< Return to Video

Quebrando a barreira da língua | Tim Doner | TEDxTeen

  • 0:27 - 0:30
    Cerca de dois anos atrás, fui assunto
    de um artigo do "The New York Times"
  • 0:30 - 0:33
    chamado "Aventuras
    de um poliglota adolescente",
  • 0:33 - 0:36
    que destacou minha paixão
    por aprender línguas,
  • 0:36 - 0:38
    um hobby peculiar que tenho.
  • 0:38 - 0:40
    E, a princípio, achei muito legal.
  • 0:40 - 0:43
    Adorei o aprendizado de línguas
    receber mais atenção
  • 0:43 - 0:46
    e de não soar como um hobby isolador
  • 0:46 - 0:49
    que, de repente, havia me colocado
    em contato com pessoas do mundo todo.
  • 0:49 - 0:52
    Mas, ao passar mais tempo
    nos holofotes da mídia,
  • 0:52 - 0:55
    o foco da minha história começou a mudar.
  • 0:56 - 0:59
    Meu interesse foi sempre falar
    da razão e do modo:
  • 0:59 - 1:02
    por que e como eu aprendia línguas,
  • 1:02 - 1:05
    mas, em vez disso, a coisa virou um circo,
  • 1:05 - 1:09
    com a mídia querendo fazer
    sensacionalismo com minha história.
  • 1:09 - 1:12
    Então, era mais ou menos assim:
  • 1:12 - 1:15
    "Olá! Estamos aqui hoje
    com Timothy Doner, 17 anos,
  • 1:15 - 1:17
    que é fluente em 20 línguas.
  • 1:17 - 1:21
    Ou melhor, na verdade, ele consegue
    insultar as pessoas em 25 línguas,
  • 1:21 - 1:23
    e é fluente em outras 10.
  • 1:23 - 1:28
    Tim, você poderia falar 'Bom-dia'
    e 'Obrigado pela audiência' em muçulmano?
  • 1:29 - 1:32
    (Risos)
  • 1:32 - 1:35
    "Ah... árabe."
  • 1:36 - 1:39
    (Fala em árabe)
  • 1:40 - 1:45
    "Ótimo, Tim. Você poderia se apresentar
    e, em alemão, dizer que fala 23 línguas?"
  • 1:45 - 1:47
    "Não é verdade, mas..."
  • 1:47 - 1:49
    "Não, não, fala aí pra gente".
  • 1:49 - 1:52
    (Fala em alemão)
  • 1:58 - 2:01
    "Perfeito. E que tal agora
    um trava-língua em chinês?"
  • 2:01 - 2:02
    (Risos)
  • 2:02 - 2:06
    "Bem... que tal falar sobre o chinês?
  • 2:06 - 2:09
    Hoje muitos estadunidenses
    aprendem chinês, e é importante"...
  • 2:09 - 2:11
    "Não, não, não. Queremos o trava-língua."
  • 2:11 - 2:13
    (Risos)
  • 2:13 - 2:15
    (Fala em chinês)
  • 2:19 - 2:22
    "Esse é o cara! Tim, pode nos dar
    outro trava-língua em chinês?"
  • 2:22 - 2:27
    "Prefiro falar sobre a China
    e a vantagem de aprender outra língua."
  • 2:27 - 2:29
    "Ah, desculpe, Tim,
    mas nosso tempo acabou."
  • 2:29 - 2:31
    (Risos)
  • 2:31 - 2:34
    (Aplausos)
  • 2:34 - 2:36
    (Vivas)
  • 2:37 - 2:40
    "Agora, que tal dar 'tchau'
    em turco para nosso público
  • 2:40 - 2:42
    e 'Vamos ficando por aqui'?"
  • 2:42 - 2:44
    "Ainda não falamos de nada importante."
  • 2:44 - 2:46
    "Turco, por favor."
  • 2:46 - 2:49
    (Fala em turco)
  • 2:52 - 2:55
    "Olha esse cara... me pergunto
    se ele pega alguma menina...
  • 2:55 - 2:58
    (Risos)
  • 2:58 - 3:03
    Agora, não saiam daí, porque, a seguir,
    um bulldog skatista de maiô!"
  • 3:03 - 3:05
    (Risos)
  • 3:05 - 3:08
    (Aplausos) (Vivas)
  • 3:11 - 3:14
    Então, apesar de engraçado,
  • 3:14 - 3:18
    posso destacar dois grandes problemas
    na cobertura da minha história.
  • 3:18 - 3:19
    No nível pessoal,
  • 3:20 - 3:24
    senti que aprender línguas
    agora tinha virado quase uma tarefa.
  • 3:24 - 3:30
    algo que, de repente, tinha de fazer
    de forma rigidamente organizada.
  • 3:30 - 3:33
    Algo que tinha de ser compartimentalizado,
    racionalizado, expresso em números:
  • 3:33 - 3:37
    falo "tantas" línguas,
    conheço "tantas" línguas.
  • 3:37 - 3:40
    Era o oposto do que sempre fiz,
    que era estudar línguas por diversão,
  • 3:40 - 3:44
    para me comunicar com as pessoas
    e aprender sobre outras culturas.
  • 3:44 - 3:48
    Num âmbito maior, isso banalizou
    o significado de aprender uma língua,
  • 3:48 - 3:49
    ou conhecer uma língua.
  • 3:49 - 3:52
    Portanto, a mensagem que gostaria
    de deixar aqui no TEDxTeen hoje
  • 3:52 - 3:57
    é que saber uma língua é muito mais
    do que saber palavras do dicionário.
  • 3:57 - 4:00
    É muito mais do que conseguir
    perguntar onde fica o banheiro,
  • 4:00 - 4:02
    ou saber informar as horas.
  • 4:02 - 4:05
    Mas estou me adiantando.
  • 4:05 - 4:08
    Para quem não conhece minha história -
  • 4:08 - 4:10
    talvez muitos não saibam
    o que significa "poliglota",
  • 4:10 - 4:13
    uma palavra bastante estranha -,
  • 4:15 - 4:16
    comecei aqui.
  • 4:17 - 4:20
    Este pirralho sou eu, em 2001,
  • 4:20 - 4:22
    no início do aprendizado de línguas.
  • 4:22 - 4:25
    Na verdade, antes de estudar línguas,
    eu era um ator mirim.
  • 4:25 - 4:28
    E sempre tive um dom para sotaques,
  • 4:28 - 4:32
    daí, eu ia a audições
    para comerciais de rádio ou TV
  • 4:32 - 4:35
    e imitava o Austin Powers;
    mas não vou fazer agora.
  • 4:35 - 4:37
    (Plateia) Ah...
  • 4:37 - 4:40
    (Risos)
  • 4:40 - 4:42
    Ou fazia o Apu, de "Os Simpsons".
  • 4:42 - 4:45
    Uma vez, me pediram
    pra deixar uma audição,
  • 4:45 - 4:47
    pois me pediram pra falar
    com a língua presa,
  • 4:47 - 4:50
    e eu queria fazer o Darth Vader
    com sotaque francês.
  • 4:50 - 4:53
    (Risos)
  • 4:53 - 4:58
    Mas isso me ensinou o básico
    sobre como separar os sons.
  • 4:58 - 5:01
    A pegar um sotaque
    ou um padrão de fala estrangeiro
  • 5:01 - 5:03
    e entrar no papel.
  • 5:03 - 5:05
    Vamos avançar um pouco.
  • 5:05 - 5:09
    Na terceira série, comecei a aprender
    francês pela primeira vez.
  • 5:09 - 5:13
    Passados seis meses, um ano, dois anos,
    eu não conseguia conversar com ninguém.
  • 5:13 - 5:15
    Francês era apenas uma matéria na escola,
  • 5:15 - 5:19
    e embora pudesse falar palavras
    como "cotovelo", "joelho" e "cadarço",
  • 5:19 - 5:23
    não conseguia manter
    uma conversa fluente com ninguém.
  • 5:24 - 5:27
    Avançando um pouco mais,
    comecei a estudar latim na sétima série.
  • 5:27 - 5:30
    Trata-se de uma língua morta,
    mas, ao estudar latim,
  • 5:30 - 5:34
    aprendi a analisar uma língua,
    a vê-la como um sistema com regras,
  • 5:34 - 5:36
    quase como um quebra-cabeça.
  • 5:36 - 5:40
    Isso foi ótimo, mas ainda não sentia
    que aprender línguas era pra mim.
  • 5:40 - 5:42
    Avançando um pouco mais,
  • 5:42 - 5:47
    por volta dos 13 anos,
    interessado no conflito Israel-Palestina,
  • 5:47 - 5:48
    comecei a estudar hebraico.
  • 5:48 - 5:51
    Não sabia como começar,
    não tinha ideia do que estava fazendo,
  • 5:51 - 5:54
    então decidi escutar Rap.
  • 5:54 - 5:57
    Decorava as letras,
    simplesmente repetindo,
  • 5:57 - 6:01
    e tentava conversar com falantes nativos
    uma vez por semana ou por mês,
  • 6:01 - 6:05
    e assim fui melhorando,
    e comecei a entender cada vez mais.
  • 6:05 - 6:08
    Eu não falava como um nativo,
    não articulava bem as frases,
  • 6:08 - 6:10
    e certamente não sabia a gramática,
  • 6:10 - 6:13
    mas tinha feito o que nunca fiz na escola,
  • 6:13 - 6:16
    que foi pegar o básico do idioma,
    e tudo isso por conta própria.
  • 6:17 - 6:19
    Avançando um pouco mais,
  • 6:19 - 6:23
    comecei a estudar árabe aos 14 anos,
    no programa de verão do 9º ano, em 2010.
  • 6:23 - 6:26
    Após um mês, eu conseguia
    ler e escrever sem problema.
  • 6:26 - 6:30
    Aprendi o básico do idioma
    e um de seus principais dialetos.
  • 6:30 - 6:34
    E fiquei empolgado quando percebi
    que aquilo podia se tornar um hobby.
  • 6:35 - 6:39
    Então, finalmente chegamos
    a 24 de março de 2011.
  • 6:39 - 6:41
    Eu tinha uma insônia grave,
  • 6:41 - 6:46
    e estudar mais línguas
    com gramáticas ou séries de TV,
  • 6:46 - 6:50
    como o árabe ou o hebraico,
    se tornou um modo de usar o tempo.
  • 6:50 - 6:56
    Então, naquela noite, acordado até tarde,
  • 6:56 - 6:59
    gravei um vídeo meu falando árabe,
  • 6:59 - 7:03
    legendei e carreguei no YouTube
    com o título "Tim fala árabe".
  • 7:03 - 7:05
    (Árabe) "Tim fala árabe".
  • 7:05 - 7:07
    No dia seguinte, a mesma coisa:
  • 7:07 - 7:09
    (Hebraico) "Tim fala hebraico".
  • 7:09 - 7:12
    E os comentários, à medida
    que chegavam, eram fantásticos.
  • 7:12 - 7:16
    Coisas do tipo: "Nossa, nunca tinha visto
    um estadunidense falando árabe".
  • 7:16 - 7:19
    (Risos)
  • 7:20 - 7:22
    Quem pode culpá-los?
  • 7:23 - 7:27
    Além disso, havia coisas como: "Acho
    que você devia corrigir suas vogais aqui".
  • 7:27 - 7:29
    ou "Talvez tal palavra
    seja pronunciada assim".
  • 7:29 - 7:33
    De repente, aprender línguas tinha saído
    das páginas solitárias de um livro
  • 7:33 - 7:36
    ou da tela do computador, para o mundo.
  • 7:36 - 7:37
    Aí, fiquei viciado.
  • 7:37 - 7:40
    Eu tinha uma comunidade
    de falantes com quem interagir,
  • 7:40 - 7:44
    e praticamente um professor
    ou um parceiro de conversação
  • 7:44 - 7:45
    para cada língua.
  • 7:45 - 7:48
    Vou mostrar uma montagem rápida disso.
  • 7:48 - 7:54
    (Vídeo) Tim Doner: (Árabe) Comecei
    a estudar árabe há cerca de seis meses.
  • 7:54 - 7:59
    (Indonésio) Isso começou...
    um, dois, três, quatro...
  • 7:59 - 8:00
    talvez quatro dias atrás.
  • 8:00 - 8:06
    (Hebraico) Sinto que ler e escrever
    em árabe é mais fácil...
  • 8:06 - 8:10
    (Ojíbua) Certamente acho ojíbua difícil!
  • 8:10 - 8:14
    (Suahili) Cheguei em casa anteontem...
  • 8:14 - 8:17
    (Pachto) Como está minha pronúncia?
  • 8:17 - 8:18
    Muito obrigado.
  • 8:18 - 8:22
    Tenha um ótimo dia. Tchau!
  • 8:22 - 8:23
    (Fim do vídeo)
  • 8:24 - 8:26
    (Aplausos)
  • 8:29 - 8:31
    (No palco) TD: Foi assim
    que ganhei o mundo.
  • 8:31 - 8:34
    Mas enfrentei muitos obstáculos
    para aprender essas línguas.
  • 8:34 - 8:36
    Primeiro, não sabia como aprender sozinho.
  • 8:36 - 8:40
    Se alguém diz que temos de aprender
    pachto até o fim do mês,
  • 8:40 - 8:41
    a gente não sabe o que fazer.
  • 8:41 - 8:43
    Então, fui experimentando.
  • 8:44 - 8:46
    Mais uma coisa.
  • 8:46 - 8:48
    Nas minhas aulas de latim,
    li algo que Cícero descreveu,
  • 8:48 - 8:51
    o chamado "método de loci",
  • 8:51 - 8:53
    tecnicamente "locorum", mas...
  • 8:53 - 8:55
    É uma técnica de memorização.
  • 8:55 - 8:58
    Digamos que queiram aprender
    dez palavras de uma lista.
  • 8:58 - 9:01
    Pega-se cada palavra
    e, em vez de memorizá-las em blocos,
  • 9:01 - 9:03
    associamos cada a uma memória espacial.
  • 9:03 - 9:07
    Por exemplo, esta é a Union Square,
    uma praça onde passo todo dia.
  • 9:07 - 9:10
    Ao fechar os olhos,
    consigo visualizá-la claramente.
  • 9:10 - 9:13
    Então, me imagino andando
    na Union Square,
  • 9:13 - 9:18
    e começo a associar cada palavra
    com um determinado local.
  • 9:19 - 9:21
    Por exemplo, estou andando
    pela Park Avenue
  • 9:21 - 9:24
    e, em Japonês, "andar" é "iku".
  • 9:24 - 9:28
    Ando mais um pouco, viro à direita,
    sento nas escadas, onde posso "suwaru".
  • 9:28 - 9:30
    Ao norte, está a estátua
    de George Washington,
  • 9:30 - 9:33
    que pensei ser uma fonte,
    então penso em "nomu", "beber".
  • 9:33 - 9:36
    Depois, há uma árvore,
    que posso "Kiru", "cortar".
  • 9:36 - 9:39
    Se decidir ir à livraria Barnes & Noble,
    lá posso "yomu", "ler".
  • 9:39 - 9:42
    Ou, se estiver com fome
    e quiser ao meu falafel preferido,
  • 9:42 - 9:45
    ando a um lugar perto dali,
    onde posso "taberu", "comer".
  • 9:45 - 9:47
    Esqueci uma?
    (Alguém na plateia) Duas.
  • 9:47 - 9:49
    Tudo bem, oito em dez. Nada mal!
  • 9:49 - 9:53
    Descobri que, geralmente, métodos assim
  • 9:53 - 9:56
    fazem do aprendizado
    uma experiência mais interativa,
  • 9:56 - 9:59
    facilitam a memorização,
    e, além de tudo, me divirto muito.
  • 9:59 - 10:03
    Mas talvez não funcione
    para todos. Eis um outro.
  • 10:03 - 10:04
    Muita gente me pergunta:
  • 10:04 - 10:07
    "Você não se confunde ao estudar
    tantas línguas juntas?
  • 10:07 - 10:09
    Como aprende tantas palavras?
  • 10:09 - 10:12
    Em espanhol, aprendo a falar 'mesa',
    e 'livro' sai pelo outro ouvido".
  • 10:12 - 10:14
    O que faço é incluir as palavras.
  • 10:14 - 10:18
    Então, por exemplo, peguemos
    essas 3 palavras em indonésio
  • 10:18 - 10:22
    que estão entre as 50 que aprendi:
    "Kepala", "Kabar", "Kantor".
  • 10:22 - 10:24
    Lexicalmente, não têm relação entre si:
  • 10:24 - 10:27
    "Kepala" é cabeça; "Kabar" é notícia;
    "Kantor" é escritório.
  • 10:27 - 10:30
    Mas elas soam parecidas: "k", "a", certo?
  • 10:30 - 10:35
    Então, eu memorizava palavras
    com grupos sonoros semelhantes.
  • 10:35 - 10:39
    Se escuto a palavra "Kepala" em indonésio,
    logo penso em "Kebar" e "Kentor".
  • 10:39 - 10:42
    O mesmo em árabe:
    "Iktissad", "Istiklal" e "Sokot".
  • 10:42 - 10:45
    Nenhuma relação entre si: respectivamente
    "economia", "independência" e "queda".
  • 10:45 - 10:48
    Mas, se escuto uma, relaciono...
  • 10:48 - 10:51
    (Risos)
  • 10:51 - 10:53
    relaciono com as demais.
  • 10:53 - 10:56
    Idem em hebraico (Fala em hebraico)
  • 10:56 - 10:58
    Mesmo que sejam "retornar",
    "recordar" e "brilhar".
  • 10:58 - 11:01
    Ou em farsi, em que são relacionadas.
  • 11:01 - 11:03
    Se escuto "Pedar", que significa "pai",
  • 11:03 - 11:06
    penso nas palavras
    "Madar", "Barodar" e "Dokhtar",
  • 11:06 - 11:09
    respectivamente "mãe", "irmão", "filha".
  • 11:09 - 11:13
    É só um método, e não significa
    que vai nos deixar fluentes,
  • 11:13 - 11:16
    mas foi uma das maneiras
    de superar aqueles obstáculos.
  • 11:17 - 11:21
    Vocês devem estar se perguntando:
    mas qual o objetivo disso?
  • 11:21 - 11:24
    Por que aprender pachto ou ojíbua
    quando se vive em Nova York?
  • 11:24 - 11:26
    Mas há uma razão.
  • 11:27 - 11:29
    Morei a vida toda em Nova York,
  • 11:29 - 11:32
    e sempre me impressionou o número
    de línguas que se pode ouvir lá.
  • 11:32 - 11:36
    Pela cidade, vejo anúncios
    em chinês ou espanhol.
  • 11:36 - 11:39
    Livrarias russas, restaurantes
    indianos, casas de banho turco.
  • 11:39 - 11:41
    E, nessa imensa diversidade linguística,
  • 11:41 - 11:45
    o núcleo da cultura estadunidense
    permanece monoglota.
  • 11:45 - 11:46
    Se não concordam,
  • 11:46 - 11:49
    vejam a reação aos vídeos
    da Coca-Cola no Super Bowl.
  • 11:51 - 11:55
    Quando comecei a brincar
    com o aprendizado de línguas,
  • 11:55 - 11:57
    descobri minha comunidade
    linguística em Nova York.
  • 11:57 - 11:59
    Ia a bairros mais afastados
  • 11:59 - 12:02
    e, na falta de palavra melhor,
    me fazia passar vergonha.
  • 12:02 - 12:05
    Tentava falar com pessoas o dia todo,
    ouvir seus pontos de vista,
  • 12:05 - 12:07
    e usar minhas habilidades linguísticas.
  • 12:07 - 12:10
    (Vídeo) TD: (Russo) Seu nome?
    Natan: Meu nome é Natan.
  • 12:10 - 12:11
    Mulher: Bom dia. TD: Bom dia.
  • 12:11 - 12:14
    Natan: Qual o seu nome?
    TD: Tim. Eu sou o Tim.
  • 12:14 - 12:17
    Natan: Muito prazer.
    TD: Prazer. De onde você é?
  • 12:17 - 12:20
    Homem: (Urdu) Este livro foi escrito
  • 12:20 - 12:23
    pelo próprio Qudratullah Shanab.
  • 12:23 - 12:25
    Tim: O que é "nawist"?
  • 12:25 - 12:28
    Homem: (Fala em urdu)
    TD: (Inglês) Significa foi escrito...
  • 12:28 - 12:30
    Homem: (Fala em urdu)
  • 12:30 - 12:34
    TD: Khod-Nawist, escrita própria.
    Vem de Khod-nevashtan, em persa!
  • 12:34 - 12:37
    (No palco) TD: Talvez tenham
    de usar muito inglês,
  • 12:37 - 12:41
    ou seu papo não seja interessante,
    mas o objetivo é sair e se expor.
  • 12:41 - 12:44
    Não falo bem urdu,
    foi uma conversa meio estranha,
  • 12:44 - 12:48
    mas, a partir dela, aprendi
    uma palavra nova: "Khod-Nawist".
  • 12:48 - 12:50
    Nunca vou esquecê-la.
  • 12:50 - 12:55
    Continuando, talvez vocês se perguntem
    qual o objetivo disso tudo?
  • 12:55 - 12:58
    Já tentei explicar às pessoas
    minhas motivações diversas,
  • 12:58 - 13:02
    mas sinto que esta citação
    do Nelson Mandela é a melhor delas:
  • 13:02 - 13:06
    "Se falar com um homem numa língua
    que ele entende, o recado vai pra cabeça.
  • 13:06 - 13:09
    Se falar com um homem na língua dele,
    o recado vai pro coração".
  • 13:09 - 13:14
    Comecei a perceber que há enormes
    conexões entre língua e cultura,
  • 13:14 - 13:16
    língua e pensamento.
  • 13:16 - 13:19
    Mas vejam só, tem gente que,
    quando quer aprender persa,
  • 13:19 - 13:23
    pega um dicionário e diz: "Sei falar
    'Obrigado','Quanto custa?' e 'Tchau';
  • 13:23 - 13:25
    então eu falo persa".
  • 13:25 - 13:28
    Provavelmente não, vejamos.
  • 13:28 - 13:32
    Ao comprar algo numa livraria persa,
    vai perguntar: "Quanto custa isto?"
  • 13:33 - 13:36
    Normalmente, a resposta
    será "Ghabeli nadaareh",
  • 13:36 - 13:38
    que significa: "Não é nada".
  • 13:38 - 13:39
    (Risos)
  • 13:39 - 13:43
    Na verdade, essa é uma prática
    cultural chamada "Taaraf",
  • 13:43 - 13:47
    em que, numa conversa, um tenta ser
    mais humilde do que o outro.
  • 13:47 - 13:50
    Ao comprar um livro,
    soa rude o vendedor falar: "São US$ 5".
  • 13:50 - 13:56
    Ele deve dizer "Não é nada.
    Você é tão bonito, talentoso, tão...
  • 13:56 - 13:59
    Leve de graça, sou humilde, pode levar".
  • 13:59 - 14:01
    (Risos)
  • 14:01 - 14:06
    Ou uma situação assim:
    ao agradecer alguém,
  • 14:06 - 14:09
    mostrar gratidão, ou dizer "muito prazer",
  • 14:09 - 14:12
    talvez diga: "Sei falar 'obrigado'
    em farsi. Eu falo farsi".
  • 14:12 - 14:14
    Será?
  • 14:14 - 14:17
    Escuto muito esta frase
    de iranianos: "Ghorbanet beram",
  • 14:17 - 14:20
    que significa literalmente:
    ["Posso sacrificar minha vida por você"]
  • 14:20 - 14:22
    (Risos)
  • 14:22 - 14:27
    É poético, podem chamar de melodramático,
  • 14:27 - 14:32
    mas temos de conhecer
    a cultura para entender.
  • 14:32 - 14:36
    Não é tão exótico assim,
    pois, em inglês, fazemos muito isso.
  • 14:36 - 14:39
    Quando perguntamos a alguém:
    "Como vai?", o que esperamos ouvir?
  • 14:39 - 14:40
    "Tudo bem."
  • 14:40 - 14:43
    Se me disser algo mais,
    não estou interessado.
  • 14:43 - 14:44
    Mas dizemos assim mesmo.
  • 14:44 - 14:47
    Dizemos: "Deus te crie",
    mesmo sem conotação religiosa,
  • 14:47 - 14:50
    quando alguém espirra, certo?
  • 14:50 - 14:52
    Então,
  • 14:53 - 14:56
    é interessante pensar
    que a maioria dos linguistas acredita
  • 14:56 - 14:59
    que a língua não afeta
    nosso modo de pensar.
  • 14:59 - 15:01
    Não há língua que te faça
    um gênio da matemática,
  • 15:01 - 15:05
    nem língua que torne problemas lógicos
    difíceis de entender.
  • 15:05 - 15:08
    Mas há uma ligação entre língua e cultura.
  • 15:08 - 15:11
    As línguas dizem muito da visão
    de mundo das culturas.
  • 15:11 - 15:14
    E, no planeta Terra, a cada duas semanas,
  • 15:15 - 15:16
    uma língua morre.
  • 15:16 - 15:21
    Não há mais falantes delas, devido
    a guerras, fomes, ou a assimilação.
  • 15:21 - 15:26
    Talvez seja melhor não usar a língua
    da vila, mas falar, digamos, árabe.
  • 15:26 - 15:29
    Ou talvez eu seja
    de uma tribo na Amazônia,
  • 15:29 - 15:33
    meu habitat foi destruído,
    e faça mais sentido aprender português
  • 15:33 - 15:34
    e perder minha cultura.
  • 15:35 - 15:36
    Pensem nisso.
  • 15:36 - 15:38
    Em dois meses, será 1º de abril.
  • 15:38 - 15:40
    Para alguns, talvez uma data estressante,
  • 15:40 - 15:43
    por ser o prazo de um trabalho,
    dia de pagar o aluguel.
  • 15:43 - 15:45
    Mas, para dois grupos
    no mundo, duas culturas,
  • 15:45 - 15:47
    vai significar a morte de sua língua,
  • 15:47 - 15:50
    de sua mitologia,
    sua história, seu folclore,
  • 15:50 - 15:52
    sua visão de mundo.
  • 15:52 - 15:57
    Praticar espanhol, ir pra aula de japonês,
  • 15:57 - 15:59
    isso não vai deter a morte das línguas.
  • 15:59 - 16:03
    Mas isso começa a abrir
    sua mente para a ideia
  • 16:03 - 16:08
    de que a língua, em sua essência,
    representa uma visão cultural de mundo.
  • 16:09 - 16:11
    Se eu puder transmitir algo
    hoje aqui no TEDxTeen,
  • 16:11 - 16:13
    gostaria que fosse isto:
  • 16:13 - 16:15
    é fácil traduzir palavras,
  • 16:15 - 16:17
    mas não significado.
  • 16:17 - 16:19
    Obrigado.
  • 16:19 - 16:21
    (Aplausos) (Vivas)
Title:
Quebrando a barreira da língua | Tim Doner | TEDxTeen
Description:

Nesta palestra, Timothy Doner, um hiperpoliglota de 17 anos de idade, nos mostra sua jornada rumo ao aprendizado de línguas, recontando suas aventuras com a mídia e como ele superou os obstáculos para avançar em tal aprendizado. Ele nos encoraja a estudar não somente línguas, mas as culturas que elas refletem.

more » « less
Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
16:27

Portuguese, Brazilian subtitles

Revisions