Como começar a mudar um ambiente de trabalho doente

Acham que há maledicência no vosso local de trabalho ou de estudo? A palestra de Glenn Rolfsen é sobre o que contribui para um ambiente de trabalho tóxico e quais são os fatores significativos que determinam a qualidade de vida no local de trabalho.

Glenn D. Rolfsen é um psicoterapeuta que trabalha nos serviços de saúde empresarial em Oslo. Também trabalhou como professor para educarterapeutas de Gestalt na Noruega e em vários países europeus. Ele preocupa-se sobretudo com o ambiente de trabalho psicossocial nas empresas. Enquanto conselheiro empresarial e consultor de liderança, trabalha diariamente para melhorar a qualidade de vida dos funcionários no trabalho.

Esta palestra foi feita num evento TEDx, organizado de forma independente por uma comunidade local mas usando o formato das Conferências TED. Saiba mais em: http://ted.com/tedx.

Imaginem que acabaram de receber
informações negativas sobre mim,

mesmo antes desta palestra.

Talvez que alguém com quem estão hoje
já tenha ouvido críticas sobre mim,

coisas sobre eu ser incompetente,

ser mentiroso, fanfarrão,

que uso roupa intima feminina.

(Risos)

Até que ponto acham que isto afetaria
a minha imagem, neste momento?

Enquanto psicoterapeuta,
que trabalha em saúde ocupacional,

conheci inúmeros funcionários e líderes

que são vítimas de um ambiente
de trabalho tóxico e nocivo.

Debatem-se porque eles não têm ideia

de como alterar o ambiente de trabalho.

Precisam de ajuda do exterior.

Eu tentei ajudá-los e falhei,
repetidamente.

Tentei resoluções de conflitos,

discussões em grupo,
entrevistas individuais,

formação de chefias,

falhando, vezes sem conta, para mudar
esse ambiente de trabalho insalubre.

Então,

Há 10 anos, comecei
uma pequena investigação por minha conta.

Eu estava a tentar descobrir
porque é que é tão difícil mudar,

e descobri que um grande número
de funcionários e chefes

falavam negativamente
sobre os seus colegas

quando eles não estavam presentes.

A chamada maledicência.

A definição de maledicência
é falar negativamente.

sobre uma terceira pessoa
que não está presente.

Eu tenho uma pergunta para todos vocês.

Por favor, levante a mão

quem acha que há maledicência
no seu local de trabalho ou de estudo.

Por favor, levantem a mão.

Uau! Ok. Muito obrigado.

Não é exatamente, mas acho
que cerca de 90% levantaram as mãos.

Na Grécia antiga,

o grande filósofo Sócrates
encontrou um conhecido na rua,

e o conhecido disse:

"Ei Sócrates, já ouviu
as últimas notícias sobre o seu amigo?"

E Sócrates disse:

"Não, mas antes de me contar
essas notícias,

"quero que passe um pequeno teste,
o teste do triplo-filtro."

"O teste do triplo-filtro?"
disse ele. "Ok."

"Primeira pergunta:

"Você sabe se o que me vai contar
sobre o meu amigo é verdade?"

" Ah não, eu só ouvi dizer. Eu não sei".

"Ok. Você ainda pode passar no teste.

"A segunda pergunta:

"É alguma coisa boa que me vai contar
sobre o meu amigo?"

"Não. Pelo contrário", disse ele.
"Não é nada boa."

"Ok. Você ainda pode passar no teste.

"A terceira pergunta:

"O que me vai contar, é útil?"

"Não, não é útil."

"Ok." disse Sócrates.

"Primeiro que tudo,
você não sabe se é verdade.

"Segundo, não é nada bom

"e terceiro, não é nada útil.

"Porque é que está preocupado
em me contar?"

Vocês sabem quem é que usa a maledicência,
na nossa sociedade de hoje?

Sim? Mulheres.

(Risos)

É a mulher.

(Risos)

Há também outro grupo importante.

Nomeadamente: homens.

(Risos)

Porque é que nós fazemos mexericos?

Quando eu faço mexericos,

tenho a sensação de me elevar a mim mesmo,
enquanto estou a rebaixar outras pessoas.

E num bónus adicional,

eu pareço interessante porque tenho
informações suculentas que você não têm.

Isso é como nós, enquanto adultos,
fazemos "bullying" uns com os outros.

Eu tenho uma segunda pergunta a fazer-vos.

Por favor, levante a mão
quem quer trabalhar num lugar

onde não haja maledicência.

Sem mexericos.

Ok. Muito obrigado.

É interessante, não é?

Como acabar com a maledicência
de forma permanente?

Eu fiz uma coisa brilhante na minha vida.

(Risos)

Eu acho que é isso.

Chamo-lhe "Mexerico 2016".

É assim que todos podem aplicá-lo
no seu local de trabalho, se quiserem.

Primeiro de tudo, vocês reúnem um grupo.

Talvez, não tão grande quanto vocês são.

Segundo, fazem a primeira pergunta:

"Vocês acham que há aqui maledicência?"

Eles levantam as mãos.

Terceiro, precisam de definir
o que é a maledicência.

Usem aquele teste de tripo-filtro.
É bom, não é?

Quarto, fazem a segunda pergunta:

"Vocês gostariam de trabalhar num ambiente
onde não haja maledicência?"

e eles levantam as mãos.

Depois, pegam num bloco de anotações,
grande e antiquado

e escrevem grande "Mexericos 2016",
com grandes maiúsculas

e perguntam ao grupo se eles querem
juntar-se a um projeto

que vai durar seis meses:

"Aqui Não Há Maledicência."

E eles aceitam assinar.

Isso é o que os obriga.

Depois de assinarem, vocês colocam
essa folha num quadro de vidro

penduram-no numa parede,
onde toda a gente possa ver,

e durante todas as semanas,
nos seis meses seguintes,

perguntam ao grupo:

"Como estamos quanto ao Mexericos 2016?

Isto pode parecer simples, talvez ingénuo.

Bom demais para ser verdade, certo?

Mas funciona! Eu sei.

E eu tenho mais de...

Ter não tenho, mas há mais
de 250 diretores executivos

em diferentes empresas,
que podem confirmar isso.

Funciona.

Eles também podem contar

como diminuiu o absentismo
e as dispensas médicas

como se reduziram os grupos fragmentados,

e como está a aumentar a produtividade.

Se levarem este conceito
um pouco mais longe

— todos já ouviram falar das notícias
de como jovens e crianças

estão a sofrer "bullying" nas escolas
e nos "media" sociais.

Penso que eu, enquanto adulto,

tenho a responsabilidade
de ser um bom modelo.

Tenho que deixar de falar negativamente
do meu tio, do meu vizinho,

do meu colega, da minha sogra,

à mesa de jantar lá de casa,

porque, se eu não fizer isso,

estou a dizer aos meus filhos
que está certo falar negativamente

duma terceira pessoa
que não está presente.

Um novo compromisso da consciência.

Obrigada pela sua atenção.

(Aplausos)