O que acontece quando temos uma doença que os médicos não conseguem diagnosticar
-
0:05 - 0:06Olá!
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0:08 - 0:09Obrigada.
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0:09 - 0:12[Como Jennifer Brea é sensível a sons,
pediu-se à plateia para aplaudir -
0:12 - 0:14na língua de sinais, em silêncio.]
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0:14 - 0:17Bem, cinco anos atrás, esta era eu.
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0:18 - 0:20Eu fazia doutorado em Harvard,
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0:20 - 0:22e adorava viajar.
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0:22 - 0:26Tinha acabado de ficar noiva,
para me casar com o amor da minha vida. -
0:27 - 0:31Tinha 28 anos e, como muitos de nós
quando temos uma saúde boa, -
0:31 - 0:33me sentia invencível.
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0:34 - 0:38Um belo dia, tive uma febre de 40°C.
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0:39 - 0:41Eu devia ter ido ao médico,
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0:41 - 0:43mas como nunca fiquei
doente de verdade na vida, -
0:43 - 0:46sabia que, caso fosse um vírus,
-
0:46 - 0:49se ficasse em casa
e tomasse uma sopa de frango, -
0:49 - 0:51em poucos dias tudo voltaria ao normal.
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0:52 - 0:54Mas dessa vez não voltou.
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0:56 - 0:57Depois que a febre começou,
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0:57 - 1:01fiquei tão tonta durante três semanas
que nem consegui sair de casa. -
1:01 - 1:04Ia direto para os batentes das portas.
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1:04 - 1:07Para chegar ao banheiro,
tinha de abraçar os batentes. -
1:09 - 1:11Naquela primavera, peguei
uma infecção atrás da outra -
1:12 - 1:14e, todas as vezes que ia ao médico,
-
1:14 - 1:16ele dizia que não havia nada de errado.
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1:18 - 1:19Ele pedia exames de laboratório,
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1:19 - 1:21e eles sempre davam normais.
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1:22 - 1:24Tudo o que eu tinha eram meus sintomas,
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1:24 - 1:26os quais eu conseguia descrever,
-
1:26 - 1:28mas ninguém mais conseguia ver.
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1:29 - 1:31Sei que parece bobagem,
-
1:31 - 1:34mas precisamos achar
uma explicação para as coisas, -
1:34 - 1:38então eu achava que talvez
estivesse ficando velha. -
1:38 - 1:42Que devia ser assim mesmo
quando a gente passava dos 25 anos. -
1:42 - 1:44(Risos)
-
1:45 - 1:47Então, os sintomas neurológicos começaram.
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1:48 - 1:51Às vezes eu descobria que não conseguia
desenhar o lado direito de um círculo. -
1:52 - 1:56Outras vezes, não conseguia falar
ou me mexer de jeito nenhum. -
1:58 - 2:00Fui a todo tipo de especialista:
-
2:00 - 2:03infectologistas, dermatologistas,
endocrinologistas, -
2:03 - 2:04cardiologistas.
-
2:05 - 2:07Cheguei a ir a um psiquiatra.
-
2:08 - 2:11O psiquiatra falou: "Está claro
que você está muito doente, -
2:11 - 2:13mas nada relacionado à psiquiatria.
-
2:14 - 2:17Espero que descubram
o que há de errado com você." -
2:18 - 2:22No dia seguinte, o neurologista me
diagnosticou com transtorno de conversão. -
2:23 - 2:25Ele me disse que aquilo tudo,
-
2:25 - 2:28as febres, a garganta
inflamada, a sinusite, -
2:29 - 2:32todos os sintomas gastrointestinais,
neurológicos e cardíacos, -
2:33 - 2:35estavam sendo causados
por algum trauma emocional distante -
2:35 - 2:37do qual eu não conseguia me lembrar.
-
2:38 - 2:40Os sintomas eram reais, ele falou,
-
2:41 - 2:43mas não tinham causa biológica.
-
2:45 - 2:47Eu estudava ciências sociais.
-
2:47 - 2:50Tinha estudado estatística,
teoria da probabilidade, -
2:50 - 2:53modelagem matemática, design experimental.
-
2:55 - 2:59Eu achava que não podia simplesmente
rejeitar o diagnóstico do neurologista. -
3:00 - 3:01Apesar de não me parecer correto,
-
3:01 - 3:05eu sabia, dos meus estudos,
que a verdade é sempre contraintuitiva, -
3:05 - 3:08facilmente ofuscada por aquilo
em que queremos acreditar. -
3:08 - 3:11Então, tive de considerar
a possibilidade de ele estar certo. -
3:14 - 3:16Naquele dia, fiz um pequeno experimento.
-
3:17 - 3:20Andei 3,5 km do consultório
do meu neurologista até em casa, -
3:21 - 3:25minhas pernas tomadas
por uma dor estranha, quase elétrica. -
3:26 - 3:28Meditei sobre aquela dor,
-
3:28 - 3:32contemplando como minha mente
poderia ter gerado aquilo. -
3:33 - 3:35Tão logo passei pela porta,
-
3:35 - 3:36desmontei.
-
3:37 - 3:40Meu cérebro e minha espinha
estavam queimando. -
3:41 - 3:44Meu pescoço estava tão duro que eu não
conseguia tocar o peito com o queixo, -
3:45 - 3:47e o menor som,
-
3:47 - 3:49o roçar dos lençóis
-
3:49 - 3:51ou meu marido andando descalço
no quarto ao lado, -
3:52 - 3:54podiam causar dor excruciante.
-
3:56 - 3:59Acabei passando grande parte
dos dois anos seguintes de cama. -
3:59 - 4:02Como meu médico poderia
ter se enganado tanto? -
4:03 - 4:05Pensei que tivesse uma doença rara,
-
4:05 - 4:07algo que os médicos nunca tivessem visto.
-
4:08 - 4:09Aí, fui para a internet
-
4:09 - 4:12e descobri milhares de pessoas no mundo
-
4:12 - 4:14vivendo com os mesmos sintomas,
-
4:14 - 4:16tão isoladas
-
4:16 - 4:17e desacreditadas quanto eu.
-
4:18 - 4:22Algumas conseguiam trabalhar, mas passavam
as noites e finais de semana de cama -
4:22 - 4:24para conseguirem trabalhar
na segunda-feira seguinte. -
4:24 - 4:26No outro extremo do espectro,
-
4:26 - 4:28alguns estavam tão mal
-
4:28 - 4:31que tinham de viver na completa escuridão,
-
4:31 - 4:34incapazes de tolerar o som da voz humana
-
4:34 - 4:36ou o toque da pessoa amada.
-
4:37 - 4:41Fui diagnosticada
com encefalomielite miálgica, EM. -
4:43 - 4:46Provavelmente já ouviram falar dela
como Síndrome da Fadiga Crônica. -
4:47 - 4:49Por décadas, foi um nome
-
4:49 - 4:51que significou que isto aqui
-
4:52 - 4:56era a imagem dominante
de uma doença que pode ser séria assim. -
4:57 - 4:59O principal sintoma em comum
-
4:59 - 5:03é que, sempre que ficamos exaustos,
física ou mentalmente, -
5:03 - 5:05pagamos, e pagamos caro.
-
5:06 - 5:09Se meu marido sair para correr,
ele pode ficar dolorido por uns dias. -
5:09 - 5:13Se eu tentar andar um quarteirão,
talvez fique uma semana de cama. -
5:13 - 5:16É uma prisão personalizada perfeita.
-
5:16 - 5:19Conheço bailarinas
que não conseguem dançar, -
5:19 - 5:21contadores que não conseguem somar,
-
5:21 - 5:24estudantes de medicina
que nunca se tornaram médicos. -
5:24 - 5:27Não importa o que a gente fazia antes,
-
5:27 - 5:29não conseguimos mais.
-
5:29 - 5:31Já se passaram quatro anos,
-
5:31 - 5:34e nunca mais me senti bem como me sentia
-
5:34 - 5:37no minuto anterior que saí do consultório
do meu neurologista para casa. -
5:39 - 5:42Estima-se que cerca de 15 milhões
a 30 milhões de pessoas no mundo -
5:42 - 5:43tenham essa doença.
-
5:44 - 5:47Nos EUA, onde vivo,
são cerca de um milhão de pessoas. -
5:47 - 5:51Ela é quase duas vezes tão comum
quanto a esclerose múltipla. -
5:52 - 5:55Pacientes podem viver
por décadas com sintomas -
5:55 - 5:57de alguém com insuficiência
cardíaca congestiva. -
5:57 - 6:00E 25% de nós estamos presos
em casa ou a uma cama, -
6:01 - 6:05e 75% a 85% de nós não conseguimos
trabalhar nem meio horário. -
6:05 - 6:08No entanto, os médicos não nos tratam,
-
6:08 - 6:10e a ciência não nos estuda.
-
6:11 - 6:15Como pode uma doença
tão comum e tão devastadora -
6:15 - 6:17ter sido esquecida pela medicina?
-
6:19 - 6:22Quando meu médico me diagnosticou
com transtorno de conversão, -
6:22 - 6:26ele estava invocando ideias com mais
de 2,5 mil anos sobre o corpo feminino. -
6:27 - 6:29O médico romano Galeno pensava
-
6:29 - 6:32que a histeria era causada
pela abstinência sexual -
6:32 - 6:34em mulheres particularmente fogosas.
-
6:35 - 6:38Os gregos achavam que o útero
literalmente secaria -
6:38 - 6:40e andaria pelo corpo
em busca de hidratação, -
6:40 - 6:42pressionando órgãos internos,
-
6:42 - 6:43isso...
-
6:45 - 6:47causando sintomas,
desde emoções extremadas -
6:47 - 6:50até tonteira e paralisia.
-
6:51 - 6:53A cura era o casamento e a maternidade.
-
6:55 - 6:59Essas ideias prevaleceram
por diversos milênios até os anos 1880, -
6:59 - 7:03quando neurologistas tentaram
modernizar a teoria da histeria. -
7:03 - 7:05Sigmund Freud desenvolveu uma teoria
-
7:05 - 7:08de que a mente inconsciente
poderia produzir sintomas físicos -
7:08 - 7:10ao tentar lidar com memórias ou emoções
-
7:10 - 7:13dolorosas demais para a mente consciente.
-
7:13 - 7:16Ela convertia essas emoções
em sintomas físicos. -
7:17 - 7:20Isso significava que homens
também poderiam ficar histéricos, -
7:20 - 7:22mas, claro, mulheres ainda
eram as mais suscetíveis. -
7:23 - 7:27Quando comecei a investigar
a história da minha própria doença, -
7:27 - 7:31fiquei impressionada ao descobrir
como tais ideias ainda estavam enraizadas. -
7:31 - 7:32Em 1934,
-
7:32 - 7:37198 médicos, enfermeiras e funcionários
do Los Angeles County General Hospital -
7:37 - 7:39ficaram seriamente doentes.
-
7:39 - 7:43Eles sentiam fraqueza muscular,
rigidez no pescoço e nas costas, febre... -
7:43 - 7:46exatamente os mesmos sintomas
que sentia quando fui diagnosticada. -
7:47 - 7:49Os médicos achavam
que era um tipo de pólio. -
7:50 - 7:53Desde então, houve mais
de 70 surtos documentados -
7:53 - 7:54no mundo
-
7:54 - 7:57de uma doença pós-infecciosa
incrivelmente parecida. -
7:57 - 8:01Todos esses surtos tendiam a afetar
de forma desproporcional as mulheres -
8:01 - 8:05e, ao longo do tempo, quando os médicos
não conseguiam descobrir a causa, -
8:05 - 8:09pensavam que se tratasse
de histeria em massa. -
8:09 - 8:12Por que essa ideia foi tão aceita?
-
8:14 - 8:15Penso que tem a ver com sexismo,
-
8:15 - 8:19mas também acho que, antes de tudo,
os médicos querem ajudar. -
8:19 - 8:21Eles querem descobrir a resposta,
-
8:21 - 8:26e essa categoria lhes permite tratar
o que, de outra forma, seria intratável, -
8:26 - 8:28e explicar doenças sem explicação.
-
8:29 - 8:32O problema é que isso
pode causar um dano real. -
8:32 - 8:36Nos anos 1950, um psiquiatra
chamado Eliot Slater -
8:36 - 8:40estudou um grupo de 85 pacientes
diagnosticadas com histeria. -
8:41 - 8:45E, 9 anos mais tarde, 12 delas estavam
mortas, e 30 se tornaram incapacitadas. -
8:45 - 8:48Muitas tinham condições subdiagnosticadas,
como esclerose múltipla, -
8:48 - 8:50epilepsia, tumores cerebrais.
-
8:51 - 8:55Em 1980, a histeria foi oficialmente
rebatizada de "transtorno de conversão". -
8:56 - 8:58Quando meu neurologista me deu
aquele diagnóstico em 2012, -
8:59 - 9:02ele estava reverberando
as palavras literais de Freud -
9:02 - 9:03e, mesmo hoje em dia,
-
9:03 - 9:07as mulheres recebem de duas
a dez vezes mais tal diagnóstico. -
9:08 - 9:12O problema com a teoria da histeria,
ou da doença psicogênica, -
9:13 - 9:15é que não se consegue prová-la.
-
9:15 - 9:17Ela é, por definição,
a falta de evidência, -
9:18 - 9:20e, no caso da EM,
-
9:20 - 9:23as explicações psicológicas
abafaram a pesquisa biológica. -
9:24 - 9:27No mundo todo, a EM é uma das doenças
que menos recebem financiamento. -
9:27 - 9:34Nos EUA, gastamos, por ano,
uns US$ 2,5 mil por paciente com AIDS, -
9:35 - 9:38US$ 250 por paciente
com esclerose múltipla, -
9:38 - 9:41e apenas US$ 5 por paciente com EM.
-
9:42 - 9:44Isso não foi só um raio na minha cabeça.
-
9:44 - 9:46Não foi apenas falta de sorte.
-
9:46 - 9:50A ignorância em torno da minha doença
tem sido uma escolha, -
9:50 - 9:54uma escolha feita pelas instituições
que deveriam nos proteger. -
9:56 - 9:58Não sabemos por que a EM,
às vezes, ocorre em famílias, -
9:58 - 10:01por que podemos pegá-la
depois de qualquer infeção, -
10:01 - 10:05desde os enterovírus
até o vírus Epstein-Barr ou a febre Q, -
10:05 - 10:08ou por que afeta duas a três vezes
mais mulheres do que homens. -
10:09 - 10:12Esse problema é muito mais amplo
do que só a minha doença. -
10:12 - 10:14Logo que adoeci,
-
10:14 - 10:16velhos amigos me procuraram.
-
10:16 - 10:19Depressa me encontrei num grupo
de mulheres com 20 e tantos anos, -
10:19 - 10:22cujos corpos estavam entrando em colapso.
-
10:22 - 10:26O chocante foi a dificuldade que estávamos
tendo para sermos levadas a sério. -
10:26 - 10:29Soube de uma mulher com esclerodermia,
-
10:29 - 10:31uma doença autoimune do tecido conjuntivo,
-
10:31 - 10:33que há anos lhe diziam
que era tudo coisa da cabeça dela. -
10:33 - 10:36No período entre o início
da doença e o diagnóstico, -
10:36 - 10:38o esôfago dela ficou tão danificado
-
10:38 - 10:40que ela nunca mais conseguiu comer.
-
10:41 - 10:43A uma outra, com câncer no ovário,
-
10:43 - 10:47foi dito, durante anos, que era apenas
uma menopausa precoce. -
10:47 - 10:49Um amigo da faculdade teve
-
10:49 - 10:53um tumor cerebral diagnosticado
errado por anos como ansiedade. -
10:54 - 10:56Eis por que me preocupo:
-
10:57 - 11:01desde os anos 1950, a taxa de incidência
de muitas doenças autoimunes -
11:01 - 11:02duplicaram e triplicaram.
-
11:03 - 11:06E 45% dos doentes,
que acabaram diagnosticados -
11:06 - 11:08com uma conhecida doença autoimmune,
-
11:08 - 11:10inicialmente tinham sido
tachados de hipocondríacos. -
11:11 - 11:14Tal como a histeria da Antiguidade,
tudo isso tem a ver com o gênero, -
11:14 - 11:16e com as histórias em que acreditamos.
-
11:17 - 11:21Sabemos que 75% dos casos
de doenças autoimunes são em mulheres -
11:21 - 11:24e, nalgumas doenças,
a porcentagem chega aos 90%. -
11:25 - 11:28Apesar de tais doenças afetarem
desproporcionalmente as mulheres, -
11:28 - 11:30não são doenças de mulher.
-
11:30 - 11:33A EM afeta crianças,
assim como milhões de homens. -
11:33 - 11:35E, como uma paciente me disse,
-
11:35 - 11:37isso afeta os dois lados:
-
11:37 - 11:40se for mulher, dizem que está
exagerando os sintomas, -
11:40 - 11:44mas, se for homem, dizem
a ele para ser forte, para aguentar. -
11:45 - 11:49Muitos homens até podem ter
mais dificuldade em ser diagnosticados. -
11:57 - 12:00Meu cérebro já não é mais
o que costumava ser. -
12:04 - 12:07(Aplausos silenciosos)
-
12:11 - 12:13(Risos)
-
12:14 - 12:15A parte boa é esta:
-
12:17 - 12:19apesar de tudo, ainda tenho esperança.
-
12:20 - 12:24Tantas doenças foram consideradas
psicológicas no passado, -
12:24 - 12:27até que a ciência descobriu
os seus mecanismos biológicos. -
12:27 - 12:30Os doentes com epilepsia
podiam ser internados à força -
12:30 - 12:35até que o EEG conseguiu medir
a atividade elétrica anormal no cérebro. -
12:36 - 12:40A esclerose múltipla podia ser
confundida com paralisia histérica -
12:40 - 12:43até que as tomografias e ressonâncias
descobriram lesões cerebrais. -
12:44 - 12:45Recentemente, julgávamos
-
12:45 - 12:48que as úlceras do estômago
eram causadas por estresse, -
12:48 - 12:52até que descobrimos que a culpada
era a bactéria "H. pylori". -
12:53 - 12:56A EM nunca se beneficiou
do tipo de ciência -
12:56 - 12:58de que outras doenças se beneficiaram,
-
12:58 - 13:00mas as coisas estão começando a mudar.
-
13:01 - 13:04Na Alemanha, os cientistas começam
a encontrar provas de autoimunidade -
13:04 - 13:07e, no Japão, de inflamação cerebral.
-
13:07 - 13:10Nos EUA, cientistas em Stanford
estão descobrindo anomalias -
13:10 - 13:12no metabolismo da energia
-
13:12 - 13:16que está a 16 desvios padrão do normal.
-
13:17 - 13:21Na Noruega, pesquisadores estão
realizando um teste clínico de fase 3 -
13:21 - 13:25com uma droga para o câncer que,
em alguns doentes, provoca remissão total. -
13:26 - 13:27O que também me dá esperança
-
13:28 - 13:30é a resiliência dos pacientes.
-
13:32 - 13:34Nós nos conhecemos on-line
-
13:34 - 13:36e compartilhamos nossas histórias.
-
13:37 - 13:40Devoramos toda pesquisa existente.
-
13:41 - 13:43Experimentamos em nós mesmos.
-
13:43 - 13:46Nos tornamos nossos próprios
cientistas e médicos, -
13:46 - 13:47porque tivemos de nos tornar.
-
13:48 - 13:52E devagar adicionei 5% aqui, 5% ali,
-
13:52 - 13:54até que, num dia bom,
-
13:54 - 13:56fui capaz de sair de casa.
-
13:58 - 14:00Ainda assim tive de fazer
escolhas ridículas: -
14:01 - 14:04hoje devo me sentar no jardim
por 15 minutos ou lavar meu cabelo? -
14:05 - 14:07Mas isso me deu esperança
de poder ser tratada. -
14:08 - 14:10Eu tenho um corpo doente: é só isso.
-
14:11 - 14:15E, com a ajuda adequada,
talvez um dia eu possa melhorar. -
14:16 - 14:19Conheci pacientes do mundo todo
-
14:19 - 14:21e começamos a lutar.
-
14:22 - 14:25Temos preenchido o vazio
com algo maravilhoso, -
14:26 - 14:27mas não é o suficiente.
-
14:29 - 14:33Ainda não sei se vou ser capaz
de correr novamente, -
14:33 - 14:35ou andar qualquer distância,
-
14:35 - 14:39ou fazer qualquer dessas coisas cinéticas
que consigo fazer apenas em sonho. -
14:39 - 14:42Mas também sou grata
por ter chegado tão longe. -
14:44 - 14:45O progresso é lento,
-
14:45 - 14:47é um sobe
-
14:47 - 14:48e desce,
-
14:49 - 14:52mas estou melhor a cada dia.
-
14:54 - 14:58Me lembro como era ficar
presa naquele quarto, -
14:59 - 15:01durante meses, sem ver o Sol.
-
15:03 - 15:06Achei que ia morrer ali.
-
15:07 - 15:09Mas estou aqui hoje
-
15:09 - 15:11com vocês,
-
15:12 - 15:14e isto é um milagre.
-
15:17 - 15:20Não sei o que teria acontecido
se eu não tivesse tido sorte, -
15:20 - 15:23se tivesse adoecido
antes de haver internet, -
15:23 - 15:25se não tivesse encontrado
minha comunidade. -
15:26 - 15:29Provavelmente eu já teria
tirado minha própria vida, -
15:29 - 15:31como muitos outros fizeram.
-
15:32 - 15:35Quantas vidas poderíamos
ter salvo, décadas atrás, -
15:36 - 15:38se tivéssemos feito as perguntas certas?
-
15:39 - 15:41Quantas vidas podemos salvar hoje
-
15:42 - 15:44se decidirmos começar de verdade?
-
15:45 - 15:48Mesmo quando a verdadeira causa
da minha doença for descoberta, -
15:49 - 15:52se não mudarmos nossas
instituições e nossa cultura, -
15:52 - 15:55vamos fazer isso de novo com outra doença.
-
15:56 - 15:58Viver com essa doença me ensinou
-
15:58 - 16:01que ciência e medicina são
empreendimentos profundamente humanos. -
16:01 - 16:04Médicos, cientistas
e gestores de políticas públicas -
16:04 - 16:07não estão imunes aos preconceitos
-
16:08 - 16:09que nos afetam a todos.
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16:11 - 16:14Precisamos pensar de modo
diferenciado sobre a saúde da mulher. -
16:15 - 16:19Nossos sistemas imunes são campos
de batalha pela igualdade tanto quanto -
16:19 - 16:21o resto do nosso corpo.
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16:21 - 16:24Precisamos ouvir a história dos pacientes,
-
16:25 - 16:27e precisamos estar prontos
para dizer: "Eu não sei". -
16:28 - 16:30"Eu não sei" é uma coisa bonita.
-
16:31 - 16:34"Eu não sei" é onde a descoberta começa.
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16:35 - 16:37E, se pudermos fazer isso,
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16:37 - 16:41podemos abordar a enorme vastidão
de tudo que não conhecemos -
16:41 - 16:43e, então, em vez do medo da incerteza,
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16:43 - 16:46talvez possamos abraçá-la
com um senso de maravilhamento. -
16:46 - 16:48Obrigada.
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16:48 - 16:51(Aplausos silenciosos)
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16:52 - 16:53Obrigada.
- Title:
- O que acontece quando temos uma doença que os médicos não conseguem diagnosticar
- Speaker:
- Jen Brea
- Description:
-
Cinco anos atrás, a Bolsista TED Jen Brea ficou com a saúde cada vez pior com encefalomielite miálgica, EM, vulgo "Síndrome da Fadiga Crônica", uma doença debilitante que incapacita de forma severa as atividades normais e, nos dias ruins, transforma até o roçar dos lençóis em algo insuportável para os ouvidos dos pacientes. Nesta palestra pungente, Brea descreve os obstáculos que encontrou ao buscar tratamento para a sua condição, cujas causas profundas e efeitos físicos ainda não são totalmente compreendidos, assim como nos fala de sua missão para documentar através de filme as vidas de pacientes que a medicina luta para tratar.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 17:43
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Ruy Lopes Pereira approved Portuguese, Brazilian subtitles for What happens when you have a disease doctors can't diagnose | |
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Ruy Lopes Pereira accepted Portuguese, Brazilian subtitles for What happens when you have a disease doctors can't diagnose | |
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Ruy Lopes Pereira edited Portuguese, Brazilian subtitles for What happens when you have a disease doctors can't diagnose | |
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Ruy Lopes Pereira edited Portuguese, Brazilian subtitles for What happens when you have a disease doctors can't diagnose | |
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Ruy Lopes Pereira edited Portuguese, Brazilian subtitles for What happens when you have a disease doctors can't diagnose | |
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Raissa Mendes edited Portuguese, Brazilian subtitles for What happens when you have a disease doctors can't diagnose | |
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