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Uma breve história do álcool — Rod Phillips

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    Este chimpanzé encontra uma pechincha
    inesperada de ameixas demasiado maduras.
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    Muitas delas já estão rachadas,
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    atraindo-o com o seu aroma
    frutado inebriante.
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    Delicia-se com elas e começa a sentir
    uns efeitos esquisitos.
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    Este macaco inconscientemente
    encontrou um processo
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    que os seres humanos
    acabarão por dominar
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    para criar cerveja, vinho
    e outras bebidas alcoólicas.
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    O açúcar dos frutos demasiado maduros
    atrai organismos microscópicos,
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    conhecidos por leveduras.
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    Quando as leveduras se alimentam
    do açúcar dos frutos,
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    produzem um composto chamado etanol
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    — o tipo de álcool das bebidas alcoólicas.
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    Este processo chama-se fermentação.
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    Ninguém sabe exatamente
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    quando os seres humanos começaram
    a criar bebidas fermentadas.
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    Os indícios mais antigos conhecidos
    provêm da China, em 7000 a.C.,
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    onde os resíduos em potes de barro
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    revelaram que as pessoas
    fabricavam uma bebida alcoólica
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    a partir de arroz, painço,
    uvas e mel fermentados.
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    Ao fim de uns milhares de anos,
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    as culturas de todo o mundo
    fermentavam as suas bebidas.
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    Os antigos mesopotâmios e egípcios
    faziam cerveja, durante todo o ano
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    a partir de cereais armazenados.
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    Esta cerveja estava acessível
    a todas as classes sociais
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    e os trabalhadores até a recebiam
    nas suas rações diárias.
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    Também faziam vinho
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    mas, como o clima não era o ideal
    para o cultivo de uvas,
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    era uma bebida rara e cara.
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    Em contraste, na Grécia e em Roma,
    onde as uvas cresciam mais facilmente,
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    o vinho era tão acessível como a cerveja
    no Egito e na Mesopotâmia.
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    Como as leveduras fermentam
    quaisquer açúcares vegetais,
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    os povos antigos faziam álcool
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    a partir de quaisquer plantas
    que se davam onde viviam.
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    Na América do Sul, as pessoas
    faziam chicha a partir de cereais,
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    acrescentando, por vezes,
    ervas alucinogénias.
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    Na zona onde é hoje o México,
    o pulque, feito a partir da seiva do cato
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    era a bebida de eleição,
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    enquanto os africanos ocidentais
    faziam cerveja de banana e de palma.
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    Na área onde é hoje o Japão,
    as pessoas faziam saqué a partir do arroz.
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    Quase todas as regiões do globo
    tinham as suas bebidas fermentadas.
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    À medida que o consumo do álcool
    passava a fazer parte da vida quotidiana,
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    algumas autoridades elogiavam
    os seus efeitos como sendo positivos.
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    Os médicos gregos consideravam
    que o vinho era bom para a saúde
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    e os poetas atestavam
    as suas qualidades criativas.
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    Outros preocupavam-se mais
    com o potencial do álcool para o abuso.
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    Os filósofos gregos pregavam a temperança.
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    Os primeiros escritores
    judeus e cristãos, na Europa
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    integraram o vinho nos seus rituais
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    mas consideravam a embriaguez
    como um pecado.
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    No Médio Oriente, em África e em Espanha,
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    instituiu-se uma regra islâmica
    contra a oração sob o efeito da bebida
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    que acabou numa proibição geral do álcool.
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    As antigas bebidas fermentadas
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    tinham um conteúdo alcoólico
    relativamente baixo.
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    Com uns 13% de álcool,
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    os produtos derivados das leveduras
    geradas durante a fermentação
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    tornam-se tóxicos e matam-nas.
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    Quando as leveduras morrem,
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    a fermentação para e o nível
    do conteúdo de álcool estabiliza.
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    Assim, durante milhares de anos,
    o conteúdo alcoólico era limitado.
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    Isso alterou-se com a invenção
    dum processo, chamado destilação.
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    Escritos árabes do século IX,
    descrevem líquidos fermentados em ebulição
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    para vaporizar o álcool neles contido.
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    O álcool ferve a uma temperatura
    mais baixa do que a água,
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    por isso, vaporiza-se primeiro.
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    Captura-se esse vapor, arrefece-se,
    e o que resta é álcool líquido
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    muito mais concentrado
    do que qualquer bebida fermentada.
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    A princípio, estes álcoois mais fortes
    eram usados para efeitos medicinais.
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    Depois, a aguardente tornou-se
    um importante artigo de comércio
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    porque, ao contrário da cerveja
    e do vinho, não se degradava.
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    O rum feito a partir do açúcar cultivado
    nas colónias europeias nas Caraíbas
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    tornou-se indispensável
    para os marinheiros
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    e era comercializado na América do Norte.
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    Os europeus levaram o "brandy"
    e o gim para África
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    e trocavam-no por escravos, terras
    e bens como o óleo de palma e a borracha.
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    A aguardente tornou-se uma espécie
    de dinheiro nestas regiões.
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    Durante a Era da Exploração,
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    a aguardente desempenhou
    um papel fundamental
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    nas viagens marítimas
    de longa distância.
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    Viajar da Europa até à Ásia oriental
    e às Américas podia demorar meses
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    e manter água potável para a tripulação
    era um grande problema.
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    Adicionar um balde de aguardente
    ao barril da água
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    mantinha a água
    mais fresca, durante mais tempo,
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    porque o álcool é um preservativo
    que mata micróbios prejudiciais.
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    Assim, no início do século XVII,
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    o álcool passou de dar estímulo
    aos animais
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    para alimentar um comércio
    e exploração mundial
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    — juntamente com todas
    as suas consequências.
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    À medida que o tempo ia passando,
    o seu papel na sociedade humana
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    foi ficando cada vez mais complicado.
Title:
Uma breve história do álcool — Rod Phillips
Speaker:
Rod Phillips
Description:

Vejam a lição completa: https://ed.ted.com/lessons/a-brief-history-of-alcohol-rod-phillips

Ninguém sabe exatamente quando os seres humanos começaram a criar bebidas fermentadas. Os indícios mais antigos conhecidos provêm da China, em 7000 a.C., onde os resíduos em potes de barro revelaram que as pessoas fabricavam uma bebida alcoólica a partir de arroz e painço fermentados, de uvas e de mel. Como é que o álcool acabou num comércio e exploração mundial? Rod Phillips explora a evolução do álcool.

Lição de Rod Phillips, realização de Anton Bogaty.

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English
Team:
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Project:
TED-Ed
Duration:
04:56
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Mafalda Ferreira edited Portuguese subtitles for A brief history of alcohol
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for A brief history of alcohol
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