A neurociência das drogas psicadélicas, da música e da nostalgia
-
0:01 - 0:04Em vários momentos nos últimos 20 anos,
-
0:04 - 0:08eu estudei duas experiências
humanas fundamentais -
0:08 - 0:10que me ensinaram muito sobre a emoção
-
0:10 - 0:14e que talvez contenham as chaves
para uma revolução na psiquiatria. -
0:14 - 0:16A primeira é como sentimos a música.
-
0:16 - 0:19A segunda é a experiência que temos
com drogas psicadélicas -
0:19 - 0:22como o LSD e os cogumelos mágicos,
-
0:22 - 0:24ou seja a psilocibina
-
0:24 - 0:26que é o componente ativo
dos cogumelos mágicos. -
0:26 - 0:28Vocês devem estar a perguntar-se
-
0:28 - 0:31o que é que estas duas coisas
têm em comum sem ser o Woodstock. -
0:31 - 0:34Afinal, a música não é
uma substância física, -
0:34 - 0:37pode ser descrita como um conjunto
limitado de vibrações no ar -
0:37 - 0:39que é detetado pelo nosso ouvido.
-
0:39 - 0:42A música parece ter
maior relação com a estética -
0:42 - 0:44do que com a biologia ou a química.
-
0:44 - 0:48As drogas psicadélicas, por outro lado,
são substâncias físicas. -
0:48 - 0:50São compostos químicos
que podemos ingerir -
0:50 - 0:52que interagem diretamente
com a química cerebral -
0:52 - 0:55e mudam a nossa experiência do mundo.
-
0:55 - 0:57Esta mudança é temporária,
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0:57 - 1:00mas os efeitos desta mudança
podem alterar o rumo da nossa vida. -
1:01 - 1:02Mas, temos de aceitar:
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1:02 - 1:04as drogas psicadélicas têm o potencial
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1:04 - 1:07de desencadear efeitos inesperados
e potencialmente perigosos. -
1:07 - 1:10Então o que é que estas duas coisas
muito diferentes podem ter em comum? -
1:11 - 1:14Eu descobri que a música
e as drogas psicadélicas -
1:14 - 1:16podem ter impacto no nosso bem-estar
-
1:16 - 1:18de formas poderosas e complementares.
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1:19 - 1:21A música pode ter um impacto
direto nas emoções, -
1:21 - 1:23com impactos mensuráveis no cérebro;
-
1:23 - 1:26nas circunstâncias certas,
-
1:26 - 1:28as drogas psicadélicas
podem ter efeitos terapêuticos. -
1:28 - 1:30Estes efeitos podem-se
manifestar em padrões -
1:31 - 1:34que podemos estudar e documentar
com exames cerebrais. -
1:34 - 1:37Se juntarmos as duas coisas
e estimularmos da maneira certa, -
1:37 - 1:39a música e as drogas psicadélicas
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1:39 - 1:41podem ter um impacto de cura
ainda maior nos pacientes. -
1:41 - 1:45Estes efeitos podem manifestar-se
em vidas mais saudáveis e mais felizes -
1:45 - 1:48e em personalidades mais integradas.
-
1:48 - 1:51O meu percurso pelos benefícios
da música na saúde mental -
1:51 - 1:54começou muito antes
de eu começar a planeá-la. -
1:54 - 1:56Durante uma boa parte
da minha vida, fui músico. -
1:56 - 1:58Já toquei em orquestras comunitárias,
-
1:58 - 2:00em teatros comunitários,
-
2:00 - 2:02em casamentos,
numa banda de salsa-merengue. -
2:02 - 2:06Fui membro de uma banda de cordas
em Filadélfia, durante muitos anos. -
2:06 - 2:08Na maior parte do meu curso,
-
2:08 - 2:12fui o baterista numa
banda "cover" de Weezer e Nirvana -
2:12 - 2:14que passou a ser uma banda
de "hardcore punk". -
2:14 - 2:15(Risos)
-
2:15 - 2:16É verdade.
-
2:16 - 2:18Baterista numa banda "punk".
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2:18 - 2:22Mas foi só quando iniciei a minha carreira
em psicologia e neurociência -
2:22 - 2:27que comecei a apreciar
a amplitude e a profundidade, -
2:27 - 2:30com que nós os seres humanos,
de forma implícita e explícita, -
2:30 - 2:33usamos a música como ferramenta
para regular as nossas emoções -
2:33 - 2:34e para curar.
-
2:34 - 2:37Para alguns de nós,
a música ajuda a seguirmos em frente. -
2:37 - 2:40Para outros, ela não é suficiente.
-
2:40 - 2:42Isso levou-me a algumas
questões fascinantes. -
2:42 - 2:44Usei a música como uma ferramenta
-
2:44 - 2:46para estudar as emoções
e as memórias no cérebro. -
2:46 - 2:50O meu primeiro estudo científico focou-se
na nostalgia provocada pela música. -
2:50 - 2:52A nostalgia é uma emoção rica e agridoce
-
2:53 - 2:56que está intimamente ligada
à nossa memória autobiográfica. -
2:56 - 3:00Muitas vezes podemos presenciar
a nostalgia em lugares inesperados. -
3:00 - 3:03Vocês talvez tenham tido a experiência
de conduzir por uma autoestrada, -
3:03 - 3:07ligar a rádio ou abrir a plataforma
da vossa música favorita -
3:07 - 3:09e escutarem uma canção
que não ouviam há anos. -
3:09 - 3:11Imediatamente,
são levados para o passado -
3:11 - 3:14e despejados nessa memória imersiva
-
3:14 - 3:16— algo em que não pensavam há anos,
-
3:16 - 3:17mas que foi valioso para vocês,
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3:17 - 3:19o dia do casamento, da formatura,
-
3:19 - 3:21do nascimento do primeiro filho,
-
3:21 - 3:23ou da morte de um ente querido.
-
3:23 - 3:26A música pode servir como
um poderoso indício do contexto -
3:26 - 3:31para memórias profundamente importantes
e intensamente nostálgicas como estas. -
3:32 - 3:36A nostalgia está intimamente entrelaçada
com o nosso sentido de identidade. -
3:37 - 3:40Quem somos nós
na nossa versão mais autêntica? -
3:40 - 3:42Ao ligarmo-nos
com o nosso histórico emocional, -
3:42 - 3:45a nostalgia pode ajudar-nos
a afastar a tristeza, a solidão, -
3:45 - 3:46as crises existenciais,
-
3:46 - 3:48até mesmo a iminência da morte
-
3:48 - 3:51e a aproximação do horizonte da nossa vida
à medida que envelhecemos. -
3:51 - 3:55Para tentar obter um melhor entendimento
de como a música pode explorar a nostalgia -
3:55 - 3:58e o que isso pode estar
a ocasionar no cérebro, -
3:58 - 4:01comecei a trabalhar com modelos
informáticos de cognição musical. -
4:01 - 4:04Apliquei esses modelos para
observar a atividade cerebral, -
4:04 - 4:07gravada enquanto
as pessoas escutavam músicas -
4:07 - 4:11que provocavam nostalgia
e músicas que não provocavam nostalgia -
4:11 - 4:14Mais importante, pelo menos
para um "nerd" de cérebros como eu, -
4:14 - 4:18descobri que a nostalgia conseguia
recrutar amplas regiões cerebrais -
4:18 - 4:21envolvidas em vários níveis
de diferentes processos cognitivos. -
4:21 - 4:24Embora as músicas não nostálgicas
possam recrutar regiões cerebrais -
4:24 - 4:25como o giro de Heschl,
-
4:25 - 4:28envolvido no processamento
básico auditivo, -
4:28 - 4:29ou a área de Broca,
-
4:29 - 4:32envolvida no processamento
da gramática e da sintaxe, -
4:32 - 4:34não somente na linguagem
mas também na música, -
4:34 - 4:37a nostalgia conseguia recrutar
estas regiões cerebrais e não só, -
4:37 - 4:40como a substância negra envolvida
no processamento da recompensa -
4:40 - 4:44ou a ínsula anterior, envolvida na
experiência visceral da emoção, -
4:44 - 4:47e regiões do giro frontal inferior
-
4:47 - 4:49que estão envolvidas
em memórias autobiográficas. -
4:49 - 4:52A nostalgia conseguia recrutar
uma ampla rede de regiões cerebrais -
4:52 - 4:55nas regiões pré-frontal, frontal,
cingulada, insular, parietal, -
4:56 - 4:57occipital e subcortical,
-
4:57 - 5:00abrangendo quase todas
as nossas faculdades cognitivas. -
5:00 - 5:03Isso talvez explique porque é
que a nostalgia tem tanto impacto em nós. -
5:04 - 5:06Mas por mais poderosa
que seja no momento, -
5:06 - 5:09o efeito da nostalgia evocada pela música
acaba por se desvanecer. -
5:09 - 5:12A nostalgia talvez seja mais
um penso rápido -
5:12 - 5:13do que um antibiótico,
-
5:13 - 5:17e está longe de ser uma cirurgia
para a nossa saúde emocional. -
5:18 - 5:19A música pode prolongar a nostalgia,
-
5:19 - 5:22a música e a nostalgia
podem mover os nossos sentimentos, -
5:22 - 5:25mas como conseguir
que esses sentimentos perdurem? -
5:25 - 5:26Após estudar a nostalgia no cérebro,
-
5:26 - 5:29juntei-me a uma equipa
na Universidade Johns Hopkins -
5:29 - 5:31que estava a estudar os efeitos
de drogas psicadélicas, -
5:32 - 5:35e cedo comecei a perceber
o impacto duma peça musical numa pessoa -
5:35 - 5:36durante uma experiência psicadélica.
-
5:36 - 5:40Eu já me tinha aborrecido
com a dificuldade de prever com rigor -
5:40 - 5:42qual o estímulo musical
que evocava com rigor -
5:42 - 5:45determinada resposta
num determinado indivíduo. -
5:45 - 5:47Uma canção que causa nostalgia em alguém
-
5:47 - 5:50pode facilmente gerar desinteresse
ou rejeição noutra pessoa. -
5:50 - 5:54Eu comecei a perceber o enorme impacto
que a música parecia ter nas pessoas -
5:54 - 5:56durante as experiências psicadélicas.
-
5:57 - 5:58A partir dos anos 50, pelo menos,
-
5:58 - 6:01o valor da música para ajudar
as pessoas a orientar-se -
6:01 - 6:04através de um estado psicadélico.
era bem clara. -
6:04 - 6:06Nós continuamos esta tradição
na investigação moderna, -
6:06 - 6:08pedindo aos voluntários que oiçam música
-
6:08 - 6:11durante uma sessão
de terapia psicadélica -
6:11 - 6:15e apesar de a maioria não estar
familiarizada com a música tocada, -
6:15 - 6:17antes de começar a sessão,
-
6:17 - 6:18depois de ela acabar
-
6:18 - 6:21os voluntários pediam-nos
a lista das músicas -
6:21 - 6:24e alguns deles contam que voltaram
a ouvir as músicas -
6:24 - 6:27que foram mais marcantes
durante a experiência psicadélica, -
6:27 - 6:30durante semanas, meses e até anos
depois da experiência. -
6:30 - 6:34De certa forma, essas músicas
tornaram-se marcos -
6:34 - 6:37que podem reacender
as experiências mais poderosas, -
6:37 - 6:40de maior impacto, e mais perspicazes
-
6:40 - 6:43que eles encontraram durante
a sua experiência psicadélica. -
6:44 - 6:46Eu precisava de saber
o que estava a acontecer ali. -
6:46 - 6:48Comecei a implementar
os meus questionários, -
6:48 - 6:50as minhas experiências metódicas
-
6:50 - 6:52e as minhas máquinas de ressonância
-
6:52 - 6:54para tentar determinar
o que podia estar a acontecer -
6:54 - 6:56durante essas experiências
-
6:56 - 7:01e que podia explicar o enorme impacto
que essas pessoas encontravam. -
7:01 - 7:03A um nível psicológico básico,
-
7:03 - 7:04os meus colegas e eu determinámos
-
7:04 - 7:07que, por exemplo, o LSD
pode acentuar emoções positivas -
7:07 - 7:10que ocorrem especialmente
enquanto se ouve música. -
7:10 - 7:14Isso, por si só, pode ter relevância
para indivíduos saudáveis -
7:14 - 7:17ou para os que sofrem de perturbações
de humor e abuso de substâncias. -
7:17 - 7:19Mas o que acontece no cérebro?
-
7:20 - 7:24Pouco tempo antes, tínhamos aprendido
que o cérebro escutava música nostálgica. -
7:25 - 7:28Quando aplicámos modelos informáticos
de cognição musical -
7:28 - 7:32para observar a atividade do cérebro
a ouvir música, -
7:32 - 7:34sob o efeito do LSD,
-
7:34 - 7:38descobrimos que todo o cérebro
estava a escutar a música -
7:38 - 7:41e o LSD estava a aumentar o volume
-
7:41 - 7:45Onde a nostalgia recrutava
regiões do cérebro ligadas à linguagem, -
7:45 - 7:46à memória e à emoção,
-
7:46 - 7:48as drogas psicadélicas estavam
a recrutar essas regiões -
7:48 - 7:50pelo menos com o dobro
da intensidade. -
7:50 - 7:52Regiões do cérebro como o tálamo,
-
7:52 - 7:54que está envolvido em funções
sensoriais básicas, -
7:54 - 7:57ou o córtex pré-frontal medial
e o córtex cingulado posterior, -
7:57 - 8:01que podem estar envolvidos na memória,
na emoção e nas imagens mentais. -
8:01 - 8:04Essas regiões foram recrutadas
até 4 vezes mais intensamente -
8:04 - 8:07durante os efeitos do LSD,
do que sem LSD. -
8:07 - 8:11As drogas psicadélicas
colocam o volume no máximo. -
8:11 - 8:14A informação sensorial é sentida
mais intensamente no cérebro; -
8:14 - 8:17as emoções, as memórias
e as imagens mentais andam a todo o vapor; -
8:17 - 8:20e pode ser que a abrangência
e o forte recrutamento -
8:20 - 8:24das regiões cerebrais que ocorrem
durante essas experiências -
8:24 - 8:27ou seja a chave necessária
para desbloquear a mudança -
8:27 - 8:30que diferencia essas drogas,
e experiências, das outras drogas. -
8:31 - 8:33Os efeitos podem ser duradouros.
-
8:33 - 8:35Num estudo com pessoas saudáveis,
-
8:35 - 8:38eu demonstrei que uma única
dose alta de psilocibina -
8:38 - 8:40pode reduzir a emoção negativa
nos voluntários -
8:40 - 8:42durante, pelo menos,
uma semana após a psilocibina -
8:42 - 8:44e aumentar as emoções positivas
-
8:44 - 8:47durante, pelo menos, um mês
depois de única dose de psilocibina. -
8:47 - 8:49A redução das emoções negativas
-
8:49 - 8:51que nós observámos depois
da administração da psilocibina -
8:51 - 8:54foi acompanhada por uma redução,
uma semana depois da psilocibina, -
8:54 - 8:57na resposta de uma região
cerebral primitiva, chamada amígdala, -
8:57 - 8:59aos estímulos emocionais.
-
8:59 - 9:03Noutro estudo, com pacientes
com graves perturbações de depressão, -
9:03 - 9:07não só observámos uma grande
redução na gravidade da depressão -
9:07 - 9:11na maioria dos pacientes
depois de duas doses de psilocibina, -
9:11 - 9:15como também observámos
uma redução na resposta da amígdala -
9:15 - 9:18aos estímulos das emoções negativas,
especificamente, -
9:18 - 9:21uma semana depois da psilocibina.
-
9:21 - 9:22Esta redução na resposta da amígdala
-
9:23 - 9:25foi associada à redução duradoura
na gravidade da depressão -
9:25 - 9:29durante, pelo menos, três meses
após a administração da psilocibina, -
9:29 - 9:31e, francamente, não acaba aí.
-
9:31 - 9:33Então o que é que tudo isto quer dizer?
-
9:34 - 9:38Quer dizer que música
e drogas psicadélicas podem conseguir -
9:38 - 9:42alterar todo o cérebro
durante um certo tempo, -
9:42 - 9:46e isso pode levar a uma mudança
nos circuitos neurais -
9:46 - 9:49que podem estar prisioneiros
de padrões de emoções negativas. -
9:50 - 9:53Isso pode dar às pessoas
um período de alívio -
9:53 - 9:56que as libertem
das garras das emoções negativas. -
9:57 - 10:00Isso pode ser o suficiente
para elas terem acesso a novas perspetivas -
10:00 - 10:02sobre si mesmas e sobre as suas vidas
-
10:02 - 10:05e iniciem um percurso de cura
de vários anos de depressão. -
10:06 - 10:09Estas drogas estão em estágios
iniciais de investigação, -
10:09 - 10:13mas estão a ser investigadas
para uma série de indicações médicas. -
10:14 - 10:15Têm surgido indícios
-
10:15 - 10:18de que as drogas psicadélicas
ajudam a tratar perturbações do humor, -
10:18 - 10:21como a perturbação depressiva
ou a resistente a tratamento, -
10:21 - 10:22e a depressão e ansiedade
-
10:22 - 10:25que acompanham um diagnóstico
de cancro em estágio terminal. -
10:25 - 10:28Também há indícios crescentes
de que as drogas psicadélicas -
10:28 - 10:31podem ser eficazes no tratamento
de diferentes abusos de substâncias -
10:31 - 10:34como o tabagismo, o alcoolismo
e o uso da cocaína. -
10:34 - 10:37Estão a ser preparados
ou estão em curso estudos adicionais -
10:37 - 10:39para determinar se as drogas psicadélicas
-
10:39 - 10:43podem ser eficazes no tratamento
de muitas outras perturbações intratáveis -
10:43 - 10:46como a perturbação obsessiva-compulsiva,
ou o "stress" pós-traumático, -
10:47 - 10:48a dependência de opioides e a anorexia.
-
10:48 - 10:51Nesta altura, é sensato
parar um pouco e perguntar: -
10:51 - 10:54"As drogas psicadélicas estão a ser
vendidas como uma panaceia?" -
10:54 - 10:57Se assim for, temos o direito
de ser céticos. -
10:57 - 11:00Porque é que devemos esperar
que uma família tão pequena de substâncias -
11:00 - 11:04possa ser tão eficaz a tratar uma série
tão grande de perturbações diversas? -
11:05 - 11:08Esta é uma ideia para levar em conta:
-
11:09 - 11:12Algumas destas perturbações
têm uma característica em comum. -
11:12 - 11:14Até certo ponto,
-
11:15 - 11:17as perturbações de humor
e de abuso de substâncias -
11:17 - 11:18envolvem emoções negativas
-
11:18 - 11:21e um desligamento
do nosso eu mais autêntico. -
11:22 - 11:25As drogas psicadélicas
podem quebrar essa barreira. -
11:25 - 11:28As drogas psicadélicas e a música
podem representar uma combinação -
11:28 - 11:32que atua nos processos neurais
psicológicos, como as emoções negativas -
11:33 - 11:36que são transversais
e contribuem para múltiplos problemas. -
11:36 - 11:39Pode ser que, focando-nos nesses
processos transdiagnóstico, -
11:40 - 11:43consigamos ajudar as pessoas
-
11:43 - 11:46a desenvolver os recursos
de que precisam, -
11:47 - 11:49e recuperar de anos
de depressão e de dependência. -
11:50 - 11:53Dizem que a primeira impressão
é a que perdura, -
11:53 - 11:56e isso pode ser verdade
com as drogas psicadélicas. -
11:56 - 11:58Afinal, por mais informações
que apareçam -
11:58 - 12:02sobre os potenciais
efeitos terapêuticos destas drogas, -
12:02 - 12:05algumas pessoas ainda estão presas
no estigma dos anos 60 e 70: -
12:05 - 12:08os mitos sobre as propriedades
altamente viciantes destas drogas, -
12:08 - 12:10os mitos das anomalias genéticas,
-
12:10 - 12:13os defeitos de nascença
depois da exposição a estas drogas -
12:13 - 12:16ou o medo de que as pessoas
percam a cabeça e enlouqueçam -
12:16 - 12:17Talvez ainda mais pertinente
-
12:17 - 12:20é a crença de que esses efeitos
são necessariamente reais -
12:20 - 12:25e que são um desfecho necessário
de toda a exposição a estas drogas. -
12:25 - 12:28Talvez seja altura de mudar
o nosso ponto de vista. -
12:30 - 12:33Não se espera que as drogas psicadélicas
funcionem para toda a gente. -
12:33 - 12:36Não se espera que as drogas psicadélicas
funcionem para tudo. -
12:36 - 12:37São substâncias poderosas
-
12:37 - 12:42que precisam de ser administradas
sob circunstâncias muito bem controladas. -
12:42 - 12:45E com certeza há pessoas neste mundo
-
12:45 - 12:47para quem elas serão altamente perigosas.
-
12:48 - 12:49Mas...
-
12:50 - 12:54os antibióticos administrados
à pessoa errada em condições erradas -
12:54 - 12:56podem ser igualmente perigosos,
ou pior ainda. -
12:57 - 13:00Mas administrados à pessoa certa
nas condições certas, -
13:00 - 13:02os antibióticos salvam vidas.
-
13:02 - 13:05Administrados à pessoa certa,
nas condições certas -
13:05 - 13:08as drogas psicadélicas podem salvar vidas.
-
13:11 - 13:16Pode parecer impossível
curar o coração e o espírito -
13:16 - 13:17e crescer,
-
13:17 - 13:20mas eu acredito profundamente
que temos os recursos dentro de nós -
13:20 - 13:22para fazer isso.
-
13:22 - 13:26O desafio é identificar e compreender
cada um desses recursos -
13:26 - 13:30e pode ser que as drogas psicadélicas
e a música ajudem as pessoas -
13:30 - 13:31a fazer isso.
-
13:32 - 13:34Em conjunto, as drogas psicadélicas
e a música -
13:34 - 13:37podem abrir o nosso espírito à mudança
-
13:37 - 13:38e direcionar essa mudança,
-
13:38 - 13:42voltar a ligar-nos ao nosso eu
mais autêntico -
13:42 - 13:44e permitir acesso às coisas
-
13:44 - 13:47que realmente nos permitem
dar sentido a este mundo -
13:47 - 13:49e ligar-nos
-
13:49 - 13:50ao nosso eu mais autêntico.
-
13:51 - 13:52Obrigado.
-
13:52 - 13:56(Aplausos)
- Title:
- A neurociência das drogas psicadélicas, da música e da nostalgia
- Speaker:
- Frederick Streeter Barrett
- Description:
-
Como é que a música e as drogas psicadélicas afetam o cérebro? O neurocientista Frederick Streeter Barrett analisa as regiões neurais específicas ativadas quando ouvimos música e sofremos os efeitos de drogas psicadélicas como o LSD ou a psilocibina (cogumelos mágicos). Saibam mais sobre essa investigação e também como essas experiências, quando combinadas com as condições certas, podem apoiar o crescimento emocional e a cura de perturbações de humor, como a depressão e a ansiedade.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 14:09
Margarida Ferreira approved Portuguese subtitles for The neuroscience of psychedelic drugs, music and nostalgia | ||
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João Pedro Wardani edited Portuguese subtitles for The neuroscience of psychedelic drugs, music and nostalgia |