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Como ler, quando somos cegos | Ron McCallum | TEDxSydney

  • 0:12 - 0:17
    Quando eu tinha 3 ou 4 anos
  • 0:17 - 0:19
    lembro-me da minha mãe
    a ler uma história,
  • 0:19 - 0:22
    a mim e aos meus dois irmãos mais velhos.
  • 0:23 - 0:27
    E lembro-me de pôr as mãos
    na página do livro,
  • 0:27 - 0:30
    para sentir a gravura
    que eles estavam a ver.
  • 0:31 - 0:32
    A minha mãe disse:
  • 0:32 - 0:36
    "Querido, lembra-te que não podes ver,
  • 0:36 - 0:39
    "não podes sentir a gravura
  • 0:39 - 0:42
    "e não podes sentir
    a impressão na página".
  • 0:42 - 0:44
    E eu pensei para comigo:
  • 0:44 - 0:46
    "Mas é isso que eu quero fazer.
  • 0:46 - 0:49
    "Adoro histórias, quero ler!"
  • 0:50 - 0:52
    Mal sabia eu
  • 0:52 - 0:55
    que ia fazer parte
    duma revolução tecnológica
  • 0:55 - 0:58
    que iria fazer com que
    esse sonho se tornasse verdade.
  • 0:58 - 1:02
    Nasci prematuro, com 10 semanas a menos,
  • 1:02 - 1:04
    o que provocou a minha cegueira
  • 1:04 - 1:06
    já há 64 anos.
  • 1:06 - 1:09
    A deficiência é conhecida
    por fibroplasia retrolental
  • 1:09 - 1:12
    e é hoje muito rara no mundo desenvolvido.
  • 1:13 - 1:15
    Mal sabia eu,
  • 1:15 - 1:21
    deitado enrolado na incubadora em 1948
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    que tinha nascido
    no sítio certo e na altura certa,
  • 1:26 - 1:27
    que estava num país
  • 1:27 - 1:32
    em que podia participar
    numa revolução tecnológica.
  • 1:33 - 1:38
    Há 37 milhões de pessoas
    totalmente cegas no nosso planeta,
  • 1:39 - 1:41
    mas as que participaram
    nas mudanças tecnológicas
  • 1:41 - 1:45
    são principalmente da América do Norte,
    da Europa, do Japão
  • 1:45 - 1:48
    e de outras partes evoluídas do mundo.
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    Os computadores transformaram a vida
  • 1:51 - 1:53
    de nós todos,
    nesta sala e no mundo inteiro.
  • 1:53 - 1:56
    Mas penso que transformaram
    mais a vida dos cegos
  • 1:56 - 1:58
    do que de qualquer outro grupo.
  • 1:58 - 2:01
    Portanto, quero falar-vos da interação
  • 2:01 - 2:05
    entre a tecnologia adaptativa,
    baseada no computador
  • 2:05 - 2:09
    e os muitos voluntários
    que me ajudaram ao longo dos anos
  • 2:09 - 2:13
    para me tornar na pessoa que sou hoje.
  • 2:13 - 2:18
    É uma interação entre voluntários,
    inventores apaixonados e tecnologia
  • 2:18 - 2:21
    e é uma história que
    muitos outros cegos podiam contar,
  • 2:21 - 2:26
    mas hoje cabe-me a mim
    falar um pouco sobre isso.
  • 2:26 - 2:29
    Quando eu tinha 5 anos,
    fui para a escola e aprendi Braille.
  • 2:29 - 2:34
    É um sistema engenhoso de 6 pontos
    que são perfurados no papel
  • 2:34 - 2:37
    e que eu posso sentir com os meus dedos.
  • 2:37 - 2:40
    Parece-me que estão a mostrar
    o meu diploma do 6º ano.
  • 2:40 - 2:43
    Não sei onde é que
    Julian Morrow o foi arranjar.
  • 2:43 - 2:44
    (Risos)
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    Eu era muito bom na leitura,
  • 2:46 - 2:51
    mas a avaliação em religião
    e música exigia mais trabalho.
  • 2:51 - 2:53
    (Risos)
  • 2:53 - 2:55
    Quando saírem do salão da ópera,
  • 2:55 - 2:58
    vão encontrar uma sinalização
    em Braille nos elevadores.
  • 2:58 - 3:00
    Procurem-na.
  • 3:00 - 3:02
    Já repararam nela?
  • 3:02 - 3:05
    Eu já, estou sempre à procura dela.
  • 3:05 - 3:07
    (Risos)
  • 3:07 - 3:09
    Quando eu andava na escola,
  • 3:09 - 3:12
    os livros eram transcritos
    por transcritores,
  • 3:12 - 3:15
    pessoas voluntárias que perfuravam
    um ponto de cada vez,
  • 3:15 - 3:17
    para eu ter livros para ler.
  • 3:17 - 3:19
    Era feito principalmente por mulheres
  • 3:19 - 3:22
    a partir do final do século XIX,
    neste país.
  • 3:22 - 3:25
    Mas era a única forma
    que eu tinha para ler.
  • 3:25 - 3:27
    Quando andava no secundário,
  • 3:27 - 3:30
    recebi o meu primeiro
    gravador de fitas Philips
  • 3:30 - 3:32
    e os gravadores de fitas passaram a ser
  • 3:32 - 3:36
    um meio de aprendizagem pré-computador.
  • 3:36 - 3:40
    Podia pôr a família e os amigos
    a ler o material
  • 3:40 - 3:44
    e depois podia lê-lo as vezes
    que fossem precisas.
  • 3:44 - 3:48
    Isso pôs-me em contacto
    com voluntários e ajudantes.
  • 3:48 - 3:49
    Por exemplo,
  • 3:49 - 3:55
    quando fui estudar para a faculdade
    na Queen's University no Canadá,
  • 3:55 - 3:59
    os presos da prisão Collins Bay
    concordaram em ajudar-me.
  • 3:59 - 4:02
    Eu dei-lhes um gravador
    e eles gravavam o que liam.
  • 4:02 - 4:03
    Como me disse um deles:
  • 4:03 - 4:06
    "Ron, neste momento,
    não vamos a nenhum lado".
  • 4:06 - 4:08
    (Risos)
  • 4:08 - 4:09
    Mas pensem nisso.
  • 4:09 - 4:14
    Aqueles homens, que não tinham tido
    as oportunidades de instrução que eu tinha,
  • 4:14 - 4:19
    ajudaram-me a obter
    qualificações pós-graduação em Direito
  • 4:19 - 4:21
    com a sua ajuda dedicada.
  • 4:22 - 4:23
    Quando voltei
  • 4:23 - 4:27
    e passei a académico
    na Universidade Monash de Melbourne,
  • 4:28 - 4:30
    durante os primeiros 25 anos,
  • 4:30 - 4:33
    os gravadores de fitas
    representaram tudo para mim.
  • 4:33 - 4:39
    No meu gabinete, em 1990,
    tinha 30 km de fita.
  • 4:41 - 4:46
    Estudantes, família e amigos,
    todos liam material.
  • 4:47 - 4:49
    Mrs. Lois Dory,
  • 4:49 - 4:52
    a quem acabei por chamar
    a minha mãe substituta,
  • 4:52 - 4:55
    gravou-me muitos milhares
    de horas de leitura.
  • 4:55 - 4:58
    Uma das razões que me levaram
    a aceitar fazer esta palestra
  • 4:58 - 5:00
    foi a esperança de que
    Lois estivesse hoje aqui
  • 5:00 - 5:04
    para poder apresentá-la
    e agradecer-lhe publicamente
  • 5:04 - 5:08
    mas, infelizmente, a saúde dela
    não lhe permitiu vir aqui hoje.
  • 5:08 - 5:13
    Mas agradeço-lhe, Lois, aqui deste palco.
  • 5:14 - 5:17
    (Aplausos)
  • 5:25 - 5:33
    Vi o meu primeiro computador Apple
    em 1984 e pensei:
  • 5:33 - 5:37
    "Esta coisa tem um ecrã de vidro,
    não me serve para muito".
  • 5:37 - 5:38
    (Risos)
  • 5:38 - 5:42
    Como eu estava bem enganado!
  • 5:43 - 5:47
    Em 1997, no mês em que nasceu
    o nosso filho mais velho, Gerard,
  • 5:47 - 5:50
    recebi o meu primeiro computador cego.
  • 5:50 - 5:52
    Está aqui mesmo.
  • 5:53 - 5:55
    Veem-no daí?
  • 5:55 - 5:59
    Estão a ver que ele não tem
    — como é que lhe chamam? — não tem ecrã?
  • 6:00 - 6:02
    (Risos)
  • 6:03 - 6:05
    É um computador cego.
  • 6:05 - 6:07
    (Risos)
  • 6:07 - 6:10
    É um Keynote Gold 84K.
  • 6:10 - 6:14
    O 84K significa que tem
    84 "quilobytes" de memória
  • 6:14 - 6:17
    (Risos)
  • 6:17 - 6:20
    Não se riam,
    na altura custou-me 4000 dólares!
  • 6:20 - 6:22
    (Risos)
  • 6:22 - 6:24
    Penso que o meu relógio tem mais memória!
  • 6:24 - 6:26
    (Risos)
  • 6:27 - 6:28
    Foi inventado por Russell Smith,
  • 6:28 - 6:32
    um inventor apaixonado da Nova Zelândia
    que estava a tentar ajudar os cegos.
  • 6:33 - 6:36
    Infelizmente, morreu
    num acidente de avião em 2005,
  • 6:36 - 6:38
    mas a memória dele vive no meu coração.
  • 6:39 - 6:41
    Significou que, pela primeira vez,
  • 6:41 - 6:44
    eu podia ler o que eu lá tinha escrito.
  • 6:45 - 6:46
    Tinha um sintetizador de fala.
  • 6:46 - 6:50
    Eu tinha escrito o meu primeiro livro
    de Direito, como coautor,
  • 6:50 - 6:51
    numa máquina de escrever, em 1979
  • 6:51 - 6:53
    pura e simplesmente de memória.
  • 6:54 - 6:58
    Isto agora permitia-me ler
    o que eu tinha escrito
  • 6:58 - 7:00
    e entrar no mundo dos computadores
  • 7:00 - 7:02
    mesmo com os 84 KB de memória.
  • 7:03 - 7:05
    Em 1974,
  • 7:05 - 7:08
    o grande Ray Kurzweil,
    o inventor americano,
  • 7:08 - 7:10
    trabalhou na construção duma máquina
  • 7:10 - 7:13
    que gravava livros
    e lia-os em linguagem sintética.
  • 7:14 - 7:17
    Na altura, as unidades de reconhecimento
    dos caracteres óticos
  • 7:17 - 7:20
    só funcionavam com 1 fonte
  • 7:20 - 7:23
    mas, usando conjuntos de leitura ótica de
    varrimento horizontal
  • 7:23 - 7:25
    e sintetizadores de fala,
  • 7:25 - 7:29
    ele desenvolveu uma máquina
    que podia ler qualquer fonte.
  • 7:29 - 7:33
    Esta máquina, que era do tamanho
    de uma máquina de lavar roupa,
  • 7:33 - 7:36
    foi lançada a 13 de janeiro de 1976.
  • 7:36 - 7:39
    Vi o primeiro Kurzweil
    disponível comercialmente
  • 7:39 - 7:41
    em março de 1989
  • 7:41 - 7:43
    e fiquei estupefacto.
  • 7:43 - 7:45
    Em setembro de 1989,
  • 7:45 - 7:48
    no mês em que foi anunciada
  • 7:48 - 7:51
    a minha qualidade de professor associado
    na Universidade Monash,
  • 7:51 - 7:54
    a faculdade de Direito
    adquiriu um e pude usá-lo.
  • 7:54 - 7:58
    Pela primeira vez,
    podia ler o que eu quisesse
  • 7:58 - 8:00
    colocando um livro no leitor ótico.
  • 8:00 - 8:03
    Não precisava de ser simpático
    com as pessoas!
  • 8:03 - 8:05
    (Risos)
  • 8:05 - 8:08
    Já não podiam censurar-me.
  • 8:08 - 8:09
    Por exemplo,
  • 8:09 - 8:10
    nessa altura, eu era muito tímido
  • 8:10 - 8:12
    — na verdade ainda sou muito tímido —
  • 8:12 - 8:16
    para pedir a qualquer pessoa que me lesse
    em voz alta material sobre sexo explícito.
  • 8:16 - 8:19
    (Risos)
  • 8:20 - 8:23
    Mas agora já podia agarrar num livro
    a meio da noite e...
  • 8:23 - 8:25
    (Risos)
  • 8:26 - 8:29
    (Aplausos)
  • 8:33 - 8:38
    Agora, o leitor Kurzweil é apenas
    um programa no meu portátil,
  • 8:38 - 8:40
    está reduzido a isso.
  • 8:40 - 8:42
    Agora posso ler o último romance
  • 8:42 - 8:45
    sem precisar de lutar para o obter
    nas bibliotecas falantes.
  • 8:45 - 8:47
    Posso lê-lo ao mesmo tempo
    que os meus amigos,
  • 8:48 - 8:51
    Há muita gente que me ajudou na vida
  • 8:51 - 8:53
    e muitas delas nem sequer conheci.
  • 8:53 - 8:56
    Uma delas é outro
    inventor americano, Ted Henter.
  • 8:57 - 8:59
    Ted era corredor de moto,
  • 8:59 - 9:03
    mas em 1978 teve um acidente
    de viação e perdeu a visão.
  • 9:03 - 9:06
    o que é devastador
    se quisermos andar de moto.
  • 9:06 - 9:08
    (Risos)
  • 9:08 - 9:10
    Então passou a ser esquiador aquático
  • 9:10 - 9:13
    e foi campeão deficiente
    de esqui aquático.
  • 9:13 - 9:19
    Mas em 1989 fez equipa com Bill Joyce
    para desenvolver um programa
  • 9:19 - 9:22
    que lesse em voz alta
    o que estava no ecrã do computador,
  • 9:22 - 9:25
    na Internet ou no próprio computador.
  • 9:25 - 9:28
    Chamou-lhe JAWS, Acesso com Fala,
  • 9:28 - 9:30
    e tem este som.
  • 9:30 - 9:33
    (Fala de sintetizador em voz rápida)
  • 9:42 - 9:43
    Não é vagaroso?
  • 9:43 - 9:44
    (Risos)
  • 9:44 - 9:46
    Se eu lesse assim, adormecia.
  • 9:46 - 9:48
    Pu-lo mais devagar por vossa causa.
  • 9:48 - 9:51
    Vou pedir para que o passem
    à velocidade a que eu leio.
  • 9:51 - 9:53
    Podem passar aquele?
  • 9:53 - 9:56
    (Fala de sintetizador
    em voz ainda mais rápida)
  • 10:08 - 10:09
    (Risos)
  • 10:09 - 10:11
    Quando estamos a anotar
    trabalhos de estudantes
  • 10:11 - 10:14
    queremos ver-nos livres deles
    muito rapidamente.
  • 10:14 - 10:15
    (Risos)
  • 10:15 - 10:18
    (Aplausos)
  • 10:23 - 10:26
    Esta tecnologia, que me fascinou em 1997
  • 10:26 - 10:30
    está hoje no meu iPhone e no vosso também.
  • 10:30 - 10:31
    Mas sabem.
  • 10:31 - 10:36
    Acho que ler com uma máquina
    é um processo muito solitário
  • 10:36 - 10:41
    Cresci com a família e os amigos
    a lerem para mim
  • 10:41 - 10:46
    e adoro o calor e o respirar
    e a proximidade de pessoas a ler.
  • 10:46 - 10:49
    Vocês também gostam que vos leiam?
  • 10:48 - 10:51
    Uma das minhas memórias mais cativantes
  • 10:51 - 10:54
    data de 1999.
  • 10:54 - 10:59
    Mary a ler, para mim e para as crianças
    em New Manly Beach,
  • 10:59 - 11:02
    "Harry Potter e a Pedra Filosofal".
  • 11:02 - 11:04
    Não é um grande livro?
  • 11:05 - 11:08
    Continuo a gostar de estar
    ao pé duma pessoa que me leia
  • 11:08 - 11:09
    mas não abdicaria da tecnologia
  • 11:09 - 11:13
    porque me permitiu levar uma vida ótima.
  • 11:15 - 11:19
    Claro que os livros falantes para cegos
    foram anteriores a toda esta tecnologia
  • 11:19 - 11:24
    Os discos de longa duração
    foram desenvolvidos no início dos anos 30
  • 11:24 - 11:29
    e agora gravamos os livros falantes
    em CD usando o sistema digital
  • 11:29 - 11:32
    conhecido por DAISY.
  • 11:32 - 11:35
    Mas, quando estou a ler
    as vozes sintéticas,
  • 11:35 - 11:38
    adoro chegar a casa
    e ouvir ler um romance estimulante
  • 11:38 - 11:40
    com uma voz real.
  • 11:40 - 11:42
    (Risos)
  • 11:42 - 11:46
    Mas ainda há barreiras
    para pessoas com deficiências.
  • 11:46 - 11:48
    Há muitos "websites"
    que não conseguimos ler
  • 11:48 - 11:50
    com o JAWS e outras tecnologias.
  • 11:50 - 11:52
    Os "websites" são
    quase sempre muito visuais
  • 11:52 - 11:54
    e há todo o tipo de gráficos
  • 11:54 - 11:57
    que não têm etiquetas,
    e botões que não têm etiquetas.
  • 11:57 - 12:01
    É por isso que o World Wide Web Consortium
  • 12:01 - 12:03
    conhecido por W3C,
  • 12:03 - 12:07
    desenvolveu padrões mundiais
    para a Internet.
  • 12:08 - 12:11
    Queremos que todos
    os utilizadores da Internet,
  • 12:11 - 12:13
    ou proprietários de sítios da Internet
  • 12:13 - 12:17
    tornem os seus sítios compatíveis
    para que as pessoas sem visão
  • 12:17 - 12:19
    possam ter uma etiqueta compatível.
  • 12:20 - 12:24
    Há outras barreiras
    impostas pelas nossas leis.
  • 12:24 - 12:29
    Por exemplo, a Austrália,
    tal como 1/3 dos países do mundo,
  • 12:29 - 12:31
    tem uma exceção aos direitos de autor
  • 12:31 - 12:33
    que permite que os livros
    sejam escritos em Braille
  • 12:33 - 12:36
    ou lidos para nós, os cegos.
  • 12:36 - 12:39
    Mas esses livros não podem
    viajar além-fronteiras.
  • 12:39 - 12:44
    Por exemplo, em Espanha há 100 000 livros
    acessíveis em espanhol,
  • 12:44 - 12:46
    Na Argentina, há 50 000.
  • 12:46 - 12:50
    Em mais nenhum país da América Latina,
    há mais do que alguns milhares,
  • 12:50 - 12:54
    mas não é legal transportar os livros
    de Espanha para a América Latina.
  • 12:55 - 12:58
    Há centenas de milhares
    de livros acessíveis
  • 12:58 - 13:01
    nos EUA, na Grã-Bretanha,
    no Canadá, na Austrália, etc.
  • 13:01 - 13:04
    mas não podem ser transportados
    para os 60 países do mundo
  • 13:04 - 13:06
    em que o inglês é a primeira
    ou a segunda língua.
  • 13:07 - 13:09
    Lembram-se de eu vos ter falado
    do Harry Potter?
  • 13:10 - 13:13
    Como não podemos
    transportar livros além-fronteiras
  • 13:13 - 13:17
    teve que haver versões separadas
    lidas em todos os países de língua inglesa:
  • 13:18 - 13:21
    a Grã-Bretanha, os EUA, o Canadá,
    a Austrália e a Nova Zelândia
  • 13:21 - 13:25
    todos têm leituras separadas
    de Harry Potter.
  • 13:25 - 13:29
    E é por isso que, no próximo mês,
    em Marrocos,
  • 13:29 - 13:32
    vai realizar-se uma reunião
    entre todos os países.
  • 13:32 - 13:34
    Um grupo de países
    e a União Mundial de Cegos
  • 13:34 - 13:37
    estão a defender
    um tratado transfronteiras.
  • 13:37 - 13:38
    Se os livros estiverem disponíveis,
  • 13:38 - 13:40
    forem isentos de direitos de autor,
  • 13:40 - 13:42
    e outro país também tiver essa isenção,
  • 13:42 - 13:45
    podemos transportar
    esses livros transfronteiras
  • 13:45 - 13:48
    em especial para os países
    em desenvolvimento,
  • 13:48 - 13:51
    e dar vida às pessoas cegas
    que não têm livros para ler.
  • 13:52 - 13:53
    Quero que isso seja possível.
  • 13:54 - 13:58
    (Aplausos)
  • 14:02 - 14:08
    A minha vida foi extraordinariamente
    abençoada com o meu casamento e filhos
  • 14:08 - 14:11
    e também com o trabalho interessante
    que tenho feito,
  • 14:11 - 14:14
    quer na Faculdade de Direito
    da Universidade de Sidney,
  • 14:14 - 14:15
    onde fui deão durante algum tempo,
  • 14:15 - 14:18
    ou agora que estou nas Nações Unidas,
  • 14:18 - 14:21
    na Comissão de Defesa dos Direitos
    da Pessoa Deficiente, em Genebra.
  • 14:21 - 14:26
    Na verdade, tenho sido um ser humano
    muito afortunado.
  • 14:27 - 14:30
    Pergunto a mim mesmo
    o que o futuro reservará.
  • 14:30 - 14:33
    A tecnologia vai continuar a avançar.
  • 14:34 - 14:37
    Mas ainda recordo a minha mãe,
    há 60 anos, a dizer:
  • 14:37 - 14:42
    "Lembra-te, querido, que nunca
    poderás ler a imagem com os teus dedos".
  • 14:43 - 14:46
    Sinto-me tão feliz por a interação
  • 14:46 - 14:49
    entre os transcritores em Braille,
  • 14:49 - 14:51
    os leitores voluntários
    e os inventores apaixonados
  • 14:51 - 14:55
    ter permitido que este sonho de poder ler
    se tenha tornado real para mim
  • 14:55 - 14:57
    e para os cegos do mundo inteiro.
  • 14:57 - 15:01
    Queria agradecer
    à minha investigadora Hannah Martin,
  • 15:01 - 15:03
    que é a minha operadora de "slides",
  • 15:03 - 15:05
    — é ela que está a passar os "slides" —
  • 15:05 - 15:07
    e à minha mulher, a professora Mary Crock,
  • 15:07 - 15:10
    que é o amor da minha vida
    e me há de vir buscar.
  • 15:10 - 15:11
    Também quero agradecer-lhe.
  • 15:11 - 15:13
    Chegou a altura de me despedir.
  • 15:13 - 15:14
    Deus vos abençoe!
  • 15:14 - 15:15
    Muito obrigado.
  • 15:15 - 15:16
    (Aplausos)
  • 15:16 - 15:18
    Hei!
  • 15:18 - 15:21
    (Aplausos)
  • 15:26 - 15:28
    Oh! Hei!
  • 15:29 - 15:32
    (Aplausos)
Title:
Como ler, quando somos cegos | Ron McCallum | TEDxSydney
Description:

Professor, jurista eminente e defensor dos direitos humanos, Ron McCallum nasceu cego. Apesar disso, conseguiu apaixonar-se pela leitura desde muito cedo. Nesta palestra divertida e sincera, conta a história dos aparelhos de leitura para cegos e mostra o impacto que cada um deles teve na sua vida.

Esta palestra foi feita num evento TEDx, usando o formato das Conferências TED, mas organizado de forma independente por uma comunidade local. Saiba mais em: http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
15:48

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