O que acontece quando temos uma doença que os médicos não sabem diagnosticar
-
0:06 - 0:07Olá.
-
0:08 - 0:09Obrigada.
-
0:09 - 0:11[Jennifer Brea é sensível aos sons.
-
0:11 - 0:14[Pediu-se ao público que aplauda
em silêncio, em linguagem gestual.] -
0:15 - 0:17Há cinco anos, eu era assim.
-
0:18 - 0:20Estava a fazer o doutoramento em Harvard
-
0:20 - 0:22e adorava viajar.
-
0:22 - 0:26Acabara de ficar noiva
e ia casar com o amor da minha vida. -
0:28 - 0:31Tinha 28 anos e, como muita gente,
quando estamos de boa saúde, -
0:31 - 0:33sentia-me invencível.
-
0:34 - 0:38Um dia, comecei
com uma febre de mais de 40º. -
0:39 - 0:41Provavelmente, devia ter ido ao médico,
-
0:41 - 0:43mas nunca tinha estado doente
na minha vida, -
0:43 - 0:46e sabia que, normalmente,
se temos um vírus, -
0:46 - 0:49ficamos em casa, fazemos
uma canja de galinha, -
0:49 - 0:51e, em poucos dias,
tudo voltará a ficar bem. -
0:52 - 0:54Mas desta vez, não foi assim.
-
0:56 - 0:57Depois de aparecer a febre,
-
0:57 - 1:01estive tão tonta durante três semanas
que não podia sair de casa. -
1:01 - 1:04Esbarrava nas ombreiras das portas.
-
1:04 - 1:07Tinha que me agarrar às paredes
para chegar à casa de banho. -
1:09 - 1:11Naquela primavera,
tive infeções e mais infeções -
1:12 - 1:14e, sempre que ia ao médico,
-
1:14 - 1:17ele dizia que eu não tinha
absolutamente nada. -
1:18 - 1:19Fazia análises
-
1:19 - 1:21que davam sempre resultados normais.
-
1:22 - 1:24A única coisa que tinha
eram aqueles sintomas -
1:24 - 1:26que eu descrevia,
-
1:26 - 1:28mas ninguém conseguia ver.
-
1:29 - 1:31Sei que parece idiota,
-
1:31 - 1:34mas precisamos de encontrar
uma explicação para estas coisas, -
1:34 - 1:38por isso, pensei que talvez
fosse só porque estava a envelhecer. -
1:38 - 1:42Talvez isso fosse normal
por já ter passado os 25 anos. -
1:42 - 1:44(Risos)
-
1:45 - 1:47Então, começaram os sintomas neurológicos.
-
1:48 - 1:51Por vezes, reparava que não conseguia
desenhar o lado direito de um círculo. -
1:52 - 1:56Outras vezes, não conseguia
falar nem sequer me mexer. -
1:58 - 2:00Fui a todos os tipos de especialistas:
-
2:00 - 2:03médicos de doenças infecciosas,
dermatologistas, endocrinologistas, -
2:03 - 2:05cardiologistas.
-
2:05 - 2:08Até consultei um psiquiatra.
-
2:08 - 2:09O psiquiatra disse-me:
-
2:09 - 2:13"É óbvio que você está muito doente,
mas não tem nada do foro psiquiátrico. -
2:14 - 2:17"Espero que descubram
o que se passa consigo". -
2:18 - 2:22No dia seguinte, o meu neurologista
disse-me que era psicossomático. -
2:23 - 2:25Disse-me que todas aquelas coisas
-
2:25 - 2:28— as febres, as dores de garganta,
as sinusites, -
2:29 - 2:32todos os sintomas gastrointestinais,
neurológicos e cardíacos — -
2:33 - 2:36estavam a ser causados
por qualquer trauma emocional longínquo -
2:36 - 2:38de que eu não me lembrava.
-
2:38 - 2:40Disse que os sintomas eram reais,
-
2:41 - 2:43mas não tinham qualquer causa biológica.
-
2:45 - 2:47Eu estava a estudar para ser socióloga.
-
2:47 - 2:50Tinha estudado estatística,
teoria das probabilidades, -
2:50 - 2:54modelos matemáticos,
"design" experimental. -
2:55 - 2:59Sentia que não podia rejeitar
o diagnóstico do meu neurologista. -
3:00 - 3:01Não me parecia que fosse verdade,
-
3:01 - 3:05mas eu sabia, pelos meus estudos,
que a verdade pode ser contraintuitiva, -
3:05 - 3:09tão facilmente obscurecida
por aquilo em que queremos acreditar. -
3:09 - 3:12Por isso, tinha que encarar
a possibilidade de ele ter razão. -
3:14 - 3:16Naquele dia, fiz uma pequena experiência.
-
3:17 - 3:20Percorri a pé os três quilómetros
do consultório do neurologista até casa, -
3:21 - 3:25as minhas pernas envolvidas numa dor
estranha, quase elétrica. -
3:26 - 3:28Meditei sobre aquela dor,
-
3:28 - 3:32refletindo como é que o meu espírito
podia gerar tudo aquilo. -
3:33 - 3:35Logo que passei a porta da rua,
-
3:35 - 3:37fui ao chão.
-
3:37 - 3:40Sentia o cérebro
e a coluna vertebral a arder. -
3:41 - 3:43O meu pescoço estava tão rígido
-
3:43 - 3:45que não conseguia tocar
com o queixo no peito, -
3:45 - 3:48e o mais pequeno som
— o roçar dos lençóis, -
3:49 - 3:52o meu marido a andar descalço
no quarto ao lado — -
3:52 - 3:54causavam-me uma dor terrível.
-
3:55 - 3:58Passei na cama a maior parte
dos dois anos seguintes. -
3:59 - 4:02Como é que o meu médico
se tinha enganado de tal maneira? -
4:03 - 4:05Eu pensava que tinha uma doença rara,
-
4:05 - 4:07uma coisa que os médicos
nunca tinham visto. -
4:08 - 4:09Depois, fui à Internet
-
4:09 - 4:12e encontrei milhares de pessoas
pelo mundo inteiro -
4:12 - 4:14que viviam com os mesmos sintomas,
-
4:14 - 4:16igualmente isoladas,
-
4:16 - 4:18igualmente incompreendidas.
-
4:18 - 4:19Algumas ainda podiam trabalhar,
-
4:19 - 4:22mas tinham que passar as tardes
e os fins de semana na cama -
4:22 - 4:25para que voltassem ao trabalho
na outra segunda-feira. -
4:25 - 4:26Do outro lado do espetro,
-
4:26 - 4:28algumas estavam tão doentes
-
4:28 - 4:31que tinham que viver
numa escuridão completa, -
4:31 - 4:34incapazes de suportar
o som de uma voz humana -
4:34 - 4:36ou o toque de uma pessoa amada.
-
4:37 - 4:41Diagnosticaram-me
uma encefalomielite miálgica. -
4:43 - 4:46Provavelmente já lhe ouviram chamar
"síndrome da fadiga crónica". -
4:47 - 4:49Durante décadas, foi esse o nome
-
4:49 - 4:53que significava que isto
era a imagem dominante -
4:53 - 4:56de uma doença que pode ser
tão grave como isto. -
4:57 - 5:00O sintoma principal
que todos temos em comum -
5:00 - 5:03é que, quando nos esforçamos
— física ou mentalmente — -
5:03 - 5:05pagamos, e pagamos caro.
-
5:06 - 5:09Se o meu marido for correr,
pode ficar dorido durante uns dias. -
5:10 - 5:13Eu, se tentar andar meio quarteirão,
posso ficar de cama durante uma semana. -
5:13 - 5:16É uma verdadeira prisão.
-
5:16 - 5:19Conheço bailarinos que não podem dançar,
-
5:19 - 5:21contabilistas que não podem fazer contas,
-
5:21 - 5:24estudantes de medicina
que nunca se tornaram médicos. -
5:24 - 5:27Não interessa o que fomos outrora,
-
5:27 - 5:29nunca mais voltaremos a ser os mesmos.
-
5:29 - 5:31Já se passaram quatro anos,
-
5:31 - 5:34e nunca voltei a estar
tão bem como estava -
5:34 - 5:38na altura em que saí do consultório
do neurologista e fui para casa. -
5:38 - 5:42Calcula-se que cerca de 15 a 30 milhões
de pessoas, em todo o mundo, -
5:42 - 5:43sofrem desta doença.
-
5:44 - 5:47Nos EUA, de onde eu sou,
são cerca de meio milhão de pessoas, -
5:47 - 5:51praticamente o dobro
da esclerose múltipla. -
5:52 - 5:55Os doentes podem viver décadas
com a função física -
5:55 - 5:58de alguém com insuficiência
cardíaca congestiva. -
5:57 - 6:01Un 25% de nós não saem
de casa ou estão acamados, -
6:01 - 6:05e 75% a 80% não trabalham,
nem sequer a tempo parcial. -
6:05 - 6:08Mas os médicos não nos tratam
-
6:08 - 6:10e a ciência não nos estuda.
-
6:11 - 6:15Como é que uma doença
tão vulgar e tão devastadora -
6:15 - 6:17tem sido esquecida pela medicina?
-
6:19 - 6:22Quando o meu médico
me classificou de psicossomática, -
6:22 - 6:24estava a reproduzir
uma série de ideias feitas -
6:24 - 6:25sobre o corpo das mulheres
-
6:25 - 6:28com mais de 2500 anos de idade.
-
6:27 - 6:30O físico romano Galeno pensava
-
6:30 - 6:32que a histeria era provocada
pela privação sexual -
6:32 - 6:34em mulheres particularmente apaixonadas.
-
6:35 - 6:38Os gregos pensavam que o útero
secava, literalmente, -
6:38 - 6:40e percorria o corpo
à procura de humidade, -
6:40 - 6:42pressionando os órgãos internos
-
6:42 - 6:43— sim —
-
6:45 - 6:46provocando sintomas,
-
6:46 - 6:50desde emoções extremas
a tonturas e paralisia. -
6:51 - 6:54A cura era o casamento e a maternidade.
-
6:55 - 7:00Estas ideias mantiveram-se inalteradas
durante milénios até à década de 1880, -
7:00 - 7:03quando os neurologistas tentaram
modernizar a teoria da histeria. -
7:04 - 7:06Sigmund Freud desenvolveu uma teoria
-
7:06 - 7:08de que o inconsciente podia
produzir sintomas físicos -
7:08 - 7:10quando lidava com recordações ou emoções
-
7:10 - 7:13demasiado dolorosas
para o consciente gerir. -
7:13 - 7:16Convertia essas emoções
em sintomas físicos. -
7:17 - 7:20Portanto, os homens
também podiam ter histeria, -
7:20 - 7:23mas, claro, as mulheres continuavam
a ser mais suscetíveis. -
7:23 - 7:27Quando comecei a investigar
a história da minha doença, -
7:27 - 7:31fiquei espantada por descobrir
que essas ideias ainda estão enraizadas. -
7:31 - 7:32Em 1934,
-
7:32 - 7:37no Hospital de Los Angeles,
198 médicos, enfermeiras e pessoal, -
7:37 - 7:39ficaram gravemente doentes.
-
7:39 - 7:43Tinham fraqueza muscular,
rigidez no pescoço e nas costas, febres -
7:43 - 7:47— todos os mesmos sintomas que eu
quando me fizeram o primeiro diagnóstico. -
7:47 - 7:50Os médicos pensaram
que era uma nova forma de poliomielite. -
7:50 - 7:53Desde então, tem havido mais de
70 surtos documentados -
7:53 - 7:54em todo o mundo,
-
7:54 - 7:57de uma doença pós-infecciosa
espantosamente semelhante. -
7:57 - 8:01Todos esses surtos afetaram
sobretudo as mulheres -
8:01 - 8:06e, na época, como os médicos não
conseguiam encontrar a causa da doença, -
8:06 - 8:09pensaram que esses surtos
eram histeria de massa. -
8:09 - 8:12Porque é que esta ideia
tem tanto poder de permanência? -
8:14 - 8:15Penso que tem a ver com o machismo.
-
8:15 - 8:19mas penso que, fundamentalmente,
os médicos querem ajudar. -
8:19 - 8:21Querem saber a resposta,
-
8:21 - 8:23e esta categoria permite
que os médicos tratem -
8:23 - 8:26o que, de outro modo, seria intratável,
-
8:26 - 8:29que expliquem doenças
que não têm explicação. -
8:29 - 8:32O problema é que isso
pode provocar graves prejuízos. -
8:32 - 8:37Nos anos 50, um psiquiatra
chamado Eliot Slater -
8:37 - 8:40estudou um grupo de 85 doentes
diagnosticados com histeria. -
8:41 - 8:45Nove anos depois, 12 deles tinham morrido
e 30 encontravam-se incapacitados. -
8:45 - 8:48Muitos tinham doenças não diagnosticadas
como esclerose múltipla, -
8:48 - 8:51epilepsia, tumores cerebrais.
-
8:51 - 8:55Em 1980, a histeria foi oficialmente
batizada de "transtorno de conversão". -
8:56 - 8:59Quando o meu neurologista
me fez esse diagnóstico em 2012, -
8:59 - 9:02estava a repetir integralmente
as palavras de Freud. -
9:02 - 9:03E ainda hoje,
-
9:03 - 9:07as mulheres recebem este diagnóstico
duas a dez vezes mais. -
9:08 - 9:13O problema com a teoria da histeria,
ou doença psicogénica, -
9:13 - 9:15é que nunca pode ser comprovada.
-
9:15 - 9:17Ela é, por definição,
a ausência de provas, -
9:18 - 9:20e, no caso da encefalomielite
miálgica [ME], -
9:20 - 9:24as explicações psicológicas
têm afastado a investigação biológica. -
9:24 - 9:27Por todo o mundo, a ME
é uma das doenças menos financiadas. -
9:27 - 9:34Nos EUA, gastamos por ano,
uns 2500 dólares por doente com SIDA, -
9:35 - 9:38250 dólares por doente
com esclerose múltipla -
9:38 - 9:42e apenas 5 dólares por ano,
por doente com encefalomielite miálgica. -
9:42 - 9:44Isto não foi só esclarecedor.
-
9:44 - 9:46Eu não tinha tido só pouca sorte.
-
9:46 - 9:50A ignorância em torno da minha doença
tem sido uma escolha, -
9:50 - 9:54uma escolha feita pelas instituições
que supostamente deviam proteger-nos. -
9:56 - 9:59Não sabemos porque é que a ME,
por vezes, incide nas famílias, -
9:59 - 10:01porque é que a podemos apanhar
depois de qualquer infeção, -
10:01 - 10:05desde os enterovírus
até ao vírus Epstein-Barr ou a febre Q. -
10:05 - 10:09ou porque é que afeta as mulheres
duas a três vezes mais que os homens. -
10:09 - 10:12Este problema é muito maior
do que só a minha doença. -
10:12 - 10:14A princípio, quando adoeci,
-
10:14 - 10:16começaram a aparecer velhas amigas.
-
10:16 - 10:19Depressa me encontrei num grupo
de mulheres com vinte e muitos anos, -
10:19 - 10:22cujos corpos estavam a entrar em colapso.
-
10:22 - 10:25O que foi chocante foi
a dificuldade que estávamos a ter -
10:25 - 10:26para sermos levadas a sério.
-
10:27 - 10:29Uma mulher com esclerodermia,
-
10:29 - 10:31uma doença autoimune
do tecido conjuntivo, -
10:31 - 10:34disse-me que lhe diziam há anos
que estava tudo na cabeça dela. -
10:34 - 10:36No período entre o início e o diagnóstico,
-
10:36 - 10:39o esófago dela ficou tão danificado
-
10:39 - 10:41que ela nunca mais pôde comer.
-
10:41 - 10:43Outra mulher com cancro do ovário,
-
10:43 - 10:47a quem, durante anos, disseram
que era apenas uma menopausa precoce. -
10:47 - 10:49Uma amiga da faculdade,
-
10:49 - 10:52cujo tumor cerebral
foi diagnosticado durante anos, -
10:52 - 10:54erradamente, como ansiedade.
-
10:54 - 10:56É por isso que me preocupo:
-
10:57 - 11:01desde os anos 50, as taxas de incidência
de muitas doenças autoimunes -
11:01 - 11:03duplicaram e triplicaram.
-
11:03 - 11:0645% dos doentes, a quem
acabaram por diagnosticar -
11:06 - 11:08uma reconhecida doença autoimmune,
-
11:08 - 11:11tinham sido classificados
inicialmente como hipocondríacos. -
11:11 - 11:14Tal como a histeria da antiguidade,
isto tem tudo a ver com o sexo, -
11:14 - 11:16e com as histórias em que acreditamos.
-
11:17 - 11:2175% dos doentes de doenças autoimunes
são mulheres, -
11:21 - 11:24e, nalgumas doenças,
a percentagem sobe até aos 90%. -
11:25 - 11:28Apesar de estas doenças afetarem
desproporcionalmente as mulheres, -
11:28 - 11:30não são doenças de mulher.
-
11:30 - 11:33A ME afeta crianças
e a ME afeta milhões de homens. -
11:33 - 11:35E, como uma doente me disse,
-
11:35 - 11:37isto afeta os dois lados
-
11:37 - 11:40— se for uma mulher, dizem-lhe
que está a exagerar os sintomas, -
11:40 - 11:44mas se for um homem, dizem-lhe
para ser forte, para aguentar. -
11:45 - 11:49Muitos homens até podem ter
mais dificuldade em ser diagnosticados. -
11:57 - 12:00O meu cérebro já não é
o que costumava ser. -
12:14 - 12:15A parte boa é esta:
-
12:17 - 12:19apesar de tudo, ainda tenho esperança.
-
12:20 - 12:24Tantas doenças foram outrora
consideradas como psicológicas, -
12:24 - 12:27até que a ciência descobriu
os seus mecanismos biológicos. -
12:27 - 12:31Os doentes com epilepsia
podiam ser internados à força -
12:31 - 12:35até que o EEG conseguiu medir
a atividade elétrica anormal no cérebro. -
12:36 - 12:40A esclerose múltipla podia ser
confundida com paralisia histérica -
12:40 - 12:43até que as TAC e a RM
descobriram lesões cerebrais. -
12:44 - 12:45Recentemente, julgávamos
-
12:45 - 12:48que as úlceras do estômago
eram causadas pelo "stress", -
12:48 - 12:52até que descobrimos
que o culpado era a bactéria H. pylori. -
12:53 - 12:56A ME nunca beneficiou
do tipo de ciência -
12:56 - 12:58que outras doenças tiveram,
-
12:58 - 13:00mas as coisas estão a mudar.
-
13:01 - 13:04Na Alemanha, os cientistas começam
a encontrar provas de autoimunidade -
13:04 - 13:07e no Japão, de inflamação cerebral.
-
13:07 - 13:10Nos EUA, cientistas em Stanford
estão a encontrar anomalias -
13:10 - 13:12no metabolismo da energia
-
13:12 - 13:16que estão a 16 desvios padrão do normal.
-
13:17 - 13:21Na Noruega, os investigadores
estão a realizar um teste clínico de fase 3 -
13:21 - 13:25com uma droga para o cancro que,
nalguns doentes, causa uma remissão total. -
13:26 - 13:28O que também me dá esperança
-
13:28 - 13:30é a resistência dos doentes.
-
13:32 - 13:34Juntámo-nos na Internet,
-
13:34 - 13:36e partilhámos as nossas histórias.
-
13:37 - 13:40Devorámos toda a
investigação que havia. -
13:41 - 13:43Realizámos experiências em nós próprios.
-
13:43 - 13:46Tornámo-nos nos nossos cientistas
e nos nossos médicos -
13:46 - 13:48porque tivemos que ser.
-
13:48 - 13:52Lentamente, somei 5% aqui, 5% ali,
-
13:52 - 13:54até que, num dia bom,
-
13:54 - 13:56consegui sair de casa.
-
13:58 - 14:00Ainda tenho que fazer escolhas ridículas:
-
14:01 - 14:04Vou sentar-me no jardim 15 minutos
ou vou lavar hoje o cabelo? -
14:05 - 14:08Mas deu-me esperança
de que posso vir a ser tratada. -
14:08 - 14:10Tive um corpo doente; foi tudo.
-
14:11 - 14:15Com o tipo correto de ajuda,
talvez um dia possa melhorar. -
14:16 - 14:19Juntei-me a doentes de todo o mundo,
-
14:19 - 14:21e começámos a lutar.
-
14:22 - 14:25Enchemos o vazio
com uma coisa maravilhosa, -
14:26 - 14:27mas isso não chega.
-
14:29 - 14:33Ainda não sei se um dia
conseguirei voltar a correr, -
14:33 - 14:35ou caminhar um bocado,
-
14:35 - 14:39ou fazer qualquer das coisas cinéticas
que agora só faço nos meus sonhos. -
14:39 - 14:42Mas sinto-me grata
por ter chegado tão longe. -
14:44 - 14:46O progresso é lento,
-
14:46 - 14:47tem altos
-
14:47 - 14:49e tem baixos,
-
14:49 - 14:53mas estou a melhorar um pouco
a cada dia que passa. -
14:54 - 14:59Lembro-me como era
quando estava presa no meu quarto, -
14:59 - 15:02quando se passaram meses
sem ter visto o sol. -
15:03 - 15:05Pensava que ia morrer ali.
-
15:07 - 15:09Mas aqui estou hoje,
-
15:09 - 15:11com vocês.
-
15:12 - 15:14E isso é um milagre.
-
15:17 - 15:20Não sei o que teria acontecido
se eu não fosse uma das felizes, -
15:20 - 15:23se eu tivesse adoecido antes da Internet,
-
15:23 - 15:25se eu não tivesse encontrado
a minha comunidade. -
15:26 - 15:29Provavelmente já me teria suicidado,
-
15:29 - 15:31como tantos outros fizeram.
-
15:32 - 15:36Quantas vidas podíamos ter salvado,
há décadas, -
15:36 - 15:38se tivéssemos feito as perguntas devidas?
-
15:39 - 15:41Quantas vidas podemos salvar hoje
-
15:42 - 15:44se decidirmos fazer um verdadeiro começo?
-
15:45 - 15:48Mesmo que seja descoberta
a verdadeira causa da minha doença, -
15:49 - 15:52se não mudarmos as nossas
instituições e a nossa cultura, -
15:52 - 15:56voltaremos a fazer o mesmo
a outra doença qualquer. -
15:56 - 15:58Viver com esta doença ensinou-me
-
15:58 - 16:01que a ciência e a medicina
são ações profundamente humanas. -
16:01 - 16:04Médicos, cientistas e políticos,
-
16:04 - 16:07não estão imunes aos mesmos preconceitos
-
16:08 - 16:09que nos afetam a todos.
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16:11 - 16:15Precisamos de pensar de forma
mais flexível na saúde das mulheres. -
16:15 - 16:19O nosso sistema humanitário
é um campo de batalha pela igualdade -
16:19 - 16:21tal como o resto do nosso corpo.
-
16:21 - 16:24Precisamos de escutar
as histórias das doentes, -
16:25 - 16:27e precisamos de estar dispostas
a dizer: "Não sei". -
16:28 - 16:30"Não sei" é uma coisa linda.
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16:31 - 16:34"Não sei" é quando começa a descoberta.
-
16:35 - 16:37E se pudermos fazer isso,
-
16:37 - 16:41se pudermos aproximar-nos
da imensidão de tudo o que não sabemos, -
16:41 - 16:43em vez de recearmos a incerteza,
-
16:43 - 16:46talvez a saudemos
com um sentimento de maravilha. -
16:46 - 16:48Obrigada.
- Title:
- O que acontece quando temos uma doença que os médicos não sabem diagnosticar
- Speaker:
- Jen Brea
- Description:
-
Há cinco anos, a TED Fellow Jen Brea adoeceu progressivamente com encefalomielite miálgica, habitualmente conhecida por síndrome de fadiga crónica, uma doença debilitante que afeta gravemente as atividades normais e, nos piores dias, até torna insuportável o ruído do roçar dos lençóis. Nesta palestra comovente, Brea descreve os obstáculos que encontrou ao procurar tratamento para a sua doença, que provoca efeitos físicos que não compreendemos, assim como a sua missão de documentar, através do filme, a vida de doentes que a medicina tem dificuldade em tratar.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 17:43
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Margarida Ferreira approved Portuguese subtitles for What happens when you have a disease doctors can't diagnose | |
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Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for What happens when you have a disease doctors can't diagnose | |
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