Como encontrei o equilíbrio depois de um diagnóstico psiquiátrico | Dyene Galantini | TEDxRiodoSul
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0:22 - 0:25Eu tenho andado
meio nostálgica ultimamente. -
0:25 - 0:28Esses dias eu estava lembrando
da minha época de estagiária; -
0:28 - 0:30como o ritmo era outro.
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0:30 - 0:32Eu lembro que eu chegava no escritório,
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0:32 - 0:36apertava o botão do computador,
e demorava um pouquinho até ele ligar. -
0:36 - 0:39E ainda tinha que me conectar
com a internet. -
0:39 - 0:42Eu trabalhava no departamento
de comunicação -
0:42 - 0:45e lidava com imagens pesadas.
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0:45 - 0:48Toda vez que eu colocava
uma dessas imagens pra salvar, -
0:48 - 0:51eu levantava e ia tomar um cafezinho
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0:51 - 0:54ou então conversava com as pessoas
de tanto que demorava. -
0:55 - 1:00Só que hoje, de repente,
num piscar de olhos, tudo mudou. -
1:00 - 1:04O mundo anda veloz,
incerto, complexo e ambíguo. -
1:04 - 1:06As exigências aumentaram
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1:06 - 1:11e, com elas, a necessidade de fazermos
as coisas cada vez mais rápido. -
1:11 - 1:13E eu tentei acompanhar
toda essa agilidade. -
1:13 - 1:18Só que eu não esperava que eu precisasse
fazer uma pausa forçada, -
1:18 - 1:20independente da minha vontade.
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1:20 - 1:23Eu estava numa carreira
internacional em ascensão -
1:23 - 1:27quando fui surpreendida
por um diagnóstico psiquiátrico. -
1:27 - 1:29É que em março de 2005,
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1:29 - 1:32eu fui diagnosticada
com transtorno bipolar -
1:32 - 1:34com características psicóticas.
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1:34 - 1:39No início, o quadro não era bom
e as perspectivas, menos ainda. -
1:39 - 1:40Eu tive um médico inclusive
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1:40 - 1:43que disse que eu deveria
me aposentar por invalidez. -
1:43 - 1:46Imagina você... eu tinha 30 e poucos anos,
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1:46 - 1:49com tanta coisa pra viver pela frente,
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1:49 - 1:52quando uma parada total
acontece em minha vida. -
1:52 - 1:54No caso do transtorno bipolar,
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1:54 - 1:57eu tenho dois momentos
distintos de comportamento: -
1:57 - 2:02um é a depressão e o outro é euforia,
que antes era chamado de mania. -
2:02 - 2:06Na fase eufórica,
era uma energia sem igual. -
2:06 - 2:08Eu lembro que eu ia
pro escritório trabalhar, -
2:08 - 2:12voltava de madrugada
e continuava trabalhando -
2:12 - 2:14como se isso fosse
a coisa mais normal do mundo. -
2:14 - 2:18Até que meu chefe me disse:
"Dyene, dá uma desacelerada, -
2:18 - 2:22os outros departamentos
não estão aguentando a sua demanda". -
2:22 - 2:24Aí eu comecei a piorar
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2:24 - 2:26e eu não conseguia
enxergar as coisas direito. -
2:26 - 2:30Era como se eu colocasse meu rosto
pra fora de um carro em alta velocidade -
2:30 - 2:33e não conseguisse distinguir os objetos.
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2:33 - 2:37Uma vez eu olhei pra geladeira
e vi vultos, cores e formas. -
2:37 - 2:42Até hoje eu dou uma olhada na geladeira
pra ver se ela está paradinha no lugar. -
2:42 - 2:44Às vezes afetava minha audição também.
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2:44 - 2:47Eu escutava coisas
que ninguém mais escutava, -
2:47 - 2:52como uma bola de basquete batendo
incessantemente do meu lado. -
2:52 - 2:57O meu maior medo naquela época
era de enlouquecer gradativamente -
2:57 - 2:59até deixar de ser quem eu sempre fui.
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2:59 - 3:03E depois dessa energia toda
provocada pela euforia, -
3:03 - 3:06eu caía numa depressão avassaladora.
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3:06 - 3:10Nessa fase era muito difícil,
eu me sentia uma inválida. -
3:10 - 3:14Eu chorava o dia inteiro,
sem nenhum motivo aparente. -
3:14 - 3:18Eu lembro que uma vez a gente fez
uma festa de aniversário pro meu marido -
3:18 - 3:20e eu não conseguia levantar da cama.
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3:20 - 3:24Eu lembro que orei, roguei, barganhei,
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3:24 - 3:26mas o meu corpo não respondia.
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3:26 - 3:27Isso era muito atípico
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3:27 - 3:31porque eu sempre fui
uma pessoa extremamente sociável, -
3:31 - 3:36e agir daquela forma
não era muito o jeito que eu era. -
3:37 - 3:42E aí, em momentos como esse,
vinha uma verdadeira culpa -
3:42 - 3:45de não poder fazer as coisas
com tanta facilidade. -
3:45 - 3:49E junto com a culpa,
vinha uma vergonha, uma tristeza, -
3:50 - 3:52uma agonia imensa.
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3:53 - 3:56E essa agonia continuou se exacerbando
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3:56 - 4:01até que uma vez eu gostaria de dormir
e nunca mais acordar. -
4:01 - 4:04Comecei até a planejar
esse meu desaparecimento... -
4:04 - 4:05se é que vocês me entendem.
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4:05 - 4:07E eu falei isso pra minha terapeuta,
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4:07 - 4:12e ela me disse: "Dyene, isso é um perigo.
Você está tendo ideações suicidas". -
4:12 - 4:14E essa palavra eu conheço bem.
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4:14 - 4:18A minha avó cometeu suicídio
aos 56 anos de idade. -
4:18 - 4:20E ela também tinha transtorno bipolar.
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4:20 - 4:25E a minha terapeuta sugeriu que eu fosse
pra um hospital psiquiátrico, -
4:25 - 4:28e esse termo "hospital psiquiátrico"
assusta qualquer um. -
4:28 - 4:32Só que pra mim, o que assusta muito mais
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4:32 - 4:34é o estigma, é o preconceito,
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4:34 - 4:39porque isso impede que as pessoas
busquem um tratamento adequado. -
4:39 - 4:41E eu fui pro hospital,
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4:41 - 4:44onde eu tinha pessoas
me avaliando 24 horas por dia; -
4:44 - 4:47pessoas profissionais,
médicos competentes. -
4:47 - 4:50E isso me ajudou muito a melhorar.
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4:50 - 4:51E ao sair do hospital,
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4:51 - 4:54eu acho que o que me fez o meu maior bem
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4:54 - 4:58foi poder contar com o apoio
e o amor incondicional da minha família. -
4:58 - 5:02Eu lembro que uma vez no hospital,
eu cheguei pro meu marido e falei: -
5:02 - 5:06"Amor, se você quiser
se divorciar de mim, eu até entendo. -
5:06 - 5:09Eu, neste momento,
não tenho nada pra te oferecer". -
5:09 - 5:13E ele me disse: "Você está doida
que eu vou me divorciar de você!" -
5:13 - 5:14Quando eu respondi:
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5:14 - 5:17"Bom, que eu estou doida
está muito bem pré-estabelecido, -
5:17 - 5:20a gente está num hospital psiquiátrico".
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5:20 - 5:24E o tempo foi passando,
a minha vontade de melhorar continuou, -
5:24 - 5:27e eu comecei a visualizar
a minha recuperação -
5:27 - 5:30que nada mais era
do que uma visão otimista -
5:30 - 5:31de quem eu queria ser.
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5:31 - 5:37Me imaginei estudando, trabalhando,
fazendo as coisas que eu sempre gostei. -
5:37 - 5:41E aí eu lembro que foi janeiro de 2007,
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5:41 - 5:43eu resolvi fazer
uma resolução de ano novo. -
5:43 - 5:47Escrevi no papel e disse
que eu faria o possível e o impossível, -
5:47 - 5:53eu me comprometeria pra me realizar
e superar esse transtorno. -
5:53 - 5:58E nessa época, eu comecei a ler
todos os livros sobre transtorno bipolar, -
5:58 - 6:00li todas as biografias.
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6:00 - 6:04E o que aprendi naquela época
é que as pausas não são permanentes. -
6:04 - 6:06Na verdade, a pausa
é uma excelente oportunidade -
6:06 - 6:10pra descobrir um reservatório de potencial
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6:10 - 6:12que a gente nem sabe que a gente tem.
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6:12 - 6:15E de alguma forma, eu acho
que todos nós estamos passando -
6:15 - 6:19por uma pausa forçada
por causa do COVID-19. -
6:19 - 6:21É um momento muito dolorido,
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6:21 - 6:23mas acho que se a gente prestar atenção,
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6:23 - 6:26a gente vai conseguir tirar
lições riquíssimas -
6:26 - 6:28deste momento tão difícil.
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6:28 - 6:30No fundo, tudo começa dentro da gente.
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6:30 - 6:33Não são os fatores externos
que geram estresse, -
6:33 - 6:35e sim como a gente lida
com esses fatores externos. -
6:35 - 6:37E eu presto muito atenção no estresse
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6:37 - 6:40porque pode ser um gatilho
pros meus sintomas. -
6:40 - 6:43E a depressão, transtorno bipolar
são doenças seríssimas. -
6:43 - 6:45De acordo com a OMS,
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6:45 - 6:48a depressão é a maior causa
de incapacitação do mundo, -
6:48 - 6:52e pesquisadores de Oxford descobriram
que quem tem transtorno bipolar -
6:52 - 6:56tem uma expectativa de vida
de 9 a 20 anos a menos. -
6:56 - 6:57E eu sempre penso:
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6:57 - 7:00como eu posso ficar
fora dessa estatística? -
7:01 - 7:04A primeira coisa é sabendo
que eu não estou curada, -
7:04 - 7:05e sim estabilizada.
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7:05 - 7:10Isso faz com que a adesão
ao meu tratamento seja ainda maior. -
7:10 - 7:13E a outra eu acho que tem muito a ver
com a autorresponsabilidade, -
7:13 - 7:17que é esse meu comprometimento
com a minha saúde mental, -
7:17 - 7:21em adotar hábitos saudáveis a longo prazo.
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7:21 - 7:23E é até curioso alguém
que tem um transtorno mental -
7:23 - 7:27chegar aqui pra vocês e falar
sobre equilíbrio e vida saudável, -
7:27 - 7:29mas faz todo sentido do mundo.
-
7:29 - 7:33Saúde mental, pra mim, não é opção,
é uma questão de vida ou morte. -
7:33 - 7:35Se eu não me cuidar,
-
7:35 - 7:40a minha probabilidade de me suicidar
aumenta exponencialmente. -
7:40 - 7:42É por isso que eu vim aqui hoje,
-
7:42 - 7:45dividir os cinco passos que eu faço
pra complementar o meu tratamento. -
7:45 - 7:47Vou dar um exemplo pra vocês.
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7:47 - 7:49Lembra que na época de euforia
-
7:49 - 7:52eu falei que meus pensamentos
eram extremamente rápidos? -
7:53 - 7:54Isso acontecia muito.
-
7:54 - 7:58Eu acho que essa nossa mania
de viver ocupado -
7:58 - 8:00é uma adrenalina que vicia.
-
8:00 - 8:02Aí chega no final do dia, a gente pensa:
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8:02 - 8:04"Nossa, eu trabalhei tanto,
-
8:04 - 8:07mas eu tenho a sensação
de que eu não fiz nada". -
8:07 - 8:09Pesquisadores de Stanford descobriram
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8:09 - 8:16que quando você faz multitarefas,
a sua eficiência e produtividade caem. -
8:16 - 8:18Nosso cérebro é muito parecido
com um computador. -
8:18 - 8:22Sabe no computador quando
você deixa todas as abas abertas? -
8:22 - 8:23O nosso cérebro é igual.
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8:23 - 8:26E no fundo a nossa atenção consciente
-
8:26 - 8:29é um dos recursos
mais preciosos que nós temos. -
8:29 - 8:31E lá em 2007,
-
8:31 - 8:34quando eu prometi a mim mesma
que eu iria cuidar da minha saúde mental, -
8:34 - 8:37a primeira coisa que eu vi
foi sobre a meditação. -
8:37 - 8:38E aí eu tentei.
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8:38 - 8:40Eu morava em Houston na época
-
8:40 - 8:42e aí eu fui pra um templo budista
aprender a meditar. -
8:42 - 8:46E confesso pra vocês:
eu fui um verdadeiro desastre. -
8:46 - 8:49Essa concepção de esvaziar a mente,
-
8:49 - 8:52focar na respiração
e não pensar em nada... -
8:52 - 8:54aquilo não era pra mim.
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8:54 - 8:56Aí eu cheguei pro monge e falei:
-
8:56 - 9:00"Olha, eu entendo
a importância da meditação, -
9:00 - 9:03mas eu acho que eu não tenho
capacidade cognitiva pra isso". -
9:04 - 9:07E ele me disse com toda aquela calma
que só um monge tem: -
9:07 - 9:10"Dyene, meditação
não é uma coisa que a gente faz, -
9:10 - 9:13meditação é uma coisa
que a gente pratica". -
9:14 - 9:17E ele tinha razão, e eu resolvi praticar.
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9:17 - 9:20Até hoje eu percebo
que quando eu não medito, -
9:20 - 9:21eu não durmo tão bem
-
9:21 - 9:25e a minha capacidade de foco
e concentração diminuem -
9:25 - 9:27e a minha ansiedade aumenta.
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9:27 - 9:31E essa falta de foco,
falta de clareza que eu tinha -
9:31 - 9:35foram ajudadas pela meditação,
mas não eram os únicos sintomas. -
9:35 - 9:38Um dos outros que eu tinha muito evidente
-
9:38 - 9:40era minha necessidade de isolamento.
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9:41 - 9:43Eu acho que é compreensível:
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9:43 - 9:45quem tem depressão
sabe que é uma angústia, -
9:45 - 9:49um desespero, que você quer
se afastar do outro, -
9:49 - 9:52você não quer que o outro
veja você daquela forma. -
9:52 - 9:54Então, você se afasta.
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9:54 - 9:57Só que quanto mais difícil
fica nossa vida, -
9:57 - 9:59mais a gente precisa do outro.
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9:59 - 10:03Escutei uma vez que monstros
existem no escuro, -
10:03 - 10:07mas quando você acende a luz,
você vê que monstros não existem. -
10:07 - 10:09Só que às vezes você não tem aquela força
-
10:09 - 10:11pra levantar e acender aquele interruptor.
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10:11 - 10:14E é aí que você precisa da mão amiga.
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10:14 - 10:17E quando eu decidi que eu ia melhorar,
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10:17 - 10:20eu comecei a investir
nos meus relacionamentos... -
10:20 - 10:22esse foi meu segundo passo.
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10:22 - 10:26Aí eu montei o meu grupo
com minha família e meus amigos, -
10:26 - 10:30cheguei a frequentar
vários grupos de apoio -
10:30 - 10:32e isso foi muito importante pra mim.
-
10:33 - 10:36E hoje eu vejo que o isolamento impera.
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10:37 - 10:41A gente tem tanta tecnologia
pra nos aproximar -
10:41 - 10:47e está cada vez mais difícil nós formarmos
relacionamentos sinceros e duradouros; -
10:48 - 10:51e talvez ainda mais difícil
de a gente conviver com pessoas -
10:51 - 10:53que pensam diferente da gente.
-
10:53 - 10:56E o que a gente deveria realmente fazer
-
10:56 - 11:02é ter cada vez mais
relacionamentos inclusivos, -
11:02 - 11:03mais diversos.
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11:03 - 11:07Porque quanto maior
a inclusividade, a diversidade, -
11:07 - 11:10maior a possibilidade
de a gente encontrar soluções -
11:10 - 11:14pros problemas mais complexos
que a humanidade oferece. -
11:14 - 11:17Será com a colaboração
mediada pela tecnologia -
11:17 - 11:21que nós conseguiremos atingir
os índices mais altos de inovação. -
11:22 - 11:25E essa tecnologia vem com alguns desafios,
-
11:25 - 11:26pelo menos pra mim.
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11:26 - 11:29Um deles foi a sobrecarga digital,
-
11:29 - 11:32e dá pra entender, a gente vive
em frente às telas o dia inteiro. -
11:32 - 11:37É a tela do computador,
da televisão, do celular. -
11:37 - 11:41Estudiosos da Universidade
de Chicago disseram, inclusive, -
11:41 - 11:44que as redes sociais viciam
mais do que o álcool e o cigarro. -
11:45 - 11:50E pra me ajudar a equalizar
essa sobrecarga digital, -
11:50 - 11:52eu priorizei o sono na minha vida.
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11:52 - 11:56Se na época da depressão
eu dormia 18 horas por dia -
11:56 - 11:58e na época de euforia eu não dormia,
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11:58 - 12:01hoje eu sei que 7 a 8 horas é o meu ideal.
-
12:01 - 12:03O sono restaurativo potencializa
-
12:03 - 12:06a nossa capacidade
de aprendizado e memória -
12:06 - 12:09e nos ajuda também a diminuir
-
12:09 - 12:13alguns tipos de câncer, diabetes
e doenças cardiovasculares. -
12:14 - 12:16Eu lembro que quando era mais jovem
-
12:16 - 12:18eu achava o máximo
virar a noite trabalhando. -
12:18 - 12:22E hoje eu sei o quão prejudicial
isso foi pra minha saúde. -
12:22 - 12:25Dormir melhor foi
a terceira coisa que eu fiz -
12:25 - 12:27pra melhorar minha saúde mental.
-
12:27 - 12:29A quarta foi o exercício.
-
12:29 - 12:33E eu sempre usei
a falta de tempo como desculpa. -
12:33 - 12:37Até que um amigo meu me disse:
"Dyene, um dia tem 1440 minutos... -
12:37 - 12:42se você não encontra 30 pra se exercitar,
você está fazendo alguma coisa errada". -
12:42 - 12:48E ele tinha razão, e eu comecei a ver
o exercício como uma prescrição médica, -
12:48 - 12:52como algo que fosse me ajudar
a combater as minhas comorbidades. -
12:53 - 12:56E quando eu comecei a ver
o exercício dessa forma, -
12:56 - 13:00ficou muito mais fácil vencer
a procrastinação e sair do sofá. -
13:01 - 13:03Eu acho que a procrastinação
-
13:03 - 13:06é algo com que todos nós temos
algum tipo de familiaridade. -
13:06 - 13:10Às vezes é tão difícil
tirar os nossos sonhos do papel -
13:10 - 13:12que a gente tem tanto medo de errar.
-
13:12 - 13:14Eu escutei uma vez
-
13:14 - 13:17que em algum lugar do mundo
tem o museu da procrastinação. -
13:17 - 13:20Lá tem aquele livro incrível
que nunca foi escrito, -
13:20 - 13:23aquela tela genial que nunca foi pintada
-
13:23 - 13:27e aquela inovação brilhante
que nunca foi patenteada. -
13:27 - 13:32A gente tem que lembrar de uma coisa:
a vida é bem diferente da escola. -
13:32 - 13:36Na escola, primeiro a gente tem a lição
e depois a gente tem... -
13:38 - 13:41primeiro a gente tem a lição
e depois a gente tem a prova. -
13:41 - 13:46Na vida, primeiro a gente tem a prova
e depois a gente tem a lição. -
13:46 - 13:51E pra contrapor essa procrastinação
imposta pela doença, -
13:51 - 13:53eu precisei de muita disciplina
-
13:53 - 13:56pra fazer os quatro passos
que eu contei hoje aqui: -
13:56 - 14:00pra dormir melhor,
pra me exercitar, pra meditar, -
14:00 - 14:03pra buscar relacionamentos saudáveis.
-
14:03 - 14:07E foi com essa disciplina
que eu segui em frente. -
14:07 - 14:10Eu precisei pausar, até andei pra trás.
-
14:10 - 14:12Mas eu continuei.
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14:12 - 14:15Hoje eu posso dizer
que o transtorno bipolar me transformou. -
14:16 - 14:20Eu não reclamo do meu trabalho
porque eu sei o que é estar incapacitada. -
14:20 - 14:24Eu sei que imprevistos
acontecem com qualquer um. -
14:24 - 14:27E que aquele senso de controle
que eu achava que eu tinha -
14:27 - 14:29era uma mera ilusão.
-
14:29 - 14:31Também reconheço
os privilégios que eu tive. -
14:31 - 14:34Um deles foi acesso
à medicina de qualidade. -
14:34 - 14:36E meu desejo mais sincero
-
14:36 - 14:38é que todas as pessoas
que tenham um transtorno mental -
14:38 - 14:42tenham acesso às mesmas
facilidades que eu tive. -
14:42 - 14:43E hoje eu faço o que eu gosto.
-
14:43 - 14:45Sou diretora global de marketing
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14:45 - 14:47em uma empresa
de inteligência e informação, -
14:47 - 14:50e através de um livro
eu contei minha história. -
14:50 - 14:52O nome do livro é "Vencendo a Mente",
-
14:52 - 14:56e eu coloquei no gerúndio
de forma proposital -
14:56 - 14:58porque o trabalho nunca termina.
-
14:59 - 15:02E contar a minha história
assim tão abertamente -
15:02 - 15:04foi um verdadeiro desafio.
-
15:04 - 15:07Eu fiquei com muito medo
de ser ridicularizada, -
15:07 - 15:11estigmatizada ou até excluída.
-
15:11 - 15:12Mas isso não aconteceu.
-
15:12 - 15:14Eu fui tratada com muito carinho.
-
15:14 - 15:18Na época do lançamento do livro,
eu tinha que contar pro meu chefe, -
15:18 - 15:20e eu achei que eu fosse ser demitida
-
15:20 - 15:23ou então que minha carreira
acabaria naquele momento. -
15:23 - 15:25E ele me surpreendeu quando disse:
-
15:25 - 15:29"Dyene, coragem, autenticidade
e vulnerabilidade -
15:29 - 15:31são características
de verdadeiros líderes". -
15:31 - 15:34Isso foi muito importante
pra mim pra seguir em frente. -
15:34 - 15:39Por um momento, eu cheguei a pensar
em publicar o livro de forma anônima, -
15:39 - 15:41mas aí eu perderia
a excelente oportunidade -
15:41 - 15:43de mostrar pras pessoas
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15:43 - 15:46que é possível, sim, viver
com transtorno mental -
15:46 - 15:48e viver uma vida plena,
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15:48 - 15:52e reforçar a importância do tratamento
pra que isso aconteça. -
15:52 - 15:58No fundo foi assim, com hábitos saudáveis,
autoconhecimento e disciplina -
15:58 - 16:02que eu consegui virar o jogo
e retomar a velocidade, -
16:02 - 16:06lembrando a importância da pausa,
seja ela proposital ou não. -
16:06 - 16:07Foi através da minha pausa
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16:07 - 16:10que eu consegui me conectar
com quem eu realmente era -
16:10 - 16:13e contei a minha história
com minha própria voz. -
16:13 - 16:17Um sábio um dia disse:
"Mude, mas vá devagar. -
16:17 - 16:22Porque mais importante que a velocidade
é a direção que você vai". -
16:22 - 16:24Então, comece onde você está,
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16:24 - 16:26vá no seu próprio ritmo
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16:26 - 16:30e nunca desista até encontrar
o seu ponto de equilíbrio. -
16:30 - 16:32Obrigada.
-
16:32 - 16:34(Aplausos)
- Title:
- Como encontrei o equilíbrio depois de um diagnóstico psiquiátrico | Dyene Galantini | TEDxRiodoSul
- Description:
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O que você faz com os desafios que a vida coloca em seu caminho?
Assista a est palestra e veja como Dyene respondeu esta pergunta. Dyene é uma executiva global com mais de 20 anos de experiência atuando nas áreas de marketing e liderança. Ela é mestre em administração de empresas pela Texas Southern University e por mais de 10 anos atuou em diversos países buscando e transmitindo conhecimento.
Em 2017, lançou o livro “Vencendo a Mente: como uma executiva de sucesso superou o transtorno bipolar” e, desde então, ministra palestras nas áreas de saúde mental e diversidade.
Ela faz parte do Conselho Global de Inclusão e Diversidade da IHS Markit e também empreende na área de editoração de livros.Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx
- Video Language:
- Portuguese, Brazilian
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 16:53