Temperamento infantil: como começamos a nos tornar nós mesmos | David C Rettew | TEDxBurlingtonED
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0:09 - 0:14Gostaria de falar hoje sobre
como fazer crianças. -
0:14 - 0:18Não é o que vocês devem estar pensando,
esse é um programa para todas as idades. -
0:18 - 0:24Gostaria de falar sobre essas
características incríveis, adoráveis, -
0:24 - 0:28e as vezes incrivelmente irritantes
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0:28 - 0:33que chamamos de 'temperamento'
ou 'personalidade'. -
0:33 - 0:38Algumas crianças se sentem ansiosas
ou bravas rapidamente, -
0:38 - 0:42enquanto outras parecem que não se abalam.
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0:42 - 0:48Algumas crianças adoram se cercar
de barulho, de pessoas e de atividades; -
0:48 - 0:54enquanto outras preferem quietude,
talvez até solidão. -
0:54 - 0:58Algumas crianças têm as emoções
à flor da pele, -
0:58 - 1:03enquanto outras você, as vezes, não sabe
o que estão sentindo. -
1:04 - 1:07De onde vêm essas características
de temperamento? -
1:07 - 1:11E o que, se é que alguma coisa,
devemos fazer sobre isso? -
1:12 - 1:14Baseados em estudos de gêmeos, sabemos
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1:14 - 1:20que cerca de 50-60%
do temperamento da criança vêm dos genes. -
1:21 - 1:24Parece bastante. É bastante.
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1:24 - 1:29Contudo, ainda deixa bastante espaço para
outras influências. -
1:29 - 1:32Como o ambiente.
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1:32 - 1:35Por muito tempo, houve um longo debate
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1:35 - 1:41sobre se o comportamento
era inato ou adquirido. -
1:43 - 1:46Agora, para grande parte,
o debate está praticamente encerrado. -
1:46 - 1:49E eu posso dizer que a resposta
para a pergunta -
1:49 - 1:53se é inato ou adquirido é "Sim".
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1:53 - 1:55(Risos)
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1:55 - 1:58A historia não acaba ai.
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1:58 - 2:01Quando você fala com os pais,
muitos se admiram -
2:01 - 2:04como seus filhos são
incrivelmente diferentes. -
2:05 - 2:10Eles dizem: "Não entendo.
Tiveram a mesma mãe, o mesmo pai, -
2:10 - 2:14foram criados na mesma casa,
e fizeram as mesmas coisas, -
2:14 - 2:17e meus filhos não são nada iguais."
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2:17 - 2:19Muitas vezes é verdade.
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2:20 - 2:25A questão se nós realmente criamos
nossos filhos do mesmo jeito -
2:25 - 2:27é interessante.
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2:27 - 2:32Se você perguntar a maioria dos pais dirá:
"Sim, nós fizemos as mesmas coisas." -
2:32 - 2:36Se você perguntar para as crianças,
por outro lado, elas vão geralmente dizer -
2:36 - 2:39que foram criadas completamente diferente.
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2:39 - 2:44Se você fizer estudo observacionais
de pais e crianças juntas, -
2:44 - 2:46você geralmente descobre
que é algo no meio termo. -
2:47 - 2:50Mas as coisas ficam ainda mais complicadas
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2:50 - 2:52Existe um termo que os geneticistas chamam
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2:52 - 2:57"correlação evocativa gene-ambiente"
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2:57 - 2:59é uma palavra de boca cheia.
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2:59 - 3:02Significa que quando se fala do
desenvolvimento infantil -
3:02 - 3:07que é o ambiente onde a criança está,
e que não é aleatório -
3:07 - 3:09e simplesmente cai sobre ela,
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3:09 - 3:16mas está associado ou correlacionado com
comportamento geneticamente influenciado. -
3:17 - 3:20Ainda soa meio técnico, eu sei.
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3:20 - 3:25Gostaria de argumentar que esse
é um conceito muito importante e prático. -
3:25 - 3:30Para essa plateia de Vermont, pensei em
uma metáfora que pode funcionar. -
3:30 - 3:34Crianças, assim como grandes montanhas,
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3:34 - 3:38tem a habilidade de criar
seu próprio clima. -
3:40 - 3:43Pensem em uma criança que tinha
um temperamento feliz, -
3:43 - 3:45expansivo e carinhoso.
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3:45 - 3:51E pense como o universo tende a responder
a essas características. Certo? -
3:51 - 3:54Essas são crianças que fazem os pais
parecerem celebridades. -
3:56 - 3:59E a criança que é um pouco mais ansiosa?
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3:59 - 4:01Ou um pouco mais irritada?
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4:02 - 4:06Como o mundo normalmente responde a isso?
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4:07 - 4:11Geralmente com mais ansiedade,
ou mais irritabilidade. -
4:11 - 4:15E essas características podem crescer.
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4:15 - 4:20E a bola de neve começa a crescer,
e começa a ir montanha abaixo -
4:20 - 4:25e o que começa como pequenas diferenças
temperamentais podem crescer -
4:25 - 4:28e virar, as vezes, distúrbios reais.
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4:29 - 4:31O que fazemos sobre isso?
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4:32 - 4:35Podemos culpar os pais, certo?
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4:35 - 4:40A Psiquiatria fez isso por um tempo,
e não foi uma boa ideia, na minha opinião. -
4:40 - 4:43Podemos culpar as crianças,
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4:43 - 4:48e podemos focar todas nossas energias
arrumando esses comportamentos 'ruins'. -
4:48 - 4:54Ou podemos usar esse conhecimento
para tentar achar estratégias -
4:54 - 4:59que podem virar a bola de neve,
e movê-la em uma direção diferente. -
5:01 - 5:05Quando falo com pais,
a palavra que gosto de usar, -
5:05 - 5:07especialmente quando falo sobre
-
5:07 - 5:11lidar com um temperamento mais difícil
é "anular". -
5:12 - 5:14"Anular".
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5:14 - 5:20Quando a sua pequena montanha está
te provocando a ter uma tempestade, -
5:21 - 5:28essa resposta pode ser completamente
normal, completamente compreensível, -
5:28 - 5:32mas como todos sabemos,
geralmente piora as coisas. -
5:33 - 5:37Nesses momentos,
o que pode realmente ajudar, -
5:37 - 5:41é reconhecer que você está
num desses momentos de ''anular'. -
5:41 - 5:46E dar o que pode ser um passo pequeno,
mas deliberado -
5:46 - 5:48em uma direção diferente.
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5:49 - 5:52Mais fácil falar do que fazer, certo?
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5:52 - 5:57Eu sei. Já estive lá. Ainda estou lá.
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5:57 - 6:02Com prática, como qualquer coisa,
nos aprimoramos. -
6:03 - 6:08Também sei que quando falo isso,
pode parecer contrário ao que os pais -
6:08 - 6:12têm ouvido por anos e anos.
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6:12 - 6:17Um dos maiores princípios do Dr. Spock
era que deveríamos criar os filhos -
6:17 - 6:21de maneira instintual,
que seja natural para a gente. -
6:21 - 6:26Eu acho que é um bom conselho.
Não quero contrariá-lo. -
6:26 - 6:30Eu diria que as vezes,
há momentos, -
6:30 - 6:36em que a melhor resposta
pode ser a menos natural pra gente, -
6:36 - 6:39se quisermos mudar a direção das coisas.
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6:41 - 6:48Dois pesquisadores de temperamento,
Stella Chess and Alexander Thomas, -
6:48 - 6:51propuseram quase 50 anos atrás
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6:51 - 6:55que características de temperamento
não são boas nem ruins. -
6:56 - 7:00O que faz elas funcionarem,
em outras palavras, -
7:00 - 7:03o que as fazem "adaptativas",
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7:03 - 7:09é o grau de compatibilidade entre essa
característica e o ambiente. -
7:09 - 7:14Essa teoria, "Goodness of Fit"
é ainda ensinada hoje em dia. -
7:15 - 7:19Se você pensar em todas as nossas
maneiras, nossos esforços -
7:19 - 7:22para tentar melhorar essa compatibilidade,
eu acho que você pode -
7:22 - 7:24resumi-las a duas coisas.
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7:26 - 7:28Isso é verdade se estamos falando
da criação pelos pais, -
7:28 - 7:31ou sobre intervenções pela escola,
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7:31 - 7:35ou talvez sobre terapia individual.
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7:35 - 7:40Você pode tentar mudar a criança
para se encaixar no ambiente, -
7:40 - 7:44e/ou você pode tentar mudar o ambiente
para se encaixar na criança. -
7:45 - 7:48Mas devo dizer que ultimamente
tenho ficado impressionado -
7:48 - 7:50com uma terceira estratégia.
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7:50 - 7:54Que, às vezes, você pode recuar,
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7:54 - 7:57confiar no que fez até agora,
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7:57 - 8:02e deixar o temperamento da criança
interagir com o mundo do seu jeito. -
8:04 - 8:08Devo confessar que essa terceira
opção é um desafio para mim. -
8:09 - 8:14Como minha esposa diz,
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8:14 - 8:16causou alguns momentos de "anular"
em mim mesmo. -
8:16 - 8:18(Risos)
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8:18 - 8:22Falo disso porque acho que
quando falamos de criação, -
8:22 - 8:24especialmente como
um profissional de saúde mental, -
8:24 - 8:29devemos olhar para o assunto
com um grande grau de humildade. -
8:29 - 8:34Já fui para várias conferências, escutei
excelentes palestras sobre criação. -
8:34 - 8:37Saí de algumas pensando que, como pai,
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8:37 - 8:40a melhor coisa que poderia
fazer pelos meus filhos -
8:40 - 8:43era achar um jeito de fazer
o palestrante adotá-los. -
8:43 - 8:45(Risos)
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8:48 - 8:51Mas não é uma opção, não é?
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8:53 - 8:58Estamos presos aos nossos filhos,
e nossos filhos estão presos a nós. -
9:00 - 9:03Crianças não vêm com manual de instrução.
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9:05 - 9:09Eu acho que não tem problema
porque não são como um brinquedo de natal -
9:09 - 9:14que tem que ser montado
de uma forma bem precisa, -
9:14 - 9:20quando se trata de crianças, não há um só
produto final que deve ser montado. -
9:22 - 9:29Gosto de metáforas e quando tento explicar
o que é temperamento para meus alunos, -
9:29 - 9:32uma metáfora que gosto é a música.
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9:32 - 9:39Particularmente, o tom, a clave da música.
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9:41 - 9:44Porque o tom está com você,
você pode ouvi-lo, -
9:44 - 9:51mas as possibilidades de como a música
vai soar continuam infinitas. -
9:51 - 9:52Obrigado.
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9:52 - 9:54(Aplausos)
- Title:
- Temperamento infantil: como começamos a nos tornar nós mesmos | David C Rettew | TEDxBurlingtonED
- Description:
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Esta palestra foi dada num evento TEDx local, produzido independentemente das Conferências TED.
Essa palestra vai começar com uma breve descrição sobre o que é temperamento infantil e como se desenvolve com o tempo. Atenção especial vai ser dada para como o temperamento de uma criança pode extrair certas qualidades do ambiente que vão acentuar características e levá-las ao extremo. O papel dos pais vai ser discutido, incluindo problemas com tachar crianças e a importante tarefa de poder "anular" respostas naturais que as vezes não são as melhores. Finalmente, haverá uma curta investigação sobre a diferença entre temperamento e características de personalidade e disfunções ou sintomas psiquiátricos.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 10:03