A história de uma sobrevivente do Genocídio Armênio | Lucine Z. Kinoian | TEDxBergenCommunityCollege
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0:04 - 0:09Em 1913, o Império Otomano
passou a ser governado -
0:09 - 0:13por Talaat, Enver e Djemal Pasha.
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0:13 - 0:14Sob sua liderança,
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0:14 - 0:19um movimento nacional foi organizado
para unificar o povo turco na região -
0:19 - 0:23e remover todos os não-muçulmanos de lá.
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0:24 - 0:28A presença do povo armênio,
bem como de outras minorias cristãs, -
0:28 - 0:31não era propícia
a essa nova ideologia turca -
0:31 - 0:36e, assim, os armênios foram sujeitos
a uma descapitalização sistemática, -
0:36 - 0:39deportação e, por fim, extermínio.
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0:40 - 0:42Passaram-se mais de 100 anos
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0:42 - 0:45desde os acontecimentos que marcaram
o início do Genocídio Armênio. -
0:46 - 0:50De 1915 ao início da década de 1920,
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0:50 - 0:55mais de 1,5 milhão de armênios
perderam a vida -
0:55 - 0:57nas mãos do governo turco-otomano.
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0:58 - 1:01Mais de 1,5 milhão de vidas
foram encerradas prematuramente, -
1:01 - 1:05mais de 1,5 milhão de histórias
nunca serão contadas. -
1:06 - 1:10Mas estou aqui hoje para contar a história
de uma sobrevivente do Genocídio Armênio, -
1:10 - 1:13minha bisavó, Anna Tutundjian.
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1:15 - 1:22A história de Anna começa em Sivas,
na Turquia, onde ela nasceu em 1903. -
1:22 - 1:26Ela tinha 11 anos no verão de 1915,
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1:26 - 1:30quando oficiais turco-otomanos
chegaram na cidade -
1:30 - 1:32e encurralaram todos os armênios.
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1:33 - 1:38Os homens e jovens
foram logo separados do grupo, -
1:38 - 1:44e Anna assistiu a seu pai, tios
e amados primos serem mortos a tiros. -
1:45 - 1:49Pouco depois de os homens
serem separados e mortos, -
1:49 - 1:52os bebês foram tirados de suas mães,
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1:52 - 1:55incluindo o irmão menor de Anna.
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1:55 - 2:02Esses bebês foram enterrados no chão
só com os ombros e a cabeça para fora -
2:02 - 2:06e Anna assistiu enquanto
cavalos pisotearam sobre eles. -
2:07 - 2:12No final do dia, só sobraram
as mulheres, as garotas e os idosos. -
2:13 - 2:16Mas o destino não os separaria
por muito mais tempo. -
2:16 - 2:20Pouco depois, os oficiais voltaram,
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2:20 - 2:22e ordenaram que todas as mulheres armênias
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2:22 - 2:23todos os que sobraram,
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2:23 - 2:26evacuassem suas residências.
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2:26 - 2:29Anna lembra-se de ajudar sua mãe
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2:29 - 2:35a embrulhar e costurar em lençóis
todos os pertences que podiam. -
2:36 - 2:42E em pouco tempo, as mulheres,
incluindo Anna, sua mãe e irmãs, -
2:42 - 2:44começaram uma marcha da morte,
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2:44 - 2:48saindo da Turquia
até o meio do deserto da Síria. -
2:54 - 2:56Nessa marcha, elas não tinham outra comida
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2:56 - 2:59além daquela que carregaram de casa.
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2:59 - 3:02E, como vocês podem imaginar,
isso não durou muito tempo. -
3:02 - 3:06Elas andavam o dia todo
e só paravam à noite. -
3:06 - 3:08A água era escassa
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3:08 - 3:12e Anna diz que em qualquer lugar
que elas vissem uma nascente ou um poço, -
3:12 - 3:14tentavam ir até o local encher os jarros.
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3:14 - 3:18Mas isso só era possível se conseguissem
sair da caravana sem serem notadas. -
3:19 - 3:24Anna conta que estava
com centenas de mulheres e crianças, -
3:24 - 3:27e ela recorda que levou
de dois a três dias -
3:27 - 3:31até que a primeira dessas mulheres
começasse a abandonar a formação. -
3:33 - 3:37Uma manhã, era bem cedo,
antes de a marcha começar novamente, -
3:37 - 3:41Anna e suas irmãs estavam em um poço
enchendo seus jarros de água. -
3:41 - 3:46Enquanto estavam no poço,
um homem a agarrou. -
3:46 - 3:48Anna gritou, chutou e chorou,
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3:48 - 3:51suas irmãs correram para chamar a mãe.
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3:51 - 3:55Mas até a mãe e as irmãs retornarem,
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3:55 - 3:57Anna tinha sido levada.
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3:58 - 4:01Ela não sabe aonde o sequestrador a levou,
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4:01 - 4:06mas, aos 11 anos de idade,
ele fez dela sua nova esposa. -
4:07 - 4:09Apesar de ele já ter uma esposa.
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4:09 - 4:14Muitas, na verdade, e ela tornou-se
uma entre as 15 ou 20 meninas armênias -
4:14 - 4:17que faziam parte do harém dele.
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4:18 - 4:22Anna conta que ele poderia
muito bem deixá-la sozinha, -
4:22 - 4:26mas ao mesmo tempo
a chamava de sua "mais linda". -
4:27 - 4:32Dentro de um ano,
ela deu à luz uma menina. -
4:32 - 4:38E quando tinha 13 anos, deu luz à outra.
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4:40 - 4:42Apesar de amar suas filhas,
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4:42 - 4:44dia após dia, só pensava em fugir.
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4:44 - 4:46Ela sentia falta da mãe e das irmãs
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4:46 - 4:51e queria, mais do que tudo,
deixar esse homem. -
4:51 - 4:53O problema é que ela nunca estava só.
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4:53 - 4:59Nunca havia uma oportunidade sequer
de fazer algo sozinha, quanto mais fugir. -
4:59 - 5:02As garotas sempre tinham
que acompanhar umas às outras -
5:02 - 5:05não importa onde estivessem
ou o que estivessem fazendo. -
5:07 - 5:11Se uma saía da linha,
ou tentava fazer algo sozinha, -
5:11 - 5:13elas deduravam umas às outras
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5:13 - 5:16na esperança de serem
recompensadas pelo captor. -
5:19 - 5:24Uma noite, a menina que deveria
acompanhar Anna ao banheiro -
5:24 - 5:26estava muito cansada para fazê-lo.
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5:26 - 5:28Ela deixou Anna ir sozinha,
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5:28 - 5:32provavelmente pensando
que, por Anna ter duas filhas, -
5:32 - 5:34ela iria, faria suas coisas e voltaria.
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5:34 - 5:38Mas Anna viu isso
como uma oportunidade de fugir. -
5:38 - 5:39E ela o fez.
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5:39 - 5:41Correu e conseguiu escapar...
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5:42 - 5:43mas sozinha.
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5:44 - 5:46Ela correu noite adentro,
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5:46 - 5:51e por fim encontrou o caminho
para uma igreja armênia. -
5:51 - 5:54Porém, a igreja não pôde ajudá-la
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5:54 - 5:57e ela acabou fugindo de lá também.
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5:57 - 6:01Ela ainda tinha apenas 13 anos.
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6:01 - 6:05Ela encontrou um padre armênio
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6:05 - 6:08que a acolheu, ofereceu-lhe abrigo,
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6:08 - 6:12e ajudou-a a chegar em Alepo, na Síria,
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6:12 - 6:16que na época estava se tornando uma
comunidade de reassentamento improvisada -
6:16 - 6:20para todos os armênios que sobreviviam
às marchas da morte pelo deserto. -
6:22 - 6:25Anna viveu em um orfanato por anos.
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6:25 - 6:29Ela trabalhou com outros sobreviventes,
outras garotas da sua idade, -
6:29 - 6:31trabalhando e tecendo tapetes.
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6:32 - 6:34E a todo armênio que conhecia, perguntava:
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6:34 - 6:36"Você conhece minha família?
Conhece minha mãe? -
6:36 - 6:38Você sabe o que aconteceu com elas?"
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6:38 - 6:41E um dia, a pergunta dela foi respondida.
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6:41 - 6:43"Sim, eu conheço sua mãe e suas irmãs.
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6:43 - 6:45Elas estão vivas. Sobreviveram.
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6:45 - 6:47Estão vivendo em Marselha, na França."
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6:49 - 6:55Com a ajuda da UGAB,
a união geral armênia de beneficência, -
6:55 - 6:58uma organização humanitária
da Armênia muito ativa até hoje, -
6:58 - 7:01Anna pôde viajar para a França
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7:01 - 7:05e finalmente reencontrar-se com sua mãe.
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7:05 - 7:09À essa altura, ela tinha
pouco mais de 20 anos. -
7:09 - 7:11Esse encontro, no entanto, foi abreviado
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7:11 - 7:13porque, sem que Anna soubesse,
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7:13 - 7:15do outro lado do mundo,
nos Estados Unidos, -
7:15 - 7:19seu futuro marido estava
mudando-se para a França. -
7:19 - 7:24Por volta de 1925, meu bisavô
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7:24 - 7:26Kevork Malikyan,
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7:26 - 7:28vivia nos Estados Unidos
há mais de 20 anos. -
7:28 - 7:30Ele era casado
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7:30 - 7:32e tinha duas filhas.
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7:32 - 7:34Uma delas era uma recém-nascida,
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7:34 - 7:37e sua esposa estava tendo dificuldade
em produzir leite e amamentar -
7:37 - 7:40quando foi aconselhada a congelar o seio.
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7:41 - 7:44Isso resultou em uma pneumonia
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7:44 - 7:45e ela faleceu,
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7:45 - 7:49deixando Kevork sozinho
para cuidar das duas meninas. -
7:49 - 7:53Ele conseguiu lidar por um tempo
com a ajuda de alguns familiares. -
7:53 - 7:56Mas eles logo começaram a dizer:
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7:56 - 7:57"Isso é demais para nós.
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7:57 - 7:59Você precisa casar de novo.
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7:59 - 8:02Você precisa encontrar uma esposa
e alguém para cuidar das meninas". -
8:02 - 8:05Disseram a ele que havia
uma grande comunidade de armênios -
8:05 - 8:07vivendo em Marselha.
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8:07 - 8:11Ele poderia ir até lá, encontrar
uma esposa e trazê-la para casa. -
8:12 - 8:13Então ele o fez.
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8:13 - 8:16Em 1925, meu bisavô foi para Marselha.
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8:16 - 8:20Ele acabou na fábrica de tapetes,
onde Anna estava trabalhando -
8:20 - 8:21e passou a admirá-la.
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8:21 - 8:25Ele, então, encontrou a mãe dela,
falou sobre suas intenções. -
8:25 - 8:28e na hora em que Anna chegou
do trabalho aquela noite, -
8:28 - 8:30os preparativos estavam todos feitos.
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8:30 - 8:32Kevork e Anna casaram-se no dia seguinte.
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8:32 - 8:37Logo depois de sua pequena
cerimônia de casamento, -
8:37 - 8:40eles embarcaram em um navio
e vieram para os Estados Unidos. -
8:42 - 8:45Kevork e Anna tiveram mais três filhos.
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8:45 - 8:49A primeira, nascida em 1927, é minha avó.
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8:49 - 8:51Mais crescida, minha avó soube
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8:51 - 8:54que sua mãe era uma sobrevivente
do Genocídio Armênio. -
8:54 - 8:56Ainda assim, o genocídio
nunca era mencionado -
8:56 - 8:59exceto em termos genéricos, como:
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8:59 - 9:02"Os horrores que os armênios viveram",
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9:02 - 9:06ou "Os crimes que os turco-otomanos
cometeram conosco". -
9:08 - 9:13Depois do falecimento de Kevork em 1962,
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9:13 - 9:18Anna começou a receber
cartas de parentes na Turquia. -
9:18 - 9:20Quando minha avó questionou-a
sobre estas cartas, -
9:20 - 9:24ela disse que eram de suas irmãs.
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9:24 - 9:28Mas Anna nunca havia falado
sobre essas irmãs antes. -
9:28 - 9:30Eram irmãs que, mesmo adultas,
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9:30 - 9:33minha avó nem mesmo sabia que existiam.
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9:33 - 9:37No começo do verão de 1964,
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9:37 - 9:41Anna anunciou que ia visitá-las.
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9:41 - 9:43Isso causou muito estresse à minha avó,
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9:43 - 9:46porque Anna não havia viajado sozinha
para lugar algum depois de adulta -
9:46 - 9:49menos ainda para outro país.
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9:49 - 9:53E ela não havia estado na Turquia
desde quando era uma criança de 11 anos. -
9:54 - 9:57Mas Anna era teimosa e persistiu,
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9:57 - 9:59e, no começo do verão de 1964,
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10:00 - 10:01ela voltou para a Turquia.
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10:03 - 10:09Quando ela voltou de lá no fim do verão,
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10:09 - 10:12ela sentou com a minha avó e admtiu
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10:12 - 10:16que as irmãs que ela tinha ido visitar,
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10:17 - 10:21as parentes que ela tinha ido visitar,
as mulheres que ela chamava de "irmãs", -
10:21 - 10:22não eram suas irmãs de verdade.
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10:22 - 10:24Eram suas duas filhas,
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10:24 - 10:27as duas que ela abandonou
quando tinha 13 anos. -
10:29 - 10:30Nas correspondências
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10:30 - 10:33que ela vinha mandando
e recebendo da Turquia, -
10:33 - 10:36ela descobriu que seu
sequestrador havia morrido. -
10:36 - 10:38Então, pela primeira vez em quase 50 anos,
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10:38 - 10:42ela se sentiu segura para voltar
e encontrar essas meninas, -
10:42 - 10:45que, é claro, já eram adultas na época.
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10:47 - 10:51Levou 50 anos para Anna contar a verdade
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10:51 - 10:55sobre o que ela testemunhou dos massacres
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10:55 - 10:58e sua experiência de ser
raptada e estuprada. -
11:00 - 11:02E...
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11:04 - 11:08enquanto eu podia ter escolhido contar...
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11:08 - 11:10Quando escolhi contar a história de Anna,
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11:10 - 11:14eu poderia ter contado a história
de qualquer um dos meus bisavós, -
11:14 - 11:16todos eles sobreviveram ao Genocídio,
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11:16 - 11:20todos passaram por dificuldades
igualmente inimagináveis. -
11:23 - 11:27Eu estou aqui hoje por causa
da força que eles tiveram, -
11:27 - 11:30e vejo que esta força continua
a ser encarnada todos os dias -
11:30 - 11:32nos meus pais e avós.
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11:33 - 11:39Eu digo que sou da terceira geração
de armênio-americanos, -
11:39 - 11:41mas seria mais adequado dizer
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11:41 - 11:46que eu sou da terceira geração
de sobreviventes do Genocídio Armênio, -
11:47 - 11:51porque sou trineta de homens e mulheres
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11:51 - 11:55que nunca tiveram a oportunidade
de sequer sonhar que eu existiria. -
11:56 - 12:00Então eu gosto de pensar que é meu dever
e obrigação contar suas histórias -
12:00 - 12:04e manter vivo o legado de todos
os que vieram antes de mim. -
12:04 - 12:06Obrigada.
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12:06 - 12:08(Aplausos)
- Title:
- A história de uma sobrevivente do Genocídio Armênio | Lucine Z. Kinoian | TEDxBergenCommunityCollege
- Description:
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A palestra de Lucine Z. Kinoian fala a respeito das circunstâncias e a sorte que permitiram a seus bisavós sobreviverem ao Genocídio Armênio, a despeito do sofrimento desumano que enfrentaram e do destino iminente e inevitável que levou seus parentes e entes queridos. A palestra foca especificamente na bisavó de Lucine, cuja história é de sequestro e abuso. Lucine acredita que o que somos como indivíduos é produto dos que vieram antes de nós e que temos uma obrigação para conosco mesmos, para com a nossa sociedade e com mundo em geral de reconhecer, conhecer e aprender com as histórias do nosso passado. Mais de um século se passou desde os eventos que marcaram o Genocídio Armênio e, contando a história de sua avó, Lucine almeja ser a voz de uma geração antiga e ameaçada de ser esquecida.
Lucine Z. Kinoian é da terceira geração de armênio-americanos e está ativa nas comunidades armênias em Nova Iorque e Nova Jérsei. Ela tem bacharelado em Literatura Comparada e Filosofia pela Universidade de Rutgers e mestrado em Educação em Inglês pela Universidade de Columbia. Lucine trabalha atualmente como professora na escola do distrito de Tenafly, em Nova Jérsei.
Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 12:14