Nosso sistema de refugiados está fracassando. Aqui está como podemos consertá-lo
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0:01 - 0:06Às vezes me sinto realmente
envergonhado de ser europeu. -
0:06 - 0:08No último ano,
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0:08 - 0:13mais de 1 milhão de pessoas chegaram
à Europa precisando de nossa ajuda, -
0:13 - 0:16e nossa resposta, francamente,
tem sido lamentável. -
0:17 - 0:19Existem tantas contradições.
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0:20 - 0:25Nós lamentamos a morte trágica
do menino de dois anos, Alan Kurdi, -
0:26 - 0:32mas, desde então, mais de 200 crianças
se afogaram no Mediterrâneo. -
0:34 - 0:35Temos tratados internacionais
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0:35 - 0:39que reconhecem os refugiados
como uma responsabilidade compartilhada, -
0:39 - 0:42e ainda assim aceitamos
que o pequeno Líbano -
0:42 - 0:45abrigue mais sírios
do que toda a Europa junta. -
0:46 - 0:50Lamentamos a existência
de contrabandistas de pessoas, -
0:50 - 0:54e ainda assim deixamos
que essa seja o único caminho rota viável -
0:54 - 0:56para buscar asilo na Europa.
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0:57 - 1:00Temos falta de mão de obra,
mas impedimos -
1:00 - 1:04que pessoas que se enquadram em nossas
necessidades econômicas e demográficas -
1:04 - 1:06venham para a Europa.
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1:07 - 1:10Proclamamos nossos valores liberais
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1:10 - 1:13em oposição ao islã fundamentalista,
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1:13 - 1:14mas ainda assim...
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1:16 - 1:18temos políticas repressivas
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1:18 - 1:21que detêm crianças em busca de asilo,
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1:21 - 1:24que separam crianças de suas famílias
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1:25 - 1:28e que confiscam os pertences
dos refugiados. -
1:29 - 1:31O que estamos fazendo?
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1:31 - 1:33Como a situação chegou a este ponto,
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1:33 - 1:38de adotarmos uma resposta tão desumana
para uma crise humanitária? -
1:39 - 1:42Não acredito, ou não quero acreditar,
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1:42 - 1:45que seja porque as pessoas
não se importam. -
1:45 - 1:49Acredito que seja por falta de visão
de nossos políticos -
1:49 - 1:52sobre como adaptar um sistema
internacional de refugiados, -
1:52 - 1:55criado há mais de 50 anos,
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1:55 - 1:57para um mundo globalizado
e em transformação. -
1:58 - 2:00Então quero dar um passo atrás
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2:00 - 2:04e fazer duas perguntas
realmente fundamentais, -
2:04 - 2:06as duas perguntas que todos devemos fazer.
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2:06 - 2:10Primeiro, por que o sistema atual
não está funcionando? -
2:10 - 2:13E segundo, o que podemos fazer
para consertá-lo? -
2:15 - 2:17O regime de refugiados atual
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2:17 - 2:19foi criado em consequência
da Segunda Guerra Mundial, -
2:20 - 2:22por estas pessoas.
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2:22 - 2:25O objetivo básico era garantir
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2:25 - 2:29que quando um estado falhasse, ou pior,
se virasse contra seu próprio povo, -
2:29 - 2:31as pessoas teriam para onde ir,
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2:31 - 2:35para viver com segurança e dignidade
até que pudessem voltar para casa. -
2:35 - 2:40Ele foi criado precisamente para situações
como vemos na Síria atualmente. -
2:41 - 2:46Através de uma convenção internacional
assinada por 147 governos, -
2:46 - 2:49a Convenção Relativa ao Estatuto
dos Refugiados de 1951, -
2:49 - 2:52e uma organização internacional, a UNHCR,
-
2:52 - 2:54os países se declaram
reciprocamente comprometidos -
2:54 - 2:59a admitir em seus territórios, pessoas
que fogem de conflitos e perseguições. -
3:00 - 3:02Mas hoje esse sistema está fracassando.
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3:03 - 3:06Na teoria, os refugiados
têm o direito de buscar asilo. -
3:07 - 3:11Na prática, nossas políticas de imigração
bloqueiam o caminho para a segurança. -
3:11 - 3:16Na teoria, os refugiados
têm o direito a uma via de integração, -
3:16 - 3:18ou de retorno ao país de origem.
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3:18 - 3:22Mas, na prática, eles ficam presos
em um limbo praticamente indefinido. -
3:22 - 3:26Na teoria, os refugiados são
uma responsabilidade global compartilhada. -
3:26 - 3:30Na prática, a geografia faz
com que países próximos ao conflito -
3:30 - 3:34fiquem com a maioria
esmagadora dos refugiados. -
3:35 - 3:37O sistema não está falido
devido a regras erradas. -
3:37 - 3:42Nós que não aplicamos adequadamente
as regras a um mundo em transformação, -
3:42 - 3:44e é isso que precisamos reconsiderar.
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3:44 - 3:49Quero explicar um pouco
como funciona o sistema atual. -
3:49 - 3:51Como funciona realmente
o regime de refugiados? -
3:51 - 3:54Não de uma perspectiva
institucional, de cima para baixo, -
3:54 - 3:58mas da perspectiva de um refugiado.
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3:58 - 4:01Imaginem uma mulher síria.
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4:01 - 4:02Vamos chamá-la Amira.
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4:03 - 4:05Amira, para mim, representa
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4:05 - 4:07muitas das pessoas
que tenho encontrado na região. -
4:08 - 4:11Amira, como aproximadamente
25% dos refugiados do mundo, -
4:11 - 4:13é uma mulher com filhos,
-
4:13 - 4:18e ela não pode ir para casa
porque vem desta cidade, Homs, -
4:18 - 4:22uma cidade histórica, que já foi
muito bonita, e que hoje está em ruínas. -
4:22 - 4:25Então Amira não pode voltar para lá.
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4:25 - 4:29Mas Amira não tem esperança
de ser reassentada em outro país, -
4:29 - 4:32pois isso é um bilhete de loteria,
disponível apenas -
4:32 - 4:35para menos de 1% dos refugiados do mundo.
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4:35 - 4:39Então Amira e sua família encaram
uma escolha quase impossível. -
4:39 - 4:42Eles têm três opções básicas.
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4:43 - 4:48A primeira opção é Amira levar sua família
para um campo de refugiados. -
4:49 - 4:51No campo ela pode conseguir assistência,
-
4:51 - 4:55mas lá existem poucas perspectivas
para Amira e sua família. -
4:55 - 4:59Os campos ficam em locais inóspitos,
áridos, quase sempre no deserto. -
5:00 - 5:03No campo de refugiados
de Zaatari, na Jordânia, -
5:03 - 5:07podemos ouvir os bombardeios
do outro lado da fronteira síria, à noite. -
5:09 - 5:11A atividade econômica é restrita.
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5:11 - 5:13A educação em geral é de baixa qualidade.
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5:14 - 5:15E ao redor do mundo,
-
5:15 - 5:18em torno de 80% dos refugiados
que estão nos campos -
5:18 - 5:21têm que ficar por no mínimo cinco anos.
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5:21 - 5:23É uma existência miserável,
-
5:23 - 5:25e provavelmente é por isso
que, na realidade, -
5:25 - 5:28só 9% dos sírios escolhem essa opção.
-
5:29 - 5:33Outra opção seria Amira ir
para uma área urbana -
5:33 - 5:36de algum país vizinho,
como Amã ou Beirute. -
5:37 - 5:41Em torno de 75% dos refugiados sírios
têm feito essa opção. -
5:42 - 5:45Mas lá também existem muitas dificuldades.
-
5:46 - 5:50Os refugiados nessas áreas urbanas
em geral não têm direito de trabalhar. -
5:50 - 5:53Normalmente eles não têm
acesso significativo à assistência. -
5:53 - 5:57E depois que Amira e sua família
esgotarem suas economias, -
5:57 - 5:59serão deixados com muito pouco
-
5:59 - 6:02e terão que enfrentar
o empobrecimento urbano. -
6:02 - 6:04Existe uma terceira alternativa,
-
6:05 - 6:09e esta tem sido a opção de um número
cada vez maior de sírios. -
6:10 - 6:16Amira pode buscar alguma esperança
para sua família, arriscando suas vidas -
6:16 - 6:19em uma jornada perigosa
e arriscada para outro país, -
6:19 - 6:23e é isso que estamos vendo na Europa hoje.
-
6:23 - 6:26Em todo o mundo,
apresentamos aos refugiados -
6:26 - 6:30uma escolha quase impossível
entre três opções: -
6:30 - 6:35acampamento, empobrecimento urbano,
e jornadas perigosas. -
6:36 - 6:40Para os refugiados, essa escolha
é o sistema global de refugiados hoje. -
6:41 - 6:43Mas acho que esta é uma escolha falsa.
-
6:43 - 6:45Acho que podemos
reconsiderar essas opções. -
6:45 - 6:49A razão pela qual limitamos essa escolha
-
6:50 - 6:53é porque pensamos
-
6:53 - 6:57que essas são as únicas opções
disponíveis para os refugiados, -
6:57 - 6:59e elas não são.
-
6:59 - 7:03Os políticos enquadram essa questão
como um jogo de soma zero, -
7:03 - 7:07que se beneficiarmos os refugiados
estaremos impondo custos aos cidadãos. -
7:07 - 7:09Tendemos a assumir coletivamente
-
7:09 - 7:12que os refugiados são um custo
ou um peso inevitável para a sociedade. -
7:12 - 7:15Mas eles não precisam ser.
Eles podem contribuir. -
7:15 - 7:18Então queremos argumentar
que existem formas de expandir -
7:18 - 7:21esse conjunto de escolhas
e ainda beneficiar a todos: -
7:21 - 7:23os países e comunidades anfitriões,
-
7:23 - 7:27nossas sociedades, e os refugiados.
-
7:27 - 7:29E quero sugerir quatro caminhos
-
7:29 - 7:33que podem transformar o paradigma
de como pensamos sobre os refugiados. -
7:34 - 7:36Todos eles têm algo em comum:
-
7:36 - 7:42em todos eles as oportunidades
de globalização, mobilidade e mercado, -
7:42 - 7:46atualizam a forma de pensar
a questão dos refugiados. -
7:46 - 7:50A primeira ideia que quero colocar
é a de ambientes possibilitadores, -
7:51 - 7:54e começa pelo reconhecimento muito básico
-
7:54 - 7:56de que refugiados são seres humanos
como qualquer outro, -
7:56 - 7:59apenas estão em circunstâncias
extraordinárias. -
7:59 - 8:01Junto com meus colegas de Oxford,
-
8:01 - 8:04embarcamos em um projeto
de pesquisa na Uganda, -
8:04 - 8:08observando os aspectos econômicos
da vida dos refugiados. -
8:08 - 8:12Uganda foi escolhida, não por representar
todos os países anfitriões. -
8:12 - 8:14Não representa. É excepcional.
-
8:14 - 8:18Diferente da maioria dos países anfitriões
ao redor do mundo, o que a Uganda faz -
8:18 - 8:20é dar oportunidades
econômicas aos refugiados. -
8:20 - 8:24Dar a eles o direito de trabalhar.
Dar a eles liberdade de movimento. -
8:24 - 8:27E os resultados são extraordinários,
-
8:27 - 8:30tanto para os refugiados
quanto para a comunidade anfitriã. -
8:30 - 8:32Na capital, Kampala,
-
8:32 - 8:36descobrimos que 21%
dos refugiados têm um negócio, -
8:36 - 8:38que emprega outras pessoas,
-
8:38 - 8:42e 40% desses empregados
são naturais do próprio país anfitrião. -
8:42 - 8:45Em outras palavras,
refugiados estão criando empregos -
8:45 - 8:47para cidadãos do país anfitrião.
-
8:48 - 8:51Mesmo nos campos, encontramos
exemplos extraordinários -
8:51 - 8:55de negócios vibrantes, prósperos,
e empreendedores. -
8:56 - 8:59Por exemplo, no assentamento Nakivale
-
8:59 - 9:02encontramos refugiados congoleses
-
9:02 - 9:05administrando negócios
de troca de músicas digitais. -
9:05 - 9:07Encontramos um ruandês
que administra um negócio -
9:07 - 9:11que permite que os jovens
joguem games de computador -
9:11 - 9:15em consoles e televisores reciclados.
-
9:16 - 9:19Contra todas as chances
de obstáculos extremos, -
9:19 - 9:21os refugiados estão inovando,
-
9:21 - 9:25e o cavalheiro que vocês veem aqui
é um congolês chamado Demou-Kay. -
9:25 - 9:31Ele chegou no acampamento com muito pouco,
mas queria ser um produtor de cinema. -
9:31 - 9:35Então, com amigos e colegas, ele começou
uma estação de rádio comunitária, -
9:35 - 9:38alugou uma filmadora,
e agora faz filmes. -
9:38 - 9:42Ele fez dois documentários
com e para nossa equipe, -
9:42 - 9:46e está construindo um negócio
bem-sucedido a partir de muito pouco. -
9:47 - 9:51Exemplos como esses deveriam guiar
nossa resposta aos refugiados. -
9:51 - 9:53Em vez de ver os refugiados
-
9:53 - 9:56como inevitavelmente dependentes
de assistência humanitária, -
9:56 - 10:00temos que proporcionar a eles
oportunidades para prosperarem. -
10:00 - 10:04Sim... roupas, cobertores, abrigo, comida,
-
10:04 - 10:07tudo isso é importante
na fase emergencial, -
10:07 - 10:10mas precisamos olhar além disso.
-
10:10 - 10:15Precisamos dar oportunidades
de conectividade, eletricidade, -
10:15 - 10:17educação, direito ao trabalho,
-
10:17 - 10:20acesso a capital e transações bancárias.
-
10:20 - 10:24Todas as formas garantidas que temos
de conexão à economia global -
10:24 - 10:26podem e devem se aplicar aos refugiados.
-
10:27 - 10:31A segunda ideia que quero discutir
é a de zonas econômicas. -
10:31 - 10:34Infelizmente, nem todos
os países anfitriões -
10:34 - 10:36adotam a abordagem da Uganda.
-
10:36 - 10:41A maior parte deles não abre sua economia
para os refugiados dessa forma. -
10:41 - 10:46Mas ainda existem opções pragmáticas
e alternativas que podemos usar. -
10:47 - 10:49Em abril passado, viajei para a Jordânia
-
10:49 - 10:52com meu colega Paul Collier,
economista de desenvolvimento, -
10:52 - 10:55e tivemos uma ideia, enquanto estávamos lá
-
10:55 - 10:58com a comunidade
internacional e o governo; -
10:58 - 11:00uma ideia para trazer
empregos para os sírios -
11:00 - 11:04e dar suporte à estratégia nacional
de desenvolvimento da Jordânia. -
11:04 - 11:07A ideia é de uma zona econômica,
-
11:07 - 11:09na qual potencialmente possamos integrar
-
11:09 - 11:14o emprego de refugiados e de jordanianos.
-
11:15 - 11:18E apenas 15 minutos distante
do campo de refugiados de Zaatari, -
11:18 - 11:20onde vivem 83 mil refugiados,
-
11:20 - 11:23existe uma zona econômica
-
11:23 - 11:26chamada Área de Desenvolvimento
Rei Hussein Bin Talal. -
11:26 - 11:29O governo gastou mais de US$ 100 milhões
-
11:29 - 11:33conectando essa área
à rede elétrica e viária, -
11:33 - 11:34mas faltam duas coisas:
-
11:34 - 11:37mão de obra e investimento interno.
-
11:37 - 11:41E se em vez de ficarem presos nos campos,
os refugiados pudessem trabalhar aqui, -
11:41 - 11:46sustentar suas famílias e desenvolver
habilidades com formação profissional, -
11:46 - 11:47antes de retornarem à Síria?
-
11:48 - 11:50Vimos que isso poderia
beneficiar a Jordânia, -
11:50 - 11:54cuja estratégia de desenvolvimento
requer um salto de um país de renda média -
11:54 - 11:56para um país de produção.
-
11:56 - 11:59Isso poderia beneficiar os refugiados,
mas também poderia contribuir -
11:59 - 12:02para a reconstrução da Síria pós-conflito,
-
12:02 - 12:06reconhecendo que precisamos
pensar nos refugiados como a melhor fonte -
12:06 - 12:08para um dia reconstruir a Síria.
-
12:09 - 12:12Publicamos essa ideia
no jornal "Foreign Affairs". -
12:12 - 12:14O rei Abdulah entendeu a ideia.
-
12:14 - 12:16Ela foi anunciada
na Conferência de Apoio à Síria, -
12:16 - 12:20em Londres, há duas semanas,
e um projeto-piloto vai começar no verão. -
12:20 - 12:22(Aplausos)
-
12:25 - 12:28A terceira ideia que quero colocar
-
12:28 - 12:31é a combinação de preferências
entre países e refugiados -
12:31 - 12:35para chegar a um resultado feliz
como se vê nesta "selfie" -
12:35 - 12:38da Angela Merkel e um refugiado sírio.
-
12:38 - 12:42Raramente perguntamos aos refugiados
o que eles querem, para onde querem ir. -
12:43 - 12:45Mas eu digo que podemos fazer isso,
-
12:45 - 12:48e, ainda assim, todo mundo sair ganhando.
-
12:48 - 12:52O economista Alvin Roth desenvolveu
a ideia de mercados de emparelhamento, -
12:52 - 12:57nos quais as preferências das partes
moldam uma combinação final. -
12:58 - 13:01Meus colegas Will Jones e Alex Teytelboym
-
13:01 - 13:05exploraram formas para aplicar
essa ideia a refugiados, -
13:05 - 13:08perguntando aos refugiados
sua lista de destinos preferidos, -
13:08 - 13:12mas também permitindo que os países
digam os tipos de refugiados que querem, -
13:12 - 13:15baseados em critérios
de qualificações ou idioma, -
13:15 - 13:17e permitir a formação desses pares.
-
13:17 - 13:19Claro que é preciso incorporar cotas
-
13:19 - 13:22sobre questões como diversidade
e vulnerabilidade, -
13:22 - 13:26mas é uma forma de aumentar
as possibilidades de combinação. -
13:26 - 13:28A ideia de emparelhamento
tem sido usada com sucesso -
13:28 - 13:33para compatibilizar, por exemplo,
estudantes com universidades, -
13:34 - 13:36doadores de rins com pacientes,
-
13:36 - 13:40e isso se fundamenta em algoritmos
usados em sites de relacionamento. -
13:40 - 13:43Por que não aplicá-los para dar
uma chance maior aos refugiados? -
13:43 - 13:45Isso também pode
ser usado a nível nacional, -
13:45 - 13:47onde um dos maiores
desafios enfrentados, -
13:47 - 13:51é persuadir comunidades
locais a aceitar refugiados. -
13:51 - 13:54Atualmente, no meu país, por exemplo,
-
13:54 - 13:56muitas vezas enviamos
engenheiros para áreas rurais, -
13:56 - 14:00e pessoas do campo para cidades,
o que não faz nenhum sentido. -
14:00 - 14:04Então os mercados de emparelhamento
têm potencial para unir essas preferências -
14:04 - 14:07e ouvir as necessidades e demandas
-
14:07 - 14:10da população anfitriã
e dos próprios refugiados. -
14:11 - 14:15A quarta ideia que quero colocar
é a de vistos humanitários. -
14:15 - 14:18Muitas das tragédias e do caos
que temos visto na Europa -
14:18 - 14:20seriam perfeitamente evitáveis.
-
14:20 - 14:23Eles se originam em uma
contradição fundamental -
14:23 - 14:26na política de asilo europeia,
que é a seguinte: -
14:26 - 14:30para procurar asilo na Europa,
é preciso chegar espontaneamente, -
14:30 - 14:35embarcando naquelas jornadas
perigosas que descrevi. -
14:36 - 14:38Mas por que essas jornadas
são necessárias, -
14:38 - 14:43numa época de companhias aéreas econômicas
e capacidades consulares modernas? -
14:43 - 14:45São jornadas completamente desnecessárias,
-
14:45 - 14:49e no ano passado levaram à morte
de mais de 3 mil pessoas -
14:49 - 14:52nas fronteiras da Europa
e dentro do território europeu. -
14:53 - 14:56Se os refugiados tivessem permissão
para viajar diretamente -
14:56 - 14:59e buscar asilo na Europa,
evitaríamos essas mortes, -
14:59 - 15:03e existe uma forma de fazer isso
através do visto humanitário, -
15:03 - 15:07que permite que as pessoas
recebam o visto em uma embaixada -
15:07 - 15:09ou consulado em um país vizinho
-
15:09 - 15:13e então simplesmente paguem sua viagem
de balsa ou avião para a Europa. -
15:14 - 15:16Custa em torno de mil euros
-
15:16 - 15:19para ser levado por um contrabandista
da Turquia para as ilhas gregas. -
15:19 - 15:25Custa 200 euros um voo econômico
de Bodrum para Frankfurt. -
15:25 - 15:29Se permitíssimos isso aos refugiados,
teríamos grandes vantagens. -
15:29 - 15:30Isso salvaria vidas,
-
15:31 - 15:35reduziria todo o mercado
dos contrabandistas, -
15:35 - 15:38e eliminaria o caos que vemos
nas fronteiras da Europa, -
15:38 - 15:40em áreas como as ilhas gregas.
-
15:40 - 15:44É a política que impede isso,
em vez de adotar uma solução racional. -
15:45 - 15:47E essa é uma ideia que tem sido aplicada.
-
15:47 - 15:50O Brasil adotou uma abordagem pioneira.
-
15:50 - 15:54Mais de 2 mil sírios puderam
receber vistos humanitários, -
15:54 - 15:59entrar no Brasil, e solicitar o status
de refugiados na chegada ao país. -
15:59 - 16:03Nesse modelo, cada sírio que fez isso
recebeu o status de refugiado -
16:03 - 16:06e foi reconhecido
como um verdadeiro refugiado. -
16:06 - 16:09Existe um precedente histórico
para isso, também. -
16:09 - 16:12Entre 1922 e 1942,
-
16:12 - 16:16os passaportes Nansen eram usados
como documento de viagem -
16:16 - 16:22para permitir que 450 mil assírios,
turcos e chechenos, -
16:22 - 16:23viajassem através da Europa
-
16:23 - 16:26e solicitassem o status de refugiados
em qualquer país europeu. -
16:26 - 16:29O Comitê Internacional Nansen
para os Refugiados -
16:29 - 16:31recebeu o Nobel da Paz
-
16:31 - 16:34em reconhecimento a essa estratégia.
-
16:35 - 16:38Então essas quatro ideias que apresentei
-
16:38 - 16:42são formas pelas quais podemos ampliar
o conjunto de opções de Amira. -
16:42 - 16:45São formas pelas quais podemos
ampliar as escolhas dos refugiados, -
16:45 - 16:50além das três opções básicas
e impossíveis que mostrei antes, -
16:50 - 16:53e, ainda assim, todo mundo sair ganhando.
-
16:53 - 16:56Concluindo, realmente
precisamos de uma nova visão, -
16:56 - 16:59uma visão que amplie
o leque de opções dos refugiados, -
16:59 - 17:02mas que reconheça que eles
não precisam ser um fardo. -
17:02 - 17:05Não existe nada de inevitável
quanto aos refugiados serem um custo. -
17:05 - 17:08Sim, há uma responsabilidade humanitária,
-
17:08 - 17:12mas eles são seres humanos,
com habilidades, talentos e aspirações, -
17:12 - 17:15com capacidade de contribuir,
se nós permitirmos. -
17:17 - 17:18No novo mundo,
-
17:18 - 17:21a migração não vai deixar de existir.
-
17:21 - 17:24O que vemos na Europa
continuará ocorrendo por muitos anos. -
17:24 - 17:27As pessoas continuarão a viajar,
continuarão a ser exiladas, -
17:27 - 17:31e precisamos encontrar formas
racionais e realistas de gerenciar isso, -
17:31 - 17:34não baseadas na velha lógica
da assistência humanitária, -
17:34 - 17:36não baseadas na lógica da caridade,
-
17:36 - 17:38mas baseadas nas oportunidades
-
17:38 - 17:41oferecidas pela globalização,
mercados e mobilidade. -
17:41 - 17:43Eu encorajo todos vocês a despertarem
-
17:43 - 17:46e obrigarem nossos políticos
a tomar consciência desse desafio. -
17:46 - 17:48Muito obrigado.
-
17:48 - 17:50(Aplausos)
- Title:
- Nosso sistema de refugiados está fracassando. Aqui está como podemos consertá-lo
- Speaker:
- Alexander Betts
- Description:
-
Um milhão de refugiados chegaram na Europa este ano, diz Alexander Betts, e "nossa resposta, francamente, tem sido lamentável". Betts estuda a migração forçada, a escolha impossível das famílias entre campos de refugiados, a pobreza urbana e jornadas perigosas e ilegais para a segurança. Nesta palestra perspicaz, ele apresenta quatro alternativas para mudar a forma como tratamos os refugiados, de modo que eles possam dar uma contribuição imediata para seus novos lares. "Não existe nada de inevitável sobre os refugiados serem um custo", diz Betts. "Eles são seres humanos com habilidades, talentos e aspirações, com a capacidade de contribuir, se nós deixarmos."
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 18:09
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Maricene Crus approved Portuguese, Brazilian subtitles for Our refugee system is failing. Here's how we can fix it | |
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