O poder da vulnerabilidade
-
0:02 - 0:07Há alguns anos, eu ia dar uma palestra
e a organizadora do evento me ligou -
0:07 - 0:09Ela me ligou e disse:
-
0:09 - 0:12"Realmente não sei como escrever
sobre você no folheto". -
0:12 - 0:14E pense: "Bom, qual é a dúvida?"
-
0:14 - 0:19E ela disse: "Bem, eu vi você falar,
e vou te chamar de pesquisadora, acho, -
0:19 - 0:22mas temo que, se eu colocar
isso, ninguém venha, -
0:22 - 0:24porque vão achar
que você é chata e irrelevante". -
0:24 - 0:26(Risos)
-
0:26 - 0:28Eu disse: "Está bem..."
-
0:28 - 0:31E ela: "Mas o que gostei da sua palestra
é que você é uma contadora de histórias. -
0:31 - 0:35Então acho vou simplesmente
chamá-la de contadora de histórias". -
0:35 - 0:39E claro que meu lado acadêmico
e inseguro falou: -
0:39 - 0:42"Você vai me chamar do quê?"
E ela disse: "De contadora de histórias". -
0:42 - 0:46E eu: "Por que não fada mágica?"
-
0:46 - 0:48(Risos)
-
0:48 - 0:51Eu disse: "Me deixe pensar
sobre isso um segundo". -
0:51 - 0:55Tentei procurar
minha coragem lá no fundo. -
0:55 - 0:58E pensei: "Eu sou
uma contadora de histórias. -
0:58 - 1:01Sou pesquisadora de dados qualitativos.
Coleciono histórias. É isso que faço. -
1:01 - 1:04E talvez histórias sejam
apenas dados com alma. -
1:04 - 1:07E talvez eu seja simplesmente
uma contadora de histórias". -
1:07 - 1:11Então eu disse: "Por que não diz que sou
uma pesquisadora contadora de histórias?" -
1:11 - 1:15E ela respondeu:
"Hahaha! Isso não existe". -
1:15 - 1:16(Risos)
-
1:16 - 1:19Então sou uma pesquisadora
contadora de histórias. -
1:19 - 1:22E hoje estamos falando
sobre expandir a percepção, -
1:22 - 1:24então quero contar algumas histórias
-
1:24 - 1:27sobre uma parte de minha pesquisa
-
1:27 - 1:30que fundamentalmente
expandiu minha percepção -
1:30 - 1:35e, na verdade, mudou de fato a forma
como eu vivo e amo e trabalho e sou mãe. -
1:35 - 1:38E é aqui que começa minha história.
-
1:38 - 1:40Quando eu era uma jovem pesquisadora,
estudante de doutorado, -
1:40 - 1:44em meu primeiro ano tive
um professor de pesquisa que nos disse: -
1:44 - 1:46"Eis o que acontece,
-
1:46 - 1:50se você não puder medir, não existe".
-
1:50 - 1:52Eu achei que ele só estava me bajulando
-
1:52 - 1:56e disse: "Sério??"
e ele: "Definitivamente". -
1:56 - 2:00Entendam que tenho bacharelado
e mestrado em serviço social, -
2:00 - 2:02e estava fazendo doutorado
em serviço social, -
2:02 - 2:05então toda minha carreira acadêmica
foi rodeada por pessoas -
2:05 - 2:10que meio que acreditavam em:
"A vida é uma bagunça, ame-a". -
2:10 - 2:13E eu sou mais do tipo:
"A vida é uma bagunça, -
2:13 - 2:15limpe-a,
-
2:15 - 2:17organize-a e coloque-a
em uma Bentô Box". -
2:17 - 2:20(Risos)
-
2:20 - 2:23Então acreditei que tinha
encontrado meu caminho, -
2:23 - 2:25encontrado uma carreira que me levava...
-
2:25 - 2:27de fato, no trabalho social,
-
2:27 - 2:31um dos grandes ditados é:
"Curve-se ao desconforto do trabalho". -
2:31 - 2:34E e o meu é: "Dê uma paulada
no desconforto, -
2:34 - 2:36tire ele do caminho e tire dez em tudo".
-
2:36 - 2:39Esse era meu mantra.
-
2:39 - 2:41Então eu estava
muito entusiasmada com isso. -
2:41 - 2:43Então pensei: "Quer saber?
-
2:43 - 2:47Esta é a carreira para mim,
porque me interesso por tópicos confusos. -
2:47 - 2:50Mas quero ser capaz
de torná-los não confusos. -
2:50 - 2:52Eu quero entendê-los.
-
2:52 - 2:53Quero mergulhar nessas coisas
-
2:53 - 2:55que eu sei que são importantes
-
2:55 - 2:58e abrir o código
para que todos possam ver. -
2:58 - 3:01Então comecei com conexão.
-
3:01 - 3:04Porque, quando você já é
assistente social há dez anos, -
3:04 - 3:08você percebe que conexão
é o motivo de estarmos aqui. -
3:08 - 3:12É o que dá propósito
e significado à nossa vida. -
3:12 - 3:14É a razão de tudo.
-
3:14 - 3:15Não importa se você fala
-
3:15 - 3:19com quem trabalha com justiça social,
saúde mental, abuso ou negligência, -
3:19 - 3:21o que sabemos é que conexão,
-
3:21 - 3:24a habilidade de nos sentirmos conectados,
-
3:24 - 3:27neurobiologicamente,
é assim que somos feitos -
3:27 - 3:28é o motivo de estarmos aqui.
-
3:28 - 3:32Então pensei: "Quer saber?
Vou começar com conexão". -
3:32 - 3:36Bom, sabe quando você recebe
uma avaliação da sua chefe, -
3:36 - 3:39e ela diz 37 coisas
que você faz incrivelmente bem, -
3:39 - 3:41e uma coisa que é
uma "oportunidade de crescimento"? -
3:41 - 3:44(Risos)
-
3:44 - 3:48Você só consegue pensar naquela
oportunidade de crescimento, certo? -
3:48 - 3:50Bom, aparentemente era assim
que meu trabalho estava, -
3:50 - 3:53porque, quando você pergunta
às pessoas sobre amor, -
3:53 - 3:55elas falam sobre desilusões amorosas.
-
3:55 - 3:58Quando pergunta sobre pertencimento,
-
3:58 - 4:02elas contam suas experiências
mais dolorosas de exclusão. -
4:02 - 4:04E quando perguntei sobre conexão,
-
4:04 - 4:08as histórias que elas me contaram
eram sobre desconexão. -
4:08 - 4:11Então, muito rapidamente,
seis semanas após o início da pesquisa, -
4:11 - 4:13me deparei com essa coisa inominada
-
4:13 - 4:17que absolutamente desfazia conexões
-
4:17 - 4:20de uma maneira que eu não entendia
ou nunca tinha visto. -
4:20 - 4:22Então me afastei da pesquisa e pensei:
-
4:22 - 4:24"Preciso descobrir o que é isso".
-
4:24 - 4:28E essa coisa era vergonha.
-
4:28 - 4:32E vergonha é muito facilmente compreendida
como o medo da desconexão. -
4:32 - 4:34Há algo sobre mim
-
4:34 - 4:36que, se outras pessoas souberem ou virem,
-
4:36 - 4:40fará com que eu não mereça conexão?
-
4:40 - 4:43Posso dizer que isso é universal,
todos sentimos isso. -
4:43 - 4:45Pessoas que não sentem vergonha
-
4:45 - 4:48não têm capacidade
para empatia ou conexão humana. -
4:48 - 4:52Ninguém quer falar a respeito dela,
e quanto menos você a discute, mais a tem. -
4:54 - 4:57O que sustentava essa vergonha,
-
4:57 - 4:59este sentimento
de não ser boa o suficiente: -
4:59 - 5:01que todos conhecemos:
"Não sou X o suficiente". -
5:01 - 5:06Não sou magra, rica, bonita, inteligente
ou promovida o suficiente. -
5:06 - 5:12A base disso era
uma vulnerabilidade dilacerante. -
5:12 - 5:14A ideia de que,
-
5:14 - 5:18para que a conexão aconteça,
temos que nos permitir ser vistos, -
5:18 - 5:21realmente vistos.
-
5:21 - 5:24Vocês sabem como me sinto sobre isso.
Detesto vulnerabilidade. -
5:24 - 5:28Então pensei: esta é minha chance
de repeli-la com minha régua. -
5:28 - 5:30Vou mergulhar nisso,
-
5:30 - 5:33vou passar um ano
descobrindo como isso funciona, -
5:33 - 5:37vou desconstruir totalmente a vergonha,
entender como a vulnerabilidade funciona, -
5:37 - 5:39e vou passar a perna nela.
-
5:39 - 5:42Então eu estava pronta
e realmente empolgada. -
5:45 - 5:47Como vocês sabem, isso não vai acabar bem.
-
5:47 - 5:50(Risos)
-
5:50 - 5:51Vocês sabem disso.
-
5:51 - 5:53Eu poderia falar muito sobre vergonha,
-
5:53 - 5:55mas precisaria do tempo
dos outros palestrantes. -
5:55 - 5:58Mas posso dizer a que isso se reduz.
-
5:58 - 6:01E isso pode ser uma das coisas
mais importantes que aprendi -
6:01 - 6:03nos dez anos em que fiz essa pesquisa.
-
6:05 - 6:09Um ano se transformou em seis,
-
6:09 - 6:11milhares de histórias,
-
6:11 - 6:14centenas de longas entrevistas
e grupos focais. -
6:14 - 6:16À certa altura as pessoas
me enviavam páginas de diários, -
6:16 - 6:18me enviavam suas histórias...
-
6:18 - 6:22Centenas de dados em seis anos.
-
6:22 - 6:24E meio que entendi a coisa toda.
-
6:24 - 6:28Meio que entendi o que é a vergonha
e como ela funciona. -
6:28 - 6:32Escrevi um livro, publiquei uma teoria,
-
6:32 - 6:34mas algo não estava certo.
-
6:34 - 6:39Se eu pegasse as pessoas que entrevistei
-
6:39 - 6:42e as dividisse em pessoas
-
6:42 - 6:45que realmente tinham
um senso de merecimento, -
6:45 - 6:48e é a isso que se resume,
um senso de merecimento, -
6:48 - 6:51elas têm um forte sentimento
de amor e pertencimento, -
6:51 - 6:53e as que lutam para ter esse sentimento
-
6:53 - 6:56e as que estão sempre questionando
se são boas o suficiente. -
6:56 - 6:59Só uma variável separava as pessoas
-
6:59 - 7:01que tinham um forte sentimento
de amor e pertencimento -
7:01 - 7:03das pessoas que realmente
lutavam por isso. -
7:03 - 7:07As pessoas que tinham um forte
sentimento de amor e pertencimento -
7:07 - 7:10acreditavam que mereciam
amor e pertencimento. -
7:10 - 7:12Só isso.
-
7:12 - 7:14Elas acreditam que merecem.
-
7:15 - 7:21E para mim, a parte difícil da única coisa
que nos mantém desconectados -
7:21 - 7:25é nosso medo de não sermos
merecedores de conexão. -
7:25 - 7:29Era algo que, pessoal e profissionalmente,
eu sentia que precisava entender melhor. -
7:30 - 7:34Então peguei todas as entrevistas
-
7:34 - 7:37em que eu via merecimento
e via pessoas vivendo desse jeito, -
7:37 - 7:40e dei uma olhada apenas nessas.
-
7:40 - 7:42O que essas pessoas têm em comum?
-
7:42 - 7:45Eu tenho um pequeno vício
por material de escritório, -
7:45 - 7:47isso daria outra palestra,
-
7:47 - 7:50mas eu estava com uma caneta grossa
uma pasta de arquivo, -
7:50 - 7:53e estava pensando:
como vou chamar essa pesquisa? -
7:53 - 7:55E a primeira palavra que me veio à mente
-
7:55 - 7:57foi coração pleno.
-
7:57 - 8:00São pessoas de coração pleno, vivendo
desse senso profundo de merecimento. -
8:00 - 8:05Escrevi isso na parte de cima da pasta
e comecei a olhar os dados. -
8:05 - 8:11De fato, fiz isso no início de quatro dias
de uma análise de dados muito intensa, -
8:11 - 8:14na qual retomei essas entrevistas,
as histórias, os incidentes. -
8:14 - 8:17Qual era o tema? Qual era o padrão?
-
8:17 - 8:20Meu marido saiu da cidade com as crianças;
-
8:20 - 8:23porque eu sempre entrava
nessa loucura tipo Jackson Pollock, -
8:23 - 8:25em que eu ficava só escrevendo,
-
8:25 - 8:28no meu modo pesquisadora.
-
8:28 - 8:30E eis o que eu descobri.
-
8:33 - 8:36Elas tinham em comum um senso de coragem.
-
8:36 - 8:39E quero diferenciar brevemente
coragem e bravura para vocês. -
8:39 - 8:42Coragem, a definição original de coragem,
-
8:42 - 8:46vem da palavra latina "cor",
que significa "coração", -
8:46 - 8:51e a definição original é contar a história
de quem você é com todo o seu coração. -
8:52 - 8:56Então essas pessoas tinham, simplesmente,
a coragem de serem imperfeitas. -
8:58 - 9:00Tinham a compaixão
-
9:00 - 9:03de serem gentis consigo mesmas
e então com os outros, -
9:03 - 9:06porque não podemos praticar
compaixão por outras pessoas -
9:06 - 9:09se não conseguimos
nos tratar com gentileza. -
9:09 - 9:11E por fim, elas tinham conexão,
-
9:11 - 9:14e essa é a parte difícil,
-
9:14 - 9:16como resultado de autenticidade.
-
9:16 - 9:20Elas estavam dispostas a abandonar
quem pensavam que deveriam ser -
9:20 - 9:21a fim de ser quem elas eram,
-
9:21 - 9:24algo que você absolutamente tem que fazer
-
9:24 - 9:26para se conectar.
-
9:28 - 9:31A outra coisa que elas tinham em comum
-
9:31 - 9:33era isto.
-
9:36 - 9:39Elas abraçavam completamente
a vulnerabilidade. -
9:40 - 9:44Elas acreditavam
-
9:44 - 9:46que o que as tornava vulneráveis
-
9:46 - 9:48as tornava lindas.
-
9:51 - 9:55Elas não falavam de vulnerabilidade
como algo confortável, -
9:55 - 9:57nem como algo doloroso,
-
9:57 - 10:00como ouvi antes
na entrevista sobre vergonha. -
10:00 - 10:02Falavam apenas que isso era necessário.
-
10:03 - 10:06Elas falavam sobre a disposição
-
10:06 - 10:09de dizer "eu te amo" primeiro.
-
10:09 - 10:12A disposição
-
10:12 - 10:16de fazer algo quando não há garantias.
-
10:16 - 10:18A disposição
-
10:18 - 10:22de respirar enquanto esperavam
o médico ligar depois de uma mamografia. -
10:23 - 10:27A disposição de investir
em um relacionamento -
10:27 - 10:29que poderia ou não funcionar.
-
10:29 - 10:32Elas achavam que isso era fundamental.
-
10:32 - 10:35Eu pessoalmente achava
que isso era traição. -
10:35 - 10:40Não conseguia acreditar
que tinha jurado fidelidade à pesquisa, -
10:40 - 10:44um trabalho cuja definição
é controlar e prever, -
10:44 - 10:49estudar fenômenos explicitamente
para controlar e prever. -
10:49 - 10:53E minha missão de controlar e prever
-
10:53 - 10:57trouxe a resposta de que a maneira
de viver é com vulnerabilidade -
10:57 - 10:59e parar de controlar e prever.
-
10:59 - 11:03Isso levou a uma pequena crise...
-
11:03 - 11:07(Risos)
-
11:07 - 11:10que realmente parecia mais com isto.
-
11:10 - 11:11(Risos)
-
11:11 - 11:13E aconteceu.
-
11:13 - 11:16Eu chamei de crise, meu terapeuta
chamou de despertar espiritual. -
11:17 - 11:21Despertar espiritual soa melhor que crise,
mas garanto a vocês que foi uma crise. -
11:21 - 11:24Tive que colocar meus dados de lado
e buscar um terapeuta. -
11:24 - 11:28Vou contar algo: você sabe quem é
quando liga para seus amigos e diz: -
11:28 - 11:32"Acho que preciso ver alguém.
Você tem alguma recomendação?" -
11:32 - 11:36Porque uns cinco amigos meus disseram:
"Uh, eu não queria ser seu terapeuta". -
11:36 - 11:39(Risos)
-
11:39 - 11:41E eu: "O que isso quer dizer?"
-
11:41 - 11:44E eles, tipo: "Estou só dizendo, sabe.
-
11:44 - 11:46Não traga sua régua".
-
11:46 - 11:50E eu: "Tá".
-
11:51 - 11:53Então achei uma terapeuta.
-
11:53 - 11:57No meu primeiro encontro com ela, Diana,
-
11:57 - 12:00levei minha lista de como vive
quem tem coração pleno. -
12:00 - 12:03Sentei, e ela disse: "Como vai você?"
-
12:03 - 12:06E eu disse: "Estou ótima, estou bem".
-
12:06 - 12:08Ela disse: "O que acontece?"
-
12:08 - 12:11E essa é uma terapeuta
que atende terapeutas; -
12:11 - 12:13temos que ir nessas,
-
12:13 - 12:17porque seus radares de enrolação são bons.
-
12:17 - 12:18(Risos)
-
12:18 - 12:20Então eu disse:
-
12:20 - 12:23"A coisa é a seguinte, estou lutando".
-
12:23 - 12:24E ela disse: "Qual é a luta?"
-
12:24 - 12:27Eu disse: "Bom, tenho um problema
com vulnerabilidade. -
12:27 - 12:31E sei que vulnerabilidade é o centro
-
12:31 - 12:34da vergonha, do medo
e da nossa luta por merecimento, -
12:34 - 12:37mas parece que também é a origem
-
12:37 - 12:40da alegria, da criatividade,
-
12:40 - 12:42do pertencimento, do amor.
-
12:42 - 12:45E acho que tenho um problema,
-
12:45 - 12:48e preciso de ajuda".
-
12:48 - 12:51E eu disse: "Mas tem uma coisa:
sem mexer em coisas de família, -
12:51 - 12:53sem bobagens sobre minha infância".
-
12:53 - 12:55(Risos)
-
12:55 - 12:59"Eu só preciso de algumas estratégias."
-
12:59 - 13:02(Risos)
-
13:03 - 13:06(Aplausos)
-
13:06 - 13:08Obrigada.
-
13:09 - 13:12Então ela fez assim.
-
13:12 - 13:14(Risos)
-
13:14 - 13:17E então eu disse: "É mau, não é?"
-
13:17 - 13:20E ela disse: "Não é bom, nem mau".
-
13:20 - 13:22(Risos)
-
13:22 - 13:24"É apenas o que é."
-
13:24 - 13:27E eu disse: "Ai, meu Deus,
isso vai ser uma droga". -
13:27 - 13:30(Risos)
-
13:30 - 13:33E foi, e não foi.
-
13:33 - 13:35Levou cerca de um ano.
-
13:35 - 13:37Sabem como há pessoas que, quando percebem
-
13:37 - 13:41que vulnerabilidade
e sensibilidade são importantes -
13:41 - 13:44se rendem e se entregam?
-
13:44 - 13:46Primeiro, não sou assim,
-
13:46 - 13:48e segundo, nem me envolvo com gente assim.
-
13:48 - 13:51(Risos)
-
13:51 - 13:55Para mim, foi uma briga de rua de um ano.
-
13:55 - 13:56Foi uma pancadaria.
-
13:56 - 13:59A vulnerabilidade pressionava,
eu pressionava de volta. -
13:59 - 14:01Eu perdi a briga,
-
14:01 - 14:03mas provavelmente
ganhei minha vida de volta. -
14:03 - 14:05Então, voltei para a pesquisa
-
14:05 - 14:07e passei os anos seguintes
-
14:07 - 14:09realmente tentando entender
-
14:09 - 14:12quais escolhas os corações plenos faziam,
-
14:12 - 14:16e o que estamos fazendo
com a vulnerabilidade. -
14:16 - 14:19Por que lutamos tanto com ela?
-
14:19 - 14:21Estou sozinha nessa luta
contra a vulnerabilidade? -
14:22 - 14:23Não.
-
14:23 - 14:25Então, eis o que aprendi.
-
14:27 - 14:29Anestesiamos a vulnerabilidade.
-
14:29 - 14:31Quando esperamos pela ligação...
-
14:31 - 14:34Foi engraçado, postei uma pergunta
no Twitter e no Facebook: -
14:34 - 14:37"Como você define vulnerabilidade?
O que faz você se sentir vulnerável?" -
14:37 - 14:41Em uma hora e meia,
havia umas 150 respostas. -
14:41 - 14:44Porque eu queria saber o que está por aí.
-
14:46 - 14:51Ter que pedir ajuda ao meu marido
porque estou doente e somos recém-casados; -
14:51 - 14:53ter iniciativa no sexo com meu marido;
-
14:53 - 14:56ter iniciativa no sexo com minha esposa;
-
14:56 - 14:59ser dispensado; convidar alguém para sair;
-
14:59 - 15:01esperar o médico ligar;
-
15:01 - 15:03ser demitida; demitir pessoas.
-
15:03 - 15:06Esse é o mundo em que vivemos.
-
15:06 - 15:08Vivemos em um mundo vulnerável.
-
15:08 - 15:10E uma das formas com que lidamos com isso
-
15:10 - 15:12é anestesiando a vulnerabilidade.
-
15:12 - 15:14E eu acho que há evidências,
-
15:14 - 15:16e essa não é a única razão
dessa evidência, -
15:16 - 15:19mas acho que é uma causa enorme:
-
15:19 - 15:23somos os adultos mais endividados,
-
15:23 - 15:26obesos,
-
15:26 - 15:28viciados e medicados
-
15:28 - 15:31na história dos Estados Unidos.
-
15:33 - 15:36O problema, aprendi isso na pesquisa,
-
15:36 - 15:40é que você não pode
anestesiar emoções seletivamente -
15:40 - 15:43Você não pode dizer,
aqui está a parte ruim. -
15:43 - 15:47Aqui está a vulnerabilidade, aqui a dor,
aqui a vergonha, o medo, o desapontamento. -
15:47 - 15:49Não quero sentir isso.
-
15:49 - 15:52Vou tomar umas cervejas e comer
um muffin de banana e nozes. -
15:52 - 15:55(Risos)
-
15:55 - 15:57Eu não quero sentir isso.
-
15:57 - 15:59E eu sei que isso é riso culpado,
-
15:59 - 16:01ganho dinheiro hackeando a vida de vocês.
-
16:01 - 16:03Deus.
-
16:03 - 16:06(Risos)
-
16:06 - 16:09Você não consegue anestesiar
esses sentimentos pesados -
16:09 - 16:11sem anestesiar outros
sentimentos ou emoções. -
16:11 - 16:13Não pode anestesiar seletivamente.
-
16:13 - 16:15Então quando os anestesiamos,
-
16:15 - 16:18anestesiamos a alegria,
-
16:18 - 16:19anestesiamos a gratidão,
-
16:19 - 16:22anestesiamos a felicidade.
-
16:22 - 16:25E então ficamos infelizes,
-
16:25 - 16:27procurando por propósito e sentido.
-
16:27 - 16:28Nos sentimos vulneráveis
-
16:28 - 16:31e tomamos algumas cervejas e comemos
um muffin de banana e nozes. -
16:31 - 16:34E isso se torna um ciclo perigoso.
-
16:36 - 16:39Uma das coisas que acho
que temos que pensar a respeito -
16:39 - 16:42é por que e como anestesiamos.
-
16:42 - 16:44E não falo apenas de vícios.
-
16:45 - 16:49Outra coisa que fazemos
é tornar certo tudo que é incerto. -
16:50 - 16:54A religião passou
de uma crença em fé e mistério -
16:54 - 16:55para a certeza.
-
16:55 - 16:57Estou certo, você está
errado. Cale a boca. -
16:59 - 17:00É isso.
-
17:01 - 17:03Apenas certeza.
-
17:03 - 17:06Quanto mais medo temos,
quanto mais vulneráveis estamos, -
17:06 - 17:07mais medo temos.
-
17:07 - 17:09A política está assim hoje em dia.
-
17:09 - 17:11Não há mais discurso.
-
17:11 - 17:13Não há mais conversa.
-
17:13 - 17:14Há apenas culpa.
-
17:14 - 17:17Sabem como a culpa é descrita na pesquisa?
-
17:17 - 17:20Uma forma de descarregar
a dor e o desconforto. -
17:23 - 17:24Nos aperfeiçoamos.
-
17:24 - 17:27Se há alguém que quer que sua vida
se pareça com isso, sou eu. -
17:27 - 17:31Mas não funciona, porque pegamos
gordura do nosso traseiro -
17:31 - 17:32e colocamos nas bochechas.
-
17:32 - 17:35(Risos)
-
17:36 - 17:40Inclusive, espero que em 100 anos,
as pessoas olhem para trás e digam: "Uau". -
17:40 - 17:42(Risos)
-
17:42 - 17:45E aperfeiçoamos, ainda mais
perigosamente, nossos filhos. -
17:45 - 17:47Deixem-me dizer
o que pensamos sobre filhos. -
17:47 - 17:50Estão prontos para a briga
quando chegam aqui. -
17:50 - 17:53E quando seguramos
bebezinhos perfeitos nos braços, -
17:53 - 17:56nosso trabalho não é dizer:
"Olhe para ela, é perfeita. -
17:56 - 17:58Meu trabalho é mantê-la perfeita,
-
17:58 - 18:01certificar-me de que entre no tênis
no quinto ano e em Yale no sétimo". -
18:01 - 18:03Esse não é nosso trabalho.
-
18:03 - 18:05Nosso trabalho é olhar e dizer:
"Sabe, você é imperfeita, -
18:05 - 18:07você está pronta para a briga,
-
18:07 - 18:10mas você merece amor e pertencimento".
-
18:10 - 18:12Esse é nosso trabalho.
-
18:12 - 18:14Me mostre uma geração
de crianças criadas assim, -
18:14 - 18:17e terminaremos com os problemas
que acho que vemos hoje. -
18:17 - 18:22Fingimos que o que fazemos
não tem efeito sobre as pessoas. -
18:24 - 18:27Fazemos isso em nossa vida pessoal,
fazemos isso nas empresas... -
18:27 - 18:30Seja uma operação de salvamento,
um derramamento de óleo, -
18:30 - 18:31um recall...
-
18:31 - 18:36Fingimos que o que estamos fazendo não tem
um impacto enorme sobre outras pessoas. -
18:36 - 18:40Eu diria para as empresas: não somos
marinheiros de primeira viagem. -
18:41 - 18:44Só precisamos que vocês sejam
autênticos e reais e digam: -
18:44 - 18:47"Sentimos muito. Vamos consertar".
-
18:50 - 18:53Mas existe outro jeito,
e vou deixar vocês com isso. -
18:53 - 18:54Isto é o que descobri:
-
18:54 - 18:57nos deixarmos ser vistos,
-
18:57 - 18:58vistos profundamente,
-
18:58 - 19:01vulneravelmente,
-
19:01 - 19:03amar com todo nosso coração,
-
19:03 - 19:06mesmo que não haja garantia.
-
19:06 - 19:07E isso é muito difícil,
-
19:07 - 19:10eu posso dizer a vocês como mãe,
isso é terrivelmente difícil. -
19:13 - 19:16Praticar gratidão e alegria
-
19:16 - 19:19nos momentos de terror, quando pensamos:
-
19:19 - 19:22"Posso amar tanto assim?
Posso acreditar nisso com tanta paixão? -
19:22 - 19:24Posso ser tão ardente a esse respeito?"
-
19:24 - 19:28Só ser capaz de parar e, em vez de
dramatizar o que poderia acontecer, dizer: -
19:28 - 19:30"Sou muito grata,
-
19:30 - 19:32porque sentir-me tão vulnerável
significa que estou viva". -
19:33 - 19:37E a última coisa, que acho que é
provavelmente a mais importante, -
19:37 - 19:39é acreditarmos que somos suficientes.
-
19:39 - 19:44Porque acredito que quando começamos com
um sentimento que diga: "Sou suficiente", -
19:45 - 19:48então paramos de gritar
e começamos a escutar; -
19:49 - 19:53somos mais bondosos e gentis
com as pessoas ao nosso redor e conosco. -
19:55 - 19:56É tudo o que tenho. Obrigada.
-
19:56 - 19:59(Aplausos)
- Title:
- O poder da vulnerabilidade
- Speaker:
- Brene Brown
- Description:
-
Brene Brown estuda a conexão humana, nossa habilidade de sentir empatia, pertencer, amar. Em uma palestra comovente e divertida no TEDxHouston, ela compartilha uma percepção profunda de sua pesquisa, que a levou a uma busca pessoal para conhecer a si mesma e entender a humanidade. Uma palestra para compartilhar.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 19:59
Claudia Sander edited Portuguese, Brazilian subtitles for The power of vulnerability | ||
Claudia Sander edited Portuguese, Brazilian subtitles for The power of vulnerability | ||
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Retired user edited Portuguese, Brazilian subtitles for The power of vulnerability | ||
Retired user edited Portuguese, Brazilian subtitles for The power of vulnerability | ||
Nancy Juozapavicius added a translation |