Annie Murphy Paul: O que aprendemos antes de nascermos
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0:00 - 0:03Meu assunto hoje é aprendizado.
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0:03 - 0:06E nesse espírito, quero propor uma pergunta.
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0:06 - 0:08Prontos?
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0:08 - 0:11Quando o aprendizado começa?
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0:11 - 0:13Enquanto vocês pensam na pergunta,
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0:13 - 0:15talvez tenham em mente o primeiro dia da pré-escola
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0:15 - 0:17ou jardim de infância,
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0:17 - 0:20a primeira vez em que as crianças estão em aula com uma professora.
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0:20 - 0:23Ou talvez pensem na fase da infância
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0:23 - 0:26onde as crianças estão aprendendo a andar e falar
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0:26 - 0:28e usar um garfo.
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0:28 - 0:31Talvez tenham achado o movimento "zero a três",
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0:31 - 0:34que alega que os anos mais importantes para o aprendizado
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0:34 - 0:36são os primeiros anos.
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0:36 - 0:39Então a sua resposta para a minha pergunta seria:
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0:39 - 0:41Aprendizado começa no nascimento.
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0:41 - 0:43Bem, hoje eu quero apresentar
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0:43 - 0:46uma ideia que pode ser surpreendente
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0:46 - 0:49e pode até não parecer plausível,
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0:49 - 0:51mas que é corroborada pelas últimas provas
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0:51 - 0:54da psicologia e biologia.
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0:54 - 0:57A ideia de que alguns dos aprendizados mais importantes
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0:57 - 0:59acontecem antes de nascermos,
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0:59 - 1:02enquanto ainda estamos no útero.
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1:02 - 1:04Sou uma repórter de ciências.
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1:04 - 1:06Eu escrevo livros e artigos de revistas.
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1:06 - 1:08Eu também sou mãe.
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1:08 - 1:11E esses dois papéis se juntaram
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1:11 - 1:14em um livro que escrevi chamado "Origens."
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1:14 - 1:17"Origens" é um relatório das linhas de frente
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1:17 - 1:19de uma nova área muito empolgante
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1:19 - 1:21chamada origens fetais.
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1:21 - 1:24Origens fetais é uma disciplina científica
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1:24 - 1:27que surgiu a cerca de duas décadas atrás,
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1:27 - 1:30e é baseada na teoria
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1:30 - 1:33de que nossa saúde e bem estar ao longo dos anos
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1:33 - 1:35são diretamente afetados
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1:35 - 1:38pelos nove meses que passamos no útero.
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1:38 - 1:42Essa teoria para mim era mais do que somente interesse intelectual.
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1:42 - 1:44Eu estava grávida
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1:44 - 1:47quando fazia a pesquisa para o livro.
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1:47 - 1:49E uma das percepções mais fascinantes
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1:49 - 1:51que tive com este trabalho
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1:51 - 1:54foi que todos nós aprendemos sobre o mundo
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1:54 - 1:57antes mesmo de fazer parte dele.
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1:57 - 1:59Quando seguramos nossos bebês pela primeira vez,
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1:59 - 2:02podemos pensar que eles são quadros em branco,
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2:02 - 2:04não escritos pela vida,
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2:04 - 2:07mas na verdade eles já foram moldados por nós
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2:07 - 2:11e pelo mundo específico em que vivemos.
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2:11 - 2:13Hoje eu quero compartilhar com vocês algumas das coisas incríveis
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2:13 - 2:15que os cientistas descobriram
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2:15 - 2:17sobre o que os fetos aprendem
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2:17 - 2:20enquanto ainda estão na barriga das mães.
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2:21 - 2:23Primeiro,
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2:23 - 2:26eles aprendem o som das vozes das mães.
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2:26 - 2:29Pelo fato de os sons do mundo exterior
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2:29 - 2:32entrarem pelo tecido abdominal da mãe
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2:32 - 2:36e pelo líquido amniótico que envolve o feto,
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2:36 - 2:38as vozes que os fetos ouvem,
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2:38 - 2:41começando pelo quarto mês de gestação,
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2:41 - 2:43são bastante abafadas.
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2:43 - 2:45Um pesquisador diz que
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2:45 - 2:48elas provavelmente soam parecidas com a voz da professora do Charlie Brown
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2:48 - 2:51do desenho do Snoopy.
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2:51 - 2:54Mas a própria voz da gestante
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2:54 - 2:56ecoa pelo seu corpo,
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2:56 - 2:59chegando ao feto muito mais rápido.
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2:59 - 3:02E como o feto está com ela o tempo todo,
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3:02 - 3:05ele ouve muito a sua voz.
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3:05 - 3:08Uma vez que o bebê nasce, ele reconhece a sua voz
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3:08 - 3:10e prefere ouvir a sua voz ao invéz
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3:10 - 3:12da voz de qualquer outra pessoa.
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3:12 - 3:14Como sabemos isso?
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3:14 - 3:16Bebês recém nascidos não fazem muitas coisas,
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3:16 - 3:19mas uma coisa que eles fazem muito bem é mamar.
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3:19 - 3:22Pesquisadores beneficiam-se deste fato
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3:22 - 3:25ao equipar dois mamilos de borracha,
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3:25 - 3:27para que quando o bebê mama em um deles,
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3:27 - 3:29ele ouve a voz da mãe
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3:29 - 3:31em um fone de ouvido,
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3:31 - 3:33e se mama no outro mamilo,
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3:33 - 3:37escuta a gravação da voz de uma mulher estranha.
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3:37 - 3:40Os bebês rapidamente mostram a sua preferência
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3:40 - 3:43ao escolherem o primeiro.
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3:43 - 3:46Os cientistas também tiram vantagem do fato
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3:46 - 3:48de que os bebês diminuem o ritmo da mamada
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3:48 - 3:50quando algo lhes interessa
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3:50 - 3:52e reiniciam o ritmo mais rápido
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3:52 - 3:55quando estão entediados.
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3:55 - 3:57Foi assim que os pesquisadores descobriram
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3:57 - 4:00que, depois das mulheres lerem em voz alta repetidas vezes
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4:00 - 4:04uma passagem do livro "O Gato no Chapéu" de Dr. Seuss enquanto estavam grávidas,
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4:04 - 4:07os recém-nascidos reconheceram a passagem
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4:07 - 4:10quando a ouviram fora do útero.
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4:10 - 4:13Meu experimento favorito nesta área
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4:13 - 4:15é o que mostrou que os bebês
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4:15 - 4:17de mulheres que assistiram à determinada novela
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4:17 - 4:20todos os dias durante a gravidez
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4:20 - 4:23reconheceram a canção de abertura do programa
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4:23 - 4:26depois de nascidos.
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4:26 - 4:28Então fetos estão até aprendendo
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4:28 - 4:31sobre a língua em particular que é falada
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4:31 - 4:33no mundo em que eles nascerão.
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4:33 - 4:36Um estudo publicado no ano passado
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4:36 - 4:39descobriu que do momento do nascimento,
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4:39 - 4:41bebês choram com o sotaque
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4:41 - 4:44da sua língua natal.
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4:44 - 4:47Bebês franceses choram em um tom crescente
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4:47 - 4:50enquanto que bebês alemães terminam em um tom decrescente,
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4:50 - 4:52imitando a melodia e contornos
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4:52 - 4:54dessas línguas.
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4:54 - 4:56Mas por que esse tipo de aprendizado fetal
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4:56 - 4:58seria útil?
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4:58 - 5:01Isso pode ter evoluído para ajudar na sobrevivência do bebê.
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5:01 - 5:03Do momento do nascimento,
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5:03 - 5:05o bebê responde mais para a voz
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5:05 - 5:07da pessoa que mais provavelmente vai cuidar dele -
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5:07 - 5:09a mãe.
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5:09 - 5:11Ele até faz os choros
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5:11 - 5:13parecerem como a língua da mãe,
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5:13 - 5:16o que pode ligar ainda mais o bebê à mãe,
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5:16 - 5:18e também dar uma vantagem para o bebê
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5:18 - 5:20na tarefa crítica
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5:20 - 5:23de aprender a entender e falar
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5:23 - 5:25sua língua nativa.
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5:25 - 5:27Mas não são somente sons
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5:27 - 5:29que os fetos estão aprendendo no útero.
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5:29 - 5:32São também gostos e cheiros.
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5:32 - 5:34No sétimo mês de gestação,
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5:34 - 5:36as papilas gustativas do bebê já estão totalmente desenvolvidas,
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5:36 - 5:39e os receptores olfativos, que permintem o cheiro,
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5:39 - 5:41estão funcionando.
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5:41 - 5:44Os sabores da comida que a grávida come
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5:44 - 5:46acham o caminho até o líquido amniótico,
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5:46 - 5:48que é constantemente engolido
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5:48 - 5:50pelo feto.
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5:50 - 5:53Bebês parecem lembrar e preferir esses gostos
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5:53 - 5:56uma vez que estão do lado de fora.
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5:56 - 5:59Em um experimento, foi pedido que um grupo
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5:59 - 6:01de grávidas tomasse muito suco de cenoura
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6:01 - 6:04durante o terceiro trimestre da gravidez,
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6:04 - 6:06e outro grupo de grávidas
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6:06 - 6:08tomou somente água.
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6:08 - 6:11Seis meses depois, os bebês comeram
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6:11 - 6:14cereal misturado com suco de cenoura,
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6:14 - 6:18e suas expressões faciais foram observadas enquanto comiam.
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6:18 - 6:20Os nascidos das mulheres que beberam suco de cenoura
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6:20 - 6:22comeram mais cereal com gosto de cenoura,
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6:22 - 6:24e pelo visto
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6:24 - 6:26parece que eles gostaram.
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6:26 - 6:29Uma espécie de versão francesa desse experimento
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6:29 - 6:31foi feita em Dijon, França
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6:31 - 6:33onde pesquisadores descobriram
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6:33 - 6:36que mães que consumiram comidas e bebidas
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6:36 - 6:41que continham anis sabor alcaçuz durante a gravidez
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6:41 - 6:43mostraram preferência por anis
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6:43 - 6:45no primeiro dia de vida,
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6:45 - 6:47e novamente, quando foram testandos mais tarde,
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6:47 - 6:49no seu quarto dia de vida.
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6:49 - 6:53Os bebês das mães que não comeram anis durante a gravidez
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6:53 - 6:57mostraram que foi mais ou menos traduzida como "arghs."
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6:57 - 6:59Isso significa que
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6:59 - 7:01fetos são efetivamente ensinados por suas mães
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7:01 - 7:04sobre o que é seguro e bom para comer.
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7:04 - 7:06Fetos também são ensinados
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7:06 - 7:09sobre a cultura específica de que eles farão parte
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7:09 - 7:12através de uma das expressões mais poderosas de cultura,
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7:12 - 7:14a comida.
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7:14 - 7:17Eles são introduzidos a sabores e temperos característicos
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7:17 - 7:19da cozinha de sua cultura
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7:19 - 7:22mesmo antes de nascerem.
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7:22 - 7:25Mas acontece que os fetos estão aprendendo lições muito maiores.
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7:25 - 7:27Mas antes de falar sobre isso,
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7:27 - 7:31Quero falar sobre algo em que talvez vocês estejam pensando.
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7:31 - 7:33A noção do aprendizado fetal,
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7:33 - 7:36vocês talvez imaginem, tenta enriquecer o feto -
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7:36 - 7:38como tocar Mozart pelos fones de ouvido
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7:38 - 7:40colocados sobre a barriga da gestante.
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7:40 - 7:43Mas na verdade, o processo longo de nove meses
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7:43 - 7:46de moldar e formar o que está no útero
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7:46 - 7:50é muito mais visceral e consequente do que isso.
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7:50 - 7:54Muito do que a grávida encontra na sua vida diária -
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7:54 - 7:56o ar que ela respira,
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7:56 - 7:58a comida e bebida que consome,
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7:58 - 8:00os químicos aos quais se expõe,
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8:00 - 8:02até as emoções que sente -
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8:02 - 8:05são compartilhadas da mesma forma com o feto.
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8:05 - 8:08Eles formam uma mistura de influências
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8:08 - 8:10tão individuais e idiossincráticas
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8:10 - 8:12quanto a própria mulher.
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8:12 - 8:14O feto irá incorporar esses elementos
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8:14 - 8:16no seu próprio corpo,
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8:16 - 8:19fazendo parte da sua carne e sangue.
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8:19 - 8:21E muitas vezes acontece algo mais.
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8:21 - 8:24Ele trata essas contribuições maternais
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8:24 - 8:26como informação,
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8:26 - 8:28o que eu gosto de chamar de cartões postais biológicos
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8:28 - 8:31do mundo do lado de fora.
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8:31 - 8:34Então o que o feto aprende no útero
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8:34 - 8:36não é a "Flauta Mágica" do Mozart
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8:36 - 8:40mas respostas a perguntas muito mais críticas para sua sobrevivência.
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8:40 - 8:42Ele irá nascer em um mundo de abundância
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8:42 - 8:44ou escassez?
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8:44 - 8:47Ele estará seguro e protegido,
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8:47 - 8:50ou irá encarar perigos e ameaças constantes?
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8:50 - 8:52Ele irá viver uma vida longa e frutífera
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8:52 - 8:55ou uma vida curta e desprovida?
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8:55 - 8:58A dieta e o nível de estresse da mulher grávida em particular
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8:58 - 9:01dão pistas importantes das contições prevalecentes
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9:01 - 9:04como um dedo levantado no vento.
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9:04 - 9:06O resultado do afinamento e ajuste
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9:06 - 9:09do cérebro do feto e outros órgãos
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9:09 - 9:11é parte do que dá aos humanos
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9:11 - 9:13nossa enorme flexibilidade,
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9:13 - 9:15nossa habilidade de prosperar
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9:15 - 9:17em uma grande variedade de ambientes,
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9:17 - 9:19do interior à cidade,
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9:19 - 9:22da tundra ao deserto.
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9:22 - 9:24Para concluir, eu quero contar duas histórias
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9:24 - 9:27sobre como mães ensinam seus filhos sobre o mundo
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9:27 - 9:30mesmo antes de nascerem.
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9:31 - 9:33No outono de 1944,
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9:33 - 9:36nos dias mais sombrios da 2ª Guerra Mundial,
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9:36 - 9:39tropas alemãs bloquearam o oeste da Holanda,
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9:39 - 9:42impedindo todos os carregamentos de comida.
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9:42 - 9:44O começo do cerco nazista
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9:44 - 9:47foi seguido por um dos invernos mais rigorosos em décadas -
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9:47 - 9:51tão frio que a água nos canais congelou.
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9:51 - 9:53Logo a comida ficou escarsa,
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9:53 - 9:57com muitos holandeses sobrevivendo com 500 calorias por dia -
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9:57 - 10:00um quarto do que consumiam antes da guerra.
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10:00 - 10:03A medida que as semanas de escassez tornaram-se meses,
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10:03 - 10:06alguns começaram a comer tulipas.
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10:06 - 10:08No começo de maio,
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10:08 - 10:10a reserva de comida do país cuidadosamente racionada
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10:10 - 10:12estava completamente exaurida.
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10:12 - 10:15A fome em massa era iminente.
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10:15 - 10:18E então em 5 de maio, 1945,
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10:18 - 10:20o cerco terminou subitamente
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10:20 - 10:22quando a Holanda foi liberada
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10:22 - 10:24pelos Aliados.
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10:24 - 10:27O "Inverno da Fome", como ficou conhecido,
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10:27 - 10:29matou cerca de 10 mil pessoas
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10:29 - 10:31e enfraqueceu outras milhares.
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10:31 - 10:34Mas outra população também foi afetada -
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10:34 - 10:36os 40 mil fetos
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10:36 - 10:39no útero durante o cerco.
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10:39 - 10:41Alguns dos efeitos da desnutrição durante a gravidez
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10:41 - 10:43foram imediatamente aparentes
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10:43 - 10:45em um número maior de natimortos,
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10:45 - 10:47defeitos congênitos, bebês abaixo do peso
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10:47 - 10:49e mortalidade infantil.
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10:49 - 10:52Mas outros não seriam descobertos por muitos anos.
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10:52 - 10:54Décadas depois do "Inverno da Fome,"
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10:54 - 10:56pesquisadores documentaram
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10:56 - 11:00que as pessoas cujas mães estavam grávidades durante o cerco
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11:00 - 11:02sofrem mais de obesidade, diabete
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11:02 - 11:05e doenças do coração mais tarde na vida
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11:05 - 11:08do que indivíduos que foram gestados sob condições normais.
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11:08 - 11:12A experiência de fome pré-natal deste indivíduos
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11:12 - 11:14parece ter mudado seus corpos
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11:14 - 11:16de muitas maneiras.
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11:16 - 11:18Eles têm maior pressão arterial,
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11:18 - 11:20perfis de colesterol mais pobres
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11:20 - 11:22e tolerância a glicose reduzida -
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11:22 - 11:25uma precursora da diabete.
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11:25 - 11:27Por que a subnutrição no útero
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11:27 - 11:29resultaria em doença mais tarde?
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11:29 - 11:31Uma explicação
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11:31 - 11:34é que os fetos tentam fazer o melhor em situações adversas.
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11:34 - 11:36Quando a comida é escassa,
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11:36 - 11:39eles direcionam nutrientes para o órgão mais crítico, o cérebro,
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11:39 - 11:41e não para os demais órgãos
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11:41 - 11:43como o coração e o fígado.
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11:43 - 11:46Isso mantém o feto vivo a curto prazo,
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11:46 - 11:49mas ele tem que pagar a conta mais tarde na vida
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11:49 - 11:51quando tais órgãos, privados de nutrientes no início,
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11:51 - 11:54tornam-se passíveis a doenças.
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11:54 - 11:57Mas talvez isso não seja tudo.
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11:57 - 11:59Parece que os fetos pegam as dicas
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11:59 - 12:02do ambiente intrauterino
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12:02 - 12:04e moldam sua psicologia de acordo.
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12:04 - 12:06Eles estão se preparando
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12:06 - 12:08para o tipo de mundo que encontrarão
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12:08 - 12:10do outro lado do útero.
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12:10 - 12:12O feto ajusta seu metabolismo
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12:12 - 12:15e outros processos psicológicos
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12:15 - 12:18preparando-se para o ambiente que o espera.
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12:18 - 12:21E a base da previsão do feto
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12:21 - 12:23é o que sua mãe come.
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12:23 - 12:25As refeições que a grávida consome
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12:25 - 12:27constituem uma história,
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12:27 - 12:29um conto de fadas de abundância
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12:29 - 12:32ou uma crônica cruel de privação.
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12:32 - 12:35Esta história comunica informação
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12:35 - 12:37que o feto usa
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12:37 - 12:39para organizar seu corpo e sistemas -
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12:39 - 12:42uma adaptação às circunstâncias prevalecentes
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12:42 - 12:45que facilita sua sobrevivência futura.
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12:45 - 12:48Ao encarar recursos severamente limitados,
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12:48 - 12:51uma criança de menor tamanho com exigências de energia reduzidas
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12:51 - 12:53terá, de fato, melhores chances
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12:53 - 12:55de viver até a idade adulta.
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12:55 - 12:57Mas o problema aparece
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12:57 - 13:00quando as grávidas são, de certo modo, narradoras não confiáveis,
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13:00 - 13:02quando os fetos são levados
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13:02 - 13:04a esperar um mundo de escassez
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13:04 - 13:07e na verdade nascem em um mundo de abundância.
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13:07 - 13:10Isso foi o que aconteceu com as crianças holandesas do "Inverno da Fome."
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13:10 - 13:12E seus índices mais altos de obesidade,
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13:12 - 13:14diabetes e doenças do coração
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13:14 - 13:16são o resultado.
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13:16 - 13:19Corpos que foram formados para consumir cada caloria
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13:19 - 13:21viram-se nadando em calorias supérfluas
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13:21 - 13:24da dieta ocidental do pós-guerra.
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13:24 - 13:27O mundo sobre o qual aprenderam dentro do útero
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13:27 - 13:29não era o mesmo
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13:29 - 13:32mundo em que eles nasceram.
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13:32 - 13:34Aqui vai outra história.
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13:34 - 13:38Às 8:46 a.m. de 11 de setembro de 2001,
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13:38 - 13:40havia dezenas de milhares de pessoas
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13:40 - 13:42nas proximidades do World Trade Center
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13:42 - 13:44em Nova York -
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13:44 - 13:46pessoas saindo dos trens,
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13:46 - 13:49garçonetes arrumando mesas para o horário da manhã,
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13:49 - 13:53corretores já falando aos telefones em Wall Street.
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13:53 - 13:56Dentre essas pessoas, 1.700 estavam grávidas.
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13:56 - 13:59Quando os aviões atacaram e as torres caíram,
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13:59 - 14:02muitas dessas mulheres tiveram a experiência dos mesmos horrores
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14:02 - 14:05impostos sobre outros sobreviventes do desastre -
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14:05 - 14:07caos e confunsão devastadores,
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14:07 - 14:09as nuvens rolantes
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14:09 - 14:13de entulho e poeira potencialmente tóxica,
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14:13 - 14:15o incontrolável temor por suas vidas.
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14:15 - 14:17Cerca de um ano depois do 11 de setembro,
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14:17 - 14:20pesquisadores examinaram um grupo de mulheres
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14:20 - 14:22que estavam grávidas
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14:22 - 14:24quando expostas ao ataque do World Trade Center.
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14:24 - 14:26Nos bebês dessas mulheres
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14:26 - 14:29que desenvolveram síndrome de estresse pós-traumático, ou TEPT,
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14:29 - 14:31depois do acontecido,
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14:31 - 14:34pesquisadores descobriram uma marca biológica
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14:34 - 14:36de suscetividade ao TEPT -
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14:36 - 14:39um efeito que foi mais observado
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14:39 - 14:42em crianças cujas mães passaram pela catástrofe
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14:42 - 14:44no seu terceiro trimestre.
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14:44 - 14:46Em outras palavras,
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14:46 - 14:49as mães com síndrome de estresse pós-traumático
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14:49 - 14:52passaram uma vulnerabilidade para a condição
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14:52 - 14:55aos seus filhos enquanto ainda estavam no útero.
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14:55 - 14:57Agora considerem isto:
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14:57 - 14:59síndrome de estresse pós-traumático
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14:59 - 15:02parece ser uma reação ao estresse de maneira muito errada,
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15:02 - 15:06causando em suas vítimas tremendo sofrimento desnecessário.
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15:06 - 15:09Mas há uma outra maneira de pensar sobre TEPT.
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15:09 - 15:12O que parece ser patologia para nós
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15:12 - 15:14pode na verdade ser uma adaptação útil
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15:14 - 15:16em algumas circunstâncias.
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15:16 - 15:19Em um ambiente particularmente perigoso,
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15:19 - 15:22as manifestações características da TEPT -
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15:22 - 15:25uma super conscientização dos arredores,
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15:25 - 15:28uma resposta rápida ao perigo -
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15:28 - 15:31poderia salvar a vida de alguém.
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15:31 - 15:35A noção de que a transmissão pré-natal de risco de TEPT é adaptativa
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15:35 - 15:37é ainda especulativa,
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15:37 - 15:40mas eu a considero bem certeira.
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15:40 - 15:42Significaria que, mesmo antes do nascimento,
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15:42 - 15:44mães estão avisando seus filhos
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15:44 - 15:46que é um mundo louco lá fora,
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15:46 - 15:49dizendo, "Tenham cuidado."
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15:49 - 15:51Quero ser bem clara.
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15:51 - 15:54A pesquisa das origens fetais não é para culpar mulheres
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15:54 - 15:56pelo que acontece durante a gravidez.
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15:56 - 15:59É para descobrir como melhor promover
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15:59 - 16:02a saúde e bem-estar da próxima geração.
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16:02 - 16:04Esse esforço importante deve incluir um foco
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16:04 - 16:06sobre o que os fetos aprendem
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16:06 - 16:09durante os nove meses que passam no útero.
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16:09 - 16:12Aprender é uma das atividades mais essenciais da vida,
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16:12 - 16:14e começa muito mais cedo
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16:14 - 16:16do que imaginamos.
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16:16 - 16:18Obrigada.
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16:18 - 16:25(Aplausos)
- Title:
- Annie Murphy Paul: O que aprendemos antes de nascermos
- Speaker:
- Annie Murphy Paul
- Description:
-
Uma pergunta: Quando o aprendizado começa? Resposta: Antes de nascermos. A escritora científica Annie Maurphy Paul fala de uma nova pesquisa que mostra o quanto aprendemos no útero - do cantar da nossa língua natal até o que serão nossas comidas favoritas.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 16:26