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A evolução do acasalamento humano | David Puts | TEDxPSU

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    Olá.
  • 0:16 - 0:18
    Posso estar errado,
    mas penso que esta palestra
  • 0:18 - 0:21
    pode ter a distinção de ser
    a única palestra desta série
  • 0:21 - 0:24
    que acaba com um orgasmo.
  • 0:24 - 0:26
    (Risos)
  • 0:26 - 0:28
    Mas não nos precipitemos.
  • 0:28 - 0:30
    (Risos)
  • 0:32 - 0:33
    Já alguma vez pensaram
  • 0:33 - 0:36
    que estamos aqui, vivos neste planeta
  • 0:36 - 0:38
    porque os nossos antepassados
    se reproduziram?
  • 0:38 - 0:40
    Todos eles, numa cadeia ininterrupta,
  • 0:40 - 0:42
    que remonta ao primeiro
    sinal de vida neste planeta,
  • 0:43 - 0:45
    há 3500 milhões de anos.
  • 0:45 - 0:46
    É muita reprodução.
  • 0:47 - 0:49
    Durante milhares de milhões no passado,
  • 0:49 - 0:51
    os nossos antepassados
    reproduziram-se sexualmente.
  • 0:51 - 0:54
    Portanto, o sexo é muito importante.
  • 0:54 - 0:56
    Mas, provavelmente, já sabiam isso.
  • 0:57 - 0:59
    Falemos antes do acasalamento humano.
  • 0:59 - 1:01
    Porque é que ele assume
    as formas que tem?
  • 1:01 - 1:04
    Porque é que somos atraídos
    por uma determinada pessoa?
  • 1:04 - 1:07
    Porque é que, às vezes, formamos
    relações românticas duradouras?
  • 1:07 - 1:09
    Porque é que, às vezes, traímos?
  • 1:09 - 1:12
    Não me refiro à razão por que fazemos
    estas coisas conscientemente,
  • 1:12 - 1:15
    não me refiro ao que acontece
    no cérebro para isso acontecer.
  • 1:15 - 1:19
    Mas porque é que evoluímos
    esses sentimentos, esses comportamentos?
  • 1:19 - 1:21
    Ou seja, como é que
    as estruturas cerebrais
  • 1:21 - 1:22
    e a química do cérebro contribuíram
  • 1:23 - 1:25
    para o êxito reprodutivo
    dos nossos antepassados
  • 1:25 - 1:27
    passando essas características
    para a presente geração
  • 1:27 - 1:29
    e outras não passaram?
  • 1:29 - 1:33
    Responder a questões evolutivas como esta
    é como ser investigador de um crime.
  • 1:33 - 1:35
    Procuramos provas
  • 1:35 - 1:37
    e tentamos descobrir o que aconteceu.
  • 1:38 - 1:41
    Então, recuemos
    seis ou sete milhões de anos
  • 1:41 - 1:43
    até aos nossos antepassados primitivos,
  • 1:43 - 1:46
    imediatamente depois
    da divisão entre a nossa linhagem
  • 1:46 - 1:48
    e da linhagem do que viria
    a dar origem aos chimpanzés.
  • 1:48 - 1:52
    Eram pequenos primatas com cérebro
    que andavam sobre duas pernas.
  • 1:52 - 1:55
    Os machos deviam lutar
    uns com os outros, para acasalarem.
  • 1:55 - 1:57
    Sabemos isso porque os machos
    lutam pelo acasalamento
  • 1:57 - 2:01
    como os nossos parentes próximos,
    os chimpanzés, orangotangos e gorilas.
  • 2:01 - 2:04
    E porque os machos
    são maiores que as fêmeas.
  • 2:04 - 2:06
    O registo fóssil indica
  • 2:06 - 2:09
    que os machos nossos antepassados
    eram maiores do que as fêmeas.
  • 2:11 - 2:15
    Os machos habitualmente são maiores,
    mais musculosos, mais fortes,
  • 2:15 - 2:17
    mais agressivos fisicamente,
    quando lutam para acasalarem.
  • 2:17 - 2:20
    A nossa espécie tem
    todas as características
  • 2:20 - 2:22
    duma espécie que sofreu
    uma história evolutiva
  • 2:22 - 2:24
    da luta dos machos para acasalarem.
  • 2:24 - 2:29
    Por exemplo, em média, os homens
    têm mais 60% de massa muscular
  • 2:29 - 2:31
    e mais 70% de massa muscular
    na parte superior do tronco
  • 2:31 - 2:33
    e essas diferenças na musculatura
  • 2:33 - 2:35
    traduzem-se em grandes
    diferenças na força.
  • 2:36 - 2:38
    O homem médio é mais forte
    do que 99,9% das mulheres.
  • 2:38 - 2:41
    Estes são dados sobre a força das mãos,
    o que é um bom indicador
  • 2:41 - 2:45
    da força da parte superior do corpo
    em mais de 600 homens e mulheres.
  • 2:45 - 2:47
    Como vemos, há uma grande diferença
    entre os sexos.
  • 2:47 - 2:50
    Nenhuma de quase 400 mulheres
  • 2:50 - 2:53
    tinha tanta força manual
    como o homem médio.
  • 2:54 - 2:57
    É por isso que os homens
    conseguem abrir boiões.
  • 2:57 - 2:58
    (Risos)
  • 2:58 - 3:02
    E mudar móveis — pelo menos,
    são duas coisas para que servem.
  • 3:02 - 3:03
    Quem é que lhe dá importância?
  • 3:03 - 3:07
    Na verdade, os homens dão-lhe importância.
  • 3:08 - 3:10
    Os homens, em especial os jovens,
    preocupam-se muito
  • 3:10 - 3:13
    em saber quem é o mais duro
    ou o mais forte,
  • 3:13 - 3:14
    ou o que tem o físico mais formidável
  • 3:14 - 3:17
    e, por vezes, arranjam formas
    elaboradas de determinar isso.
  • 3:18 - 3:19
    Desde muito cedo, os rapazes e os homens
  • 3:19 - 3:23
    são mais agressivos fisicamente
    do que as raparigas e as mulheres.
  • 3:23 - 3:25
    Essa agressividade por vezes
    resulta em violência.
  • 3:25 - 3:29
    Os homens têm um monopólio virtual
    nos homicídios do mesmo sexo.
  • 3:29 - 3:31
    Os homens são mais propensos
    a matarem-se uns aos outros
  • 3:31 - 3:34
    do que as mulheres
    a matarem-se umas às outras.
  • 3:34 - 3:37
    Estes são dados de todas as sociedades
    de todos os períodos da História
  • 3:37 - 3:40
    em que há dados disponíveis,
    quando foram compilados,
  • 3:40 - 3:44
    sobre a proporção de homicídios
    de homens a matarem homens.
  • 3:44 - 3:47
    Como vemos, a proporção
    está sempre perto dos 100%.
  • 3:47 - 3:51
    Em média, são 95%
    dos homicídios do mesmo sexo
  • 3:51 - 3:54
    e, atenção, isto não inclui
    as mortes em guerras.
  • 3:54 - 3:57
    o que elevaria ainda mais a percentagem.
  • 3:59 - 4:00
    Pelas provas de que dispomos,
  • 4:00 - 4:02
    o predomínio dos homens
  • 4:02 - 4:06
    traduz-se em oportunidades
    de acasalamento e reprodutivas
  • 4:06 - 4:09
    Somos uma espécie que sofreu
    uma história evolutiva
  • 4:09 - 4:13
    em que os antepassados machos
    conquistarem oportunidades de acasalar
  • 4:13 - 4:15
    através do uso ou da ameaça da força.
  • 4:15 - 4:17
    Nesse aspeto, a nossa maçã
  • 4:17 - 4:20
    não caiu longe da árvore evolutiva.
  • 4:20 - 4:23
    Mas, noutros aspetos, o acasalamento
    e a reprodução humana
  • 4:23 - 4:26
    são muito diferentes do que vemos
    nos nossos parentes mais próximos
  • 4:26 - 4:30
    e mudaram muito
    desde os nossos antepassados primitivos.
  • 4:31 - 4:36
    Por exemplo, os chimpanzés,
    os orangotangos e os gorilas
  • 4:36 - 4:38
    gastam tempo e forças
    competindo pelas parceiras,
  • 4:38 - 4:41
    mas não gastam muito tempo
    com fêmeas individuais
  • 4:41 - 4:43
    e não lhes fornecem recursos,
  • 4:43 - 4:46
    não fornecem recursos
    à sua descendência.
  • 4:46 - 4:47
    Aqui há uma grande mudança.
  • 4:47 - 4:51
    Embora a maioria das sociedades humanas
    permitam o casamento polígamo,
  • 4:51 - 4:53
    ou seja, um homem casado
    com mais de uma mulher,
  • 4:53 - 4:57
    mesmo nas sociedades polígamas,
    a maioria dos casamentos é monógamo.
  • 4:57 - 5:01
    Na sociedade vulgar
    dos caçadores-recoletores,
  • 5:01 - 5:03
    quase 80% das mulheres casadas
    são monógamas,
  • 5:03 - 5:05
    por isso é diferente dos outros primatas.
  • 5:05 - 5:08
    Mais importante, os homens
    proporcionam recursos
  • 5:08 - 5:10
    às parceiras e aos filhos.
  • 5:10 - 5:11
    Como é que chegámos aqui?
  • 5:12 - 5:15
    Nas espécies em que os machos
    lutam pelas parceiras
  • 5:15 - 5:20
    os machos dominantes indicados
    por estes símbolos masculinos maiores
  • 5:20 - 5:23
    têm mais oportunidades de acasalamento
    e, portanto, uma maior prole.
  • 5:23 - 5:26
    Os machos subordinados têm
    menos oportunidades de acasalamento
  • 5:26 - 5:30
    e talvez nem se consigam reproduzir.
  • 5:30 - 5:34
    Isto constitui uma situação interessante
    porque, para os machos subordinados,
  • 5:34 - 5:37
    seria vantajoso tentar a monogamia,
  • 5:37 - 5:40
    em vez de conquistar
    oportunidades de acasalar.
  • 5:40 - 5:42
    Uma parceira é melhor do que nenhuma.
  • 5:42 - 5:43
    O problema é que, em geral,
  • 5:43 - 5:47
    os machos subordinados não podem defender
    as fêmeas dos machos dominantes
  • 5:47 - 5:50
    e as fêmeas preferem acasalar
    com os machos dominantes
  • 5:50 - 5:54
    por razões genéticas, produzindo
    crias mais fortes, mais saudáveis,
  • 5:54 - 5:59
    O que mudou tudo isso foram,
    provavelmente, várias transições
  • 5:59 - 6:01
    que aconteceram todas
    por volta da mesma altura.
  • 6:01 - 6:04
    Há dois milhões e meio de anos,
    sensivelmente,
  • 6:04 - 6:07
    começámos a incorporar
    mais carne na nossa dieta.
  • 6:07 - 6:09
    Sabemos isso por diversas
    linhas de indícios,
  • 6:09 - 6:11
    incluindo entalhes feitos
    por um utensílio de pedra
  • 6:11 - 6:13
    em ossos de animais
  • 6:13 - 6:14
    há dois milhões e meio de anos.
  • 6:16 - 6:18
    É fantástico, adoro isto!
  • 6:19 - 6:23
    Depois, há uns dois milhões de anos,
    o tamanho do cérebro começou a aumentar.
  • 6:23 - 6:26
    e com isso aumentou o período
    da idade juvenil.
  • 6:26 - 6:28
    Assim, os miúdos agora
    são cada vez mais dispendiosos,
  • 6:28 - 6:29
    durante muito mais tempo.
  • 6:34 - 6:38
    Isso tornou possível e necessário
    o aprovisionamento feito pelos machos.
  • 6:38 - 6:40
    Possível porque é muito mais fácil
  • 6:40 - 6:45
    transportar calorias, proteínas, gordura,
    sob a forma de carne,
  • 6:45 - 6:47
    do que transportar alimentos vegetais
  • 6:47 - 6:50
    e necessário, porque os miúdos
    tornaram-se tão custosos em energia
  • 6:50 - 6:53
    que as fêmeas individuais
    tinham dificuldade
  • 6:53 - 6:55
    em arranjar alimento para si
    e para os filhos.
  • 6:55 - 6:58
    Quando observamos as atuais
    sociedades de caçadores-recoletores,
  • 6:58 - 6:59
    vemos isto.
  • 6:59 - 7:03
    Estes são dados compilados
    em sociedades de caçadores-recoletores
  • 7:03 - 7:05
    sobre as calorias diárias líquidas.
  • 7:05 - 7:08
    Será que se consomem mais calorias
    do que as que se gastam,
  • 7:08 - 7:09
    quando a alimentação é vegetal?
  • 7:09 - 7:12
    Ou gastam mais do que as que consomem?
  • 7:12 - 7:18
    As barras verdes
    são o excesso calórico diário.
  • 7:18 - 7:20
    Por outras palavras, consumir
    mais do que as que gastam.
  • 7:20 - 7:22
    As barras vermelhas
    são o oposto, um défice.
  • 7:22 - 7:24
    Ou seja, gastamos mais do que consumimos.
  • 7:25 - 7:28
    Reparem que os homens,
    a partir dos 20 anos, e até aos 60 anos,
  • 7:28 - 7:31
    funcionam com um excedente
    de calorias diárias.
  • 7:31 - 7:33
    Consomem mais calorias,
    normalmente através da caça,
  • 7:33 - 7:36
    do que as que gastam
    e essas calorias estão distribuídas.
  • 7:37 - 7:39
    Quando a peça de caça é grande,
    a distribuição é igual
  • 7:39 - 7:41
    por toda a gente,
    seja a aldeia ou no campo.
  • 7:41 - 7:44
    Os bocados mais pequenos
    são levados para a família.
  • 7:44 - 7:47
    Mas em contraste com o que se passa
  • 7:47 - 7:50
    com as mulheres,
    nos seus anos reprodutivos,
  • 7:50 - 7:53
    elas funcionam com um défice
    de calorias diário.
  • 7:53 - 7:57
    A gestação, a amamentação,
    o transporte das crianças
  • 7:57 - 8:00
    são coisas com elevado custo energético
  • 8:00 - 8:03
    e limita a capacidade
    de arranjar alimentos eficazmente.
  • 8:03 - 8:05
    Por isso, os machos alimentam-nas
    através da caça,
  • 8:05 - 8:07
    possível e necessariamente.
  • 8:07 - 8:10
    Esta alteração tem um impacto profundo
  • 8:10 - 8:13
    no acasalamento e reprodução
    dos seres humanos.
  • 8:13 - 8:15
    Em certo sentido, facilitou
    as coisas para as fêmeas.
  • 8:15 - 8:18
    A parir daí, valia a pena acasalar
    com um macho subordinado,
  • 8:18 - 8:21
    mesmo que ele não possuísse
    os melhores genes,
  • 8:21 - 8:23
    se ele proporcionasse recursos.
  • 8:24 - 8:28
    Isto é pornografia de babuínos.
  • 8:28 - 8:29
    (Risos)
  • 8:29 - 8:33
    Desculpem, devia ter-vos avisado
    que ia haver pornografia de macacos.
  • 8:33 - 8:36
    Isto é da revista PlayBaboon.
  • 8:36 - 8:38
    OK, vou deixar de dizer piadas.
  • 8:38 - 8:41
    Isto é um babuíno fêmea em cio,
    por isso os genitais estão inchados.
  • 8:41 - 8:43
    Isto acontece
    em muitas espécies de primatas.
  • 8:43 - 8:46
    O aspeto das fêmeas
    altera-se durante o ciclo
  • 8:46 - 8:48
    e torna-se mais atraente.
  • 8:48 - 8:51
    Isso incita a competição
    dos machos pelas fêmeas,
  • 8:51 - 8:52
    durante a parte fértil do ciclo
  • 8:52 - 8:55
    em que os machos dominantes
    tentam monopolizar as cópulas,
  • 8:55 - 8:57
    mais perto da ovulação.
  • 8:57 - 9:00
    Nós não somos assim.
    Todos sabemos isso.
  • 9:00 - 9:02
    Mas o que talvez não saibam
  • 9:02 - 9:04
    é que a atração das mulheres
    muda com o ciclo.
  • 9:05 - 9:08
    O meu laboratório demonstrou
    que o rosto, a voz e o odor das mulheres
  • 9:08 - 9:12
    são mais atraentes para os homens
    durante a parte fértil do ciclo.
  • 9:12 - 9:14
    Mas essas mudanças
    são extremamente subtis.
  • 9:14 - 9:16
    Em comparação com outros primatas,
  • 9:16 - 9:21
    há indícios que evoluímos
    para suprimir as pistas para a ovulação.
  • 9:21 - 9:24
    Em certo sentido, a ovulação
    está oculta nos seres humanos.
  • 9:24 - 9:27
    Mas pensem no impacto que isso teria.
  • 9:27 - 9:30
    Significaria que os machos dominantes
  • 9:30 - 9:34
    não conseguiriam monopolizar
    as cópulas perto da ovulação
  • 9:34 - 9:39
    Protegeria o laço do casal
    contra a invasão do macho dominante.
  • 9:39 - 9:43
    Assim, o macho de um casal
    teria mais confiança
  • 9:43 - 9:45
    de ser o pai dos rebentos.
  • 9:45 - 9:48
    O casal pratica sexo durante todo o ciclo.
  • 9:48 - 9:50
    Isto é uma coisa única
    no acasalamento humano,
  • 9:50 - 9:52
    não a vemos em muitos outros primatas.
  • 9:52 - 9:54
    Praticamos sexo durante todo o ciclo.
  • 9:54 - 9:58
    Isso aumentaria a confiança do macho
    na paternidade,
  • 9:58 - 10:00
    porque um macho dominante
    ou outro qualquer
  • 10:00 - 10:02
    não poderia escolher a fêmea
  • 10:02 - 10:05
    nem copular com ela
    na altura fértil do ciclo.
  • 10:05 - 10:09
    Isso ia ter implicações importantes
    para um investimento parental,
  • 10:09 - 10:13
    sobretudo no fornecimento
    de recursos às suas crias.
  • 10:13 - 10:15
    Porque, em todas as espécies,
  • 10:15 - 10:17
    em que os machos fornecem
    recursos a crias,
  • 10:17 - 10:21
    dirigem esses recursos
    para as suas crias biológicas
  • 10:21 - 10:24
    e evitam investir nas crias
    de outros machos.
  • 10:25 - 10:29
    Assim, a evolução dos cuidados
    dos machos para com as crias,
  • 10:29 - 10:32
    o investimento em recursos
    e nos laços dos casais
  • 10:32 - 10:34
    e a ovulação oculta
  • 10:34 - 10:37
    andaram a par ao longo da evolução.
  • 10:39 - 10:41
    Também evoluímos
    uma psicologia avançada
  • 10:41 - 10:44
    para formar relações românticas
    de longa duração
  • 10:44 - 10:46
    com a possibilidade
    de investir nas crias, em conjunto.
  • 10:46 - 10:48
    Apaixonamo-nos.
  • 10:48 - 10:51
    Por todo o mundo, as pessoas
    preferem parceiros gentis e generosos,
  • 10:51 - 10:55
    capazes e dispostos a cuidar
    das companheiras e dos filhos.
  • 10:55 - 10:57
    Num dos maiores estudos transculturais
  • 10:57 - 10:59
    das preferências de acasalamento humano
  • 10:59 - 11:02
    abrangendo os 33 países
    mostrados aqui a vermelho,
  • 11:02 - 11:06
    o critério mais importante escolhido
    tanto por homens como por mulheres,
  • 11:06 - 11:08
    foi o amor e a atração mútua.
  • 11:09 - 11:10
    Mas, como todos sabemos,
  • 11:10 - 11:13
    as pessoas nem sempre
    são totalmente fiéis aos companheiros.
  • 11:13 - 11:16
    Em especial, as mulheres
    enfrentam por vezes um dilema
  • 11:16 - 11:18
    entre bons genes e investimento.
  • 11:18 - 11:21
    As mulheres, por vezes, encontram-se
    numa relação com homens
  • 11:21 - 11:23
    que podem ser bons contribuidores
  • 11:23 - 11:25
    mas não possuem as melhores
    qualidades para a descendência,
  • 11:25 - 11:28
    que a tornem forte e saudável.
  • 11:28 - 11:31
    Segundo parece, diversas características
    da psicologia nas mulheres
  • 11:31 - 11:33
    evoluíram, em parte,
    para resolver este dilema.
  • 11:33 - 11:36
    Ou seja, recrutar genes
  • 11:36 - 11:39
    fora da relação a longo prazo.
  • 11:39 - 11:43
    Por exemplo, as mulheres
    têm mais fantasias sexuais
  • 11:43 - 11:45
    sobre homens diferentes
    do seu parceiro de longa duração,
  • 11:45 - 11:47
    durante a parte fértil do ciclo.
  • 11:47 - 11:49
    Isso é especialmente verdade
  • 11:49 - 11:51
    se o parceiro de longa duração
    tem sinais físicos
  • 11:51 - 11:55
    de uma qualidade genética inferior,
    ao ser menos atraente fisicamente.
  • 11:56 - 11:58
    Acho isto muito interessante.
  • 11:58 - 11:59
    (Risos)
  • 11:59 - 12:01
    É por isso que falo nisto,
    espero que vocês também falem.
  • 12:01 - 12:04
    As preferências de acasalamento
    das mulheres
  • 12:04 - 12:05
    mudam igualmente com o ciclo,
  • 12:05 - 12:07
    por isso preferem machos dominantes,
  • 12:07 - 12:10
    machos mais masculinos,
    durante a parte fértil do ciclo.
  • 12:10 - 12:13
    Estes são os resultados
    de um estudo que realizei
  • 12:13 - 12:16
    sobre as preferências das mulheres
    quanto à voz dos homens.
  • 12:17 - 12:20
    Usei um "software" informático
    para manipular os registos de voz,
  • 12:20 - 12:23
    de modo a torná-las
    mais masculinas, mais dominantes
  • 12:23 - 12:25
    ou mais subordinadas, mais femininas,
  • 12:25 - 12:27
    E pedi a mulheres para as classificarem
  • 12:27 - 12:29
    quanto à atração que aquele homem teria
  • 12:29 - 12:31
    numa relação puramente sexual,
    a curto prazo,
  • 12:31 - 12:34
    e numa relação prolongada,
    a longo prazo.
  • 12:34 - 12:37
    Também obtive informações sobre o ponto
    em que estava o ciclo das mulheres.
  • 12:37 - 12:40
    Se estavam na parte fértil
    ou não fértil do ciclo.
  • 12:40 - 12:43
    Eram todas mulheres que não usavam
    contraceção hormonal.
  • 12:43 - 12:47
    Descobri que as mulheres que preferiam
    uma voz mais masculina, mais dominante
  • 12:47 - 12:50
    estavam no ponto fértil do ciclo
  • 12:50 - 12:54
    e apenas para uma relação sexual
    em vez de uma relação a longo prazo.
  • 12:55 - 12:58
    Isto parece ficção científica,
  • 12:58 - 13:00
    mas, na verdade, é ciência.
  • 13:00 - 13:04
    Porque este resultado
    apareceu imensas vezes,
  • 13:04 - 13:07
    numa série de áreas das preferências
    das mulheres pelas vozes dos homens
  • 13:07 - 13:10
    em que este resultado se repetiu
    noutro laboratório.
  • 13:10 - 13:13
    As preferências das mulheres
    pela cara, pelo corpo dos homens,
  • 13:13 - 13:15
    pelo seu odor
    e até pelo seu comportamento.
  • 13:17 - 13:22
    Eu disse que íamos chegar ao orgasmo.
  • 13:22 - 13:23
    (Risos)
  • 13:23 - 13:24
    Cá estamos.
  • 13:24 - 13:27
    Só quero dizer que sou a favor disso.
  • 13:27 - 13:28
    (Risos)
  • 13:29 - 13:30
    Sou a favor do orgasmo.
  • 13:30 - 13:33
    Penso que devia haver
    mais gente com mais orgasmos.
  • 13:33 - 13:35
    Mas, numa perspetiva científica,
  • 13:35 - 13:38
    o orgasmo das mulheres
    é especialmente fascinante
  • 13:38 - 13:42
    porque há indícios que mostram
    que aumenta a probabilidade
  • 13:42 - 13:44
    de uma conceção resultar
    dum ato sexual.
  • 13:45 - 13:47
    Há indícios de que estimula o esperma
  • 13:47 - 13:50
    a subir pelo trato reprodutivo feminino
    e chegar ao ovo.
  • 13:50 - 13:53
    Pensem nas implicações que isso pode ter.
  • 13:53 - 13:56
    Se as mulheres têm mais propensão
    para terem orgasmos com certos homens,
  • 13:56 - 13:58
    isso pode ser um mecanismo
  • 13:58 - 14:00
    que as leva a escolher, inconscientemente,
  • 14:00 - 14:03
    serem fertilizadas por certos homens,
    em vez de outros.
  • 14:03 - 14:06
    Será que isso implica
    que as mulheres são mais propensas
  • 14:06 - 14:10
    a terem orgasmos com homens
    de qualidade genética superior?
  • 14:10 - 14:14
    Um estudo do meu laboratório,
    publicado há uns anos,
  • 14:14 - 14:17
    descobriu que as mulheres
    relataram mais orgasmos,
  • 14:17 - 14:20
    orgasmos mais regulares,
    ou seja, mais fáceis de atingir,
  • 14:20 - 14:23
    mais rápidos de atingir,
    quando tinham relações sexuais,
  • 14:23 - 14:26
    quando o companheiro era
    mais masculino, mais dominante.
  • 14:26 - 14:28
    O interessante é que isso só acontecia
  • 14:28 - 14:31
    com os orgasmos de relações sexuais,
  • 14:31 - 14:34
    mas não com outros comportamentos
    dos parceiros sexuais.
  • 14:34 - 14:38
    Vou deixar à vossa imaginação
    o que é que eles seriam.
  • 14:39 - 14:42
    Vimos que pensar nisto
    como evolucionista
  • 14:42 - 14:44
    pode permitir-nos prever
    coisas sobre nós mesmos
  • 14:44 - 14:46
    que ainda não sabíamos
  • 14:46 - 14:49
    e nunca teríamos imaginado
    durante muito tempo.
  • 14:49 - 14:51
    Não sabíamos que as preferências
    de acasalamento das mulheres
  • 14:51 - 14:53
    mudavam ao longo do ciclo.
  • 14:53 - 14:56
    Só quando o pensamento evolutivo
    nos levou a esta descoberta.
  • 14:56 - 14:58
    Este é um ponto que quero referir.
  • 14:58 - 15:00
    Mas também vimos como
    o pensamento evolutivo
  • 15:00 - 15:03
    pode esclarecer e unir partes diversas
    da experiência humana,
  • 15:03 - 15:06
    e ajudar-nos a compreender
    o melhor e o pior de nós mesmos,
  • 15:06 - 15:10
    da violência, da agressão
    e da infidelidade,
  • 15:10 - 15:13
    ao cuidado masculino pelos filhos
  • 15:13 - 15:16
    à atração sexual, ao prazer sexual
  • 15:16 - 15:19
    e até à força e fragilidade
    do amor romântico
  • 15:20 - 15:21
    Obrigado.
  • 15:21 - 15:23
    (Aplausos)
Title:
A evolução do acasalamento humano | David Puts | TEDxPSU
Description:

David Puts analisa a evolução do acasalamento humano e da reprodução, ilustrando como a biologia evolutiva nos pode ajudar a compreendermo-nos a nós mesmos e uns aos outros. Os tópicos incluem como as pessoas competem para escolher os parceiros, os cuidados dos homens pelos seus filhos, a infidelidade e os orgasmos femininos.
(Esta palestra tem um conteúdo sexual explícito e imagens gráficas)

Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
15:28

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