A perspetiva duma planta
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0:00 - 0:02É uma ideia simples sobre a natureza.
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0:02 - 0:04Quero dizer uma palavra sobre a natureza
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0:04 - 0:07porque não temos falado muito dela
nestes últimos dias. -
0:07 - 0:11Quero dizer uma palavra sobre o solo
e as abelhas e as plantas e os animais -
0:11 - 0:16e falar-vos de um utensílio,
muito simples, que encontrei. -
0:18 - 0:22Embora não passe de um conceito
literário — não é uma tecnologia — -
0:23 - 0:27é muito poderoso para mudar
a nossa relação com o mundo natural -
0:28 - 0:31e com as outras espécies
de que dependemos. -
0:31 - 0:34Esse utensílio é muito simples
— como Chris sugeriu — -
0:34 - 0:39para olhar para nós mesmos e para o mundo
na perspetiva das plantas ou dos animais. -
0:40 - 0:42A ideia não é minha,
é de outras pessoas, -
0:43 - 0:46mas tentei levá-la a novos horizontes.
-
0:46 - 0:48Vou dizer-vos onde a levei.
-
0:48 - 0:52Tal como muitas das minhas ideias,
como muitos dos utensílios que uso, -
0:52 - 0:55encontrei-o no jardim
— sou um jardineiro dedicado. -
0:56 - 1:00Um dia, há sete anos,
eu estava a plantar batatas. -
1:00 - 1:02Era a primeira semana de maio,
-
1:02 - 1:06estava na Nova Inglaterra, quando
as macieiras vibram com flores, -
1:06 - 1:09são nuvens brancas lá em cima.
-
1:09 - 1:11Eu estava ali, a plantar os rebentos,
-
1:11 - 1:13a cortar as batatas e a plantá-las,
-
1:13 - 1:16e as abelhas andavam
à volta desta árvore -
1:16 - 1:18— abelhas que faziam vibrar tudo.
-
1:19 - 1:21Uma das coisas de que gosto
na jardinagem -
1:21 - 1:24é que não exige toda a nossa concentração.
-
1:24 - 1:27Não podemos magoar-nos
— não é como a carpintaria — -
1:27 - 1:31e temos muito espaço mental
para a especulação. -
1:32 - 1:35A pergunta que fiz a mim mesmo
naquela tarde, no jardim, -
1:36 - 1:38a trabalhar ao pé das abelhas,
-
1:38 - 1:42foi: "O que é que havia de comum
entre aquelas abelhas e eu?" -
1:42 - 1:46Em que é que o nosso papel
naquele jardim era semelhante e diferente? -
1:46 - 1:48Percebi que, na realidade,
tínhamos muito em comum. -
1:48 - 1:52Ambos andávamos a disseminar
os genes de uma espécie, -
1:52 - 1:54e não de outra qualquer.
-
1:54 - 1:58e ambos — provavelmente, visto
que não sei qual a perspetiva da abelha — -
1:58 - 2:01pensávamos que nós
é que ditávamos as regras. -
2:01 - 2:04Eu tinha decidido qual o tipo
de batatas que queria plantar -
2:05 - 2:08— tinha escolhido a Yukon Gold,
a Yellow Finn, ou lá que era — -
2:09 - 2:13tinha encomendado aqueles genes
num catálogo a nível nacional. -
2:13 - 2:16tinha-os recebido e estava a plantá-los.
-
2:16 - 2:20A abelha, sem dúvida,
achava que tinha decidido: -
2:20 - 2:23"Vou para aquela macieira,
vou para aquelas flores, -
2:23 - 2:26"vou arranjar néctar e depois
vou-me embora". -
2:27 - 2:31Temos uma gramática que sugere
que é assim que somos; -
2:31 - 2:35somos sujeitos soberanos na natureza,
tanto a abelha como eu. -
2:35 - 2:41Eu planto as batatas, tiro as ervas
do jardim, domestico as espécies. -
2:41 - 2:43Mas, naquele dia, ocorreu-me
-
2:43 - 2:47que essa gramática talvez não passe
de um conceito autossuficiente. -
2:48 - 2:51Porque a abelha pensa
que é ela que domina, que reina, -
2:51 - 2:53mas nós sabemos mais do que ela.
-
2:53 - 2:56Sabemos que o que se passa
entre a abelha e a flor -
2:56 - 3:00é que a abelha foi inteligentemente
manipulada pela flor. -
3:00 - 3:03Quando digo manipulada,
falo em sentido darwiniano, ok? -
3:03 - 3:07Digo que a flor evoluiu uma série
de características específicas -
3:07 - 3:12— cor, perfume, sabor, padrão —
que atraíram aquela abelha. -
3:12 - 3:16E a abelha foi iludida sabiamente
a consumir o néctar -
3:16 - 3:18e a apanhar algum pó nas pernas
-
3:18 - 3:21e a passar para a flor ao lado.
-
3:22 - 3:24A abelha não dita as regras.
-
3:24 - 3:26Então, percebi que eu também não.
-
3:26 - 3:29Eu tinha sido seduzido
por aquela batata, não por outra -
3:29 - 3:33para a plantar, espalhar os seus genes,
dar-lhe um "habitat" um pouco maior. -
3:34 - 3:36Foi aí que tive essa ideia:
-
3:36 - 3:39"O que aconteceria, se olhássemos para nós
na perspetiva dessas espécies -
3:39 - 3:41"que trabalham connosco?"
-
3:41 - 3:44De súbito, a agricultura pareceu-me
não como uma invenção, -
3:44 - 3:46não como uma tecnologia humana,
-
3:46 - 3:48mas como uma evolução conjunta
-
3:48 - 3:51em que um grupo de espécies
muito inteligentes, -
3:51 - 3:54na sua maioria ervas comestíveis,
nos exploraram, -
3:54 - 3:58e imaginaram como nos levar
a desflorestar o mundo, -
3:59 - 4:01A competição das ervas, estão a ver?
-
4:01 - 4:03De súbito, tudo me pareceu diferente.
-
4:03 - 4:07De súbito, cortar a relva naquele dia
foi uma experiência totalmente diferente. -
4:07 - 4:11Sempre pensara — e até escrevera
no meu primeiro livro -
4:11 - 4:13que era um livro sobre jardinagem —
-
4:13 - 4:16que os relvados eram a natureza
sob a bota da cultura, -
4:16 - 4:19que eram paisagens totalitárias
-
4:19 - 4:23e que, quando os aparamos,
estamos a suprimir cruelmente a espécie -
4:23 - 4:27sem nunca os deixar criar sementes,
morrer ou fazer sexo. -
4:27 - 4:28Era isso que era o relvado.
-
4:28 - 4:33Mas depois percebi: "Não, isto é
o que as ervas querem que façamos. -
4:33 - 4:38"Sou idiota, sou o idiota dos relvados,
cujo objetivo de vida -
4:38 - 4:42"é suplantar as árvores
com quem competem pela luz solar". -
4:43 - 4:47Ao obrigar-nos a aparar o relvado,
impedimos que as árvores regressem, -
4:47 - 4:50o que na Nova Inglaterra
acontece muito depressa. -
4:50 - 4:53Comecei a olhar para as coisas
sob esta perspetiva -
4:53 - 4:55e escrevi um livro a que chamei
"A Botânica do Desejo". -
4:55 - 4:58Percebi que, tal como
podemos olhar para uma flor -
4:58 - 5:01e deduzir todo o tipo
de coisas interessantes -
5:01 - 5:04sobre os gostos e os desejos das abelhas
-
5:04 - 5:08— que elas gostam da doçura,
gostam desta cor e daquela não, -
5:08 - 5:09que gostam de simetria —
-
5:09 - 5:12o que podemos encontrar em nós
fazendo a mesma coisa? -
5:13 - 5:16O que é que um certo tipo
de batatas, um certo tipo de droga, -
5:16 - 5:21o cruzamento uma sativa com uma indica
de canábis, têm a dizer sobre nós? -
5:23 - 5:26Não seria uma forma interessante
de olhar para o mundo? -
5:27 - 5:29Ora bem, o teste de qualquer ideia
-
5:29 - 5:31— eu disse que era um conceito literário —
-
5:31 - 5:33é o que é que ela nos dá?
-
5:34 - 5:37Quando falamos da natureza,
que é o meu objetivo enquanto escritor, -
5:37 - 5:41como é que ela resolve
o teste de Aldo Leopold? -
5:41 - 5:45Ou seja, torna-nos melhores cidadãos
da comunidade biótica? -
5:45 - 5:46Leva-nos a fazer coisas
-
5:46 - 5:51que conduzem
ao apoio e perpetuação da biota, -
5:51 - 5:53em vez da sua destruição?
-
5:53 - 5:55E defendo que esta ideia faz isso.
-
5:55 - 5:59Vou referir o que ganhamos quando olhamos
para o mundo desta forma, -
5:59 - 6:02para além de algumas opiniões
divertidas sobre o desejo humano. -
6:03 - 6:06Enquanto matéria intelectual,
-
6:06 - 6:10olhar para o mundo
na perspetiva de outra espécie -
6:10 - 6:13ajuda-nos a lidar
com uma anomalia esquisita -
6:13 - 6:17— e continuamos no reino
da história intelectual. -
6:17 - 6:21Tibmos a revolução darwiniana há 150 anos
-
6:21 - 6:23Pf! Que pequenino que eu era!
-
6:24 - 6:26(Risos)
-
6:27 - 6:32Tivemos a revolução intelectual,
darwiniana em que, graças a Darwin, -
6:32 - 6:35percebemos que somos apenas
uma espécie entre muitas; -
6:35 - 6:36a evolução funciona em nós
-
6:36 - 6:39do mesmo modo que funciona
em todas as outras; -
6:39 - 6:41somos condicionados,
tal como condicionamos. -
6:41 - 6:45Estamos de facto na fibra,
no tecido da vida. -
6:45 - 6:49Mas o estranho é que não absorvemos
esta lição de há 150 anos; -
6:49 - 6:51nenhum de nós acredita nisso.
-
6:51 - 6:55Continuamos cartesianos
— filhos de Descartes — -
6:55 - 7:00que acreditam que a subjetividade,
a consciência, nos coloca aparte; -
7:00 - 7:04que o mundo está dividido
em sujeitos e objetos; -
7:04 - 7:07que só há natureza de um lado,
e cultura do outro. -
7:08 - 7:12Logo que começamos a ver as coisas
na perspetiva da planta ou do animal, -
7:12 - 7:15percebemos que o verdadeiro
conceito literário é esse, -
7:15 - 7:19é a ideia de que a natureza
se opõe à cultura, -
7:19 - 7:23a ideia de que a consciência é tudo.
-
7:23 - 7:26— e isso é outra coisa muito importante.
-
7:27 - 7:30Olhar para o mundo
na perspetiva de outras espécies -
7:30 - 7:34é uma cura para a doença
da autoimportância do ser humano. -
7:34 - 7:39De repente, percebemos
que a consciência humana -
7:39 - 7:41que valorizamos e consideramos
-
7:41 - 7:45a coroa das proezas da natureza,
-
7:45 - 7:50é apenas mais um conjunto de instrumentos
para avançar no mundo. -
7:50 - 7:53E é natural pensarmos
que é o melhor instrumento. -
7:54 - 7:56Mas há um comediante que disse:
-
7:56 - 8:00"Quem é que me diz que a consciência
é uma coisa muito boa e muito importante? -
8:00 - 8:01"É a consciência".
-
8:02 - 8:03Quando olhamos para as plantas,
-
8:03 - 8:05percebemos que elas são
outros instrumentos -
8:05 - 8:07e são igualmente interessantes.
-
8:07 - 8:12Vou dar-vos dois exemplos,
também do jardim: feijão-manteiga. -
8:12 - 8:16Sabem o que um feijão-manteiga faz
quando é atacada por traças? -
8:16 - 8:19Liberta um químico volátil
que se espalha pelo ar -
8:19 - 8:23e convoca outras espécies de traças
-
8:23 - 8:27que aparecem e atacam as traças
defendendo o feijão-manteiga. -
8:27 - 8:33Enquanto nós temos consciência,
fabrico de instrumentos, linguagem, -
8:33 - 8:35as plantas têm bioquímica.
-
8:35 - 8:39E aperfeiçoaram-na a um nível
muito para além do que julgamos. -
8:39 - 8:44A sua complexidade, a sua sofisticação,
é uma coisa que nos maravilha -
8:44 - 8:47e penso que é o escândalo do
Projeto do Genoma Humano. -
8:47 - 8:52Entrámos nele, julgando
que havia 40 000 ou 50 000 genes humanos -
8:52 - 8:56e acabámos apenas com 23 000.
-
8:57 - 9:02Só para vos dar um termo de comparação,
o arroz tem 35 000 genes. -
9:03 - 9:06Então, quem é a espécie mais sofisticada?
-
9:06 - 9:08Somos todos igualmente sofisticados.
-
9:08 - 9:10Temos evoluído, ao mesmo tempo,
-
9:12 - 9:14ao longo de diferentes caminhos.
-
9:14 - 9:17Portanto, para curar a autoimportância,
-
9:17 - 9:22para percebermos a ideia de Darwin.
-
9:22 - 9:25É isso que eu faço, enquanto escritor,
contador de histórias, -
9:25 - 9:28tento que as pessoas sintam o que sabemos
-
9:28 - 9:32e conto histórias que nos ajudem
a pensar ecologicamente. -
9:32 - 9:34O outro uso para isto é prático.
-
9:34 - 9:37Vou levar-vos agora a uma quinta
-
9:37 - 9:41porque usei esta ideia para desenvolver
a minha compreensão do sistema alimentar -
9:41 - 9:46e aprendi que, neste momento,
estamos a ser manipulados pelo milho. -
9:46 - 9:50A conversa que ouviram esta manhã
sobre o etanol -
9:50 - 9:55para mim, é o triunfo final do milho
sobre o bom senso. -
9:55 - 9:57(Risos)
-
9:58 - 10:00(Aplausos)
-
10:00 - 10:03É uma parte do plano do milho
para dominar o mundo. -
10:03 - 10:04(Risos)
-
10:04 - 10:06A quantidade de milho plantado este ano
-
10:06 - 10:08aumentará drasticamente
em relação ao ano passado -
10:08 - 10:10e haverá um "habitat" muito maior
-
10:10 - 10:13porque decidimos que o etanol
vai ajudar-nos. -
10:13 - 10:17Isso ajudou-me a compreender
a agricultura industrial -
10:17 - 10:18que é um sistema cartesiano.
-
10:18 - 10:21Baseia-se na ideia de que
dominamos as outras espécies -
10:21 - 10:22conforme queremos
-
10:22 - 10:25e que somos nós que mandamos,
e criamos aquelas fábricas -
10:25 - 10:28e temos estas contribuições tecnológicas
e obtemos comida a partir delas -
10:28 - 10:30ou o combustível ou o que quisermos.
-
10:30 - 10:33Vou levar-vos a um tipo de quinta
muito diferente. -
10:33 - 10:36Esta é uma quinta
no Vale Shenandoah, na Virgínia. -
10:36 - 10:39Fui à procura de uma quinta
onde tivessem implementado essas ideias -
10:39 - 10:43de olhar para as coisas na perspetiva
de uma espécie e encontrei-a num homem. -
10:43 - 10:46O agricultor chama-se Joel Salatin.
-
10:46 - 10:48E passei uma semana,
como aprendiz, na quinta dele. -
10:49 - 10:51Obtive daí algumas das notícias
mais esperançosas -
10:51 - 10:54sobre a nossa relação com a natureza
-
10:54 - 10:57que já encontrei em 25 anos
de escrita sobre a natureza, -
10:57 - 10:58Foram estas:
-
10:58 - 11:00a quinta chama-se Polyface,
que significa... -
11:00 - 11:04a ideia é que ele tem seis espécies
diferentes de animais, assim como plantas, -
11:04 - 11:07a crescer numa organização simbiótica
muito elaborada. -
11:07 - 11:10É permacultura, há aqui quem saiba
o que isto é. -
11:11 - 11:16As vacas e os porcos,
as ovelhas e os perus e... -
11:17 - 11:19que mais é que ele tem?
-
11:19 - 11:22Todas as seis espécies diferentes
— e coelhos — -
11:22 - 11:25todos prestam serviços ecológicos
uns aos outros, -
11:25 - 11:28ou seja, o esterco de uns
é o almoço de outros -
11:28 - 11:30e tomam conta dos parasitas
uns dos outros. -
11:30 - 11:33É uma dança muito elaborada e bela,
-
11:33 - 11:36mas vou dar-vos um grande plano
duma pequena parte. -
11:36 - 11:42É a relação entre as vacas
e as galinhas poedeiras. -
11:42 - 11:46Vou mostrar-vos, se nos aproximarmos,
o que é que vemos? -
11:46 - 11:48Isto é muito mais
do que produzir alimentos, -
11:48 - 11:50É uma forma diferente
de pensar na natureza -
11:50 - 11:54e uma forma de se afastar
da noção de soma zero, -
11:54 - 11:58a ideia cartesiana de que
ou a natureza ganha ou ganhamos nós. -
11:58 - 12:01E para obtermos o que queremos,
a natureza é minimizada. -
12:01 - 12:03Assim, um dia, as vacas estão num cercado.
-
12:03 - 12:06A única tecnologia envolvida
é uma vedação eletrificada barata -
12:06 - 12:09relativamente nova, ligada
a uma bateria de automóvel; -
12:09 - 12:12até eu podia acartar uma vedação
para um cercado de 10 ares -
12:12 - 12:13e colocá-la em 15 minutos.
-
12:13 - 12:16As vacas pastam durante um dia.
Mudam de local. -
12:16 - 12:18Pastam tudo o que veem,
é pastagem intensiva. -
12:19 - 12:21Ele espera três dias
-
12:21 - 12:23depois, reboca uma coisa
chamada Eggmobile. -
12:23 - 12:26O Eggmobile é uma engenhoca
muito raquítica -
12:26 - 12:29— parece uma carroça coberta
feita de tábuas — -
12:29 - 12:32mas contém 350 galinhas.
-
12:32 - 12:37Reboca-a para o cercado, três dias
depois, abre uma rampa, -
12:38 - 12:42fá-las descer e 350 galinhas
correm pela passarela, -
12:42 - 12:44cacarejando, como as galinhas fazem
-
12:44 - 12:48e vão direitas à bosta das vacas.
-
12:48 - 12:50E fazem uma coisa muito interessante
-
12:50 - 12:53esgaravatam entre a bosta das vacas
-
12:53 - 12:56à procura de larvas, larvas das moscas.
-
12:57 - 12:59Ele esperou três dias
-
12:59 - 13:04porque sabe que, ao quarto ou quinto dia
as larvas vão eclodir -
13:04 - 13:06e terá um problema enorme de moscas.
-
13:06 - 13:08Mas espera esse tempo todo
-
13:08 - 13:11para elas serem grandes,
sumarentas e saborosas. -
13:11 - 13:15porque são a forma de proteínas
preferidas pelas galinhas. -
13:15 - 13:17As galinhas fazem uma espécie de dança
-
13:17 - 13:21e andam em volta do esterco
para apanhar as larvas. -
13:21 - 13:24Ao mesmo tempo, vão espalhando o esterco.
-
13:24 - 13:27Um segundo serviço
muito útil para o ecossistema. -
13:27 - 13:30Terceiro, enquanto estão neste cercado
-
13:30 - 13:33claro que vão defecando,
loucamente -
13:33 - 13:38e o seu esterco muito azotado
está a fertilizar aquele terreno. -
13:39 - 13:42Depois passam para o seguinte.
-
13:42 - 13:48No decurso de poucas semanas,
a erva entra num crescimento louco. -
13:49 - 13:52Ao fim de quatro ou cinco semanas,
pode voltar a fazer o mesmo. -
13:52 - 13:55Podem pastar de novo, pode cortá-la,
pode levar para lá outra espécie, -
13:55 - 13:59como os cordeiros, ou pode fazer
feno para o inverno. -
14:00 - 14:03Gostava que observassem com atenção
o que acontecia ali. -
14:03 - 14:04É um sistema muito produtivo.
-
14:05 - 14:07Devo dizer-vos que, em 40 hectares,
-
14:07 - 14:10ele obtém 18 toneladas de carne de vaca,
14 toneladas de carne de porco, -
14:10 - 14:1425 000 dúzias de ovos, 20 000 frangos,
1000 perus, 1000 coelhos -
14:14 - 14:16— uma quantidade enorme de comida.
-
14:16 - 14:19Ouvimos dizer:
"O orgânico pode alimentar o mundo?" -
14:19 - 14:22Vejam a quantidade de comida
que se pode produzir em 40 hectares -
14:22 - 14:25se dermos a cada espécie
aquilo que ela quer, -
14:25 - 14:30deixá-la realizar os seus desejos,
as suas diferenças fisiológicas. -
14:30 - 14:32Ponhamos isto em prática.
-
14:33 - 14:35Mas agora vejam isto
na perspetiva da erva. -
14:36 - 14:38O que acontece à erva
quando fazemos isto? -
14:38 - 14:43Quando um ruminante pasta a erva,
a erva passa desta altura a esta altura -
14:44 - 14:46e faz imediatamente
uma coisa muito interessante. -
14:46 - 14:50Todos os que jardinam sabem
o que é o rácio caule/raiz. -
14:50 - 14:53As plantas precisam
de manter a massa da raiz -
14:53 - 14:57num certo equilíbrio com a massa
das folhas para ser feliz. -
14:57 - 15:00Quando perdem muita massa de folhas,
secam raízes; -
15:00 - 15:04é como se as cauterizassem
e as raízes morrem. -
15:04 - 15:07As espécies no solo
começam a trabalhar -
15:07 - 15:11comendo essas raízes,
decompondo-as -
15:11 - 15:16— as minhocas, os fungos, as bactérias —
e o resultado é um novo solo. -
15:17 - 15:19É assim que se cria o solo.
-
15:19 - 15:21Cria-se de baixo para cima.
-
15:21 - 15:23É assim que se formaram as pradarias,
-
15:23 - 15:25a relação entre bisontes e ervas.
-
15:26 - 15:29O que percebi quando compreendi isto...
-
15:29 - 15:33Joel Salatin dirá que não é
criador de galinhas, -
15:33 - 15:36não é criador de ovelhas, não é vaqueiro,
-
15:36 - 15:38é criador de ervas,
-
15:38 - 15:42porque a erva é a espécie fundamental
daquele sistema. -
15:43 - 15:48Percebi que isto contradiz totalmente
-
15:48 - 15:51a ideia trágica da natureza
que temos na nossa cabeça. -
15:52 - 15:56ou seja, que para nós obtermos
o que queremos, a natureza é minimizada. -
15:56 - 15:59Mais para nós, menos para a natureza,
-
16:00 - 16:04Toda aquela comida é proveniente
daquela quinta e, no fim da estação, -
16:04 - 16:10há mais solo, mais fertilidade
e mais biodiversidade. -
16:11 - 16:14É uma coisa esperançosa notável.
-
16:14 - 16:16Há muitos agricultores
a fazer isto atualmente. -
16:16 - 16:18Isto é muito para além
da agricultura orgânica, -
16:18 - 16:21que continua a ser, mais ou menos,
um sistema cartesiano -
16:23 - 16:27O que nos diz é que, se começarmos
a preocupar-nos com as outras espécies, -
16:27 - 16:34a preocupar-nos com o solo,
nem que seja só com esta ideia -
16:35 - 16:38— porque não há tecnologia envolvida
exceto naquelas vedações -
16:39 - 16:42que são tão baratas que podiam
estar espalhadas por toda a África -
16:42 - 16:44num abrir e fechar de olhos —
-
16:44 - 16:48de que podemos tirar da terra
a comida de que precisamos -
16:48 - 16:52e curar a Terra, neste processo.
-
16:52 - 16:55É uma forma de reanimar o mundo,
-
16:55 - 16:57e é o que é tão excitante
nesta perspetiva. -
16:57 - 17:01Quando começamos a sentir
a visão de Darwin nos ossos -
17:01 - 17:05as coisas que podemos fazer
apenas com estas ideias -
17:05 - 17:08são uma coisa em que podemos
ter muitas esperanças. -
17:08 - 17:09Muito obrigado.
- Title:
- A perspetiva duma planta
- Speaker:
- Michael Pollan
- Description:
-
E se a consciência humana não é o mais importante do darwinismo? E se somos todos peões de uma engenhosa estratégia do milho para dominar a Terra? O escritor Michael Pollan pede-nos para ver o mundo na perspetiva de uma planta.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 17:08
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