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Uma entrevista rara com o matemático que decifrou Wall Street

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    Chris Anderson:
    O senhor é um fenómeno da matemática.
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    Era muito novo, quando ensinou
    em Harvard e no MIT.
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    Depois foi chamado pela NSA.
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    Como é que foi isso?
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    Jim Simons: Bem a NSA,
    a National Security Agency,
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    não me chamou, propriamente.
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    Tinham uma operação em Princeton,
    onde contratavam matemáticos
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    para atacar códigos secretos
    e coisas como essas.
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    Eu sabia que eles existiam.
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    Tinham uma política muito boa
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    porque dispúnhamos de metade do tempo
    para a nossa matemática
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    e, pelo menos, metade do nosso tempo
    a trabalhar nessas coisas.
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    E pagavam muito bem.
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    Era uma oportunidade irresistível.
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    Portanto, fui para lá.
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    - O senhor era um decifrador de códigos.
    - Pois era.
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    - Até ser despedido.
    - Pois, fui despedido, sim.
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    - Como é que isso aconteceu?
    - Como é que aconteceu?
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    Fui despedido porque estava a decorrer
    a Guerra do Vietname
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    e o chefão dos chefes da minha organização
    era um grande adepto da guerra
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    e escreveu um artigo no New York Times,
    na primeira página da revista
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    sobre como podíamos ganhar no Vietname.
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    Eu não gostava daquela guerra.
    Achava que era uma guerra estúpida.
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    Escrevi uma carta ao Times,
    que eles publicaram,
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    dizendo que nem toda a gente
    que trabalhava para Maxwell Taylor,
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    — se é que alguém se lembra do nome dele —
    concordava com a opinião dele.
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    E dava a minha opinião...
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    CA: Oh, ok. Calculo que isso...
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    JS: ... que era diferente
    da do general Taylor.
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    Mas, afinal, ninguém comentou nada.
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    Depois, eu tinha 29 anos nessa altura,
    apareceu-me um miúdo
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    que disse que era "freelancer"
    da revista Newsweek,
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    queria entrevistar-me e perguntou-me
  • 1:44 - 1:46
    o que é que eu estava a fazer
    quanto à minha opinião.
  • 1:46 - 1:50
    Eu disse-lhe:
    "Agora, faço sobretudo matemática,
  • 1:50 - 1:54
    "e, quando a guerra acabar,
    vou continuar a fazer isso".
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    Depois, fiz a única coisa inteligente
    naquele dia.
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    Disse ao meu chefe local
    que tinha dado aquela entrevista
  • 2:01 - 2:03
    e ele disse: "O que é que disseste?"
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    E eu disse-lhe o que tinha dito.
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    E ele disse: "Tenho que falar com Taylor".
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    Ligou para Taylor e demorou 10 minutos.
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    Fui despedido cinco minutos depois.
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    CA: Ok.
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    JS: Mas não foi mau de todo.
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    CA: Não foi mau, porque o senhor
    foi para Stony Brook
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    e avançou na sua carreira de matemático.
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    Começou a trabalhar com este homem.
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    Quem é ele?
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    JS: Oh, é Chern.
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    Chern foi um dos grandes
    matemáticos do século.
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    Conheci-o quando eu estava
    a fazer a licenciatura em Berkeley.
  • 2:34 - 2:36
    Eu tinha umas ideias,
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    mostrei-lhas e ele gostou delas.
  • 2:39 - 2:45
    Em conjunto, fizemos esse trabalho
    como podemos ver ali em cima.
  • 2:45 - 2:47
    Lá está ele.
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    CA: Levou-os a publicarem em conjunto
    um documento famoso.
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    Pode explicar-nos que trabalho foi esse?
  • 2:55 - 2:56
    JS: Não.
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    (Risos)
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    JS: Quer dizer, posso explicá-lo
    a algumas pessoas...
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    (Risos)
  • 3:03 - 3:05
    CA: Que tal explicá-lo aqui?
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    JS: ... mas não a muitas pessoas, não.
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    CA: O senhor disse-me
    que tinha a ver com esferas
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    por isso, podemos começar por aí.
  • 3:14 - 3:17
    JS: Pois disse,
    em relação a esse trabalho,
  • 3:17 - 3:21
    disse que tinha a ver com isso
    mas, antes de lá chegarmos,
  • 3:21 - 3:24
    aquele trabalho era boa matemática.
  • 3:24 - 3:28
    Senti-me muito satisfeito com isso
    e Chern também.
  • 3:28 - 3:32
    Até deu início a um subcampo
    que está agora florescente.
  • 3:33 - 3:38
    Mas, o mais interessante,
    é que aplicou-se à física,
  • 3:38 - 3:42
    uma coisa de que nem suspeitávamos,
    pelo menos eu não sabia nada de física,
  • 3:42 - 3:45
    e penso que Chern também
    tinha muita dificuldade.
  • 3:46 - 3:49
    Cerca de 10 anos depois
    de ter sido publicado o documento,
  • 3:49 - 3:53
    um tipo chamado Ed Witten, em Princeton,
    começou a aplicá-lo à teoria das cordas
  • 3:53 - 3:58
    e os russos começaram a aplicá-lo
    ao que se chama a "matéria condensada".
  • 3:58 - 4:03
    Atualmente, essas coisas chamadas
    invariantes Chern-Simons
  • 4:03 - 4:05
    espalharam-se pela física.
  • 4:05 - 4:06
    Foi assombroso.
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    Nós não sabíamos física.
  • 4:08 - 4:11
    Nunca me passou pela cabeça
    que ia ser aplicado na física.
  • 4:11 - 4:14
    Mas a matemática é assim,
    nunca se sabe onde vai parar.
  • 4:14 - 4:16
    CA: Isso é incrível.
  • 4:16 - 4:20
    Temos estado a falar de como a evolução
    modela o espírito humano
  • 4:20 - 4:23
    que pode aperceber-se ou não da verdade.
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    O senhor aparece
    com uma teoria matemática,
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    sem saber nada de física,
  • 4:28 - 4:31
    e descobre, 20 anos depois,
    que ela está a ser aplicada
  • 4:31 - 4:34
    para descrever com profundidade
    o mundo físico.
  • 4:34 - 4:36
    - Como é que isso pode acontecer?
    - Sabe-se lá.
  • 4:36 - 4:38
    (Risos)
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    Mas há um físico famoso, chamado Wigner,
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    que escreveu um ensaio sobre
    a absurda eficácia da matemática.
  • 4:48 - 4:52
    Não se sabe como, esta matemática,
    que está enraizada no mundo real,
  • 4:52 - 4:57
    — aprendemos a contar, a medir,
    toda a gente faz isso —
  • 4:57 - 4:59
    floresce por si mesma.
  • 4:59 - 5:02
    E, com frequência,
    produz resultados inesperados.
  • 5:02 - 5:05
    A relatividade geral é um exemplo desses.
  • 5:05 - 5:08
    Minkowski tinha aquela geometria
    e Einstein percebeu:
  • 5:08 - 5:12
    "Ei! É mesmo a coisa em que posso
    encaixar a relatividade geral".
  • 5:12 - 5:15
    Portanto, nunca se sabe. É um mistério.
  • 5:15 - 5:17
    É um mistério.
  • 5:17 - 5:20
    CA: Isto é uma peça matemática
    muito engenhosa.
  • 5:20 - 5:21
    Fale-nos dela.
  • 5:21 - 5:27
    JS: Bem, é uma bola, é uma esfera,
    e tem uma rede em volta dela,
  • 5:27 - 5:29
    está a ver, aqueles quadrados.
  • 5:31 - 5:36
    O que vou mostrar aqui
    foi observado inicialmente por Euler,
  • 5:36 - 5:38
    o grande matemático, no século XVIII.
  • 5:38 - 5:43
    A pouco e pouco, foi-se tornando
    num importante campo da matemática:
  • 5:43 - 5:46
    a topologia algébrica, a geometria.
  • 5:47 - 5:51
    Aquele documento
    ali em cima assenta nisto.
  • 5:51 - 5:53
    Portanto, a coisa é esta:
  • 5:53 - 5:58
    tem 8 vértices, 12 arestas, 6 faces.
  • 5:58 - 5:59
    Se olharmos para as diferenças
  • 5:59 - 6:02
    — os vértices menos as arestas,
    mais as faces —
  • 6:02 - 6:03
    obtemos dois.
  • 6:03 - 6:05
    Ok, dois. É um número bonito.
  • 6:05 - 6:09
    Esta é outra maneira de fazer o mesmo.
    Estes são triângulos que a cobrem.
  • 6:09 - 6:13
    Há 12 vértices e 30 arestas,
  • 6:14 - 6:18
    20 faces — 20 triângulos.
  • 6:19 - 6:23
    Os vértices, menos as arestas,
    mais as faces também é igual a dois.
  • 6:23 - 6:26
    Na realidade, podemos fazer isto,
    seja como for,
  • 6:26 - 6:30
    cobrir esta coisa com todo o tipo
    de polígonos e triângulos
  • 6:30 - 6:31
    e misturá-los.
  • 6:31 - 6:35
    Calculamos os vértices menos as arestas,
    mais as faces, obtemos sempre dois.
  • 6:35 - 6:37
    Esta é uma configuração diferente.
  • 6:37 - 6:40
    Isto é um toro,
    parece a superfície de um "donut":
  • 6:40 - 6:46
    16 vértices, cobertos por estes retângulos,
    32 arestas, 16 faces.
  • 6:46 - 6:47
    [V - A + F = 0]
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    Dá sempre o resultado zero,
    vértices, menos arestas, mais faces
  • 6:51 - 6:55
    Sempre que cobrimos um toro
    com quadrados ou triângulos
  • 6:55 - 6:59
    ou qualquer coisa dessas,
    vamos obter zero.
  • 7:01 - 7:03
    Isto chama-se a característica de Euler.
  • 7:03 - 7:06
    É aquilo a que se chama
    uma invariante topológica.
  • 7:07 - 7:08
    É espantosa.
  • 7:08 - 7:11
    Façamos o que fizermos,
    obtemos sempre a mesma resposta.
  • 7:11 - 7:17
    Portanto, este foi o primeiro impulso,
    em meados do século XVIII,
  • 7:17 - 7:21
    num assunto que agora
    se chama topologia algébrica.
  • 7:21 - 7:24
    CA: O seu trabalho foi agarrar
    numa ideia dessas
  • 7:24 - 7:27
    e transformá-la numa teoria
    de dimensão mais elevada,
  • 7:27 - 7:30
    em objetos de maior dimensão
    e descobrir novas invariantes?
  • 7:30 - 7:33
    JS: Foi. Já havia invariantes
    de maior dimensão:
  • 7:34 - 7:39
    as classes de Pontryagin,
    as classes de Chern.
  • 7:39 - 7:42
    Havia um punhado
    desses tipos de invariantes.
  • 7:42 - 7:46
    Eu tentei trabalhar num deles
  • 7:46 - 7:51
    e criar um modelo envolvendo
    uma combinação de elementos,
  • 7:51 - 7:54
    em vez da forma
    como era feito habitualmente.
  • 7:54 - 7:58
    Isso levou a este trabalho
    e descobrimos coisas novas.
  • 7:58 - 8:01
    Mas se não fosse o Sr. Euler
  • 8:02 - 8:06
    — que escreveu quase 70 volumes
    de matemática,
  • 8:06 - 8:09
    teve 13 filhos que, segundo parece,
  • 8:09 - 8:12
    brincavam nos joelhos dele,
    enquanto ele escrevia —
  • 8:14 - 8:20
    se não fosse o Sr. Euler,
    talvez não houvesse estas invariantes.
  • 8:20 - 8:24
    CA: Bem, isso, pelo menos, deu-nos
    um pequeno perfume desse espírito notável.
  • 8:25 - 8:27
    Falemos da Renaissance.
  • 8:27 - 8:29
    Com o seu espírito espantoso
  • 8:29 - 8:32
    e, dado ter sido decifrador
    de códigos na NSA,
  • 8:32 - 8:36
    o senhor começou a decifrar códigos
    na indústria financeira.
  • 8:36 - 8:39
    Penso que o senhor não deve ter
    acreditado numa teoria de mercado eficaz.
  • 8:39 - 8:42
    De certo modo,
    o senhor descobriu uma forma
  • 8:42 - 8:45
    de criar lucros espantosos
    durante 20 anos.
  • 8:45 - 8:46
    Segundo me explicaram,
  • 8:46 - 8:50
    o espantoso é que o senhor não se limitou
    à dimensão dos lucros,
  • 8:50 - 8:54
    o senhor assumiu-os com uma volatilidade
    e um risco surpreendentemente baixos,
  • 8:54 - 8:56
    em comparação
    com outros fundos de cobertura.
  • 8:56 - 8:58
    Como é que conseguiu isso, Jim?
  • 8:58 - 9:02
    JS: Consegui-o, reunindo
    um grupo espantoso de pessoas.
  • 9:02 - 9:06
    Quando comecei a negociar, eu estava
    a ficar um pouco cansado da matemática.
  • 9:06 - 9:10
    Estava a aproximar-me dos 40 anos,
    tinha pouco dinheiro.
  • 9:10 - 9:13
    Comecei a negociar e saí-me muito bem.
  • 9:13 - 9:16
    Ganhei muito dinheiro, puramente à sorte.
  • 9:16 - 9:18
    Acho que foi puramente à sorte.
  • 9:18 - 9:20
    De certeza que não foi
    com nenhum modelo matemático.
  • 9:20 - 9:24
    Mas, ao olhar para os dados,
    ao fim de um tempo, percebi:
  • 9:24 - 9:26
    parece que há aqui qualquer estrutura.
  • 9:26 - 9:30
    Contratei matemáticos
    e começámos a fazer modelos.
  • 9:30 - 9:34
    o tipo de coisas que tínhamos feito
    no Instituto para Análise da Defesa, o IDA
  • 9:34 - 9:37
    Concebemos um algoritmo,
    testamo-lo num computador.
  • 9:37 - 9:40
    Funciona? Não funciona? Etc.
  • 9:40 - 9:42
    CA: Podemos dar uma vista de olhos nisso?
  • 9:42 - 9:46
    Porque temos aqui
    um gráfico vulgar de um bem qualquer
  • 9:46 - 9:50
    Olho para ele e digo:
    "Isto é aleatório, sobe e desce,
  • 9:50 - 9:54
    "talvez uma leve tendência para cima,
    ao longo daquele período de tempo".
  • 9:54 - 9:56
    Como é possível negociar,
    a olhar para aquilo
  • 9:56 - 9:58
    e ver qualquer coisa
    que não seja apenas aleatório?
  • 9:58 - 10:01
    JS: Antigamente
    — este é o tipo de gráfico de antigamente —
  • 10:01 - 10:06
    os bens ou as divisas
    tinham uma evolução tendencial.
  • 10:06 - 10:09
    Não propriamente a tendência
    muito ténue que aqui vemos,
  • 10:09 - 10:12
    mas uma tendência por períodos.
  • 10:12 - 10:16
    Se eu decidir que vou prever hoje
  • 10:16 - 10:19
    segundo o movimento médio
    dos últimos 20 dias,
  • 10:21 - 10:24
    talvez seja uma boa previsão,
    e eu ganhe dinheiro.
  • 10:24 - 10:29
    Na realidade, há uns anos,
    esse sistema podia funcionar,
  • 10:29 - 10:32
    não de forma impecável, mas funcionava.
  • 10:32 - 10:35
    Ganhava-se dinheiro, perdia-se dinheiro,
    ganhava-se dinheiro.
  • 10:35 - 10:37
    Mas era uma questão de dias num ano
  • 10:37 - 10:41
    e ganhávamos algum dinheiro,
    durante esse período.
  • 10:42 - 10:45
    É um sistema muito baseado em indícios.
  • 10:45 - 10:48
    CA: Portanto, o senhor testava uma série
    de tendências ao longo do tempo
  • 10:48 - 10:51
    e via se, por exemplo,
  • 10:51 - 10:54
    a tendência de 10 dias, ou de 15 dias,
    era prenúncio do que aconteceria a seguir.
  • 10:54 - 11:01
    JS: Claro, nós tentávamos tudo isso
    e víamos qual funcionava melhor.
  • 11:02 - 11:05
    O acompanhamento das tendências
    funcionou otimamente nos anos 60
  • 11:05 - 11:07
    e esteve mais ou menos bem nos anos 70.
  • 11:07 - 11:09
    Nos anos 80, já não resultava.
  • 11:09 - 11:12
    CA: Porque já toda a gente sabia disso.
  • 11:12 - 11:15
    Como é que conseguiu passar
    à frente da multidão?
  • 11:15 - 11:21
    JS: Passámos à frente da multidão,
    descobrindo outras abordagens,
  • 11:21 - 11:24
    abordagens de prazo mais curto,
    em certa medida.
  • 11:25 - 11:29
    A coisa era reunir uma tremenda
    quantidade de dados
  • 11:29 - 11:31
    — e, naquela altura, era tudo feito à mão.
  • 11:32 - 11:36
    Íamos ao Federal Reserve e copiávamos
    histórias de taxas de juros
  • 11:36 - 11:39
    e coisas dessas,
    porque não existiam computadores.
  • 11:39 - 11:41
    Tínhamos montes de dados
  • 11:41 - 11:45
    e pessoas muito inteligentes,
    a chave era essa.
  • 11:45 - 11:50
    Eu não sabia como contratar pessoas
    para as negociações fundamentais.
  • 11:50 - 11:53
    Contratei algumas — umas faziam dinheiro,
    outras não faziam dinheiro.
  • 11:53 - 11:55
    Não podia negociar assim.
  • 11:55 - 11:57
    Mas sabia como contratar cientistas,
  • 11:57 - 12:00
    porque tenho algum faro nesse campo.
  • 12:00 - 12:02
    Foi o que fizemos.
  • 12:02 - 12:05
    A pouco e pouco, os modelos
    foram ficando cada vez melhores,
  • 12:05 - 12:07
    cada vez melhores.
  • 12:07 - 12:10
    CA: Tem o mérito de ter feito
    uma coisa espantosa na Renaissance,
  • 12:10 - 12:13
    criar essa cultura, esse grupo de pessoas,
  • 12:13 - 12:16
    que não eram só "mercenários"
    que se iriam embora só por dinheiro.
  • 12:16 - 12:20
    A motivação delas era fazer
    matemática e ciência excitantes.
  • 12:20 - 12:22
    JS: Eu tinha esperança
    que isso acontecesse.
  • 12:22 - 12:26
    Mas também era por dinheiro.
  • 12:26 - 12:27
    CA: Elas ganharam muito dinheiro.
  • 12:27 - 12:30
    JS: Não posso dizer
    que ninguém veio por dinheiro.
  • 12:30 - 12:32
    Acho que muitos deles vieram por dinheiro.
  • 12:32 - 12:34
    Mas também vieram porque ia ser divertido.
  • 12:34 - 12:37
    CA: Que papel desempenhou
    a aprendizagem de máquinas em tudo isso?
  • 12:37 - 12:41
    JS: Em certo sentido, o que fizemos
    foi aprendizagem de máquinas.
  • 12:41 - 12:47
    Olhamos para uma data de dados e tentamos
    simular diferentes esquemas de previsão,
  • 12:47 - 12:50
    até sermos cada vez melhores nisso.
  • 12:50 - 12:53
    Não havia propriamente um "feedback"
    na forma como fazíamos,
  • 12:53 - 12:56
    mas funcionava.
  • 12:56 - 13:00
    CA: Então, esses diferentes esquemas
    de previsão podem ser inesperados.
  • 13:00 - 13:02
    Ou seja, vocês olhavam para tudo, não era?
  • 13:02 - 13:06
    Olhavam para o tempo, para o comprimento
    das saias, para a opinião pública.
  • 13:06 - 13:09
    JS: Bem, essa do comprimento das saias
    não experimentámos.
  • 13:09 - 13:11
    CA: Que tipo de coisas?
  • 13:11 - 13:12
    JS: Tudo.
  • 13:12 - 13:16
    Tudo servia para alimentar a máquina,
    exceto o comprimento das bainhas.
  • 13:17 - 13:19
    O tempo, os relatórios anuais,
  • 13:19 - 13:24
    os relatórios trimestrais,
    os dados históricos, os volumes, etc.
  • 13:24 - 13:25
    Tudo e mais alguma coisa.
  • 13:25 - 13:28
    Obtínhamos "terabytes" de dados
    todos os dias.
  • 13:28 - 13:32
    Não os púnhamos de lado, manipulávamo-los
    e preparávamo-los para análise.
  • 13:33 - 13:35
    Procurávamos anomalias.
  • 13:35 - 13:37
    Conforme você disse,
  • 13:37 - 13:41
    víamos se a hipótese do mercado eficaz
    não estava correta.
  • 13:41 - 13:44
    CA: Mas qualquer anomalia podia ser
    apenas uma coisa aleatória.
  • 13:44 - 13:47
    O segredo é procurar apenas
    múltiplas anomalias estranhas
  • 13:47 - 13:49
    e ver como elas se alinham?
  • 13:49 - 13:53
    JS: Qualquer anomalia
    pode ser uma coisa aleatória.
  • 13:53 - 13:56
    Mas, se tivermos dados suficientes,
    podemos dizer se não é.
  • 13:56 - 14:01
    Se encontrarmos uma anomalia persistente
    durante tempo suficiente,
  • 14:01 - 14:06
    a probabilidade de ser aleatória
    é muito baixa.
  • 14:06 - 14:08
    Mas se essas coisas desaparecem
    após algum tempo,
  • 14:08 - 14:11
    as anomalias são postas de lado.
  • 14:11 - 14:13
    Temos que nos manter sempre
    atentos aos negócios.
  • 14:13 - 14:17
    CA: Muita gente olha agora para a
    indústria dos fundos de cobertura
  • 14:17 - 14:20
    e sente-se chocada
  • 14:20 - 14:23
    pela quantidade de riqueza que gera
  • 14:23 - 14:25
    e quanto talento consome.
  • 14:26 - 14:30
    Sente-se preocupado com esta indústria
  • 14:30 - 14:32
    e com a indústria financeira, em geral?
  • 14:32 - 14:35
    Por estar numa espécie
    de corrida desenfreada
  • 14:35 - 14:39
    que, sei lá, ajuda
    a aumentar a desigualdade?
  • 14:39 - 14:43
    Como defenderia o que está a acontecer?
  • 14:43 - 14:45
    JS: Penso que, nos últimos
    três ou quatro anos,
  • 14:45 - 14:48
    os fundos de cobertura
    não têm estado especialmente bem.
  • 14:48 - 14:49
    Nós temos estado bem,
  • 14:49 - 14:53
    mas a indústria dos fundos de cobertura,
    no seu conjunto, não tem estado muito bem.
  • 14:53 - 14:58
    O mercado de ações tem andado sobre rodas,
    como toda a gente sabe,
  • 14:58 - 15:01
    e os rácios preços-rendimentos
    têm aumentado.
  • 15:01 - 15:04
    Portanto, uma grande parte da riqueza
    que tem sido criada
  • 15:04 - 15:08
    nos últimos cinco ou seis anos,
    não foi criada pelos fundos de cobertura.
  • 15:08 - 15:12
    As pessoas perguntam-me:
    "A como está o fundo de cobertura?"
  • 15:12 - 15:14
    E eu dizia: "Está a 1,20".
  • 15:14 - 15:18
    Ou seja — agora está a 2,20 —
  • 15:18 - 15:21
    é 2% de taxa fixa, com 20% de lucros.
  • 15:21 - 15:24
    Os fundos de cobertura
    são um tipo de criaturas diferentes.
  • 15:24 - 15:27
    CA: Consta que o senhor cobra taxas
    um pouco mais altas do que isso.
  • 15:27 - 15:31
    JS: Nós cobrámos as taxas mais altas
    do mundo, em determinada altura.
  • 15:31 - 15:34
    A 5,44, foi quanto cobrámos.
  • 15:34 - 15:35
    CA: A 5, 44.
  • 15:35 - 15:38
    Portanto, 5% fixos e 44% de ganhos.
  • 15:38 - 15:41
    Mesmo assim, os vossos investidores
    ganharam imenso dinheiro.
  • 15:41 - 15:43
    JS: Sim, fizemos bons lucros.
  • 15:43 - 15:46
    As pessoas ficavam loucas:
    "Como é que podem cobrar taxas tão altas?"
  • 15:46 - 15:48
    Eu dizia: "Ok, podem ir-se embora".
  • 15:48 - 15:51
    Mas as pessoas diziam:
    "Como é que posso ganhar mais?"
  • 15:51 - 15:52
    (Risos)
  • 15:52 - 15:55
    Mas, a certa altura
    — acho que já lhe disse isso —
  • 15:55 - 15:59
    comprámos tudo aos investidores
    porque há uma capacidade para o fundo.
  • 15:59 - 16:03
    CA: Mas devemos preocupar-nos
    que a indústria dos fundos de cobertura
  • 16:03 - 16:07
    atraia demasiados matemáticos
    mundiais e outros talentos
  • 16:07 - 16:11
    para trabalharem nela, em oposição
    a muitos outros prolemas no mundo?
  • 16:11 - 16:13
    JS: Bem, não são só os matemáticos.
  • 16:13 - 16:16
    Contratámos astrónomos
    e físicos e coisas dessas.
  • 16:16 - 16:18
    Penso que não nos devemos
    preocupar demasiado.
  • 16:18 - 16:22
    É uma indústria muito reduzida.
  • 16:22 - 16:27
    Na verdade, a introdução da ciência
    no mundo do investimento
  • 16:27 - 16:30
    melhorou esse mundo.
  • 16:30 - 16:34
    Reduziu a volatilidade.
    Aumentou a liquidez.
  • 16:34 - 16:38
    Os "spreads" são mais apertados porque
    as pessoas negoceiam nesse tipo de coisas.
  • 16:38 - 16:42
    Portanto, não me preocupa muito se Einstein
    resolver iniciar um fundo de cobertura.
  • 16:42 - 16:47
    CA: O senhor está numa fase da sua vida
    em que está a investir
  • 16:47 - 16:51
    no extremo oposto da cadeia da oferta.
  • 16:51 - 16:55
    Está a espalhar a matemática
    por todos os EUA.
  • 16:55 - 16:57
    Esta é a sua mulher, Marilyn.
  • 16:57 - 17:01
    Estão a trabalhar em conjunto
    em questões filantrópicas.
  • 17:01 - 17:03
    Fale-me disso.
  • 17:03 - 17:06
    JS: Bem, foi Marilyn que começou
  • 17:06 - 17:10
    — lá está ela ali, a minha bonita mulher —
  • 17:10 - 17:13
    começou com a fundação, há uns 20 anos.
  • 17:13 - 17:14
    Penso que em 1994.
  • 17:14 - 17:17
    Eu digo que foi em 1993,
    ela diz que foi em 1994,
  • 17:17 - 17:19
    mas foi num desses anos.
  • 17:19 - 17:21
    (Risos)
  • 17:21 - 17:27
    Iniciámos a fundação como uma forma
    conveniente de fazer caridade.
  • 17:28 - 17:31
    Ela faz a contabilidade e coisas dessas.
  • 17:31 - 17:38
    Naquela altura, não tínhamos uma visão,
    mas a pouco e pouco essa visão surgiu.
  • 17:38 - 17:41
    Foi concentrarmo-nos
    na matemática e na ciência,
  • 17:41 - 17:44
    concentrarmo-nos na investigação básica.
  • 17:44 - 17:46
    Foi isso que fizemos.
  • 17:46 - 17:53
    Há seis anos, saí da Renaissance
    e fui trabalhar para a fundação.
  • 17:53 - 17:55
    Foi isso que fizemos.
  • 17:55 - 17:57
    CA: Então, Math for America é, sobretudo,
  • 17:57 - 18:00
    investir em professores de matemática
    por todo o país,
  • 18:00 - 18:04
    dar-lhes um rendimento extra,
    dar-lhes apoio e orientação.
  • 18:04 - 18:07
    Tentar torná-la mais eficaz
  • 18:07 - 18:09
    e torná-la numa vocação
    a que os professores podem aspirar.
  • 18:09 - 18:14
    JS: Sim, em vez de deitarmos abaixo
    os maus professores
  • 18:14 - 18:19
    — o que criou problemas morais
    em toda a comunidade do ensino,
  • 18:19 - 18:22
    em especial na matemática e na ciência —
  • 18:22 - 18:28
    nós damos destaque aos bons professores
    e oferecemos-lhes estatuto.
  • 18:28 - 18:31
    Também lhes damos dinheiro extra,
    15 000 dólares por ano.
  • 18:31 - 18:33
    Temos hoje 800 professores
    de matemática e de ciência
  • 18:33 - 18:36
    em Nova Iorque, em escolas públicas,
  • 18:36 - 18:38
    constituindo um núcleo.
  • 18:38 - 18:41
    Têm uma moral muito elevada.
  • 18:41 - 18:43
    Mantêm-se no terreno.
  • 18:43 - 18:45
    No próximo ano, serão 1000,
  • 18:45 - 18:48
    mas são apenas 10% dos professores
    de matemática e ciência
  • 18:48 - 18:51
    nas escolas públicas de Nova Iorque.
  • 18:51 - 18:54
    (Aplausos)
  • 18:56 - 18:59
    CA: Jim, há um outro projeto
    que o senhor apoia filantropicamente.
  • 18:59 - 19:02
    Suponho que é a investigação
    sobre a origem da vida.
  • 19:02 - 19:04
    O que é que procura nisso?
  • 19:04 - 19:06
    JS: Vou guardar essa pergunta
  • 19:06 - 19:08
    e depois digo-lhe o que ando à procura.
  • 19:08 - 19:11
    A origem da vida é uma questão fascinante.
  • 19:11 - 19:13
    Como é que lá chegámos?
  • 19:13 - 19:15
    Há duas questões.
  • 19:15 - 19:21
    Uma é o caminho
    da geologia para a biologia,
  • 19:21 - 19:22
    como é que lá chegámos?
  • 19:22 - 19:25
    A outra questão é,
    com que é que iniciámos?
  • 19:25 - 19:28
    Que material tivemos
    para entrarmos nessa via?
  • 19:28 - 19:31
    São duas questões muito interessantes.
  • 19:32 - 19:35
    A primeira questão é um caminho tortuoso,
  • 19:35 - 19:38
    da geologia para o ARN
    ou qualquer coisa assim.
  • 19:39 - 19:40
    Como é que isso funcionou?
  • 19:40 - 19:43
    A outra, o que é que temos para trabalhar?
  • 19:43 - 19:45
    Temos mais do que pensamos.
  • 19:45 - 19:49
    O que se mostra ali
    é uma estrela em formação.
  • 19:50 - 19:53
    Todos os anos, na nossa Via Láctea,
    que tem 100 mil milhões de estrelas,
  • 19:53 - 19:56
    criam-se duas novas estrelas.
  • 19:56 - 19:59
    Não me pergunte como,
    mas são duas novas estrelas.
  • 19:59 - 20:02
    Levam cerca de um milhão de anos
    a estabilizar.
  • 20:02 - 20:05
    Num determinado momento,
  • 20:05 - 20:08
    há sempre cerca de dois milhões
    de estrelas em formação.
  • 20:08 - 20:12
    Aquela ali está algures
    no período de estabilização.
  • 20:12 - 20:15
    E há toda aquela tralha
    a circular à volta dela,
  • 20:15 - 20:17
    poeira e outras coisas.
  • 20:17 - 20:21
    Provavelmente vai formar um sistema solar,
    ou qualquer outra coisa.
  • 20:21 - 20:23
    Mas o importante
  • 20:23 - 20:29
    é que na poeira que rodeia
    uma estrela em formação
  • 20:29 - 20:35
    encontraram-se agora
    moléculas orgânicas significativas.
  • 20:36 - 20:42
    Moléculas, para além das de metano,
    moléculas de formaldeído e cianido,
  • 20:42 - 20:49
    coisas que são os blocos de construção,
    as sementes da vida.
  • 20:49 - 20:52
    Isto pode ser característico.
  • 20:52 - 20:59
    Pode ser característico
    que os planetas, por todo o universo,
  • 20:59 - 21:04
    se iniciem com alguns destes blocos
    básicos de construção.
  • 21:04 - 21:07
    Isso significa que vai haver vida
    por toda a parte?
  • 21:07 - 21:08
    Talvez.
  • 21:08 - 21:12
    Mas é uma questão que mostra
    como este caminho é tortuoso,
  • 21:12 - 21:17
    desde o frágil começo,
    dessas sementes, até à vida.
  • 21:17 - 21:21
    A maior parte dessas sementes
    cairão em planetas inativos.
  • 21:22 - 21:24
    CA: Então, para si, pessoalmente,
    o senhor adoraria
  • 21:24 - 21:27
    encontrar uma resposta para essa questão
    de onde é que nós viemos,
  • 21:27 - 21:30
    de como isso aconteceu.
  • 21:30 - 21:31
    JS: Adoraria.
  • 21:31 - 21:33
    E gostaria de saber,
  • 21:33 - 21:38
    já que este caminho
    é tão tortuoso e tão improvável,
  • 21:38 - 21:43
    se seremos os únicos,
    por onde quer que tenhamos começado.
  • 21:43 - 21:45
    Mas, por outro lado,
  • 21:45 - 21:48
    dada toda aquela poeira orgânica,
    que flutua ali à roda,
  • 21:48 - 21:52
    podemos ter montes de amigos lá em cima.
  • 21:53 - 21:54
    Seria ótimo sabermos isso.
  • 21:54 - 21:58
    CA: Jim, há uns anos, tive a oportunidade
    de falar com Elon Musk
  • 21:58 - 22:01
    e perguntar-lhe
    qual o segredo do seu êxito.
  • 22:01 - 22:05
    Ele disse-me que tinha sido
    levar a sério a física.
  • 22:05 - 22:09
    Ouvindo-o a si, o senhor diz
    que o que impregnou toda a sua vida.
  • 22:09 - 22:12
    foi levar a sério a matemática.
  • 22:12 - 22:17
    Permitiu-lhe fazer uma grande fortuna
    e agora está a permitir-lhe
  • 22:17 - 22:20
    investir no futuro
    de milhares e milhares de miúdos
  • 22:20 - 22:22
    por todos os EUA e não só.
  • 22:22 - 22:25
    Será que a ciência funciona realmente?
  • 22:25 - 22:27
    Essa matemática funciona realmente?
  • 22:27 - 22:31
    JS: Claro que a matemática funciona.
    A matemática funciona.
  • 22:32 - 22:34
    Mas tem sido divertido
    trabalhar com Marylin
  • 22:34 - 22:38
    e desistir dela tem sido agradável.
  • 22:38 - 22:41
    CA: Descobri,
    e é um pensamento inspirador,
  • 22:41 - 22:45
    que, se levarmos a sério o conhecimento,
    podem surgir muito mais coisas daí.
  • 22:45 - 22:48
    Obrigado pela sua vida espantosa
    e por ter vindo aqui à TED.
  • 22:48 - 22:49
    Obrigado.
  • 22:49 - 22:50
    Jim Simons!
  • 22:50 - 22:54
    (Aplausos)
Title:
Uma entrevista rara com o matemático que decifrou Wall Street
Speaker:
Jim Simons
Description:

Jim Simons foi um matemático e criptógrafo que percebeu que a matemática complexa que usava para decifrar códigos podia ajudar a explicar padrões no mundo das finanças. Depois de ganhar milhares de milhões, trabalha para apoiar a próxima geração de professores e alunos de matemática. Chris Anderson, da TED, conversa com Simons sobre a sua extraordinária vida de números.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
23:03

Portuguese subtitles

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