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Rockstraw Downes em "Balance" - 6º Temporada - Arte no Século XXI" | Art21

  • 0:16 - 0:21
    Não há quase nada. É deserto e apenas
    há um pouco de mata rasteira aqui e ali.
  • 0:21 - 0:23
    De repente, em meio a todo esse vazio
  • 0:24 - 0:26
    estavam essas montanhas
    cor de rosa que o cercavam.
  • 0:29 - 0:31
    Por todas as direções haviam esses morros.
  • 0:36 - 0:41
    Espalhados por essa paisagem vazia
    estavam essas pequenas estruturas
  • 0:41 - 0:43
    feitas com tubos e telhados ondulados.
  • 0:44 - 0:49
    Porque no deserto, sombra
    é o bem mais precioso, sombra e água.
  • 0:51 - 0:54
    Levei em média uma hora para entender
    que aquilo era uma pista de corrida.
  • 0:56 - 0:59
    E então esses telhados ondulados
    eram abrigo para os cavalos
  • 1:01 - 1:06
    Havia uma torre para o juiz. Também haviam
    dois abrigos para espectadores.
  • 1:07 - 1:10
    Eu estava fascinado por
    essas adoráveis estruturas arejadas
  • 1:11 - 1:13
    assentadas tão levemente nesta terra.
  • 1:16 - 1:19
    E acabei fazendo 5 desenhos
    que realmente me interessaram.
  • 1:20 - 1:24
    Um deles eu nunca pintei,
    mas eu fiz quatro pinturas em conjunto.
  • 1:24 - 1:25
    Todas da mesma altura.
  • 1:26 - 1:28
    Passei dois invernos
    fazendo essas pinturas.
  • 1:35 - 1:39
    Estava interessado em escassez
    e clareza extrema.
  • 1:40 - 1:45
    Cada detalhe era diferente. As montanhas
    eram rosa e as estruturas prateadas.
  • 1:45 - 1:50
    O chão do deserto era de areia amarelada.
    Na verdade eu comprei novos tubos de tinta
  • 1:57 - 2:00
    A principio eu vim a Marfa
    por causa das montanhas.
  • 2:02 - 2:06
    Eu estive pintando por muitos anos
    em Nova Jersey, onde é plano.
  • 2:06 - 2:10
    E na costa do Texas, perto de Galveston,
    High Island e Beaumont,
  • 2:11 - 2:12
    Todos de paisagem completamente planas.
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    Eu estive em Utah,
    estive e vi aquelas montanhas magníficas.
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    E essas aqui não eram magníficas,
    e eu gostava disso nelas.
  • 2:28 - 2:32
    Enquanto isso claro que eu vim
    e pintei os edifícios de Judd,
  • 2:32 - 2:34
    ao invés das montanhas.
  • 2:43 - 2:48
    Aqueles dois edifícios ali, erguidos
    em meio a pradaria, sem os outros dez,
  • 2:49 - 2:53
    Essas instalações eram um pouco como
    ruínas e edificações ao mesmo tempo.
  • 2:53 - 2:56
    Pois eram instalações abandonadas.
  • 2:59 - 3:00
    Eu estava fascinados por elas.
  • 3:01 - 3:05
    Elas não tinham as formas que professores
    nos ensinam que edifícios devem ter.
  • 3:17 - 3:24
    Então eu fui a Presidio e logo
    encontrei essas montanhas de areia.
  • 3:24 - 3:28
    Elas definitivamente não são como
    montanhas clássicas, mas muito esquisitas.
  • 3:29 - 3:31
    Você percebe altura e profundidade,
  • 3:31 - 3:35
    olhar para cima e baixo
    são ideias reais na pintura.
  • 3:36 - 3:40
    E são muito diferentes quando se pinta
    uma paisagem plana ou a nível do solo.
  • 3:44 - 3:49
    Eu fiquei admirado com a forma dramática
    com que a luz iluminava as formas.
  • 3:50 - 3:55
    Com as sombras que estavam de um lado,
    e depois do outro lado no fim de tarde.
  • 3:55 - 3:56
    Totalmente diferente.
  • 4:10 - 4:16
    Esse não é meu drama, é o drama do sol
    que afeta aquela montanha.
  • 4:16 - 4:18
    Quero manter minhas emoções
    fora da pintura.
  • 4:19 - 4:24
    Minha emoção deve ser de respeito
    pelas formas. Quase que de reverência.
  • 4:27 - 4:31
    Eu repinto cada pequena sombra
    várias vezes até conseguir o formato.
  • 4:31 - 4:37
    Até que tenha personalidade. Algum detalhe
    aonde aonde essa pedra ressalta.
  • 4:37 - 4:41
    E você precisa desse detalhe
    e não estará satisfeito até consegui-lo.
  • 4:44 - 4:49
    Existe uma relação entre a minha pintura
    e a figura real que se vê.
  • 4:49 - 4:50
    Elas se correspondem.
  • 5:03 - 5:07
    Sou muito possessivo com minhas paisagens
    e não quero nenhum outro artista
  • 5:07 - 5:10
    vindo aqui explorar e
    pintando minhas paisagens.
  • 5:10 - 5:13
    Até mesmo fotógrafos ou qualquer
    outro tipo de artista visual.
  • 5:13 - 5:14
    Quero apenas para mim.
  • 5:17 - 5:21
    Quanto mais se fica lá, mais se descobre,
  • 5:22 - 5:24
    Você está em constante aprendizado
    com o lugar que escolhe.
  • 5:25 - 5:29
    E muitas vezes sinto que posso trabalhar
    em uma pintura por tempo quase indefinido.
  • 5:32 - 5:35
    Já no fim da pintura você
    começa a olhar ao redor e se pergunta:
  • 5:35 - 5:40
    "Por que eu escolhi esse local
    ao invés de aquele?"
  • 5:40 - 5:41
    (Risos)
  • 5:41 - 5:44
    E você pensa: "também daria
    uma pintura fantástica olhando daqui"
  • 5:45 - 5:48
    "Mas acho que para mim chega.
    Já acabei, quero seguir em frente."
  • 6:13 - 6:18
    Foi uma emoção semelhante a essa
    que me fez sair de Maine.
  • 6:18 - 6:23
    Estava pintando uma sequencia de morros
    quando minha mão me disse:
  • 6:23 - 6:24
    "Saia daqui."
  • 6:24 - 6:29
    "Pare com isso. Já pintou esses morros
    muitas vezes, precisa ir para outro lugar.
  • 6:30 - 6:33
    E então esse dia
    botei minha casa à venda.
  • 6:39 - 6:41
    Um dos meus autores favoritos disse que,
  • 6:41 - 6:46
    pintores de paisagem precisam
    estar em movimento para se reinventarem.
  • 6:47 - 6:48
    Acho que ele tem razão.
  • 6:54 - 6:56
    Eu não me vejo como um pintor de paisagem
  • 6:57 - 7:05
    Na visão popular dessa expressão,
    uma paisagem consiste de um campo,
  • 7:05 - 7:09
    um lago, uma árvore,
    uma montanha distante e assim por diante.
  • 7:10 - 7:11
    É quase como uma receita.
  • 7:12 - 7:16
    Espero muito que minhas pinturas
    não pareçam parte de uma receita,
  • 7:16 - 7:19
    que eu tenha ido a outros lugares
    e visto coisas diferentes.
  • 7:21 - 7:24
    Costumo dizer que eu pinto o meu meio,
    o que está ao meu entorno.
  • 7:26 - 7:30
    Passa a ideia de que é uma coisa física
    que está ao seu redor, e está.
  • 7:30 - 7:34
    Nos tira imediatamente
    daquela imagem achatada do mundo.
  • 7:35 - 7:39
    O entorno implica que a paisagem
    realmente se curva ao seu redor.
  • 7:40 - 7:46
    Como eu sigo essa curva,
    consigo percebê-la exposta na tela.
  • 7:52 - 7:56
    E se você está em cima de um morro
    e olha para a estrada reta, aqui embaixo,
  • 7:56 - 8:00
    e para o primeiro plano da tela,
    lá embaixo, ela irá se curvar para cima
  • 8:01 - 8:03
    e o horizonte se curvará
    ara baixo dessa forma.
  • 8:03 - 8:06
    Assim obtém-se essa composição
    em formato de amêndoa
  • 8:06 - 8:08
    que se repete ao longo
    das minhas pinturas.
  • 8:16 - 8:20
    Toda essa ideia do "olho incerto"
    veio à minha mente.
  • 8:21 - 8:24
    Que você não percebe
    a pintura inteira de imediato.
  • 8:24 - 8:26
    Você a percebe aos poucos.
    Ela se revela.
  • 8:33 - 8:36
    O primeiro quadro que eu fiz dessa forma
    foi do Museu de História Natural,
  • 8:36 - 8:38
    antes de construírem aquela cúpula enorme.
  • Not Synced
    Eu pensei: "se eu ficar aqui
    e pintar esse edifício maravilhoso,
  • Not Synced
    contra a luz, realmente não dá
    para ver que ele é vermelho.
  • Not Synced
    É apenas escuro, não se sabe o que é."
  • Not Synced
    Então eu olho para minha esquerda
    em direção a rua, acho que é a Rua 81,
  • Not Synced
    e em direção a avenida,
    que deve ser a Colombus.
  • Not Synced
    Estou virando minha cabeça a 180 graus.
  • Not Synced
    Então é longe de um ponto a outro.
    Passa pelo prédio e chega nessa vista,
  • Not Synced
    e então chega na vista oposta,
    do outro lado da pintura.
  • Not Synced
    Perspectiva não é o que
    me interessa, com certeza.
  • Not Synced
    Eu adentrei mais à paisagem e
    comecei a trabalhar, boom,
  • Not Synced
    logo quando eu achava
    que era um pintor abstrato.
  • Not Synced
    E eu não comecei com aquela ideia de que,
    ora sabe-se que o ponto de fuga está aqui
  • Not Synced
    e essas árvores descascando também.
  • Not Synced
    Eu não construí dessa forma.
  • Not Synced
    Comecei a achar coisas que a perspectiva
    me dizia não serem verdadeiras ao meu ver.
  • Not Synced
    E ao meu ver eu não sei o que é verdade,
    não sei se é algo que posso confirmar
  • Not Synced
    ou escrever, mas sei que tudo muda
    com qualquer pequeno movimento da cabeça,
  • Not Synced
    e mais ainda se mover os seus ombros.
  • Not Synced
    Não há solução para
    a representação do mundo.
  • Not Synced
    Logo que se fala de
    um mundo tridimensional,
  • Not Synced
    onde se tem movimento
    e o coloca numa superfície bidimensional,
  • Not Synced
    inevitavelmente chegamos
    num mundo metafórico.
  • Not Synced
    E a perspectiva é uma tentativa
    de unificar a metáfora da visão espacial.
  • Not Synced
    Esses problemas são a razão
    de você querer ir lá e fazer novamente.
  • Not Synced
    Sempre está vivo.
  • Not Synced
    E eu não quero soluções, elas não são
    interessantes para mim
  • Not Synced
    O processo em si é um problema
    a ser resolvido e sempre será.
  • Not Synced
    (risos)
  • Not Synced
    Na minha primeira vinda
    eu passei por um grupo de colmeias.
  • Not Synced
    E eu gostei de como elas estavam
    agrupadas nessa grande paisagem vazia..
  • Not Synced
    Esqueci as colmeias por um momento
    e estava em Rio Grande,
  • Not Synced
    desenhando um reservatório de água
    quando um homem surge em pé atrás de mim.
  • Not Synced
    Me virei e perguntei se por acaso ele
    saberia quem era o dono daquelas colmeias
  • Not Synced
    na estradada casa de pedra.
    Ele falou que sabia.
  • Not Synced
    Quando a neve começa
    a ficar forte em Colorado,
  • Not Synced
    ela traz as abelhas para o Rio Grande.
    e as separa em pequenos grupos.
  • Not Synced
    Eu havia feito uns 6 desenhos de colmeias.
  • Not Synced
    Fiz todos em um dia.
  • Not Synced
    E eu olhei para eles e pensei:
  • Not Synced
    "Até que eles estão
    legais, de verdade."
  • Not Synced
    Então comecei a voltar em Novembro
  • Not Synced
    para que pudesse ter mais tempo
    com as colmeias ainda lá.
  • Not Synced
    Ele chegou atraso este ano.
    Botou as colmeias nesses terrenos enormes.
  • Not Synced
    Um em frente a uma pequena montanha
    ao lado do Rio Grande,
  • Not Synced
    e outro mais para o meio,
    em direção a Candelária.
  • Not Synced
    Então pensei:
  • Not Synced
    "certo, vou trabalhar
    com esses dois lados
  • Not Synced
    e com essas milhares de colmeias."
  • Not Synced
    E comecei a trabalhar nelas, já estava
    com minhas molduras montadas e tudo mais,
  • Not Synced
    quando pensei: "nunca vou conseguir acabar
    antes de moverem as colmeias de lugar"
  • Not Synced
    Então decidi fazer esses rascunhos
    a óleo, para a tela grande,
  • Not Synced
    E terminar os rascunhos
    como uma pintura normal.
  • Not Synced
    Acabei com essas duas pinturas pequenas
    e com muitas, muitas, muitas colmeias.
  • Not Synced
    Pintei essa estação de energia natural
    no meio da pradaria
  • Not Synced
    e me deparei com um enorme vão, em meio
    a essa paisagem plana onde nada acontecia.
  • Not Synced
    Eram milhas e milhas
    de absolutamente nada.
  • Not Synced
    (Risos)
    E isso era íncrivel.
  • Not Synced
    É uma junção estrutural de
    duas coisas contrárias,
  • Not Synced
    e daria uma ótima pintura.
  • Not Synced
    Enquanto pintava, surgiam muitos detalhes
    da estação elétrica, das cercas,
  • Not Synced
    ruas, esgotos e estradas
    na pintura, detalhes sutis.
  • Not Synced
    O mais impactante dessa pintura
    é esse enorme pedaço vazio
  • Not Synced
    em meio ao grande espaço de pradaria.
  • Not Synced
    Conforme pintamos, começamos a explorar.
    "O que é essa estrutura? Por que importa?"
  • Not Synced
    Você chega num ponto
    e se atrai pela razão "X",
  • Not Synced
    mas conforme começa a pintar,
    essa razão desaparece.
  • Not Synced
    Alguns trabalhadores aparecem
    se divertindo a tarde jogando bola.
  • Not Synced
    Hoje é a vez do time feminino.
    Então você pensa:
  • Not Synced
    "Que legal. Que bom que estão
    ao ar livre e se divertindo."
  • Not Synced
    Essa é a razão pela qual se começa.
    Depois todo o resto se torna importante.
  • Not Synced
    Qual deve ser o tamanho das sombras
    desta árvore no final da tarde?
  • Not Synced
    Como deixar esses prédios proporcionais
    a escala do desenho e das outras figuras?
  • Not Synced
    Blá, blá, blá. Todas estas
    outras considerações entram em cena,
  • Not Synced
    a ideia inicial se perde
    e é completamente esquecida.
  • Not Synced
    Você se envolve em outras coisas.
  • Not Synced
    Você se envolve na suavidade da luz
    refletindo a grama alta
  • Not Synced
    e como ela muda
    quando chega na parte aparada.
  • Not Synced
    Por que ela faz isso e como o expressar
    com os movimentos do pincel?
  • Not Synced
    Todas essas outras coisas
    se tornam importante.
  • Not Synced
    E aquele tema antigo, que literalmente
    te atraiu primeiro acabou. Se foi.
  • Not Synced
    Eu me interesso por grandes espaços
    ao ar livre que são vazios.
  • Not Synced
    Vazio, como o vazio das pistas de corrida
    com aqueles edifícios dispersos.
  • Not Synced
    E como as maravilhosas marcas
    no chão da arena que Judd descobriu.
  • Not Synced
    Elas são como as marcas
    de pneu da pista de corrida.
  • Not Synced
    A primeira vez que eu me interessei
    por marcas no chão
  • Not Synced
    foi no World Trade Center.
  • Not Synced
    Quando eu pintei, aquele piso
    havia sido arrancado
  • Not Synced
    pois eram espaços vazios.
  • Not Synced
    Nesse chão você percebe todos aqueles
    arranhados incríveis e marcas e manchas.
  • Not Synced
    A história desse chão
    está escrita detalhadamente ali.
  • Not Synced
    E eu gosto dessa história.
  • Not Synced
    Foi isso que eu quis dizer com
    fazer reverência por coisas do tipo.
  • Not Synced
    Algo tão pequeno e desconhecido
    num sentido inconsequente como um arranhão
  • Not Synced
    como um arranhão ou algo do tipo.
    É algo real.
  • Not Synced
    É como eu e você, uma personalidade.
    (Risos)
  • Not Synced
    Parece vazio, mas na verdade
    eu vejo significado ali.
  • Not Synced
    Sim. E eu gostaria que vocês
    também percebessem
  • Not Synced
    esse significado nas minhas pinturas.
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Title:
Rockstraw Downes em "Balance" - 6º Temporada - Arte no Século XXI" | Art21
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Video Language:
English
Team:
Art21
Project:
"Art in the Twenty-First Century" broadcast series
Duration:
17:36

Portuguese, Brazilian subtitles

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