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Há algum tempo um monge suicidou-se.
Como pode a prática conduzir ao suicídio?
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Caro Thay,
cara Sangha,
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Ouvi dizer que há alguns meses,
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um monge pôs fim à vida
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em Plum Village.
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Este monge não me sai da cabeça.
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Estava sempre a sorrir.
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Sempre pronto a ajudar os outros.
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E não entendo.
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A minha pergunta é:
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Como pode a prática diária
dos seus ensinamentos
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conduzir ao desespero e ao suicídio?
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No tempo de Buda, também havia monges
que se suicidavam.
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Sabia isto?
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Não sabia.
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Muitos de nós vimos para Plum Village
e praticamos.
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E alguns de nós conseguimos
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transformar-nos e curar-nos
muito rapidamente.
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E há outros que são muito lentos
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na prática da transformação e cura.
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Mas se mantivermos a prática,
temos uma oportunidade.
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Se tomarmos verdadeiramente refúgio
na Sangha,
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se tentarmos praticar sinceramente,
colocando a prática dentro de nós,
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então temos mais oportunidades
de nos transformarmos e curarmos.
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E se quisermos apenas provar
que somos praticantes,
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isso não basta.
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Era isso que acontecia no tempo de Buda,
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e que vai continuar a acontecer na Sangha.
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Na Sangha sempre existirão pessoas assim.
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Se realmente tomarmos refúgio na Sangha,
nos enraizarmos nos irmãos e irmãs,
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teremos mais hipóteses de nos
transformarmos e curarmos,
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mesmo que tenhamos essa tendência,
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essa natureza de suicídio em nós,
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transmitida por gerações de antepassados.
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Trazemos essa tendência, essa semente
de sociedade para a Sangha.
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E se nos ocultarem isso,
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não teremos a oportunidade
de vos ajudar a tempo,
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Por isso, não terão hipóteses.
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Quando chegarem até nós, devem falar-nos
do vosso sofrimento, das vossas fraquezas
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e pedirem ajuda.
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Então saberemos como gerar
uma energia colectiva
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para vos ajudar a lidar
com essa questão específica.
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Mas se tentarem esconder isso,
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então não saberemos como ajudar-vos
desde o início
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e desperdiçaremos tempo.
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Fingem que tudo está bem,
que tudo vai bem,
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até que um dia,
não aguentam mais.
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Coisas destas aconteceram
no tempo de Buda,
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e acho que continuarão
a acontecer no futuro.
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Temos de aprender a lição.
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E isto aplica-se não só aos monges,
como também aos leigos.
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Se vierem para a Sangha,
devem tomar refúgio nela.
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Devem sentar-se entre nós e dizer:
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Cara Sangha,
caros irmãos e irmãs no Dharma,
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esta é a minha dor, esta é a minha pena,
este é o meu desespero.
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Por favor, ajudem-me a reconhecê-lo
e a aceitá-lo.
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Preciso que vocês, preciso que o conjunto
da Sangha me oriente,
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me conduza, me ajude a transformar-me.
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Esta é a nossa prática.
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Esta é a prática de tomar refúgio
na Sangha.
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Tomar refúgio na Sangha não é uma
declaração feita através de um cântico.
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Tomar refúgio na Sangha é
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acreditar realmente no poder da Sangha
para nos ajudar
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e para abrir o nosso coração,
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deixar-nos prontos a sermos acolhidos,
orientados e instruídos pela Sangha.
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