appropriating morality | how 'the Judeo-Christian tradition' takes false credit [cc]
-
0:03 - 0:07Apropriando a Moralidade
-
0:14 - 0:16"Os que creem em religiões nos ensinam que
-
0:16 - 0:18Deus recompensará os homens por suas
-
0:18 - 0:20boas ações, mas os homens que são
-
0:20 - 0:21intelectualmente livres sabem que a
-
0:21 - 0:23recompensa por uma boa ação não pode
-
0:23 - 0:25ser dada por nenhum tipo de poder, mas
-
0:25 - 0:26que é o resultado da boa ação.
-
0:26 - 0:28O homem livre, guiado pela inteligência,
-
0:28 - 0:30sabe que sua recompensa está na natureza
-
0:30 - 0:32das coisas, e não no capricho nem mesmo
-
0:32 - 0:34do Infinito. Ele não é um bom e fiel servo
-
0:34 - 0:36mas um homem livre inteligente."
-
0:36 - 0:38(Robert G. Ingersoll)
-
0:43 - 0:45Como formulamos nossos valores morais?
-
0:45 - 0:46Simplesmente copiando
-
0:46 - 0:47aqueles à nossa volta?
-
0:48 - 0:49Julgamos razoáveis nossas ações
-
0:49 - 0:50se vemos outras pessoas
-
0:50 - 0:52agindo do mesmo modo?
-
0:52 - 0:54Continuamos a nos comportar exatamente
-
0:54 - 0:56como fomos treinados durante a infância?
-
0:57 - 0:58Permitimos que nossos valores
-
0:58 - 0:59sejam decididos para nós
-
0:59 - 1:01por uma autoridade externa?
-
1:01 - 1:05Pais, colegas, professores, políticos.,
-
1:05 - 1:06sacerdotes,
-
1:06 - 1:07profetas...
-
1:08 - 1:10Questionamos os valores com os quais
-
1:10 - 1:11nos deparamos e construimos nossos
-
1:11 - 1:13próprios, com base em avaliações críticas?
-
1:14 - 1:16Muitos membros de ideologias religiosas
-
1:16 - 1:18créditam sua religião
-
1:18 - 1:19pelos seus valores morais.
-
1:20 - 1:21Mas alguns vão além
-
1:21 - 1:23e dão mérito à sua religião pelos valores
-
1:23 - 1:24morais de pessoas que não são
-
1:24 - 1:25membros de sua religião.
-
1:26 - 1:28Várias vezes no passado, alegou-se
-
1:28 - 1:29- e ainda se alega -
-
1:29 - 1:31que as pessoas que vivem suas vidas
-
1:31 - 1:32sem nenhuma crença em deuses,
-
1:32 - 1:34em religião ou no sobrenatural
-
1:34 - 1:37tiveram mesmo assim sua moralidade moldada
-
1:37 - 1:38pelas religiões dominantes
-
1:38 - 1:40de sua região geográfica.
-
1:41 - 1:42É uma alegação previsível.
-
1:42 - 1:44Muitos indivíduos religiosos
-
1:44 - 1:45consideram a sua religião
-
1:45 - 1:46como a fonte fundamental
-
1:46 - 1:47ou mesmo exclusiva
-
1:47 - 1:49da moralidade humana.
-
1:50 - 1:51Para eles,
-
1:51 - 1:53se não-crentes parecem viver vidas
-
1:53 - 1:54decentes e morais
-
1:54 - 1:55deve ser por causa
-
1:55 - 1:56da influência disseminada
-
1:56 - 1:57de sua religião.
-
1:58 - 1:59No ocidente,
-
1:59 - 2:00tem-se alegado que
-
2:00 - 2:01a moral secular tem sido moldada
-
2:01 - 2:03por algo que se costuma chamar
-
2:03 - 2:04"tradição judaico-cristã",
-
2:04 - 2:07um híbrido de judaismo e cristianismo.
-
2:08 - 2:08Sendo assim,
-
2:08 - 2:10deveríamos permitir que o mérito
-
2:10 - 2:12pelos nossos valores morais fundamentais
-
2:12 - 2:13seja apropriado de tal forma?
-
2:15 - 2:16Aqueles que ignoram a História
-
2:16 - 2:17estão fadados a repetir
-
2:17 - 2:18suas provas de História
-
2:21 - 2:22Quando as pessoas alegam
-
2:22 - 2:23que os valores seculares
-
2:23 - 2:24tomam emprestado valores
-
2:24 - 2:26da "tradição judaico-cristã",
-
2:26 - 2:27o que é curioso
-
2:27 - 2:28é a decisão delas de ignorar
-
2:28 - 2:30toda História antes da emergência
-
2:30 - 2:32do judaísmo e do cristianismo.
-
2:33 - 2:34Os seres humanos modernos
-
2:34 - 2:35já existiam
-
2:35 - 2:36por mais de centenas de milhares de anos
-
2:36 - 2:38quando o judaismo
-
2:38 - 2:40- uma religião bem mais antiga
-
2:40 - 2:41que o cristianimo -
-
2:41 - 2:42estava na sua infância.
-
2:43 - 2:45Somos esperados a aceitar que,
-
2:45 - 2:46até o advento do judaismo,
-
2:46 - 2:48os seres humanos não desenvolveram
-
2:48 - 2:49nenhuma noção
-
2:49 - 2:50de como tratar uns aos outros
-
2:50 - 2:51como criaturas socias?
-
2:52 - 2:54Será que os valores dessas religiões
-
2:54 - 2:55de alguma forma brotaram prontas
-
2:55 - 2:57de um vácuo moral
-
2:57 - 2:58sem nehuma referência
-
2:58 - 3:00aos valores das culturas locais da época?
-
3:01 - 3:02Claro que não.
-
3:02 - 3:04Ambas as religiões tomaram emprestado
-
3:04 - 3:05convenções e princípios sociais
-
3:05 - 3:06preexistentes.
-
3:07 - 3:08É possível entender
-
3:08 - 3:09por que aqueles que defendem
-
3:09 - 3:11a primazia dos valores "judaico-cristãos"
-
3:11 - 3:13gostariam de frear a busca histórica
-
3:13 - 3:14por valores morais
-
3:14 - 3:15em sua própria religião.
-
3:16 - 3:18Mas não há justificativa válida para isso.
-
3:19 - 3:21Certos princípios de conduta moral
-
3:21 - 3:22tendem a emergir naturalmente
-
3:22 - 3:24em grupos sociais, simplesmente porque
-
3:24 - 3:26ajudam a preservar o grupo.
-
3:26 - 3:27Por exemplo,
-
3:27 - 3:29o princípio básico "não mate".
-
3:29 - 3:31Uma cultura que adota o princípio
-
3:31 - 3:33"mate tantas pessoas quanto puder,
-
3:33 - 3:34indiscriminadamente"
-
3:34 - 3:35não sobrevive por muito tempo.
-
3:36 - 3:37Quando aparece uma religião
-
3:37 - 3:38e estabelece leis
-
3:38 - 3:40refletindo convenções e princípios sociais
-
3:40 - 3:43já existentes na humanidade em geral
-
3:43 - 3:45- como não roubar ou não assassinar -,
-
3:45 - 3:47essa religião não se torna de repente
-
3:47 - 3:48dona dos direitos intelectuais
-
3:48 - 3:49sobre esses princípios.
-
3:50 - 3:52A religião não é a "inovadora" nesse caso,
-
3:52 - 3:53somente uma imitadora.
-
3:54 - 3:55Estudos com animais mostram que
-
3:55 - 3:58espécies sociais não-humanas demonstram
-
3:58 - 4:01empatia, compaixão e noção de equidade,
-
4:01 - 4:04ingredientes significativos da moralidade.
-
4:05 - 4:07O primatologista Frans de Waal
-
4:07 - 4:08e seus colegas constataram que
-
4:08 - 4:09quando podiam escolher trocar
-
4:09 - 4:11diferentes tipos de fichas por
-
4:11 - 4:12tipos de recompensa em comida,
-
4:12 - 4:14chimpanzés e macacos-prego
-
4:14 - 4:15frequentemente trocavam fichas
-
4:15 - 4:17"pró-sociais",
-
4:17 - 4:18que recompensavam tanto eles mesmos
-
4:18 - 4:20quanto um parceiro de sua espécie,
-
4:20 - 4:22em vez de fichas "egoístas",
-
4:22 - 4:23que recompensavam somente eles próprios.
-
4:24 - 4:26Numa tarefa de obtenção de alimentos,
-
4:26 - 4:27macacos-prego foram observados
-
4:27 - 4:29recompensando parceiros por cooperação,
-
4:29 - 4:31mesmo podendo escolher
-
4:31 - 4:32ficar com toda comida para si.
-
4:33 - 4:34Também já foram observados
-
4:34 - 4:35protestando agressivamente,
-
4:35 - 4:37quando viam um outro macaco-prego
-
4:37 - 4:39receber uma recompensa melhor
-
4:39 - 4:40após cumprir a mesma tarefa.
-
4:41 - 4:42Depois de brigas, chimpanzés exibem
-
4:42 - 4:44distintamente comportamento de
-
4:44 - 4:46reconciliação, estendendo a mão para
-
4:46 - 4:49um inimigo, beijando, abraçando,
-
4:49 - 4:50afagando.
-
4:51 - 4:53Comportamentos basícos de equidade,
-
4:53 - 4:55que demonstram uma noção aguda de justiça,
-
4:55 - 4:57têm sido obsvervados numa série de
-
4:57 - 4:58espécies sociais.
-
4:58 - 5:00Sugerir que a religião é a fonte desses
-
5:00 - 5:02comportamentos equitativos é simplesmente
-
5:02 - 5:03absurdo.
-
5:04 - 5:06E não é menos absurdo sugerir que
-
5:06 - 5:08a religião seja a fonte do comportamento
-
5:08 - 5:09equitativo humano.
-
5:10 - 5:14Falha na definição de termos fundamentais
-
5:16 - 5:18O quê, supostamente, significa
-
5:18 - 5:20"tradição judaico-cristã"?
-
5:21 - 5:22Judaísmo e cristianismo
-
5:22 - 5:24exibem sobreposições significativas
-
5:24 - 5:26em sua construção, considerando sagrados
-
5:26 - 5:28muitos dos mesmos textos antigos.
-
5:28 - 5:30A Bíblia Hebraica contém 24 livros
-
5:30 - 5:33que aparecem no Velho Testamento cristão.
-
5:33 - 5:35Mas, apesar de esses dois ramos religiosos
-
5:35 - 5:37compartilharem muitos textos antigos,
-
5:37 - 5:39há diferenças significativas em suas
-
5:39 - 5:42traduções, interpretações, perspectivas
-
5:42 - 5:44e valores fundamentais.
-
5:45 - 5:46Muitos judeus e cristãos se opõem
-
5:46 - 5:48fortemente a serem colocados
-
5:48 - 5:48no mesmo balaio.
-
5:49 - 5:50Escrevendo nos anos 1970,
-
5:50 - 5:52o rabino Eliezer Berkovits comentou:
-
5:52 - 5:54"Quanto a dialogar num sentido
-
5:54 - 5:56puramente teológico, nada poderia ser
-
5:56 - 5:58mais infrutífero ou despropositado.
-
5:58 - 6:01O judaísmo é judaísmo porque rejeita
-
6:01 - 6:03o cristianismo; e o cristiansmo é
-
6:03 - 6:05cristianismo porque rejeita o judaísmo.
-
6:06 - 6:07O que é chamado de
-
6:07 - 6:09"tradição judaico-cristã"
-
6:09 - 6:10existe tão somente em fantasias
-
6:10 - 6:12cristãs ou secularistas."
-
6:13 - 6:15A Bíblia Hebraica contém instruções
-
6:15 - 6:16que são explicitamente rejeitadas
-
6:16 - 6:19pela figura de Jesus, o messias cristão,
-
6:19 - 6:21e o cristianismo é repeiteradamente
-
6:21 - 6:24apresentado como uma reforma de ideias
-
6:24 - 6:25judaicas mais antigas.
-
6:25 - 6:29Por exemplo, na Torá, o livro de Vayikra
-
6:29 - 6:31(capítulo 24:19-20), diz:
-
6:31 - 6:35"O homen que infligir dano a outro homem,
-
6:35 - 6:37assim como ele fez será feito com ele,
-
6:37 - 6:40fratura por fratura, olho por olho,
-
6:40 - 6:41dente por dente."
-
6:42 - 6:44O equivalente cristão, no Levítico
-
6:44 - 6:46(Velho Testamento), reitera isso.
-
6:47 - 6:48Trata-se de uma instrução explícita
-
6:48 - 6:50de retribuição de dano.
-
6:51 - 6:55Contudo, em Mateus 5:43, Jesus
-
6:55 - 6:58claramente contradiz essa lei, dizendo:
-
6:58 - 6:59"Tendes ouvido que foi dito:
-
6:59 - 7:02Olho por olho, e dente por dente.
-
7:02 - 7:03Eu, porém, vos digo:
-
7:03 - 7:06a qualquer que te dá na face direita,
-
7:06 - 7:07volta-lhe também a outra."
-
7:08 - 7:11Esse verso, do Novo Testamento cristão,
-
7:11 - 7:15contradiz a Torá e o Velho Testamento.
-
7:16 - 7:18No Novo Testamento, Jesus defende e
-
7:18 - 7:20perdoa aqueles identificados como
-
7:20 - 7:21adúlteros e prostitutos
-
7:21 - 7:24e admoesta aqueles que os julgam.
-
7:25 - 7:27Na Bíblia Hebraica e no Velho Testamento,
-
7:27 - 7:30adúlteros e prostitutos são condenados
-
7:30 - 7:31à morte por fogo.
-
7:32 - 7:33Vez após vez,
-
7:33 - 7:35princípios fundamentalmente incompatíveis
-
7:35 - 7:36são promovidos.
-
7:36 - 7:37Assim, desde o início,
-
7:37 - 7:38qualquer tentativa de embalar
-
7:38 - 7:40judaísmo e cristianismo como
-
7:40 - 7:41um tipo de coalizão de fé
-
7:41 - 7:43cria um híbrido inviável,
-
7:43 - 7:45cheio de contradições morais.
-
7:46 - 7:48Mas é pior que isso.
-
7:48 - 7:50Assim como conflitos básicos de valores
-
7:50 - 7:52entre as escrituras judaica e cristã,
-
7:52 - 7:53também há valores
-
7:53 - 7:55substancialmente conflitantes
-
7:55 - 7:57entre inúmeras áreas das subdenominações
-
7:57 - 7:58de cada religião.
-
7:59 - 8:00Alguns cristãos acreditam que
-
8:00 - 8:02aceitar a figura bíblica de Jesus
-
8:02 - 8:04como seu salvador, permitirá que ingressem
-
8:04 - 8:06num paraíso pós-morte chamado "céu".
-
8:07 - 8:08Outros cristãos acreditam que
-
8:08 - 8:10quem irá ou não irá ingressar no céu
-
8:10 - 8:12já foi decidido antes do nascimento
-
8:12 - 8:14e que nada que uma pessoa faça, durante
-
8:14 - 8:15sua vida, pode alterar isso.
-
8:16 - 8:17Alguns cristãos são firmemente
-
8:17 - 8:19separatistas, distanciando-se daqueles que
-
8:19 - 8:22estão fora do grupo, os quais rotulam com
-
8:22 - 8:23com palavras como "mundanos".
-
8:24 - 8:26Outros cristãos promovem inclusão e
-
8:26 - 8:28diálogo inter-religioso.
-
8:29 - 8:30Alguns judeus insistem que a Torá
-
8:30 - 8:32é a palavra de sua divindade;
-
8:32 - 8:33outros judeus veem a Torá
-
8:33 - 8:35como uma coleção de escritos humanos
-
8:35 - 8:36falíveis, o que muda a forma como
-
8:36 - 8:38se relacionam com as instruções
-
8:38 - 8:39contidas neles.
-
8:39 - 8:41Também há confltos acerca de rituais:
-
8:41 - 8:43alguns judeus acreditam que homens e
-
8:43 - 8:46mulheres estão aptos a recitar em público
-
8:46 - 8:47uma oração matinal chamada "kaddish";
-
8:47 - 8:49outros acreditam que essa recitação
-
8:49 - 8:51deveria ser reservada aos homens.
-
8:52 - 8:54Essas denominações específicas promovem
-
8:54 - 8:56princípios incompatíveis; assim, alegar
-
8:56 - 8:58que elas representam uma tradição moral
-
8:58 - 9:00unificada é inadmissível.
-
9:01 - 9:02Mesmo quando ignoramos os valores
-
9:02 - 9:04conflitantes entre judaísmo e cristianismo
-
9:04 - 9:07e focamos nos pontos em comum,
-
9:07 - 9:08encontramos problemas.
-
9:08 - 9:10Quando consideramos textos que ambas as
-
9:10 - 9:12religiões consideram sagrados, eles contém
-
9:12 - 9:14instruções para condenar uma longa lista
-
9:14 - 9:15de pessoas à morte.
-
9:16 - 9:17Naturalmente, mesmo aquelas denominações
-
9:17 - 9:19que insistem que suas escrituras
-
9:19 - 9:21incorporam valores morais eternos e
-
9:21 - 9:24imutáveis não cumprem tais instruções,
-
9:24 - 9:26o que demonstra uma clara dissociação
-
9:26 - 9:29entre os valores morais do texto e aquilo
-
9:29 - 9:31que judeus e cristãos fazem na prática.
-
9:32 - 9:34É claro, quando um livro sagrado nos diz
-
9:34 - 9:36para matarmos blasfemadores, crianças
-
9:36 - 9:38desordeiras, não-crentes, adúlteros e
-
9:38 - 9:41amantes do mesmo sexo, melhor ser
-
9:41 - 9:44hipócrita e não cumprir tais instruções
-
9:44 - 9:47bárbaras, do que cometer as tais matanças,
-
9:47 - 9:49só para poder ser moralmente consistente
-
9:49 - 9:50com um livro imoral.
-
9:50 - 9:53Mas, não seria melhor, quando seu próprio
-
9:53 - 9:55senso moral lhe diz que uma instrução
-
9:55 - 9:57é errada, rejeitar a autoridade
-
9:57 - 9:58da instrução?
-
9:59 - 10:01Quando um livro supostamente sagrado
-
10:01 - 10:03diz para você cumprir execuções que
-
10:03 - 10:05você mesmo sabe que são imorais, não seria
-
10:05 - 10:07a solução mais clara reconhecer que o dito
-
10:07 - 10:08livro não é sagrado coisa alguma?
-
10:09 - 10:11E que nenhuma moralidade civilizada pode
-
10:11 - 10:12abrigar tais valores?
-
10:13 - 10:15Há uma clivagem fundamental entre os
-
10:15 - 10:17valores das escrituras e valores morais
-
10:17 - 10:19modernos a respeito da importância
-
10:19 - 10:20dos atos.
-
10:20 - 10:22Salvo algumas notáveis exceções,
-
10:22 - 10:24por exemplo, em casos involvendo doença
-
10:24 - 10:26ou coerção, julgamos as pessoas como
-
10:26 - 10:28responsáveis por suas próprias ações e
-
10:28 - 10:29esperamos que assumam sua
-
10:29 - 10:31responsabilidade pessoal.
-
10:32 - 10:34O cristianismo, ao contrário, discarta
-
10:34 - 10:36esse valor fundamental, substituindo a
-
10:36 - 10:38aceitação de Jesus como a única
-
10:38 - 10:39consideração.
-
10:41 - 10:43Superficalmente, a Bíblia contém várias
-
10:43 - 10:45instruções sobre comportamento;
-
10:45 - 10:47mas, em última instância, atos não contam
-
10:47 - 10:48no cristianismo.
-
10:49 - 10:51Uma vida inteira de atos maus é obliterada
-
10:51 - 10:52pela aceitação de Jesus.
-
10:53 - 10:54Uma vida inteira de atos bons
-
10:54 - 10:56é obliterada pela falha em aceitá-lo.
-
10:57 - 10:59Outra clivagem fundamental é observada no
-
10:59 - 11:02contraste entre instrução moral religiosa
-
11:02 - 11:04de base mandamental, que fornece nenhum
-
11:04 - 11:06outro fundamento que não seja autoridade
-
11:06 - 11:08divina, e que comumente proíbe desafio e
-
11:08 - 11:11crítica; e moral secular, construída a
-
11:11 - 11:13partir de um processo de raciocínio
-
11:13 - 11:14independente, envolvendo contínua
-
11:14 - 11:16discussão crítica e educação.
-
11:17 - 11:19Tais diferenças não são triviais.
-
11:19 - 11:21Elas têm consequências profundas na
-
11:21 - 11:23totalidade do nosso relacionamento
-
11:23 - 11:24com moralidade.
-
11:25 - 11:26Se nos perguntam por que
-
11:26 - 11:28comportamento X é moralmente condenável,
-
11:28 - 11:29e tudo que podemos dizer é:
-
11:29 - 11:31"porque um deus disse"
-
11:31 - 11:34ou "por que meu livro sagrado disse"
-
11:34 - 11:38ou "por que é assim que fui criado/a",
-
11:38 - 11:41então chegamos a resposta moral nenhuma,
-
11:41 - 11:42simplesmente aceitamos o que
-
11:42 - 11:43nos mandaram pensar.
-
11:44 - 11:46Quando fazemos aquilo que nos mandam,
-
11:46 - 11:47sem nenhuma reflexão interveniente,
-
11:47 - 11:50copiando os outros, ou simplesmente agindo
-
11:50 - 11:53por medo de represálias ou esperando
-
11:53 - 11:55recompensas, não estamos exercendo nossa
-
11:55 - 11:57agência moral individual.
-
11:58 - 12:00Alan diz que comportamento X
-
12:00 - 12:01é moralmente condenável,
-
12:01 - 12:03mas se basea em autoridade religiosa
-
12:03 - 12:04ou tradição
-
12:04 - 12:06para justificar sua posição.
-
12:06 - 12:08Ben diz que comportamento X é condenável,
-
12:08 - 12:10mas justifica sua posição com um exercício
-
12:10 - 12:12válido da razão.
-
12:12 - 12:13Ambos tem a mesma opinião
-
12:13 - 12:14sobre o comportamento,
-
12:14 - 12:16mas a perpectiva moral de Ben
-
12:16 - 12:17não deve nenhum reconhecimento
-
12:17 - 12:19à religião de Alan.
-
12:19 - 12:21O fato de religiões promoverem valores
-
12:21 - 12:23não significa que tais valores são
-
12:23 - 12:24corroborados por um raciocínio válido.
-
12:25 - 12:27Alías, é através da aplição de um
-
12:27 - 12:29raciocínio criterioso que conseguimos
-
12:29 - 12:31continuar revelando a imoralidade de
-
12:31 - 12:33vários valores religiosos celebrados
-
12:33 - 12:34ao longo da história.
-
12:35 - 12:37Dentre uma série de estórias repreensíveis
-
12:37 - 12:39nas escrituras judaicas e cristãs, estão
-
12:39 - 12:41as descrições de atrocidades cometidas
-
12:41 - 12:43contra crianças.
-
12:43 - 12:46No Livro dos Números do Velho Testamento
-
12:46 - 12:48e no seu equivalente da Bíblia Hebraica,
-
12:48 - 12:50Bamidbar, encontramos o profeta Moisés
-
12:50 - 12:52dando instruções para matar todas as
-
12:52 - 12:54crianças do sexo masculino dos midianitas
-
12:54 - 12:55e manter as crianças virgens do sexo
-
12:55 - 12:58feminino como estoque sexual.
-
12:59 - 13:01Isso vindo do profeta famoso por proferir
-
13:01 - 13:03o Decálogo - dez mandamentos, alegadamente
-
13:03 - 13:05"divinos", reguladores da conduta,
-
13:05 - 13:07pensamento e culto.
-
13:09 - 13:10A letra da canção "Rivers of Babylon"
-
13:10 - 13:11dos The Melodians,
-
13:11 - 13:13popularizada mais tarde por Boney M.,
-
13:13 - 13:16foi tirada do salmo 137 da Bíblia.
-
13:17 - 13:19A canção focaliza as partes
-
13:19 - 13:21do salmo que exprimem sentimentos de
-
13:21 - 13:22vitimização, recontando como os judeus
-
13:22 - 13:24foram levados como prisioneiros pelos
-
13:24 - 13:26babilônios e tiveram que cantar canções.
-
13:27 - 13:28"Rivers of Babylon"
-
13:28 - 13:30talvez não teria feito tanto sucesso,
-
13:30 - 13:32se tivesse incluído o verso 9 do salmo,
-
13:32 - 13:34que se deleita com uma forma peculiar
-
13:34 - 13:36de vingança contra os babilônios.
-
13:37 - 13:39Declara: "Feliz aquele que
-
13:39 - 13:41pegar os seus filhos e os despedaçar
-
13:41 - 13:42contra as rochas!"
-
13:43 - 13:45Alguns apopolgistas têm alegado que a
-
13:45 - 13:47palavra "filhos" não se refere
-
13:47 - 13:49literalmente a crianças; teria meramente o
-
13:49 - 13:51mesmo sentido que tem na frase "filhos de
-
13:51 - 13:53Israel", referindo-se ao povo babilônico.
-
13:54 - 13:58Mas Isaías 13:16 ecoa a passagem no salmo
-
13:58 - 13:59e claramente se refere LITERALMENTE
-
13:59 - 14:00a crianças.
-
14:01 - 14:03Escrevendo nos anos 1700, o batista
-
14:03 - 14:05John Gill, em sua "Exposição do Antigo
-
14:05 - 14:07e do Novo Testamento" comentou:
-
14:07 - 14:09"Ainda que pareça crueldade,
-
14:09 - 14:12foi tão somente uma retaliação justa."
-
14:12 - 14:14Ele alega que "não foi algo feito
-
14:14 - 14:15com espírito de vingança,
-
14:15 - 14:17mas para a glória da justiça divina."
-
14:18 - 14:20A glorificação do infanticídio
-
14:20 - 14:21não é um valor que formula
-
14:21 - 14:23nossa moralidade hoje em dia.
-
14:24 - 14:26As bíblias judaica e cristã contém
-
14:26 - 14:29uma ampla série de mensagens, desde
-
14:29 - 14:31estórias de grande compaixão e ternura
-
14:31 - 14:33até relatos repugnantes
-
14:33 - 14:34das mais vis brutalidades.
-
14:35 - 14:38Há fofura e há carnificina.
-
14:38 - 14:40Mas mesmo algumas coisas "fofas",
-
14:40 - 14:41não são tão fofas assim,
-
14:41 - 14:43se observadas mais de perto.
-
14:43 - 14:45Como ex-cristão, fui ensinado a ver
-
14:45 - 14:47Jesus como a encarnação do amor.
-
14:47 - 14:50Mas o fato é que Jesus não respeitava
-
14:50 - 14:51relacionamentos afetivos que não
-
14:51 - 14:54incluíssem ele, declarando enciumado:
-
14:54 - 14:57"Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim
-
14:57 - 15:00não é digno de mim; e quem ama o filho ou
-
15:00 - 15:01a filha mais do que a mim,
-
15:01 - 15:03não é digno de mim."
-
15:04 - 15:05Essa abordagem de "amor sob demanda"
-
15:05 - 15:08também aparece no comando de Jesus "amai
-
15:08 - 15:10vossos inimigos" e em incontáveis comandos
-
15:10 - 15:12para amar Javé, empregando incitações e
-
15:12 - 15:15ameaças para obter conformidade.
-
15:16 - 15:18A noção de ordenar pessoas a amarem nega
-
15:18 - 15:20a natureza autônoma do amor.
-
15:21 - 15:22Quem hoje em dia aceitaria se submeter a
-
15:22 - 15:24autorização alheia para amar?
-
15:24 - 15:26Falando em relacionamentos,
-
15:26 - 15:28o termo "codependência" se refere a
-
15:28 - 15:29relacionamentos nos quais
-
15:29 - 15:31um parceiro depende do outro
-
15:31 - 15:33como fonte externa de autovalorização,
-
15:33 - 15:35aprovação ou identidade, em vez de
-
15:35 - 15:37ser capaz de cultivar essas qualidades
-
15:37 - 15:38dentro de si mesmo.
-
15:39 - 15:40A codependência é reconhecida
-
15:40 - 15:42como um modelo de relacionamento
-
15:42 - 15:43altamente disfuncional.
-
15:44 - 15:44Porém,
-
15:44 - 15:46é o modelo de relacionamento derradeiro
-
15:46 - 15:48nas escrituras jucaicas e cristãs,
-
15:48 - 15:50onde se torna teo-dependência.
-
15:51 - 15:53Aqui também, em vez de
-
15:53 - 15:55serem cultivadas a partir de dentro,
-
15:55 - 15:57autovalorização, aprovação e identidade
-
15:57 - 15:59são buscadas a partir de uma fonte externa
-
15:59 - 16:01- dessa vez, um deus -
-
16:01 - 16:03deixando muitos seguidores vulneráveis a
-
16:03 - 16:06todo tipo de abuso e manipulação.
-
16:07 - 16:08A doutrina da punição eterna,
-
16:08 - 16:10promovida pelo cristianismo,
-
16:10 - 16:11é profundamente imoral,
-
16:11 - 16:13representando a desproporção
-
16:13 - 16:14mais extrema possível
-
16:14 - 16:17entre transgressão e pena.
-
16:17 - 16:20Ao descartar redenção ou reabilitação,
-
16:20 - 16:21constitui nada mais que
-
16:21 - 16:24sadismo gratuito eterno.
-
16:24 - 16:26A doutrina cristã fundamental
-
16:26 - 16:28da expiação substitucionária
-
16:28 - 16:30propõe que o sacrifício de uma pessoa
-
16:30 - 16:32supostamente inocente pode redimir
-
16:32 - 16:33pecados alheios.
-
16:34 - 16:35Pensadores seculares
-
16:35 - 16:36têm denunciado esse conceito
-
16:36 - 16:38como uma marcante perversão
-
16:38 - 16:40da responsabilidade moral.
-
16:41 - 16:43Nascido nos anos 1700,
-
16:43 - 16:46Thomas Paine, um dos "pais fundadores"
-
16:46 - 16:47dos EUA comentou:
-
16:47 - 16:49"Se eu tenho uma dívida
-
16:49 - 16:51que não consigo pagar, e o credor
-
16:51 - 16:52me ameaçar com prisão,
-
16:52 - 16:54outra pessoa pode assumir a dívida
-
16:54 - 16:55e pagar em meu lugar;
-
16:55 - 16:57mas se eu cometi um crime,
-
16:57 - 17:00todas as circunstâncias do caso mudam.
-
17:00 - 17:02A justiça moral não pode
-
17:02 - 17:04tomar o inocente pelo culpado,
-
17:04 - 17:07mesmo se o inocente se oferecer;
-
17:07 - 17:09supor que a justiça possa fazer isso,
-
17:09 - 17:10equivale a destruir os princípios
-
17:10 - 17:12de sua existência,
-
17:12 - 17:13que é a coisa em si mesa.
-
17:14 - 17:16Cessará, assim, de ser justiça
-
17:16 - 17:18passando ser vingança indiscriminada."
-
17:21 - 17:25Recebendo crédito não merecido
-
17:26 - 17:28No seu livro "Deus criou o Humanismo:
-
17:28 - 17:31A Base Cristã dos Valores Seculares",
-
17:31 - 17:33Theo Hobson busca dar o mérito pelo
-
17:33 - 17:36pensamento moral moderno ao cristianismo.
-
17:36 - 17:39Ele afirma: "O humanismo secular emergiu
-
17:39 - 17:42gradualmente a partir da cultura cristã,
-
17:42 - 17:44o que significa que os princípios
-
17:44 - 17:46humanistas modernos de liberdade e
-
17:46 - 17:48igualdade têm raízes no cristianismo."
-
17:49 - 17:51Se autovalorização emergir gradualmente
-
17:51 - 17:54de dentro de uma família abusiva,
-
17:54 - 17:56significa isso que tal autovalorização
-
17:56 - 17:57tem raíz no abuso?
-
17:58 - 18:01Se ciência emergir gradualmente
-
18:01 - 18:02de um cultura que rejeita ciência
-
18:02 - 18:04em favor de superstição,
-
18:04 - 18:05significa isso que tal ciência
-
18:05 - 18:06tem raíz na superstição?
-
18:08 - 18:11Às vezes, valores surgem numa tentativa de
-
18:11 - 18:14libertar os seres humanos da influência
-
18:14 - 18:16retrógrada da cultura circundante;
-
18:16 - 18:18e eles emergem a despeito dos
-
18:18 - 18:19esforços máximos empreendidos por
-
18:19 - 18:22essa cultura para sufocar e suprimí-los.
-
18:23 - 18:25Hobson afirma: "Na metade do século XX,
-
18:25 - 18:28o ideário dos direitos humanos universais
-
18:28 - 18:29foi lançado por pensadores e estadistas
-
18:29 - 18:31majoritariamente cristãos."
-
18:31 - 18:33Uma rede de cafés poderia ser lançada por
-
18:33 - 18:35pensadores majoriatariamente cristãos.
-
18:35 - 18:36Isso não significa
-
18:36 - 18:37que café tenha raízes cristãs.
-
18:38 - 18:40Cristãos fazem todo tipo de coisas
-
18:40 - 18:41- boas, ruins e indiferentes -
-
18:41 - 18:44que não têm nada a ver com sua religião.
-
18:44 - 18:46Não é suficiente dizer
-
18:46 - 18:48que algo foi feito por cristãos.
-
18:48 - 18:50A fim de dar crédito ao
-
18:50 - 18:52cristianismo, é preciso demonstrar um
-
18:52 - 18:54trajeto ideológico consistente até o
-
18:54 - 18:55próprio cristianismo.
-
18:56 - 18:57E quando buscamos esse trajeto,
-
18:57 - 18:59encontramos o problema
-
18:59 - 19:00mencionado anteriormente:
-
19:01 - 19:03o trajeto se bifurca repetidas vezes em
-
19:03 - 19:04direções conflitantes.
-
19:05 - 19:06Isso ajuda a explicar por que,
-
19:06 - 19:08historicamente, muitas vezes vimos
-
19:08 - 19:10cristãos nos dois lados de uma disputa.
-
19:11 - 19:12Na metado do século XIX,
-
19:12 - 19:15no contexto da escravidão nos EUA,
-
19:15 - 19:17havia cristãos abolicionistas
-
19:17 - 19:18e cristãos escravagistas.
-
19:19 - 19:21Uma religão proclamada como a fonte
-
19:21 - 19:23dos direitos humanos universais deveria
-
19:23 - 19:24deveria inequivocamente condenar
-
19:24 - 19:26o tratamento de pessoas como propriedade.
-
19:27 - 19:28Mas não é o caso.
-
19:29 - 19:30Ao contrário,
-
19:30 - 19:32as escrituras cristã e judaica,
-
19:32 - 19:34explicitamente endossam a prática,
-
19:34 - 19:36até mesmo propondo um conjunto de leis
-
19:36 - 19:37para regulamentá-la.
-
19:38 - 19:40Uma religião que aceita tudo
-
19:40 - 19:42não representa nada.
-
19:43 - 19:44Hobson escreve:
-
19:44 - 19:45"O cristianismo deu origem
-
19:45 - 19:47a um universalismo moral,
-
19:47 - 19:48que de certa forma
-
19:48 - 19:49é mais universal que ele mesmo -
-
19:50 - 19:52pois o moralismo universal secular é capaz
-
19:52 - 19:54de ser mais universalista ainda,
-
19:54 - 19:57ao desconsiderar diferenças religiosas e
-
19:57 - 20:00afirmar a unidade humana fundamental."
-
20:01 - 20:02Hobson tenta dar o mérito
-
20:02 - 20:04pela emergência da moralidade secular
-
20:04 - 20:05ao cristianismo,
-
20:05 - 20:06ao mesmo tempo admitindo
-
20:06 - 20:08que a moralidade secular,
-
20:08 - 20:10ao desconsiderar diferenças religiosas,
-
20:10 - 20:12demonstra uma perspectiva moral
-
20:12 - 20:14mais avançada que o cristianismo,
-
20:14 - 20:16cujas doutrinas reiteradamente excluem
-
20:16 - 20:18e condenam aqueles que
-
20:18 - 20:21sinceramente não veem razão válida
-
20:21 - 20:23ou evidência para crenças sobrenaturais.
-
20:24 - 20:26O mérito por avanços morais seculares
-
20:26 - 20:28vai para pensadores SECULARES,
-
20:28 - 20:30não para o cristianismo.
-
20:31 - 20:32A palavra "secular"
-
20:32 - 20:34muitas vezes é erroneamente definida
-
20:34 - 20:35como "ateísta",
-
20:35 - 20:37mas pensadores seculares podem ser
-
20:37 - 20:39religiososo ou não-religiosos.
-
20:39 - 20:41"Pensamento secular" só significa
-
20:41 - 20:43que a pessoa não fica recorrendo
-
20:43 - 20:45a argumentos de fé - e é por isso que,
-
20:45 - 20:46nesses casos,
-
20:46 - 20:48o mérito vai para o pensador
-
20:48 - 20:49e não para qualquer fé que seja.
-
20:50 - 20:51Ele continua dizendo:
-
20:51 - 20:53"O cristianismo deveria afirmar
-
20:53 - 20:55o humanismo secular como
-
20:55 - 20:56ideologia pública,
-
20:56 - 20:59mas também dizer que é inadequado,
-
20:59 - 21:03pois limitado à esfera pública prática,
-
21:03 - 21:04a superfície da vida,
-
21:04 - 21:06não contendo uma explicação marcante
-
21:06 - 21:07do sentido e propósito da vida,
-
21:07 - 21:09gravitando em direção a um
-
21:09 - 21:11evasivo encolher de ombros."
-
21:12 - 21:13O humanismo secular
-
21:13 - 21:14não tem que prestar conta
-
21:14 - 21:16do "sentido" ou "propósito" da vida.
-
21:17 - 21:18Muitos pensadores seculares sequer
-
21:18 - 21:20concordam que a vida tenha "sentido"
-
21:20 - 21:21ou "propósito" intrínsecos.
-
21:21 - 21:23Assim, o fato de não oferecer
-
21:23 - 21:25explicações de "sentido" ou "propósito"
-
21:25 - 21:27não representa uma deficiência ou evasiva,
-
21:27 - 21:29mas uma divergência.
-
21:30 - 21:32Se Hobson deseja sustentar a alegação
-
21:32 - 21:34de que a vida tem sentido ou propósito,
-
21:34 - 21:36cabe a ele o ônus de fornecer argumentos
-
21:36 - 21:37que corroborem com tal afirmação.
-
21:38 - 21:40Se ele não consegue sustentá-la,
-
21:40 - 21:41então é a posição dele que
-
21:41 - 21:43se reduz a um evasivo encolher de ombros.
-
21:44 - 21:45Hobson afirma:
-
21:45 - 21:48"Ideais humanitários não são naturais,
-
21:48 - 21:50nem tampouco são racionalmente deduzíveis;
-
21:50 - 21:52são tradições culturais complexas,
-
21:52 - 21:54um caldo preparado ao longo de séculos.
-
21:54 - 21:56E o ingrediente principal desse caldo
-
21:56 - 21:58foi a estória de como Deus
-
21:58 - 22:00tomou partido e mesmo a forma
-
22:00 - 22:02da vítima oprimida."
-
22:03 - 22:05Humanitarismo tem a ver com a promoção
-
22:05 - 22:06do bem-estar humano,
-
22:06 - 22:08e ideiais humanitários
-
22:08 - 22:10podem ser uma mistura entre
-
22:10 - 22:12tutelados e naturais.
-
22:13 - 22:15Como notamos previamente,
-
22:15 - 22:16podemos ver os elementos básicos
-
22:16 - 22:18de empatia e equidade
-
22:18 - 22:20no comportamento pró-social de animais
-
22:20 - 22:22e não temos motivo para acreditar
-
22:22 - 22:23que só os seres humanos
-
22:23 - 22:25precisam que esses mesmos elementos
-
22:25 - 22:28sejam magicamente inseridos neles,
-
22:28 - 22:29através de meios sobrenaturais.
-
22:30 - 22:31É claro,
-
22:31 - 22:34às vezes ideiais precisam ser ensinados,
-
22:34 - 22:36frequentemente para SUPERAR
-
22:36 - 22:38tradições praticadas ao longo de séculos -
-
22:38 - 22:39tradições que
-
22:39 - 22:42condenaram, subjugaram e executaram
-
22:42 - 22:45um número abissal de pessoas
-
22:45 - 22:46com base na ignorância,
-
22:46 - 22:49superstição e pronunciamentos falaciosos
-
22:49 - 22:51de textos religiosos,
-
22:51 - 22:53como as bíblias judaica e cristã,
-
22:53 - 22:55que estabelecem pena de morte
-
22:55 - 22:57para um extenso conjunto de atividades
-
22:57 - 22:59inofensivas, incluindo colher galhos
-
22:59 - 23:01no dia errado da semana.
-
23:02 - 23:03Em parte, o que permitiu que
-
23:03 - 23:05muitas atividades pudessem ser condenadas
-
23:05 - 23:07foi o discutível termo religioso
-
23:07 - 23:08"pecado",
-
23:08 - 23:11que não tem um equivalente secular exato.
-
23:11 - 23:12Com o "pecado",
-
23:12 - 23:15vemos a invenção de uma categoria nebulosa
-
23:15 - 23:17passível de abarcar qualquer comportamento
-
23:17 - 23:19ou pensamento que represente uma
-
23:19 - 23:22transgressão contra algum deus ou deuses,
-
23:22 - 23:24sem necessidade de ofecer qualquer
-
23:24 - 23:25evidência de dano.
-
23:26 - 23:28Só quando aplicamos razão dedutiva,
-
23:28 - 23:29no lugar de
-
23:29 - 23:31pronunciamentos morais dogmáticos
-
23:31 - 23:32é que somos capaz de superar
-
23:32 - 23:34toda essa selvageria supersticiosa
-
23:34 - 23:36e ver atividades inofensivas
-
23:36 - 23:37tal como realmente são.
-
23:38 - 23:40Como ex-cristão, por anos
-
23:40 - 23:42eu erroneamente vi Jesus como uma vítima.
-
23:42 - 23:46Eu me perdi no drama e na emoção
-
23:46 - 23:49da estória da crucificação e fui dominado
-
23:49 - 23:51pelo doloroso sentimento de culpa
-
23:51 - 23:52que me foi transmitido
-
23:52 - 23:53pelos meus indoutrinadores,
-
23:53 - 23:55que me disseram que Jesus
-
23:55 - 23:57foi crucificado para me salvar.
-
23:57 - 23:59Quando eu mais tarde escapei do túnel
-
23:59 - 24:01da minha indoutrinação,
-
24:01 - 24:03me dei conta de que a figura de Jesus
-
24:03 - 24:05não era vítima coisa alguma.
-
24:05 - 24:08Se Jesus era Javé, em forma humana
-
24:08 - 24:10então Javé livremente escolheu
-
24:10 - 24:12ser crucificado, de acordo com seu próprio
-
24:12 - 24:14desígnio premeditado.
-
24:15 - 24:18Ele tinha o poder de fazer o que quisesse.
-
24:18 - 24:20Não houve coerção ou necessidade.
-
24:21 - 24:22Em contrapartida,
-
24:22 - 24:24vítimas genuínas não tem escolha
-
24:24 - 24:26ou poder sobre suas situações.
-
24:27 - 24:28Sendo um exercício
-
24:28 - 24:30completamente voluntário,
-
24:30 - 24:32a estória da crucificação equivale a
-
24:32 - 24:34nada mais que um flerte divino
-
24:34 - 24:36com sadomasoquismo.
-
24:36 - 24:39Caracterizar Jesus como vítima
-
24:39 - 24:40é um insulto grosseiro
-
24:40 - 24:41a vítmias genuínas.
-
24:43 - 24:44A alegação de que
-
24:44 - 24:45as pessoas que vivem suas vidas
-
24:45 - 24:47sem nenhuma crença em deuses,
-
24:47 - 24:49religião ou no sobrenatural
-
24:49 - 24:50tiveram sua moralidade formada
-
24:50 - 24:53pela tradição ou valores judaico-cristãos
-
24:53 - 24:56pode ser desmantelada de diversas formas.
-
24:56 - 24:57A própria noção de
-
24:57 - 25:00tradições ou valores "judaico-cristãos"
-
25:00 - 25:01está minada de problemas.
-
25:02 - 25:04Não apenas existe uma forte objeção
-
25:04 - 25:06por parte de muitos judeus e cristãos
-
25:06 - 25:07à desajeitada fusão de suas ideologias,
-
25:07 - 25:09como também seus valores
-
25:09 - 25:12e os valores de várias subdenominações
-
25:12 - 25:14mostram significantes conflito
-
25:14 - 25:16e incompatibilidade.
-
25:16 - 25:18Casos isolados de semelhança
-
25:18 - 25:20com valores seculares não querem dizer
-
25:20 - 25:21que os valores seculares tomaram
-
25:21 - 25:23emprestado valores religiosos.
-
25:23 - 25:25Valores seculares podem originar
-
25:25 - 25:27independentemente, sem referência
-
25:27 - 25:28a qualquer texto religioso.
-
25:29 - 25:31Estudos com animais demonstrando
-
25:31 - 25:32noções básicas de empatia,
-
25:32 - 25:35equidade, compaixão e reconciliação
-
25:35 - 25:38também negam a ideia de que religiões são
-
25:38 - 25:39a fonte de nossos valores,
-
25:39 - 25:40assim como a existência
-
25:40 - 25:42de princípios de equidade similares
-
25:42 - 25:44em culturas humanas independentes
-
25:44 - 25:45umas das outras ao redor do mundo.
-
25:46 - 25:47Valores morais seculares
-
25:47 - 25:48podem se desenvenvoler
-
25:48 - 25:50a partir de discussão crítica,
-
25:50 - 25:51admitindo correção de rumos,
-
25:51 - 25:53quando equívocos são descobertos.
-
25:53 - 25:54Julgamentos morais
-
25:54 - 25:56dependem de um exame preciso
-
25:56 - 25:57de informações relevantes.
-
25:58 - 26:00Assim, o próprio princípio de adaptação
-
26:00 - 26:02à luz de novas informações,
-
26:02 - 26:03no lugar do apego dogmático
-
26:03 - 26:05a ideias falaciosas,
-
26:05 - 26:07é um valor importante em si mesmo.
-
26:08 - 26:09Em contapartida,
-
26:09 - 26:11valores religiosos apresentados como
-
26:11 - 26:14eternos, imutáveis, perfeitos...
-
26:14 - 26:16não podem admitir erros,
-
26:16 - 26:17forçando seus adeptos
-
26:17 - 26:20a inventarem contorcidas apologéticas
-
26:20 - 26:23na tentativa de escusarem o inescusável.
-
26:24 - 26:25Historicamente,
-
26:25 - 26:27tanto o judaísmo quanto o cristianismo
-
26:27 - 26:29promoveram e implementaram
-
26:29 - 26:31valores bíblicos que a maioria de nós
-
26:31 - 26:33consideraria abomináveis nos dias atuais.
-
26:33 - 26:35O pensamento secular
-
26:35 - 26:36tem fornecido insights morais
-
26:36 - 26:39expondo os perigos de valores religiosos,
-
26:39 - 26:41impelindo seus seguidores
-
26:41 - 26:42a reavaliarem suas atitudes morais
-
26:42 - 26:44sobre uma série de questões
-
26:44 - 26:45e abrindo caminho
-
26:45 - 26:47para que todos nós possamos avançar
-
26:47 - 26:48para além de sistemas
-
26:48 - 26:50morais e religiosos exclusivos
-
26:50 - 26:51e continuar a desenvolver
-
26:51 - 26:53valores humanos de inclusivos
-
26:53 - 26:56que são relevantes e coerentes.
-
26:57 - 26:58Pensadores seculares
-
26:58 - 27:00não tomaram emprestado "capital moral"
-
27:00 - 27:02do híbrido incoerente que é
-
27:02 - 27:04o "judaico-cristianismo".
-
27:05 - 27:07Não temos uma dívida moral
-
27:07 - 27:08com o "judaico-cristianismo"
-
27:08 - 27:10e não devemos admitir
-
27:10 - 27:11qualquer tentativa por parte dele
-
27:11 - 27:14de apropriar-se da moralidade.
-
27:14 - 27:16"A moralidade não é distintamente cristã,
-
27:16 - 27:17nem tampouco é maometana.
-
27:17 - 27:19A moralidade é humana,
-
27:19 - 27:20não pertence a nenhum 'ismo'
-
27:20 - 27:22e não depende de ser alicerçada
-
27:22 - 27:23no sobrenatural, ou em qualquer livro,
-
27:23 - 27:25ou em qualquer credo.
-
27:25 - 27:26A moralidade
-
27:26 - 27:27é ela mesma um alicerce."
-
27:27 - 27:29(Robert G. Ingersoll)
-
27:29 - 27:32Legendado por: Débora T. F. Silveira
Show all