua muleta,
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11:23 - 11:26Desculpem, Fabien Marceau
é o Grande Corpo Doente, -
11:26 - 11:27O que eu gostei nele
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11:27 - 11:30é que, graças às suas palavras,
graças à sua poesia, -
11:30 - 11:32uma pessoa deficiente
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11:32 - 11:36ergueu-se e pôde exercer a sua arte.
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11:37 - 11:41Portanto, foi a força das palavras
que permitiu esse "milagre". -
11:41 - 11:44Não precisou de ir a Lourdes,
ele faz poesia -
11:44 - 11:47e conseguiu fazer uma carreira.
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11:47 - 11:49Tornámo-nos camaradas,
muito amigos. -
11:49 - 11:53A mim, a escrita também me permitia,
graças ao meu blogue -
11:53 - 11:55— eu tinha publicado o meu primeiro livro,
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11:55 - 11:58já não era um indivíduo perigoso,
tinha-me tornado um escritor. -
11:58 - 12:01E colunista para o Le Nouvel Observateur
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12:01 - 12:04A administração da penitenciária
olhava-me de forma diferente. -
12:04 - 12:07"Passa-se qualquer coisa,
isto não é normal. -
12:07 - 12:09"Deve estar a preparar uma evasão".
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12:09 - 12:11(Risos)
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12:11 - 12:13Garanto que é verdade.
-
12:13 - 12:17Posso dizer-vos
que agarravam no meu computador, -
12:18 - 12:19viravam-no do avesso,
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12:19 - 12:24passavam-no ao CLIS, uma entidade
que vigiava os computadores -
12:24 - 12:26para ver se eu não tinha ligações, etc.
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12:26 - 12:29O diretor vinha perguntar-me:
"Foste tu que escreveste isto?" -
12:29 - 12:33"Não, é um maluco que se faz
passar por mim, que escreve essas coisas. -
12:33 - 12:34"Juro".
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12:34 - 12:35(Risos)
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12:35 - 12:37Funcionava.
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12:37 - 12:39(Risos)
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12:40 - 12:43Graças a um livro que escrevi,
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12:45 - 12:47encontrei uma jovem estudante.
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12:47 - 12:49Apaixonámo-nos.
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12:49 - 12:51A escrita leva a tudo.
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12:51 - 12:52Apaixonámo-nos
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12:53 - 12:57e decidimos, ao fim de uns meses,
de fazer um bebé concebido na prisão. -
12:57 - 12:59Porque a humanidade também é isso.
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12:59 - 13:03Portanto, concebemos um bebé na prisão,
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13:03 - 13:05Em março de 2008,
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13:06 - 13:08nasce a minha filha.
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13:09 - 13:12(Aplausos)
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13:14 - 13:17Dois dias depois do nascimento
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13:17 - 13:19— visto que não fui logo lá, não podia —
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13:20 - 13:22fui à maternidade.
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13:22 - 13:23Um delinquente como eu
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13:23 - 13:26encontro-me numa maternidade
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13:26 - 13:27e vou ver o meu bebé.
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13:28 - 13:29Tiraram-me as algemas.
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13:29 - 13:32Havia uma janela, olhei para ela, mas...
-
13:32 - 13:34(Risos)
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13:34 - 13:37Por vezes, é mais forte que nós,
mas tudo bem, -
13:38 - 13:40Pequei na minha...
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13:43 - 13:46na minha filha ao colo...
-
13:49 - 13:52(Aplausos)
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14:02 - 14:04Chamámos-lhe Tilelli.
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14:04 - 14:07Tilelli, em idioma cabila,
quer dizer Liberdade. -
14:07 - 14:10Foi ela que conseguiu
fazer-me sair da prisão -
14:10 - 14:12ao fim de 20 anos.
-
14:13 - 14:15Tudo isto para vos dizer
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14:15 - 14:20que organizei um "dossier"
para a liberdade condicional. -
14:20 - 14:22— demorei dois a três anos —
-
14:22 - 14:24um "dossier" muito sólido,
-
14:24 - 14:27porque era pai, era responsável
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14:27 - 14:30e, por fim, o juiz
de aplicação das penas, -
14:30 - 14:33vendo que eu já tinha
25 anos de prisão, disse: -
14:33 - 14:34"Ele deve sair",
-
14:34 - 14:36"visto que é colunista, é pai",
-
14:36 - 14:39passou a ser isto, passou a ser aquilo.
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14:39 - 14:42E consegui obter o diploma universitário,
-
14:43 - 14:44de Paris VII.
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14:44 - 14:47(Aplausos)
-
14:51 - 14:53Tudo isto para vos dizer que, hoje,
-
14:54 - 14:58pensa-se que os reincidentes
devem ser encerrados -
14:58 - 15:01e que é preciso apertá-los
-
15:01 - 15:03para nunca mais poderem sair.
-
15:04 - 15:06Eu sou a prova do contrário.
-
15:06 - 15:09Com o meu percurso,
digo-vos que é possível. -
15:09 - 15:11O regresso à vida é possível.
-
15:12 - 15:16É possível, graças a estas pessoas
e à boa vontade. -
15:17 - 15:22Por fim, em todas as ditaduras,
-
15:22 - 15:24a primeira coisa
que se elimina é a cultura. -
15:25 - 15:26Destroem-na.
-
15:27 - 15:32Deviam julgar a ignorância
como um crime contra a humanidade. -
15:32 - 15:35É graças à cultura
que consegui sair de lá, -
15:35 - 15:36graças à leitura,
-
15:36 - 15:39graças aos professores.
-
15:39 - 15:41É preciso encorajar este tipo de coisas.
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15:41 - 15:44Penso na frase de Chouquet
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15:45 - 15:49que disse que a pena era
mais forte do que as armas. -
15:50 - 15:53É com a pena que eu consegui
a minha evasão mais bela. -
15:53 - 15:54Obrigado.
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15:54 - 15:57(Aplausos)
- Title:
- Como consegui a minha evasão mais bela depois de 25 anos de detenção | Laurent Jacqua | TEDxParis
- Description:
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Condenado à prisão efetiva por homicídio voluntário, aos 18 anos, Laurent Jacqua cai num ciclo em que alterna assaltos com detenções e evasões, antes de um encontro decisivo com a cultura e a literatura. É no fundo de uma cela que preparou, com a ajuda duma esferográfica, a sua liberdade.
Encarcerado aos 18 anos, Laurent Jacqua, de início, é refratário a todas as formas de autoridade e passa longas temporadas na solitária. É nessas alturas de isolamento que sofrerá uma triterapia: "Não durmo, não como, morro, agonizo e já não tenho forças nem resistência. (...) Ninguém se preocupa, morro na cela, sozinho como um cão", escreve no seu blogue, o primeiro escrito por um prisioneiro. Saído em janeiro de 2010 da penitenciária de Poissy, luta atualmente para melhorar as condições das penitenciárias em geral e, em particular, as dos doentes de SDA.Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx
- Video Language:
- French
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 16:01