Como símbolos e marcas moldam nossa humanidade
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0:02 - 0:06Há 13,8 bilhões de anos,
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0:06 - 0:10o Universo como o conhecemos
começou com um Big Bang, -
0:10 - 0:16assim como foi criado tudo o que sabemos,
o que somos e de que somos feitos. -
0:17 - 0:20Há 50 mil anos,
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0:20 - 0:23nosso cérebro sofreu
uma mutação genética importante -
0:23 - 0:28cujo resultado foi
sua reorganização biológica. -
0:28 - 0:34Alguns cientistas chamaram
isso de "Big Bang do Cérebro". -
0:34 - 0:38Outros, de "o grande salto",
expressão que prefiro. -
0:38 - 0:40É muito mais poético.
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0:40 - 0:44Foi quando o "Homo sapiens"
começou a evoluir -
0:44 - 0:47para a espécie moderna que somos hoje.
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0:48 - 0:53O grande salto ativou a maioria
das nossas capacidades modernas: -
0:53 - 0:55pensamento abstrato, planejamento,
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0:56 - 0:58culinária, trabalho competitivo,
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0:59 - 1:02linguagem, arte, música
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1:02 - 1:03e autoembelezamento.
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1:04 - 1:07Após o grande salto, houve um crescimento
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1:07 - 1:10na fabricação de ferramentas de pedra
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1:10 - 1:12e de armas mais sofisticadas
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1:12 - 1:15e, 32 mil anos atrás,
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1:15 - 1:20a criação da primeira marca sofisticada
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1:20 - 1:23nas paredes da caverna de Lascaux.
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1:23 - 1:28Não foi coincidência irmos
da documentação da nossa realidade -
1:28 - 1:30nas paredes da caverna de Lascaux
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1:30 - 1:33às "paredes" do Facebook.
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1:33 - 1:36E, numa metaexperiência,
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1:36 - 1:41agora podemos agendar
uma viagem às paredes de Lascaux -
1:41 - 1:44usando "as paredes" do Facebook.
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1:44 - 1:47Há uns 10 mil anos,
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1:47 - 1:52homens e mulheres começaram
a se enfeitar com maquiagem. -
1:52 - 1:54Começaram a se autoembelezar.
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1:54 - 1:57Mas a intenção não era a sedução,
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1:57 - 2:00mas, sim, motivos religiosos.
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2:00 - 2:04Queríamos ser mais belos, puros e limpos
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2:04 - 2:07aos olhos de alguma coisa ou de alguém
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2:07 - 2:10que acreditávamos ter
mais poder do que nós. -
2:10 - 2:13Não existe uma cultura
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2:13 - 2:16nos registros da história humana
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2:16 - 2:20que não tenha praticado um culto
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2:21 - 2:24que hoje chamamos de "religião".
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2:24 - 2:28Há 6 mil anos, em um esforço
para unir pessoas, -
2:28 - 2:33nossos ancestrais já desenhavam
símbolos telegráficos -
2:33 - 2:37para representar crenças
e identificar afiliações. -
2:38 - 2:41Esses símbolos conectaram
pessoas semelhantes, -
2:42 - 2:44e são todos extraordinários.
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2:44 - 2:49Essas afiliações nos fizeram sentir
mais confiantes e seguros em grupos, -
2:49 - 2:55e o compartilhamento dos símbolos criou
consenso sobre o seu significado. -
2:55 - 2:58Com essas marcas,
você sabia onde se encaixava, -
2:58 - 3:01e isso valia para pessoas dentro do grupo
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3:02 - 3:05e, não mesmo importante,
para as excluídas do grupo. -
3:05 - 3:11Esses símbolos foram criados
de baixo para cima: -
3:11 - 3:14foram feitos por pessoas, para pessoas,
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3:15 - 3:18e depois compartilhados
livremente entre as pessoas -
3:18 - 3:22para honrar o poder mais alto
aos quais se referiam. -
3:22 - 3:28O mais irônico é que o poder mais alto
não tinha nada a ver com isso. -
3:29 - 3:31Essas primeiras afiliações
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3:31 - 3:34sempre compartilhavam
características idênticas, -
3:34 - 3:36o que é impressionante,
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3:36 - 3:39considerando como estávamos
espalhados pelo planeta. -
3:39 - 3:43Criamos rituais, práticas
e comportamentos parecidos, -
3:43 - 3:48não importa onde estivéssemos na Terra.
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3:48 - 3:54Construímos rituais
para criar logos simbólicos. -
3:54 - 3:57Criamos ambientes para adoração.
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3:57 - 4:01Desenvolvemos regras estritas
sobre como interagir uns com os outros, -
4:01 - 4:03com a comida, com o cabelo,
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4:03 - 4:05com o nascimento e com a morte,
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4:05 - 4:08com o casamento e a procriação.
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4:08 - 4:12Alguns têm semelhanças assustadoras.
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4:12 - 4:18A mão de Deus aparece continuamente.
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4:18 - 4:22Aparece coma a mão hamsá na Mesopotâmia.
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4:22 - 4:25Aparece como a mão de Fátima no Islã.
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4:25 - 4:29Aparece como a mão de Miriam no Judaísmo.
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4:29 - 4:34Mas, se não concordávamos
sobre crenças e comportamentos -
4:34 - 4:36com relação aos outros,
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4:36 - 4:40se sentíamos que os comportamentos
e as crenças de outros não eram corretos, -
4:40 - 4:42começávamos a lutar,
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4:42 - 4:45e muitas das nossas primeiras
guerras foram religiosas. -
4:45 - 4:48Nossas bandeiras eram usadas nas batalhas,
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4:48 - 4:52para indicar a qual lado pertencíamos,
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4:52 - 4:56pois era o único jeito de diferenciar
o amigo do inimigo, -
4:56 - 4:58Éramos todos parecidos.
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4:58 - 5:03Hoje nossas bandeiras estão
estampadas nos uniformes em massa -
5:03 - 5:05que fabricamos.
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5:05 - 5:08Os logos nos produtos para identificar
o fabricante vieram a seguir, -
5:08 - 5:14e as marcas receberam reconhecimento
oficial em 1.º de janeiro de 1876, -
5:14 - 5:18nos EUA, com a lei do registro de marcas.
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5:17 - 5:22A primeira marca registrada
foi a da cerveja Bass, -
5:22 - 5:25e eu me pergunto o que isso diz
sobre nossa humanidade, -
5:26 - 5:30já que se tratava da marca registrada
de uma bebida alcoólica. -
5:31 - 5:33Agora, veremos o que considero ser
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5:33 - 5:37o primeiro caso de inserção
de um produto com marca. -
5:37 - 5:41Atrás de mim temos
garrafas da cerveja Bass, -
5:41 - 5:44com o logo precisamente representado
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5:44 - 5:50neste quadro famoso de 1882,
de Édouard Manet. -
5:50 - 5:55Um dos logotipos mais conhecidos
hoje em dia no mundo -
5:56 - 5:57é o "swoosh" da Nike,
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5:57 - 6:01que foi introduzido em 1971.
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6:01 - 6:03Carolyn Davidson,
uma estudante de design gráfico, -
6:03 - 6:08criou o logotipo por US$ 35.
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6:09 - 6:15Ao vê-lo, Phil Knight, CEO da Nike, disse:
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6:15 - 6:20"Não caio de amores por ele,
mas pode ser que passe a gostar. -
6:20 - 6:22Pode ser que passe a gostar..."
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6:22 - 6:25Mas por que esse swoosh é tão popular?
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6:25 - 6:27Por que é tão popular?
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6:27 - 6:29É a marca?
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6:29 - 6:31Ou será o marketing?
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6:32 - 6:35E o que podemos pensar do fato
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6:35 - 6:39de que o swoosh da Nike parece ser
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6:39 - 6:43o novo logotipo da Newport
de cabeça para baixo? -
6:43 - 6:45(Risos)
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6:45 - 6:48Ou o logo da Capital One ao contrário?
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6:49 - 6:52Esse não é o único logo
com uma identidade compartilhada. -
6:54 - 7:00O logo a seguir tem
uma identidade compartilhada -
7:00 - 7:03com significados totalmente diferentes.
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7:03 - 7:05Como judia,
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7:05 - 7:07acho que esse logotipo,
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7:08 - 7:09essa suástica,
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7:10 - 7:13é o símbolo mais hediondo que já existiu.
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7:13 - 7:17Mas ele tem um trajetória surpreendente.
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7:17 - 7:21A palavra "suástica" vem, originalmente,
-
7:21 - 7:25da antiga palavra sânscrita "svastika",
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7:25 - 7:30que significa, na verdade,
"boa sorte", "sorte" e "bem-estar". -
7:31 - 7:35No início do século 20,
antes de ser apropriada por Hitler, -
7:36 - 7:38ela foi usada pela Coca-Cola
-
7:39 - 7:41em um abridor de garrafas da sorte.
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7:41 - 7:46A American Biscuit Company
notoriamente registrou a marca -
7:46 - 7:48colocando-a em pacotes de bolachas.
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7:48 - 7:52A US Playing Card Company
registrou a marca em 1921 -
7:52 - 7:54em cartas de jogos de adivinhação.
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7:54 - 7:59Os escoteiros usaram
a marca nos sapatos em 1910, -
7:59 - 8:05e o símbolo foi usado em etiquetas
de charuto, cupons, sinais de trânsito, -
8:06 - 8:07e até mesmo em fichas de pôquer.
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8:08 - 8:13Até mesmo o Jainismo usou
o logotipo junto com a mão de Deus -
8:13 - 8:15muitos milênios atrás.
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8:16 - 8:17Essas marcas eram idênticas,
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8:18 - 8:20mas, com o uso como símbolo nazista,
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8:20 - 8:23o impacto se tornou
muito, muito diferente. -
8:23 - 8:25A mão de Deus,
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8:25 - 8:27o swoosh da Nike
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8:27 - 8:31e a suástica demonstram
-
8:31 - 8:35que vimos criado significado
com a linguagem visual -
8:35 - 8:37há milênios.
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8:37 - 8:41Esse comportamento é
tão antigo quanto nós mesmos. -
8:41 - 8:43Hoje, nos Estados Unidos,
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8:44 - 8:49há mais de 116 mil shopping centers,
-
8:49 - 8:51e todos eles são bem parecidos.
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8:52 - 8:55Há mais de 40 mil supermercados,
-
8:55 - 8:59e cada um deles tem mais de 40 mil itens.
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8:59 - 9:02Se você sair para comprar
uma garrafa de água, -
9:02 - 9:06terá a sua disposição mais de 80 opções.
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9:05 - 9:08Desde o lançamento, em 1912,
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9:08 - 9:15é possível escolher mais de 100
sabores e tipos de biscoitos Oreo. -
9:15 - 9:18Mas, será que isso é bom
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9:18 - 9:20ou é ruim?
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9:21 - 9:24O excesso de opções é necessário
em um mercado livre? -
9:25 - 9:29Acho que é tanto bom quanto ruim,
-
9:29 - 9:32assim como os humanos são bons e ruins,
-
9:31 - 9:35e somos nós que estamos criando,
usando e comprando essas marcas. -
9:36 - 9:38Entretanto, acho que a questão
-
9:38 - 9:43sobre esse comportamento
ser bom ou ruim é realmente secundária -
9:44 - 9:46em face de entender o porquê:
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9:47 - 9:51por que nos comportamos
dessa forma em primeiro lugar? -
9:53 - 9:54Vejamos:
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9:55 - 9:58cada um de nossos produtos
comercializados em massa -
9:58 - 10:01é o que considero
marcas de cima para baixo. -
10:01 - 10:04Ainda que sejam criados por pessoas,
-
10:04 - 10:09eles são controlados, operados,
fabricados, divulgados, -
10:09 - 10:12projetados, promovidos
e distribuídos por uma corporação, -
10:12 - 10:17empurrados e vendidos para o consumidor
visando a um ganho financeiro. -
10:17 - 10:21Essas corporações são responsáveis
pelos lucros e pelas perdas, -
10:21 - 10:23e esperam um retorno do investimento,
-
10:23 - 10:29e têm nomes do tipo P&G, AT&T, e J&J.
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10:31 - 10:35E é assim que tem sido
há algumas centenas de anos: -
10:35 - 10:40um modelo de cima para baixo
controlado por corporações. -
10:41 - 10:44Até... 2011.
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10:44 - 10:48Foi aí que começamos a ver evidências
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10:48 - 10:52de uma mudança real,
significativa e abrangente. -
10:52 - 10:56A Primavera Árabe e o "Occupy Wall Street"
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10:56 - 10:59provaram como a internet
pode amplificar mensagens -
10:59 - 11:01e conectar mentes semelhantes
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11:02 - 11:04com crenças poderosas e inspirar mudanças.
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11:05 - 11:08Vimos uma mudança cultural
por via das mídias sociais -
11:08 - 11:12com "hashtags" como #metoo
e #blacklivesmatter -
11:12 - 11:16Em seu surgimento,
a disciplina de "branding" -
11:16 - 11:19transformou-se mais nos últimos 10 anos
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11:20 - 11:23do que nos últimos 10 mil anos
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11:24 - 11:27e, pela primeira vez na história moderna,
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11:27 - 11:31as marcas mais influentes e mais populares
-
11:31 - 11:34não são aquelas empurradas
pelas corporações. -
11:35 - 11:39São marcas lançadas
por pessoas, para pessoas, -
11:39 - 11:44com a única finalidade de mudar
o mundo e torná-lo um lugar melhor. -
11:44 - 11:48Nossas maiores inovações não são marcas
que fornecem um formato diferente -
11:48 - 11:51ou um sabor diferente
para nosso salgadinho favorito. -
11:51 - 11:55Nossas maiores inovações
são a criação de marcas -
11:55 - 11:57que podem fazer a diferença
em nossas vidas -
11:57 - 12:01e refletir o tipo de mundo
em que queremos viver. -
12:01 - 12:03Em novembro de 2016,
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12:03 - 12:06Krista Suh, Jayna Zweiman e Kat Coyle
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12:06 - 12:11criaram um gorro para a Marcha
das Mulheres em Washington, D.C. -
12:11 - 12:14(Aplausos)
-
12:15 - 12:18Isso foi um dia após a posse presidencial.
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12:18 - 12:22Dois meses mais tarde,
em 21 de janeiro de 2017, -
12:23 - 12:30milhões de pessoas em todo o mundo usaram
os gorros de gatinho rosa feitos à mão -
12:30 - 12:33para apoiar as diversas marchas
das mulheres pelo mundo. -
12:33 - 12:36O gorro não foi criado visando
a nenhum benefício financeiro. -
12:36 - 12:40Como nossos símbolos religiosos
criados milhares de anos atrás, -
12:40 - 12:43o gorro foi criado
por pessoas, para pessoas, -
12:43 - 12:48para servir ao que acredito ser
o maior benefício de uma marca: -
12:49 - 12:53unir pessoas na comunicação
de ideais compartilhados. -
12:54 - 12:57O gorro rosa de gatinho tornou-se
a marca de um movimento. -
12:57 - 13:00Em apenas dois meses,
-
13:01 - 13:04ele se tornou conhecido mundialmente.
-
13:05 - 13:09Conectou todo um público
de uma forma nunca vista antes. -
13:09 - 13:11É uma marca,
-
13:11 - 13:13mas é mais do que isso.
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13:13 - 13:16Hoje, o gorro de gatinho rosa prova
-
13:16 - 13:20que o branding não é só
uma ferramenta do capitalismo. -
13:21 - 13:25O branding é uma manifestação
profunda do espírito humano. -
13:26 - 13:31A condição do branding sempre refletiu
-
13:31 - 13:34a condição da nossa cultura.
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13:34 - 13:36É nossa responsabilidade
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13:36 - 13:41continuar a impulsionar a força
democrática que o branding proporciona. -
13:41 - 13:44E é nossa responsabilidade
-
13:43 - 13:46criar uma cultura que reflita
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13:47 - 13:48e honre
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13:49 - 13:52o tipo de mundo em que queremos viver.
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13:52 - 13:55Obrigada.
- Title:
- Como símbolos e marcas moldam nossa humanidade
- Speaker:
- Debbie Millman
- Description:
-
"Gestão de marca é a manifestação profunda do espírito humano", afirma Debbie Millman, designer e "podcaster". Em uma odisseia histórica que ela mesma ilustrou, Millman descreve a evolução da gestão de marca, da arte rupestre nas cavernas a bandeiras, até os rótulos de cerveja e além. Ela explora a força que os símbolos têm para unir as pessoas, começando com as comunidades pré-históricas que os utilizavam para representar crenças, e identifica filiações com empresas modernas que adotam logotipos e marcas registradas para comercializar seus produtos, explicando como a gestão de marca reflete o estado da humanidade.
- Video Language:
- English
- Team:
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- Project:
- TEDTalks
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- 13:46
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Meire GFig
Hi,
I reviewed the whole translation, but had a lot of difficulties to synchronize them with the video.
Unfortunately, I did not know that was so demanding and ended up running out of time.
Best regards,
Meire