Uma entrevista rara com o matemático que decifrou Wall Street
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0:01 - 0:04Chris Anderson:
O senhor é um fenómeno da matemática. -
0:04 - 0:07Era muito novo, quando ensinou
em Harvard e no MIT. -
0:07 - 0:09Depois foi chamado pela NSA.
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0:09 - 0:11Como é que foi isso?
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0:11 - 0:15Jim Simons: Bem a NSA,
a National Security Agency, -
0:15 - 0:18não me chamou, propriamente.
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0:18 - 0:22Tinham uma operação em Princeton,
onde contratavam matemáticos -
0:22 - 0:25para atacar códigos secretos
e coisas como essas. -
0:25 - 0:27Eu sabia que eles existiam.
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0:27 - 0:30Tinham uma política muito boa
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0:30 - 0:33porque dispúnhamos de metade do tempo
para a nossa matemática -
0:33 - 0:37e, pelo menos, metade do nosso tempo
a trabalhar nessas coisas. -
0:38 - 0:39E pagavam muito bem.
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0:39 - 0:42Era uma oportunidade irresistível.
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0:42 - 0:44Portanto, fui para lá.
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0:44 - 0:47- O senhor era um decifrador de códigos.
- Pois era. -
0:47 - 0:49- Até ser despedido.
- Pois, fui despedido, sim. -
0:50 - 0:53- Como é que isso aconteceu?
- Como é que aconteceu? -
0:54 - 0:59Fui despedido porque estava a decorrer
a Guerra do Vietname -
0:59 - 1:04e o chefão dos chefes da minha organização
era um grande adepto da guerra -
1:04 - 1:09e escreveu um artigo no New York Times,
na primeira página da revista -
1:09 - 1:11sobre como podíamos ganhar no Vietname.
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1:11 - 1:14Eu não gostava daquela guerra.
Achava que era uma guerra estúpida. -
1:14 - 1:17Escrevi uma carta ao Times,
que eles publicaram, -
1:17 - 1:21dizendo que nem toda a gente
que trabalhava para Maxwell Taylor, -
1:21 - 1:25— se é que alguém se lembra do nome dele —
concordava com a opinião dele. -
1:26 - 1:27E dava a minha opinião...
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1:27 - 1:29CA: Oh, ok. Calculo que isso...
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1:29 - 1:32JS: ... que era diferente
da do general Taylor. -
1:32 - 1:34Mas, afinal, ninguém comentou nada.
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1:34 - 1:38Depois, eu tinha 29 anos nessa altura,
apareceu-me um miúdo -
1:38 - 1:41que disse que era "freelancer"
da revista Newsweek, -
1:41 - 1:44queria entrevistar-me e perguntou-me
-
1:44 - 1:46o que é que eu estava a fazer
quanto à minha opinião. -
1:46 - 1:50Eu disse-lhe:
"Agora, faço sobretudo matemática, -
1:50 - 1:54"e, quando a guerra acabar,
vou continuar a fazer isso". -
1:54 - 1:57Depois, fiz a única coisa inteligente
naquele dia. -
1:57 - 2:01Disse ao meu chefe local
que tinha dado aquela entrevista -
2:01 - 2:03e ele disse: "O que é que disseste?"
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2:03 - 2:04E eu disse-lhe o que tinha dito.
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2:04 - 2:07E ele disse: "Tenho que falar com Taylor".
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2:07 - 2:09Ligou para Taylor e demorou 10 minutos.
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2:09 - 2:11Fui despedido cinco minutos depois.
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2:12 - 2:13CA: Ok.
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2:13 - 2:14JS: Mas não foi mau de todo.
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2:14 - 2:17CA: Não foi mau, porque o senhor
foi para Stony Brook -
2:17 - 2:20e avançou na sua carreira de matemático.
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2:20 - 2:22Começou a trabalhar com este homem.
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2:22 - 2:24Quem é ele?
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2:24 - 2:26JS: Oh, é Chern.
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2:26 - 2:29Chern foi um dos grandes
matemáticos do século. -
2:29 - 2:34Conheci-o quando eu estava
a fazer a licenciatura em Berkeley. -
2:34 - 2:36Eu tinha umas ideias,
-
2:36 - 2:39mostrei-lhas e ele gostou delas.
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2:39 - 2:45Em conjunto, fizemos esse trabalho
como podemos ver ali em cima. -
2:45 - 2:47Lá está ele.
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2:47 - 2:51CA: Levou-os a publicarem em conjunto
um documento famoso. -
2:51 - 2:54Pode explicar-nos que trabalho foi esse?
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2:55 - 2:56JS: Não.
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2:56 - 2:58(Risos)
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2:59 - 3:01JS: Quer dizer, posso explicá-lo
a algumas pessoas... -
3:01 - 3:03(Risos)
-
3:03 - 3:05CA: Que tal explicá-lo aqui?
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3:05 - 3:08JS: ... mas não a muitas pessoas, não.
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3:09 - 3:12CA: O senhor disse-me
que tinha a ver com esferas -
3:12 - 3:14por isso, podemos começar por aí.
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3:14 - 3:17JS: Pois disse,
em relação a esse trabalho, -
3:17 - 3:21disse que tinha a ver com isso
mas, antes de lá chegarmos, -
3:21 - 3:24aquele trabalho era boa matemática.
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3:24 - 3:28Senti-me muito satisfeito com isso
e Chern também. -
3:28 - 3:32Até deu início a um subcampo
que está agora florescente. -
3:33 - 3:38Mas, o mais interessante,
é que aplicou-se à física, -
3:38 - 3:42uma coisa de que nem suspeitávamos,
pelo menos eu não sabia nada de física, -
3:42 - 3:45e penso que Chern também
tinha muita dificuldade. -
3:46 - 3:49Cerca de 10 anos depois
de ter sido publicado o documento, -
3:49 - 3:53um tipo chamado Ed Witten, em Princeton,
começou a aplicá-lo à teoria das cordas -
3:53 - 3:58e os russos começaram a aplicá-lo
ao que se chama a "matéria condensada". -
3:58 - 4:03Atualmente, essas coisas chamadas
invariantes Chern-Simons -
4:03 - 4:05espalharam-se pela física.
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4:05 - 4:06Foi assombroso.
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4:06 - 4:08Nós não sabíamos física.
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4:08 - 4:11Nunca me passou pela cabeça
que ia ser aplicado na física. -
4:11 - 4:14Mas a matemática é assim,
nunca se sabe onde vai parar. -
4:14 - 4:16CA: Isso é incrível.
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4:16 - 4:20Temos estado a falar de como a evolução
modela o espírito humano -
4:20 - 4:23que pode aperceber-se ou não da verdade.
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4:23 - 4:26O senhor aparece
com uma teoria matemática, -
4:26 - 4:28sem saber nada de física,
-
4:28 - 4:31e descobre, 20 anos depois,
que ela está a ser aplicada -
4:31 - 4:34para descrever com profundidade
o mundo físico. -
4:34 - 4:36- Como é que isso pode acontecer?
- Sabe-se lá. -
4:36 - 4:38(Risos)
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4:39 - 4:42Mas há um físico famoso, chamado Wigner,
-
4:42 - 4:48que escreveu um ensaio sobre
a absurda eficácia da matemática. -
4:48 - 4:52Não se sabe como, esta matemática,
que está enraizada no mundo real, -
4:52 - 4:57— aprendemos a contar, a medir,
toda a gente faz isso — -
4:57 - 4:59floresce por si mesma.
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4:59 - 5:02E, com frequência,
produz resultados inesperados. -
5:02 - 5:05A relatividade geral é um exemplo desses.
-
5:05 - 5:08Minkowski tinha aquela geometria
e Einstein percebeu: -
5:08 - 5:12"Ei! É mesmo a coisa em que posso
encaixar a relatividade geral". -
5:12 - 5:15Portanto, nunca se sabe. É um mistério.
-
5:15 - 5:17É um mistério.
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5:17 - 5:20CA: Isto é uma peça matemática
muito engenhosa. -
5:20 - 5:21Fale-nos dela.
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5:21 - 5:27JS: Bem, é uma bola, é uma esfera,
e tem uma rede em volta dela, -
5:27 - 5:29está a ver, aqueles quadrados.
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5:31 - 5:36O que vou mostrar aqui
foi observado inicialmente por Euler, -
5:36 - 5:38o grande matemático, no século XVIII.
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5:38 - 5:43A pouco e pouco, foi-se tornando
num importante campo da matemática: -
5:43 - 5:46a topologia algébrica, a geometria.
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5:47 - 5:51Aquele documento
ali em cima assenta nisto. -
5:51 - 5:53Portanto, a coisa é esta:
-
5:53 - 5:58tem 8 vértices, 12 arestas, 6 faces.
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5:58 - 5:59Se olharmos para as diferenças
-
5:59 - 6:02— os vértices menos as arestas,
mais as faces — -
6:02 - 6:03obtemos dois.
-
6:03 - 6:05Ok, dois. É um número bonito.
-
6:05 - 6:09Esta é outra maneira de fazer o mesmo.
Estes são triângulos que a cobrem. -
6:09 - 6:13Há 12 vértices e 30 arestas,
-
6:14 - 6:1820 faces — 20 triângulos.
-
6:19 - 6:23Os vértices, menos as arestas,
mais as faces também é igual a dois. -
6:23 - 6:26Na realidade, podemos fazer isto,
seja como for, -
6:26 - 6:30cobrir esta coisa com todo o tipo
de polígonos e triângulos -
6:30 - 6:31e misturá-los.
-
6:31 - 6:35Calculamos os vértices menos as arestas,
mais as faces, obtemos sempre dois. -
6:35 - 6:37Esta é uma configuração diferente.
-
6:37 - 6:40Isto é um toro,
parece a superfície de um "donut": -
6:40 - 6:4616 vértices, cobertos por estes retângulos,
32 arestas, 16 faces. -
6:46 - 6:47[V - A + F = 0]
-
6:47 - 6:51Dá sempre o resultado zero,
vértices, menos arestas, mais faces -
6:51 - 6:55Sempre que cobrimos um toro
com quadrados ou triângulos -
6:55 - 6:59ou qualquer coisa dessas,
vamos obter zero. -
7:01 - 7:03Isto chama-se a característica de Euler.
-
7:03 - 7:06É aquilo a que se chama
uma invariante topológica. -
7:07 - 7:08É espantosa.
-
7:08 - 7:11Façamos o que fizermos,
obtemos sempre a mesma resposta. -
7:11 - 7:17Portanto, este foi o primeiro impulso,
em meados do século XVIII, -
7:17 - 7:21num assunto que agora
se chama topologia algébrica. -
7:21 - 7:24CA: O seu trabalho foi agarrar
numa ideia dessas -
7:24 - 7:27e transformá-la numa teoria
de dimensão mais elevada, -
7:27 - 7:30em objetos de maior dimensão
e descobrir novas invariantes? -
7:30 - 7:33JS: Foi. Já havia invariantes
de maior dimensão: -
7:34 - 7:39as classes de Pontryagin,
as classes de Chern. -
7:39 - 7:42Havia um punhado
desses tipos de invariantes. -
7:42 - 7:46Eu tentei trabalhar num deles
-
7:46 - 7:51e criar um modelo envolvendo
uma combinação de elementos, -
7:51 - 7:54em vez da forma
como era feito habitualmente. -
7:54 - 7:58Isso levou a este trabalho
e descobrimos coisas novas. -
7:58 - 8:01Mas se não fosse o Sr. Euler
-
8:02 - 8:06— que escreveu quase 70 volumes
de matemática, -
8:06 - 8:09teve 13 filhos que, segundo parece,
-
8:09 - 8:12brincavam nos joelhos dele,
enquanto ele escrevia — -
8:14 - 8:20se não fosse o Sr. Euler,
talvez não houvesse estas invariantes. -
8:20 - 8:24CA: Bem, isso, pelo menos, deu-nos
um pequeno perfume desse espírito notável. -
8:25 - 8:27Falemos da Renaissance.
-
8:27 - 8:29Com o seu espírito espantoso
-
8:29 - 8:32e, dado ter sido decifrador
de códigos na NSA, -
8:32 - 8:36o senhor começou a decifrar códigos
na indústria financeira. -
8:36 - 8:39Penso que o senhor não deve ter
acreditado numa teoria de mercado eficaz. -
8:39 - 8:42De certo modo,
o senhor descobriu uma forma -
8:42 - 8:45de criar lucros espantosos
durante 20 anos. -
8:45 - 8:46Segundo me explicaram,
-
8:46 - 8:50o espantoso é que o senhor não se limitou
à dimensão dos lucros, -
8:50 - 8:54o senhor assumiu-os com uma volatilidade
e um risco surpreendentemente baixos, -
8:54 - 8:56em comparação
com outros fundos de cobertura. -
8:56 - 8:58Como é que conseguiu isso, Jim?
-
8:58 - 9:02JS: Consegui-o, reunindo
um grupo espantoso de pessoas. -
9:02 - 9:06Quando comecei a negociar, eu estava
a ficar um pouco cansado da matemática. -
9:06 - 9:10Estava a aproximar-me dos 40 anos,
tinha pouco dinheiro. -
9:10 - 9:13Comecei a negociar e saí-me muito bem.
-
9:13 - 9:16Ganhei muito dinheiro, puramente à sorte.
-
9:16 - 9:18Acho que foi puramente à sorte.
-
9:18 - 9:20De certeza que não foi
com nenhum modelo matemático. -
9:20 - 9:24Mas, ao olhar para os dados,
ao fim de um tempo, percebi: -
9:24 - 9:26parece que há aqui qualquer estrutura.
-
9:26 - 9:30Contratei matemáticos
e começámos a fazer modelos. -
9:30 - 9:34o tipo de coisas que tínhamos feito
no Instituto para Análise da Defesa, o IDA -
9:34 - 9:37Concebemos um algoritmo,
testamo-lo num computador. -
9:37 - 9:40Funciona? Não funciona? Etc.
-
9:40 - 9:42CA: Podemos dar uma vista de olhos nisso?
-
9:42 - 9:46Porque temos aqui
um gráfico vulgar de um bem qualquer -
9:46 - 9:50Olho para ele e digo:
"Isto é aleatório, sobe e desce, -
9:50 - 9:54"talvez uma leve tendência para cima,
ao longo daquele período de tempo". -
9:54 - 9:56Como é possível negociar,
a olhar para aquilo -
9:56 - 9:58e ver qualquer coisa
que não seja apenas aleatório? -
9:58 - 10:01JS: Antigamente
— este é o tipo de gráfico de antigamente — -
10:01 - 10:06os bens ou as divisas
tinham uma evolução tendencial. -
10:06 - 10:09Não propriamente a tendência
muito ténue que aqui vemos, -
10:09 - 10:12mas uma tendência por períodos.
-
10:12 - 10:16Se eu decidir que vou prever hoje
-
10:16 - 10:19segundo o movimento médio
dos últimos 20 dias, -
10:21 - 10:24talvez seja uma boa previsão,
e eu ganhe dinheiro. -
10:24 - 10:29Na realidade, há uns anos,
esse sistema podia funcionar, -
10:29 - 10:32não de forma impecável, mas funcionava.
-
10:32 - 10:35Ganhava-se dinheiro, perdia-se dinheiro,
ganhava-se dinheiro. -
10:35 - 10:37Mas era uma questão de dias num ano
-
10:37 - 10:41e ganhávamos algum dinheiro,
durante esse período. -
10:42 - 10:45É um sistema muito baseado em indícios.
-
10:45 - 10:48CA: Portanto, o senhor testava uma série
de tendências ao longo do tempo -
10:48 - 10:51e via se, por exemplo,
-
10:51 - 10:54a tendência de 10 dias, ou de 15 dias,
era prenúncio do que aconteceria a seguir. -
10:54 - 11:01JS: Claro, nós tentávamos tudo isso
e víamos qual funcionava melhor. -
11:02 - 11:05O acompanhamento das tendências
funcionou otimamente nos anos 60 -
11:05 - 11:07e esteve mais ou menos bem nos anos 70.
-
11:07 - 11:09Nos anos 80, já não resultava.
-
11:09 - 11:12CA: Porque já toda a gente sabia disso.
-
11:12 - 11:15Como é que conseguiu passar
à frente da multidão? -
11:15 - 11:21JS: Passámos à frente da multidão,
descobrindo outras abordagens, -
11:21 - 11:24abordagens de prazo mais curto,
em certa medida. -
11:25 - 11:29A coisa era reunir uma tremenda
quantidade de dados -
11:29 - 11:31— e, naquela altura, era tudo feito à mão.
-
11:32 - 11:36Íamos ao Federal Reserve e copiávamos
histórias de taxas de juros -
11:36 - 11:39e coisas dessas,
porque não existiam computadores. -
11:39 - 11:41Tínhamos montes de dados
-
11:41 - 11:45e pessoas muito inteligentes,
a chave era essa. -
11:45 - 11:50Eu não sabia como contratar pessoas
para as negociações fundamentais. -
11:50 - 11:53Contratei algumas — umas faziam dinheiro,
outras não faziam dinheiro. -
11:53 - 11:55Não podia negociar assim.
-
11:55 - 11:57Mas sabia como contratar cientistas,
-
11:57 - 12:00porque tenho algum faro nesse campo.
-
12:00 - 12:02Foi o que fizemos.
-
12:02 - 12:05A pouco e pouco, os modelos
foram ficando cada vez melhores, -
12:05 - 12:07cada vez melhores.
-
12:07 - 12:10CA: Tem o mérito de ter feito
uma coisa espantosa na Renaissance, -
12:10 - 12:13criar essa cultura, esse grupo de pessoas,
-
12:13 - 12:16que não eram só "mercenários"
que se iriam embora só por dinheiro. -
12:16 - 12:20A motivação delas era fazer
matemática e ciência excitantes. -
12:20 - 12:22JS: Eu tinha esperança
que isso acontecesse. -
12:22 - 12:26Mas também era por dinheiro.
-
12:26 - 12:27CA: Elas ganharam muito dinheiro.
-
12:27 - 12:30JS: Não posso dizer
que ninguém veio por dinheiro. -
12:30 - 12:32Acho que muitos deles vieram por dinheiro.
-
12:32 - 12:34Mas também vieram porque ia ser divertido.
-
12:34 - 12:37CA: Que papel desempenhou
a aprendizagem de máquinas em tudo isso? -
12:37 - 12:41JS: Em certo sentido, o que fizemos
foi aprendizagem de máquinas. -
12:41 - 12:47Olhamos para uma data de dados e tentamos
simular diferentes esquemas de previsão, -
12:47 - 12:50até sermos cada vez melhores nisso.
-
12:50 - 12:53Não havia propriamente um "feedback"
na forma como fazíamos, -
12:53 - 12:56mas funcionava.
-
12:56 - 13:00CA: Então, esses diferentes esquemas
de previsão podem ser inesperados. -
13:00 - 13:02Ou seja, vocês olhavam para tudo, não era?
-
13:02 - 13:06Olhavam para o tempo, para o comprimento
das saias, para a opinião pública. -
13:06 - 13:09JS: Bem, essa do comprimento das saias
não experimentámos. -
13:09 - 13:11CA: Que tipo de coisas?
-
13:11 - 13:12JS: Tudo.
-
13:12 - 13:16Tudo servia para alimentar a máquina,
exceto o comprimento das bainhas. -
13:17 - 13:19O tempo, os relatórios anuais,
-
13:19 - 13:24os relatórios trimestrais,
os dados históricos, os volumes, etc. -
13:24 - 13:25Tudo e mais alguma coisa.
-
13:25 - 13:28Obtínhamos "terabytes" de dados
todos os dias. -
13:28 - 13:32Não os púnhamos de lado, manipulávamo-los
e preparávamo-los para análise. -
13:33 - 13:35Procurávamos anomalias.
-
13:35 - 13:37Conforme você disse,
-
13:37 - 13:41víamos se a hipótese do mercado eficaz
não estava correta. -
13:41 - 13:44CA: Mas qualquer anomalia podia ser
apenas uma coisa aleatória. -
13:44 - 13:47O segredo é procurar apenas
múltiplas anomalias estranhas -
13:47 - 13:49e ver como elas se alinham?
-
13:49 - 13:53JS: Qualquer anomalia
pode ser uma coisa aleatória. -
13:53 - 13:56Mas, se tivermos dados suficientes,
podemos dizer se não é. -
13:56 - 14:01Se encontrarmos uma anomalia persistente
durante tempo suficiente, -
14:01 - 14:06a probabilidade de ser aleatória
é muito baixa. -
14:06 - 14:08Mas se essas coisas desaparecem
após algum tempo, -
14:08 - 14:11as anomalias são postas de lado.
-
14:11 - 14:13Temos que nos manter sempre
atentos aos negócios. -
14:13 - 14:17CA: Muita gente olha agora para a
indústria dos fundos de cobertura -
14:17 - 14:20e sente-se chocada
-
14:20 - 14:23pela quantidade de riqueza que gera
-
14:23 - 14:25e quanto talento consome.
-
14:26 - 14:30Sente-se preocupado com esta indústria
-
14:30 - 14:32e com a indústria financeira, em geral?
-
14:32 - 14:35Por estar numa espécie
de corrida desenfreada -
14:35 - 14:39que, sei lá, ajuda
a aumentar a desigualdade? -
14:39 - 14:43Como defenderia o que está a acontecer?
-
14:43 - 14:45JS: Penso que, nos últimos
três ou quatro anos, -
14:45 - 14:48os fundos de cobertura
não têm estado especialmente bem. -
14:48 - 14:49Nós temos estado bem,
-
14:49 - 14:53mas a indústria dos fundos de cobertura,
no seu conjunto, não tem estado muito bem. -
14:53 - 14:58O mercado de ações tem andado sobre rodas,
como toda a gente sabe, -
14:58 - 15:01e os rácios preços-rendimentos
têm aumentado. -
15:01 - 15:04Portanto, uma grande parte da riqueza
que tem sido criada -
15:04 - 15:08nos últimos cinco ou seis anos,
não foi criada pelos fundos de cobertura. -
15:08 - 15:12As pessoas perguntam-me:
"A como está o fundo de cobertura?" -
15:12 - 15:14E eu dizia: "Está a 1,20".
-
15:14 - 15:18Ou seja — agora está a 2,20 —
-
15:18 - 15:21é 2% de taxa fixa, com 20% de lucros.
-
15:21 - 15:24Os fundos de cobertura
são um tipo de criaturas diferentes. -
15:24 - 15:27CA: Consta que o senhor cobra taxas
um pouco mais altas do que isso. -
15:27 - 15:31JS: Nós cobrámos as taxas mais altas
do mundo, em determinada altura. -
15:31 - 15:34A 5,44, foi quanto cobrámos.
-
15:34 - 15:35CA: A 5, 44.
-
15:35 - 15:38Portanto, 5% fixos e 44% de ganhos.
-
15:38 - 15:41Mesmo assim, os vossos investidores
ganharam imenso dinheiro. -
15:41 - 15:43JS: Sim, fizemos bons lucros.
-
15:43 - 15:46As pessoas ficavam loucas:
"Como é que podem cobrar taxas tão altas?" -
15:46 - 15:48Eu dizia: "Ok, podem ir-se embora".
-
15:48 - 15:51Mas as pessoas diziam:
"Como é que posso ganhar mais?" -
15:51 - 15:52(Risos)
-
15:52 - 15:55Mas, a certa altura
— acho que já lhe disse isso — -
15:55 - 15:59comprámos tudo aos investidores
porque há uma capacidade para o fundo. -
15:59 - 16:03CA: Mas devemos preocupar-nos
que a indústria dos fundos de cobertura -
16:03 - 16:07atraia demasiados matemáticos
mundiais e outros talentos -
16:07 - 16:11para trabalharem nela, em oposição
a muitos outros prolemas no mundo? -
16:11 - 16:13JS: Bem, não são só os matemáticos.
-
16:13 - 16:16Contratámos astrónomos
e físicos e coisas dessas. -
16:16 - 16:18Penso que não nos devemos
preocupar demasiado. -
16:18 - 16:22É uma indústria muito reduzida.
-
16:22 - 16:27Na verdade, a introdução da ciência
no mundo do investimento -
16:27 - 16:30melhorou esse mundo.
-
16:30 - 16:34Reduziu a volatilidade.
Aumentou a liquidez. -
16:34 - 16:38Os "spreads" são mais apertados porque
as pessoas negoceiam nesse tipo de coisas. -
16:38 - 16:42Portanto, não me preocupa muito se Einstein
resolver iniciar um fundo de cobertura. -
16:42 - 16:47CA: O senhor está numa fase da sua vida
em que está a investir -
16:47 - 16:51no extremo oposto da cadeia da oferta.
-
16:51 - 16:55Está a espalhar a matemática
por todos os EUA. -
16:55 - 16:57Esta é a sua mulher, Marilyn.
-
16:57 - 17:01Estão a trabalhar em conjunto
em questões filantrópicas. -
17:01 - 17:03Fale-me disso.
-
17:03 - 17:06JS: Bem, foi Marilyn que começou
-
17:06 - 17:10— lá está ela ali, a minha bonita mulher —
-
17:10 - 17:13começou com a fundação, há uns 20 anos.
-
17:13 - 17:14Penso que em 1994.
-
17:14 - 17:17Eu digo que foi em 1993,
ela diz que foi em 1994, -
17:17 - 17:19mas foi num desses anos.
-
17:19 - 17:21(Risos)
-
17:21 - 17:27Iniciámos a fundação como uma forma
conveniente de fazer caridade. -
17:28 - 17:31Ela faz a contabilidade e coisas dessas.
-
17:31 - 17:38Naquela altura, não tínhamos uma visão,
mas a pouco e pouco essa visão surgiu. -
17:38 - 17:41Foi concentrarmo-nos
na matemática e na ciência, -
17:41 - 17:44concentrarmo-nos na investigação básica.
-
17:44 - 17:46Foi isso que fizemos.
-
17:46 - 17:53Há seis anos, saí da Renaissance
e fui trabalhar para a fundação. -
17:53 - 17:55Foi isso que fizemos.
-
17:55 - 17:57CA: Então, Math for America é, sobretudo,
-
17:57 - 18:00investir em professores de matemática
por todo o país, -
18:00 - 18:04dar-lhes um rendimento extra,
dar-lhes apoio e orientação. -
18:04 - 18:07Tentar torná-la mais eficaz
-
18:07 - 18:09e torná-la numa vocação
a que os professores podem aspirar. -
18:09 - 18:14JS: Sim, em vez de deitarmos abaixo
os maus professores -
18:14 - 18:19— o que criou problemas morais
em toda a comunidade do ensino, -
18:19 - 18:22em especial na matemática e na ciência —
-
18:22 - 18:28nós damos destaque aos bons professores
e oferecemos-lhes estatuto. -
18:28 - 18:31Também lhes damos dinheiro extra,
15 000 dólares por ano. -
18:31 - 18:33Temos hoje 800 professores
de matemática e de ciência -
18:33 - 18:36em Nova Iorque, em escolas públicas,
-
18:36 - 18:38constituindo um núcleo.
-
18:38 - 18:41Têm uma moral muito elevada.
-
18:41 - 18:43Mantêm-se no terreno.
-
18:43 - 18:45No próximo ano, serão 1000,
-
18:45 - 18:48mas são apenas 10% dos professores
de matemática e ciência -
18:48 - 18:51nas escolas públicas de Nova Iorque.
-
18:51 - 18:54(Aplausos)
-
18:56 - 18:59CA: Jim, há um outro projeto
que o senhor apoia filantropicamente. -
18:59 - 19:02Suponho que é a investigação
sobre a origem da vida. -
19:02 - 19:04O que é que procura nisso?
-
19:04 - 19:06JS: Vou guardar essa pergunta
-
19:06 - 19:08e depois digo-lhe o que ando à procura.
-
19:08 - 19:11A origem da vida é uma questão fascinante.
-
19:11 - 19:13Como é que lá chegámos?
-
19:13 - 19:15Há duas questões.
-
19:15 - 19:21Uma é o caminho
da geologia para a biologia, -
19:21 - 19:22como é que lá chegámos?
-
19:22 - 19:25A outra questão é,
com que é que iniciámos? -
19:25 - 19:28Que material tivemos
para entrarmos nessa via? -
19:28 - 19:31São duas questões muito interessantes.
-
19:32 - 19:35A primeira questão é um caminho tortuoso,
-
19:35 - 19:38da geologia para o ARN
ou qualquer coisa assim. -
19:39 - 19:40Como é que isso funcionou?
-
19:40 - 19:43A outra, o que é que temos para trabalhar?
-
19:43 - 19:45Temos mais do que pensamos.
-
19:45 - 19:49O que se mostra ali
é uma estrela em formação. -
19:50 - 19:53Todos os anos, na nossa Via Láctea,
que tem 100 mil milhões de estrelas, -
19:53 - 19:56criam-se duas novas estrelas.
-
19:56 - 19:59Não me pergunte como,
mas são duas novas estrelas. -
19:59 - 20:02Levam cerca de um milhão de anos
a estabilizar. -
20:02 - 20:05Num determinado momento,
-
20:05 - 20:08há sempre cerca de dois milhões
de estrelas em formação. -
20:08 - 20:12Aquela ali está algures
no período de estabilização. -
20:12 - 20:15E há toda aquela tralha
a circular à volta dela, -
20:15 - 20:17poeira e outras coisas.
-
20:17 - 20:21Provavelmente vai formar um sistema solar,
ou qualquer outra coisa. -
20:21 - 20:23Mas o importante
-
20:23 - 20:29é que na poeira que rodeia
uma estrela em formação -
20:29 - 20:35encontraram-se agora
moléculas orgânicas significativas. -
20:36 - 20:42Moléculas, para além das de metano,
moléculas de formaldeído e cianido, -
20:42 - 20:49coisas que são os blocos de construção,
as sementes da vida. -
20:49 - 20:52Isto pode ser característico.
-
20:52 - 20:59Pode ser característico
que os planetas, por todo o universo, -
20:59 - 21:04se iniciem com alguns destes blocos
básicos de construção. -
21:04 - 21:07Isso significa que vai haver vida
por toda a parte? -
21:07 - 21:08Talvez.
-
21:08 - 21:12Mas é uma questão que mostra
como este caminho é tortuoso, -
21:12 - 21:17desde o frágil começo,
dessas sementes, até à vida. -
21:17 - 21:21A maior parte dessas sementes
cairão em planetas inativos. -
21:22 - 21:24CA: Então, para si, pessoalmente,
o senhor adoraria -
21:24 - 21:27encontrar uma resposta para essa questão
de onde é que nós viemos, -
21:27 - 21:30de como isso aconteceu.
-
21:30 - 21:31JS: Adoraria.
-
21:31 - 21:33E gostaria de saber,
-
21:33 - 21:38já que este caminho
é tão tortuoso e tão improvável, -
21:38 - 21:43se seremos os únicos,
por onde quer que tenhamos começado. -
21:43 - 21:45Mas, por outro lado,
-
21:45 - 21:48dada toda aquela poeira orgânica,
que flutua ali à roda, -
21:48 - 21:52podemos ter montes de amigos lá em cima.
-
21:53 - 21:54Seria ótimo sabermos isso.
-
21:54 - 21:58CA: Jim, há uns anos, tive a oportunidade
de falar com Elon Musk -
21:58 - 22:01e perguntar-lhe
qual o segredo do seu êxito. -
22:01 - 22:05Ele disse-me que tinha sido
levar a sério a física. -
22:05 - 22:09Ouvindo-o a si, o senhor diz
que o que impregnou toda a sua vida. -
22:09 - 22:12foi levar a sério a matemática.
-
22:12 - 22:17Permitiu-lhe fazer uma grande fortuna
e agora está a permitir-lhe -
22:17 - 22:20investir no futuro
de milhares e milhares de miúdos -
22:20 - 22:22por todos os EUA e não só.
-
22:22 - 22:25Será que a ciência funciona realmente?
-
22:25 - 22:27Essa matemática funciona realmente?
-
22:27 - 22:31JS: Claro que a matemática funciona.
A matemática funciona. -
22:32 - 22:34Mas tem sido divertido
trabalhar com Marylin -
22:34 - 22:38e desistir dela tem sido agradável.
-
22:38 - 22:41CA: Descobri,
e é um pensamento inspirador, -
22:41 - 22:45que, se levarmos a sério o conhecimento,
podem surgir muito mais coisas daí. -
22:45 - 22:48Obrigado pela sua vida espantosa
e por ter vindo aqui à TED. -
22:48 - 22:49Obrigado.
-
22:49 - 22:50Jim Simons!
-
22:50 - 22:54(Aplausos)
- Title:
- Uma entrevista rara com o matemático que decifrou Wall Street
- Speaker:
- Jim Simons
- Description:
-
Jim Simons foi um matemático e criptógrafo que percebeu que a matemática complexa que usava para decifrar códigos podia ajudar a explicar padrões no mundo das finanças. Depois de ganhar milhares de milhões, trabalha para apoiar a próxima geração de professores e alunos de matemática. Chris Anderson, da TED, conversa com Simons sobre a sua extraordinária vida de números.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 23:03
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