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Como encontrei o equilíbrio depois de um diagnóstico psiquiátrico | Dyene Galantini | TEDxRiodoSul

  • 0:22 - 0:25
    Eu tenho andado
    meio nostálgica ultimamente.
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    Esses dias eu estava lembrando
    da minha época de estagiária;
  • 0:28 - 0:30
    como o ritmo era outro.
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    Eu lembro que eu chegava no escritório,
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    apertava o botão do computador,
    e demorava um pouquinho até ele ligar.
  • 0:36 - 0:39
    E ainda tinha que me conectar
    com a internet.
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    Eu trabalhava no departamento
    de comunicação
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    e lidava com imagens pesadas.
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    Toda vez que eu colocava
    uma dessas imagens pra salvar,
  • 0:48 - 0:51
    eu levantava e ia tomar um cafezinho
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    ou então conversava com as pessoas
    de tanto que demorava.
  • 0:55 - 1:00
    Só que hoje, de repente,
    num piscar de olhos, tudo mudou.
  • 1:00 - 1:04
    O mundo anda veloz,
    incerto, complexo e ambíguo.
  • 1:04 - 1:06
    As exigências aumentaram
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    e, com elas, a necessidade de fazermos
    as coisas cada vez mais rápido.
  • 1:11 - 1:13
    E eu tentei acompanhar
    toda essa agilidade.
  • 1:13 - 1:18
    Só que eu não esperava que eu precisasse
    fazer uma pausa forçada,
  • 1:18 - 1:20
    independente da minha vontade.
  • 1:20 - 1:23
    Eu estava numa carreira
    internacional em ascensão
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    quando fui surpreendida
    por um diagnóstico psiquiátrico.
  • 1:27 - 1:29
    É que em março de 2005,
  • 1:29 - 1:32
    eu fui diagnosticada
    com transtorno bipolar
  • 1:32 - 1:34
    com características psicóticas.
  • 1:34 - 1:39
    No início, o quadro não era bom
    e as perspectivas, menos ainda.
  • 1:39 - 1:40
    Eu tive um médico inclusive
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    que disse que eu deveria
    me aposentar por invalidez.
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    Imagina você... eu tinha 30 e poucos anos,
  • 1:46 - 1:49
    com tanta coisa pra viver pela frente,
  • 1:49 - 1:52
    quando uma parada total
    acontece em minha vida.
  • 1:52 - 1:54
    No caso do transtorno bipolar,
  • 1:54 - 1:57
    eu tenho dois momentos
    distintos de comportamento:
  • 1:57 - 2:02
    um é a depressão e o outro é euforia,
    que antes era chamado de mania.
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    Na fase eufórica,
    era uma energia sem igual.
  • 2:06 - 2:08
    Eu lembro que eu ia
    pro escritório trabalhar,
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    voltava de madrugada
    e continuava trabalhando
  • 2:12 - 2:14
    como se isso fosse
    a coisa mais normal do mundo.
  • 2:14 - 2:18
    Até que meu chefe me disse:
    "Dyene, dá uma desacelerada,
  • 2:18 - 2:22
    os outros departamentos
    não estão aguentando a sua demanda".
  • 2:22 - 2:24
    Aí eu comecei a piorar
  • 2:24 - 2:26
    e eu não conseguia
    enxergar as coisas direito.
  • 2:26 - 2:30
    Era como se eu colocasse meu rosto
    pra fora de um carro em alta velocidade
  • 2:30 - 2:33
    e não conseguisse distinguir os objetos.
  • 2:33 - 2:37
    Uma vez eu olhei pra geladeira
    e vi vultos, cores e formas.
  • 2:37 - 2:42
    Até hoje eu dou uma olhada na geladeira
    pra ver se ela está paradinha no lugar.
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    Às vezes afetava minha audição também.
  • 2:44 - 2:47
    Eu escutava coisas
    que ninguém mais escutava,
  • 2:47 - 2:52
    como uma bola de basquete batendo
    incessantemente do meu lado.
  • 2:52 - 2:57
    O meu maior medo naquela época
    era de enlouquecer gradativamente
  • 2:57 - 2:59
    até deixar de ser quem eu sempre fui.
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    E depois dessa energia toda
    provocada pela euforia,
  • 3:03 - 3:06
    eu caía numa depressão avassaladora.
  • 3:06 - 3:10
    Nessa fase era muito difícil,
    eu me sentia uma inválida.
  • 3:10 - 3:14
    Eu chorava o dia inteiro,
    sem nenhum motivo aparente.
  • 3:14 - 3:18
    Eu lembro que uma vez a gente fez
    uma festa de aniversário pro meu marido
  • 3:18 - 3:20
    e eu não conseguia levantar da cama.
  • 3:20 - 3:24
    Eu lembro que orei, roguei, barganhei,
  • 3:24 - 3:26
    mas o meu corpo não respondia.
  • 3:26 - 3:27
    Isso era muito atípico
  • 3:27 - 3:31
    porque eu sempre fui
    uma pessoa extremamente sociável,
  • 3:31 - 3:36
    e agir daquela forma
    não era muito o jeito que eu era.
  • 3:37 - 3:42
    E aí, em momentos como esse,
    vinha uma verdadeira culpa
  • 3:42 - 3:45
    de não poder fazer as coisas
    com tanta facilidade.
  • 3:45 - 3:49
    E junto com a culpa,
    vinha uma vergonha, uma tristeza,
  • 3:50 - 3:52
    uma agonia imensa.
  • 3:53 - 3:56
    E essa agonia continuou se exacerbando
  • 3:56 - 4:01
    até que uma vez eu gostaria de dormir
    e nunca mais acordar.
  • 4:01 - 4:04
    Comecei até a planejar
    esse meu desaparecimento...
  • 4:04 - 4:05
    se é que vocês me entendem.
  • 4:05 - 4:07
    E eu falei isso pra minha terapeuta,
  • 4:07 - 4:12
    e ela me disse: "Dyene, isso é um perigo.
    Você está tendo ideações suicidas".
  • 4:12 - 4:14
    E essa palavra eu conheço bem.
  • 4:14 - 4:18
    A minha avó cometeu suicídio
    aos 56 anos de idade.
  • 4:18 - 4:20
    E ela também tinha transtorno bipolar.
  • 4:20 - 4:25
    E a minha terapeuta sugeriu que eu fosse
    pra um hospital psiquiátrico,
  • 4:25 - 4:28
    e esse termo "hospital psiquiátrico"
    assusta qualquer um.
  • 4:28 - 4:32
    Só que pra mim, o que assusta muito mais
  • 4:32 - 4:34
    é o estigma, é o preconceito,
  • 4:34 - 4:39
    porque isso impede que as pessoas
    busquem um tratamento adequado.
  • 4:39 - 4:41
    E eu fui pro hospital,
  • 4:41 - 4:44
    onde eu tinha pessoas
    me avaliando 24 horas por dia;
  • 4:44 - 4:47
    pessoas profissionais,
    médicos competentes.
  • 4:47 - 4:50
    E isso me ajudou muito a melhorar.
  • 4:50 - 4:51
    E ao sair do hospital,
  • 4:51 - 4:54
    eu acho que o que me fez o meu maior bem
  • 4:54 - 4:58
    foi poder contar com o apoio
    e o amor incondicional da minha família.
  • 4:58 - 5:02
    Eu lembro que uma vez no hospital,
    eu cheguei pro meu marido e falei:
  • 5:02 - 5:06
    "Amor, se você quiser
    se divorciar de mim, eu até entendo.
  • 5:06 - 5:09
    Eu, neste momento,
    não tenho nada pra te oferecer".
  • 5:09 - 5:13
    E ele me disse: "Você está doida
    que eu vou me divorciar de você!"
  • 5:13 - 5:14
    Quando eu respondi:
  • 5:14 - 5:17
    "Bom, que eu estou doida
    está muito bem pré-estabelecido,
  • 5:17 - 5:20
    a gente está num hospital psiquiátrico".
  • 5:20 - 5:24
    E o tempo foi passando,
    a minha vontade de melhorar continuou,
  • 5:24 - 5:27
    e eu comecei a visualizar
    a minha recuperação
  • 5:27 - 5:30
    que nada mais era
    do que uma visão otimista
  • 5:30 - 5:31
    de quem eu queria ser.
  • 5:31 - 5:37
    Me imaginei estudando, trabalhando,
    fazendo as coisas que eu sempre gostei.
  • 5:37 - 5:41
    E aí eu lembro que foi janeiro de 2007,
  • 5:41 - 5:43
    eu resolvi fazer
    uma resolução de ano novo.
  • 5:43 - 5:47
    Escrevi no papel e disse
    que eu faria o possível e o impossível,
  • 5:47 - 5:53
    eu me comprometeria pra me realizar
    e superar esse transtorno.
  • 5:53 - 5:58
    E nessa época, eu comecei a ler
    todos os livros sobre transtorno bipolar,
  • 5:58 - 6:00
    li todas as biografias.
  • 6:00 - 6:04
    E o que aprendi naquela época
    é que as pausas não são permanentes.
  • 6:04 - 6:06
    Na verdade, a pausa
    é uma excelente oportunidade
  • 6:06 - 6:10
    pra descobrir um reservatório de potencial
  • 6:10 - 6:12
    que a gente nem sabe que a gente tem.
  • 6:12 - 6:15
    E de alguma forma, eu acho
    que todos nós estamos passando
  • 6:15 - 6:19
    por uma pausa forçada
    por causa do COVID-19.
  • 6:19 - 6:21
    É um momento muito dolorido,
  • 6:21 - 6:23
    mas acho que se a gente prestar atenção,
  • 6:23 - 6:26
    a gente vai conseguir tirar
    lições riquíssimas
  • 6:26 - 6:28
    deste momento tão difícil.
  • 6:28 - 6:30
    No fundo, tudo começa dentro da gente.
  • 6:30 - 6:33
    Não são os fatores externos
    que geram estresse,
  • 6:33 - 6:35
    e sim como a gente lida
    com esses fatores externos.
  • 6:35 - 6:37
    E eu presto muito atenção no estresse
  • 6:37 - 6:40
    porque pode ser um gatilho
    pros meus sintomas.
  • 6:40 - 6:43
    E a depressão, transtorno bipolar
    são doenças seríssimas.
  • 6:43 - 6:45
    De acordo com a OMS,
  • 6:45 - 6:48
    a depressão é a maior causa
    de incapacitação do mundo,
  • 6:48 - 6:52
    e pesquisadores de Oxford descobriram
    que quem tem transtorno bipolar
  • 6:52 - 6:56
    tem uma expectativa de vida
    de 9 a 20 anos a menos.
  • 6:56 - 6:57
    E eu sempre penso:
  • 6:57 - 7:00
    como eu posso ficar
    fora dessa estatística?
  • 7:01 - 7:04
    A primeira coisa é sabendo
    que eu não estou curada,
  • 7:04 - 7:05
    e sim estabilizada.
  • 7:05 - 7:10
    Isso faz com que a adesão
    ao meu tratamento seja ainda maior.
  • 7:10 - 7:13
    E a outra eu acho que tem muito a ver
    com a autorresponsabilidade,
  • 7:13 - 7:17
    que é esse meu comprometimento
    com a minha saúde mental,
  • 7:17 - 7:21
    em adotar hábitos saudáveis a longo prazo.
  • 7:21 - 7:23
    E é até curioso alguém
    que tem um transtorno mental
  • 7:23 - 7:27
    chegar aqui pra vocês e falar
    sobre equilíbrio e vida saudável,
  • 7:27 - 7:29
    mas faz todo sentido do mundo.
  • 7:29 - 7:33
    Saúde mental, pra mim, não é opção,
    é uma questão de vida ou morte.
  • 7:33 - 7:35
    Se eu não me cuidar,
  • 7:35 - 7:40
    a minha probabilidade de me suicidar
    aumenta exponencialmente.
  • 7:40 - 7:42
    É por isso que eu vim aqui hoje,
  • 7:42 - 7:45
    dividir os cinco passos que eu faço
    pra complementar o meu tratamento.
  • 7:45 - 7:47
    Vou dar um exemplo pra vocês.
  • 7:47 - 7:49
    Lembra que na época de euforia
  • 7:49 - 7:52
    eu falei que meus pensamentos
    eram extremamente rápidos?
  • 7:53 - 7:54
    Isso acontecia muito.
  • 7:54 - 7:58
    Eu acho que essa nossa mania
    de viver ocupado
  • 7:58 - 8:00
    é uma adrenalina que vicia.
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    Aí chega no final do dia, a gente pensa:
  • 8:02 - 8:04
    "Nossa, eu trabalhei tanto,
  • 8:04 - 8:07
    mas eu tenho a sensação
    de que eu não fiz nada".
  • 8:07 - 8:09
    Pesquisadores de Stanford descobriram
  • 8:09 - 8:16
    que quando você faz multitarefas,
    a sua eficiência e produtividade caem.
  • 8:16 - 8:18
    Nosso cérebro é muito parecido
    com um computador.
  • 8:18 - 8:22
    Sabe no computador quando
    você deixa todas as abas abertas?
  • 8:22 - 8:23
    O nosso cérebro é igual.
  • 8:23 - 8:26
    E no fundo a nossa atenção consciente
  • 8:26 - 8:29
    é um dos recursos
    mais preciosos que nós temos.
  • 8:29 - 8:31
    E lá em 2007,
  • 8:31 - 8:34
    quando eu prometi a mim mesma
    que eu iria cuidar da minha saúde mental,
  • 8:34 - 8:37
    a primeira coisa que eu vi
    foi sobre a meditação.
  • 8:37 - 8:38
    E aí eu tentei.
  • 8:38 - 8:40
    Eu morava em Houston na época
  • 8:40 - 8:42
    e aí eu fui pra um templo budista
    aprender a meditar.
  • 8:42 - 8:46
    E confesso pra vocês:
    eu fui um verdadeiro desastre.
  • 8:46 - 8:49
    Essa concepção de esvaziar a mente,
  • 8:49 - 8:52
    focar na respiração
    e não pensar em nada...
  • 8:52 - 8:54
    aquilo não era pra mim.
  • 8:54 - 8:56
    Aí eu cheguei pro monge e falei:
  • 8:56 - 9:00
    "Olha, eu entendo
    a importância da meditação,
  • 9:00 - 9:03
    mas eu acho que eu não tenho
    capacidade cognitiva pra isso".
  • 9:04 - 9:07
    E ele me disse com toda aquela calma
    que só um monge tem:
  • 9:07 - 9:10
    "Dyene, meditação
    não é uma coisa que a gente faz,
  • 9:10 - 9:13
    meditação é uma coisa
    que a gente pratica".
  • 9:14 - 9:17
    E ele tinha razão, e eu resolvi praticar.
  • 9:17 - 9:20
    Até hoje eu percebo
    que quando eu não medito,
  • 9:20 - 9:21
    eu não durmo tão bem
  • 9:21 - 9:25
    e a minha capacidade de foco
    e concentração diminuem
  • 9:25 - 9:27
    e a minha ansiedade aumenta.
  • 9:27 - 9:31
    E essa falta de foco,
    falta de clareza que eu tinha
  • 9:31 - 9:35
    foram ajudadas pela meditação,
    mas não eram os únicos sintomas.
  • 9:35 - 9:38
    Um dos outros que eu tinha muito evidente
  • 9:38 - 9:40
    era minha necessidade de isolamento.
  • 9:41 - 9:43
    Eu acho que é compreensível:
  • 9:43 - 9:45
    quem tem depressão
    sabe que é uma angústia,
  • 9:45 - 9:49
    um desespero, que você quer
    se afastar do outro,
  • 9:49 - 9:52
    você não quer que o outro
    veja você daquela forma.
  • 9:52 - 9:54
    Então, você se afasta.
  • 9:54 - 9:57
    Só que quanto mais difícil
    fica nossa vida,
  • 9:57 - 9:59
    mais a gente precisa do outro.
  • 9:59 - 10:03
    Escutei uma vez que monstros
    existem no escuro,
  • 10:03 - 10:07
    mas quando você acende a luz,
    você vê que monstros não existem.
  • 10:07 - 10:09
    Só que às vezes você não tem aquela força
  • 10:09 - 10:11
    pra levantar e acender aquele interruptor.
  • 10:11 - 10:14
    E é aí que você precisa da mão amiga.
  • 10:14 - 10:17
    E quando eu decidi que eu ia melhorar,
  • 10:17 - 10:20
    eu comecei a investir
    nos meus relacionamentos...
  • 10:20 - 10:22
    esse foi meu segundo passo.
  • 10:22 - 10:26
    Aí eu montei o meu grupo
    com minha família e meus amigos,
  • 10:26 - 10:30
    cheguei a frequentar
    vários grupos de apoio
  • 10:30 - 10:32
    e isso foi muito importante pra mim.
  • 10:33 - 10:36
    E hoje eu vejo que o isolamento impera.
  • 10:37 - 10:41
    A gente tem tanta tecnologia
    pra nos aproximar
  • 10:41 - 10:47
    e está cada vez mais difícil nós formarmos
    relacionamentos sinceros e duradouros;
  • 10:48 - 10:51
    e talvez ainda mais difícil
    de a gente conviver com pessoas
  • 10:51 - 10:53
    que pensam diferente da gente.
  • 10:53 - 10:56
    E o que a gente deveria realmente fazer
  • 10:56 - 11:02
    é ter cada vez mais
    relacionamentos inclusivos,
  • 11:02 - 11:03
    mais diversos.
  • 11:03 - 11:07
    Porque quanto maior
    a inclusividade, a diversidade,
  • 11:07 - 11:10
    maior a possibilidade
    de a gente encontrar soluções
  • 11:10 - 11:14
    pros problemas mais complexos
    que a humanidade oferece.
  • 11:14 - 11:17
    Será com a colaboração
    mediada pela tecnologia
  • 11:17 - 11:21
    que nós conseguiremos atingir
    os índices mais altos de inovação.
  • 11:22 - 11:25
    E essa tecnologia vem com alguns desafios,
  • 11:25 - 11:26
    pelo menos pra mim.
  • 11:26 - 11:29
    Um deles foi a sobrecarga digital,
  • 11:29 - 11:32
    e dá pra entender, a gente vive
    em frente às telas o dia inteiro.
  • 11:32 - 11:37
    É a tela do computador,
    da televisão, do celular.
  • 11:37 - 11:41
    Estudiosos da Universidade
    de Chicago disseram, inclusive,
  • 11:41 - 11:44
    que as redes sociais viciam
    mais do que o álcool e o cigarro.
  • 11:45 - 11:50
    E pra me ajudar a equalizar
    essa sobrecarga digital,
  • 11:50 - 11:52
    eu priorizei o sono na minha vida.
  • 11:52 - 11:56
    Se na época da depressão
    eu dormia 18 horas por dia
  • 11:56 - 11:58
    e na época de euforia eu não dormia,
  • 11:58 - 12:01
    hoje eu sei que 7 a 8 horas é o meu ideal.
  • 12:01 - 12:03
    O sono restaurativo potencializa
  • 12:03 - 12:06
    a nossa capacidade
    de aprendizado e memória
  • 12:06 - 12:09
    e nos ajuda também a diminuir
  • 12:09 - 12:13
    alguns tipos de câncer, diabetes
    e doenças cardiovasculares.
  • 12:14 - 12:16
    Eu lembro que quando era mais jovem
  • 12:16 - 12:18
    eu achava o máximo
    virar a noite trabalhando.
  • 12:18 - 12:22
    E hoje eu sei o quão prejudicial
    isso foi pra minha saúde.
  • 12:22 - 12:25
    Dormir melhor foi
    a terceira coisa que eu fiz
  • 12:25 - 12:27
    pra melhorar minha saúde mental.
  • 12:27 - 12:29
    A quarta foi o exercício.
  • 12:29 - 12:33
    E eu sempre usei
    a falta de tempo como desculpa.
  • 12:33 - 12:37
    Até que um amigo meu me disse:
    "Dyene, um dia tem 1440 minutos...
  • 12:37 - 12:42
    se você não encontra 30 pra se exercitar,
    você está fazendo alguma coisa errada".
  • 12:42 - 12:48
    E ele tinha razão, e eu comecei a ver
    o exercício como uma prescrição médica,
  • 12:48 - 12:52
    como algo que fosse me ajudar
    a combater as minhas comorbidades.
  • 12:53 - 12:56
    E quando eu comecei a ver
    o exercício dessa forma,
  • 12:56 - 13:00
    ficou muito mais fácil vencer
    a procrastinação e sair do sofá.
  • 13:01 - 13:03
    Eu acho que a procrastinação
  • 13:03 - 13:06
    é algo com que todos nós temos
    algum tipo de familiaridade.
  • 13:06 - 13:10
    Às vezes é tão difícil
    tirar os nossos sonhos do papel
  • 13:10 - 13:12
    que a gente tem tanto medo de errar.
  • 13:12 - 13:14
    Eu escutei uma vez
  • 13:14 - 13:17
    que em algum lugar do mundo
    tem o museu da procrastinação.
  • 13:17 - 13:20
    Lá tem aquele livro incrível
    que nunca foi escrito,
  • 13:20 - 13:23
    aquela tela genial que nunca foi pintada
  • 13:23 - 13:27
    e aquela inovação brilhante
    que nunca foi patenteada.
  • 13:27 - 13:32
    A gente tem que lembrar de uma coisa:
    a vida é bem diferente da escola.
  • 13:32 - 13:36
    Na escola, primeiro a gente tem a lição
    e depois a gente tem...
  • 13:38 - 13:41
    primeiro a gente tem a lição
    e depois a gente tem a prova.
  • 13:41 - 13:46
    Na vida, primeiro a gente tem a prova
    e depois a gente tem a lição.
  • 13:46 - 13:51
    E pra contrapor essa procrastinação
    imposta pela doença,
  • 13:51 - 13:53
    eu precisei de muita disciplina
  • 13:53 - 13:56
    pra fazer os quatro passos
    que eu contei hoje aqui:
  • 13:56 - 14:00
    pra dormir melhor,
    pra me exercitar, pra meditar,
  • 14:00 - 14:03
    pra buscar relacionamentos saudáveis.
  • 14:03 - 14:07
    E foi com essa disciplina
    que eu segui em frente.
  • 14:07 - 14:10
    Eu precisei pausar, até andei pra trás.
  • 14:10 - 14:12
    Mas eu continuei.
  • 14:12 - 14:15
    Hoje eu posso dizer
    que o transtorno bipolar me transformou.
  • 14:16 - 14:20
    Eu não reclamo do meu trabalho
    porque eu sei o que é estar incapacitada.
  • 14:20 - 14:24
    Eu sei que imprevistos
    acontecem com qualquer um.
  • 14:24 - 14:27
    E que aquele senso de controle
    que eu achava que eu tinha
  • 14:27 - 14:29
    era uma mera ilusão.
  • 14:29 - 14:31
    Também reconheço
    os privilégios que eu tive.
  • 14:31 - 14:34
    Um deles foi acesso
    à medicina de qualidade.
  • 14:34 - 14:36
    E meu desejo mais sincero
  • 14:36 - 14:38
    é que todas as pessoas
    que tenham um transtorno mental
  • 14:38 - 14:42
    tenham acesso às mesmas
    facilidades que eu tive.
  • 14:42 - 14:43
    E hoje eu faço o que eu gosto.
  • 14:43 - 14:45
    Sou diretora global de marketing
  • 14:45 - 14:47
    em uma empresa
    de inteligência e informação,
  • 14:47 - 14:50
    e através de um livro
    eu contei minha história.
  • 14:50 - 14:52
    O nome do livro é "Vencendo a Mente",
  • 14:52 - 14:56
    e eu coloquei no gerúndio
    de forma proposital
  • 14:56 - 14:58
    porque o trabalho nunca termina.
  • 14:59 - 15:02
    E contar a minha história
    assim tão abertamente
  • 15:02 - 15:04
    foi um verdadeiro desafio.
  • 15:04 - 15:07
    Eu fiquei com muito medo
    de ser ridicularizada,
  • 15:07 - 15:11
    estigmatizada ou até excluída.
  • 15:11 - 15:12
    Mas isso não aconteceu.
  • 15:12 - 15:14
    Eu fui tratada com muito carinho.
  • 15:14 - 15:18
    Na época do lançamento do livro,
    eu tinha que contar pro meu chefe,
  • 15:18 - 15:20
    e eu achei que eu fosse ser demitida
  • 15:20 - 15:23
    ou então que minha carreira
    acabaria naquele momento.
  • 15:23 - 15:25
    E ele me surpreendeu quando disse:
  • 15:25 - 15:29
    "Dyene, coragem, autenticidade
    e vulnerabilidade
  • 15:29 - 15:31
    são características
    de verdadeiros líderes".
  • 15:31 - 15:34
    Isso foi muito importante
    pra mim pra seguir em frente.
  • 15:34 - 15:39
    Por um momento, eu cheguei a pensar
    em publicar o livro de forma anônima,
  • 15:39 - 15:41
    mas aí eu perderia
    a excelente oportunidade
  • 15:41 - 15:43
    de mostrar pras pessoas
  • 15:43 - 15:46
    que é possível, sim, viver
    com transtorno mental
  • 15:46 - 15:48
    e viver uma vida plena,
  • 15:48 - 15:52
    e reforçar a importância do tratamento
    pra que isso aconteça.
  • 15:52 - 15:58
    No fundo foi assim, com hábitos saudáveis,
    autoconhecimento e disciplina
  • 15:58 - 16:02
    que eu consegui virar o jogo
    e retomar a velocidade,
  • 16:02 - 16:06
    lembrando a importância da pausa,
    seja ela proposital ou não.
  • 16:06 - 16:07
    Foi através da minha pausa
  • 16:07 - 16:10
    que eu consegui me conectar
    com quem eu realmente era
  • 16:10 - 16:13
    e contei a minha história
    com minha própria voz.
  • 16:13 - 16:17
    Um sábio um dia disse:
    "Mude, mas vá devagar.
  • 16:17 - 16:22
    Porque mais importante que a velocidade
    é a direção que você vai".
  • 16:22 - 16:24
    Então, comece onde você está,
  • 16:24 - 16:26
    vá no seu próprio ritmo
  • 16:26 - 16:30
    e nunca desista até encontrar
    o seu ponto de equilíbrio.
  • 16:30 - 16:32
    Obrigada.
  • 16:32 - 16:34
    (Aplausos)
Title:
Como encontrei o equilíbrio depois de um diagnóstico psiquiátrico | Dyene Galantini | TEDxRiodoSul
Description:

O que você faz com os desafios que a vida coloca em seu caminho?
Assista a est palestra e veja como Dyene respondeu esta pergunta. Dyene é uma executiva global com mais de 20 anos de experiência atuando nas áreas de marketing e liderança. Ela é mestre em administração de empresas pela Texas Southern University e por mais de 10 anos atuou em diversos países buscando e transmitindo conhecimento.
Em 2017, lançou o livro “Vencendo a Mente: como uma executiva de sucesso superou o transtorno bipolar” e, desde então, ministra palestras nas áreas de saúde mental e diversidade.
Ela faz parte do Conselho Global de Inclusão e Diversidade da IHS Markit e também empreende na área de editoração de livros.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
Portuguese, Brazilian
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
16:53

Portuguese, Brazilian subtitles

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