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appropriating morality | how 'the Judeo-Christian tradition' takes false credit [cc]

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    Apropriando a Moralidade
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    "Os que creem em religiões nos ensinam que
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    Deus recompensará os homens por suas
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    boas ações, mas os homens que são
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    intelectualmente livres sabem que a
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    recompensa por uma boa ação não pode
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    ser dada por nenhum tipo de poder, mas
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    que é o resultado da boa ação.
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    O homem livre, guiado pela inteligência,
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    sabe que sua recompensa está na natureza
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    das coisas, e não no capricho nem mesmo
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    do Infinito. Ele não é um bom e fiel servo
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    mas um homem livre inteligente."
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    (Robert G. Ingersoll)
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    Como formulamos nossos valores morais?
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    Simplesmente copiando
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    aqueles à nossa volta?
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    Julgamos razoáveis nossas ações
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    se vemos outras pessoas
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    agindo do mesmo modo?
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    Continuamos a nos comportar exatamente
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    como fomos treinados durante a infância?
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    Permitimos que nossos valores
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    sejam decididos para nós
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    por uma autoridade externa?
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    Pais, colegas, professores, políticos.,
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    sacerdotes,
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    profetas...
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    Questionamos os valores com os quais
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    nos deparamos e construimos nossos
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    próprios, com base em avaliações críticas?
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    Muitos membros de ideologias religiosas
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    créditam sua religião
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    pelos seus valores morais.
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    Mas alguns vão além
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    e dão mérito à sua religião pelos valores
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    morais de pessoas que não são
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    membros de sua religião.
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    Várias vezes no passado, alegou-se
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    - e ainda se alega -
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    que as pessoas que vivem suas vidas
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    sem nenhuma crença em deuses,
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    em religião ou no sobrenatural
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    tiveram mesmo assim sua moralidade moldada
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    pelas religiões dominantes
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    de sua região geográfica.
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    É uma alegação previsível.
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    Muitos indivíduos religiosos
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    consideram a sua religião
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    como a fonte fundamental
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    ou mesmo exclusiva
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    da moralidade humana.
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    Para eles,
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    se não-crentes parecem viver vidas
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    decentes e morais
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    deve ser por causa
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    da influência disseminada
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    de sua religião.
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    No ocidente,
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    tem-se alegado que
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    a moral secular tem sido moldada
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    por algo que se costuma chamar
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    "tradição judaico-cristã",
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    um híbrido de judaismo e cristianismo.
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    Sendo assim,
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    deveríamos permitir que o mérito
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    pelos nossos valores morais fundamentais
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    seja apropriado de tal forma?
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    Aqueles que ignoram a História
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    estão fadados a repetir
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    suas provas de História
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    Quando as pessoas alegam
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    que os valores seculares
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    tomam emprestado valores
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    da "tradição judaico-cristã",
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    o que é curioso
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    é a decisão delas de ignorar
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    toda História antes da emergência
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    do judaísmo e do cristianismo.
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    Os seres humanos modernos
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    já existiam
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    por mais de centenas de milhares de anos
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    quando o judaismo
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    - uma religião bem mais antiga
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    que o cristianimo -
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    estava na sua infância.
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    Somos esperados a aceitar que,
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    até o advento do judaismo,
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    os seres humanos não desenvolveram
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    nenhuma noção
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    de como tratar uns aos outros
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    como criaturas socias?
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    Será que os valores dessas religiões
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    de alguma forma brotaram prontas
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    de um vácuo moral
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    sem nehuma referência
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    aos valores das culturas locais da época?
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    Claro que não.
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    Ambas as religiões tomaram emprestado
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    convenções e princípios sociais
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    preexistentes.
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    É possível entender
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    por que aqueles que defendem
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    a primazia dos valores "judaico-cristãos"
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    gostariam de frear a busca histórica
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    por valores morais
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    em sua própria religião.
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    Mas não há justificativa válida para isso.
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    Certos princípios de conduta moral
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    tendem a emergir naturalmente
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    em grupos sociais, simplesmente porque
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    ajudam a preservar o grupo.
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    Por exemplo,
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    o princípio básico "não mate".
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    Uma cultura que adota o princípio
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    "mate tantas pessoas quanto puder,
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    indiscriminadamente"
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    não sobrevive por muito tempo.
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    Quando aparece uma religião
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    e estabelece leis
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    refletindo convenções e princípios sociais
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    já existentes na humanidade em geral
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    - como não roubar ou não assassinar -,
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    essa religião não se torna de repente
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    dona dos direitos intelectuais
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    sobre esses princípios.
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    A religião não é a "inovadora" nesse caso,
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    somente uma imitadora.
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    Estudos com animais mostram que
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    espécies sociais não-humanas demonstram
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    empatia, compaixão e noção de equidade,
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    ingredientes significativos da moralidade.
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    O primatologista Frans de Waal
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    e seus colegas constataram que
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    quando podiam escolher trocar
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    diferentes tipos de fichas por
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    tipos de recompensa em comida,
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    chimpanzés e macacos-prego
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    frequentemente trocavam fichas
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    "pró-sociais",
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    que recompensavam tanto eles mesmos
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    quanto um parceiro de sua espécie,
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    em vez de fichas "egoístas",
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    que recompensavam somente eles próprios.
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    Numa tarefa de obtenção de alimentos,
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    macacos-prego foram observados
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    recompensando parceiros por cooperação,
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    mesmo podendo escolher
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    ficar com toda comida para si.
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    Também já foram observados
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    protestando agressivamente,
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    quando viam um outro macaco-prego
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    receber uma recompensa melhor
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    após cumprir a mesma tarefa.
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    Depois de brigas, chimpanzés exibem
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    distintamente comportamento de
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    reconciliação, estendendo a mão para
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    um inimigo, beijando, abraçando,
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    afagando.
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    Comportamentos basícos de equidade,
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    que demonstram uma noção aguda de justiça,
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    têm sido obsvervados numa série de
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    espécies sociais.
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    Sugerir que a religião é a fonte desses
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    comportamentos equitativos é simplesmente
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    absurdo.
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    E não é menos absurdo sugerir que
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    a religião seja a fonte do comportamento
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    equitativo humano.
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    Falha na definição de termos fundamentais
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    O quê, supostamente, significa
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    "tradição judaico-cristã"?
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    Judaísmo e cristianismo
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    exibem sobreposições significativas
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    em sua construção, considerando sagrados
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    muitos dos mesmos textos antigos.
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    A Bíblia Hebraica contém 24 livros
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    que aparecem no Velho Testamento cristão.
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    Mas, apesar de esses dois ramos religiosos
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    compartilharem muitos textos antigos,
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    há diferenças significativas em suas
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    traduções, interpretações, perspectivas
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    e valores fundamentais.
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    Muitos judeus e cristãos se opõem
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    fortemente a serem colocados
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    no mesmo balaio.
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    Escrevendo nos anos 1970,
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    o rabino Eliezer Berkovits comentou:
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    "Quanto a dialogar num sentido
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    puramente teológico, nada poderia ser
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    mais infrutífero ou despropositado.
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    O judaísmo é judaísmo porque rejeita
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    o cristianismo; e o cristiansmo é
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    cristianismo porque rejeita o judaísmo.
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    O que é chamado de
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    "tradição judaico-cristã"
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    existe tão somente em fantasias
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    cristãs ou secularistas."
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    A Bíblia Hebraica contém instruções
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    que são explicitamente rejeitadas
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    pela figura de Jesus, o messias cristão,
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    e o cristianismo é repeiteradamente
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    apresentado como uma reforma de ideias
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    judaicas mais antigas.
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    Por exemplo, na Torá, o livro de Vayikra
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    (capítulo 24:19-20), diz:
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    "O homen que infligir dano a outro homem,
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    assim como ele fez será feito com ele,
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    fratura por fratura, olho por olho,
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    dente por dente."
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    O equivalente cristão, no Levítico
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    (Velho Testamento), reitera isso.
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    Trata-se de uma instrução explícita
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    de retribuição de dano.
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    Contudo, em Mateus 5:43, Jesus
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    claramente contradiz essa lei, dizendo:
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    "Tendes ouvido que foi dito:
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    Olho por olho, e dente por dente.
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    Eu, porém, vos digo:
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    a qualquer que te dá na face direita,
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    volta-lhe também a outra."
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    Esse verso, do Novo Testamento cristão,
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    contradiz a Torá e o Velho Testamento.
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    No Novo Testamento, Jesus defende e
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    perdoa aqueles identificados como
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    adúlteros e prostitutos
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    e admoesta aqueles que os julgam.
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    Na Bíblia Hebraica e no Velho Testamento,
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    adúlteros e prostitutos são condenados
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    à morte por fogo.
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    Vez após vez,
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    princípios fundamentalmente incompatíveis
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    são promovidos.
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    Assim, desde o início,
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    qualquer tentativa de embalar
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    judaísmo e cristianismo como
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    um tipo de coalizão de fé
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    cria um híbrido inviável,
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    cheio de contradições morais.
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    Mas é pior que isso.
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    Assim como conflitos básicos de valores
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    entre as escrituras judaica e cristã,
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    também há valores
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    substancialmente conflitantes
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    entre inúmeras áreas das subdenominações
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    de cada religião.
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    Alguns cristãos acreditam que
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    aceitar a figura bíblica de Jesus
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    como seu salvador, permitirá que ingressem
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    num paraíso pós-morte chamado "céu".
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    Outros cristãos acreditam que
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    quem irá ou não irá ingressar no céu
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    já foi decidido antes do nascimento
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    e que nada que uma pessoa faça, durante
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    sua vida, pode alterar isso.
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    Alguns cristãos são firmemente
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    separatistas, distanciando-se daqueles que
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    estão fora do grupo, os quais rotulam com
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    com palavras como "mundanos".
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    Outros cristãos promovem inclusão e
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    diálogo inter-religioso.
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    Alguns judeus insistem que a Torá
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    é a palavra de sua divindade;
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    outros judeus veem a Torá
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    como uma coleção de escritos humanos
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    falíveis, o que muda a forma como
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    se relacionam com as instruções
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    contidas neles.
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    Também há confltos acerca de rituais:
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    alguns judeus acreditam que homens e
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    mulheres estão aptos a recitar em público
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    uma oração matinal chamada "kaddish";
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    outros acreditam que essa recitação
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    deveria ser reservada aos homens.
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    Essas denominações específicas promovem
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    princípios incompatíveis; assim, alegar
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    que elas representam uma tradição moral
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    unificada é inadmissível.
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    Mesmo quando ignoramos os valores
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    conflitantes entre judaísmo e cristianismo
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    e focamos nos pontos em comum,
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    encontramos problemas.
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    Quando consideramos textos que ambas as
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    religiões consideram sagrados, eles contém
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    instruções para condenar uma longa lista
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    de pessoas à morte.
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    Naturalmente, mesmo aquelas denominações
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    que insistem que suas escrituras
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    incorporam valores morais eternos e
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    imutáveis não cumprem tais instruções,
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    o que demonstra uma clara dissociação
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    entre os valores morais do texto e aquilo
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    que judeus e cristãos fazem na prática.
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    É claro, quando um livro sagrado nos diz
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    para matarmos blasfemadores, crianças
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    desordeiras, não-crentes, adúlteros e
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    amantes do mesmo sexo, melhor ser
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    hipócrita e não cumprir tais instruções
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    bárbaras, do que cometer as tais matanças,
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    só para poder ser moralmente consistente
  • 9:49 - 9:50
    com um livro imoral.
  • 9:50 - 9:53
    Mas, não seria melhor, quando seu próprio
  • 9:53 - 9:55
    senso moral lhe diz que uma instrução
  • 9:55 - 9:57
    é errada, rejeitar a autoridade
  • 9:57 - 9:58
    da instrução?
  • 9:59 - 10:01
    Quando um livro supostamente sagrado
  • 10:01 - 10:03
    diz para você cumprir execuções que
  • 10:03 - 10:05
    você mesmo sabe que são imorais, não seria
  • 10:05 - 10:07
    a solução mais clara reconhecer que o dito
  • 10:07 - 10:08
    livro não é sagrado coisa alguma?
  • 10:09 - 10:11
    E que nenhuma moralidade civilizada pode
  • 10:11 - 10:12
    abrigar tais valores?
  • 10:13 - 10:15
    Há uma clivagem fundamental entre os
  • 10:15 - 10:17
    valores das escrituras e valores morais
  • 10:17 - 10:19
    modernos a respeito da importância
  • 10:19 - 10:20
    dos atos.
  • 10:20 - 10:22
    Salvo algumas notáveis exceções,
  • 10:22 - 10:24
    por exemplo, em casos involvendo doença
  • 10:24 - 10:26
    ou coerção, julgamos as pessoas como
  • 10:26 - 10:28
    responsáveis por suas próprias ações e
  • 10:28 - 10:29
    esperamos que assumam sua
  • 10:29 - 10:31
    responsabilidade pessoal.
  • 10:32 - 10:34
    O cristianismo, ao contrário, discarta
  • 10:34 - 10:36
    esse valor fundamental, substituindo a
  • 10:36 - 10:38
    aceitação de Jesus como a única
  • 10:38 - 10:39
    consideração.
  • 10:41 - 10:43
    Superficalmente, a Bíblia contém várias
  • 10:43 - 10:45
    instruções sobre comportamento;
  • 10:45 - 10:47
    mas, em última instância, atos não contam
  • 10:47 - 10:48
    no cristianismo.
  • 10:49 - 10:51
    Uma vida inteira de atos maus é obliterada
  • 10:51 - 10:52
    pela aceitação de Jesus.
  • 10:53 - 10:54
    Uma vida inteira de atos bons
  • 10:54 - 10:56
    é obliterada pela falha em aceitá-lo.
  • 10:57 - 10:59
    Outra clivagem fundamental é observada no
  • 10:59 - 11:02
    contraste entre instrução moral religiosa
  • 11:02 - 11:04
    de base mandamental, que fornece nenhum
  • 11:04 - 11:06
    outro fundamento que não seja autoridade
  • 11:06 - 11:08
    divina, e que comumente proíbe desafio e
  • 11:08 - 11:11
    crítica; e moral secular, construída a
  • 11:11 - 11:13
    partir de um processo de raciocínio
  • 11:13 - 11:14
    independente, envolvendo contínua
  • 11:14 - 11:16
    discussão crítica e educação.
  • 11:17 - 11:19
    Tais diferenças não são triviais.
  • 11:19 - 11:21
    Elas têm consequências profundas na
  • 11:21 - 11:23
    totalidade do nosso relacionamento
  • 11:23 - 11:24
    com moralidade.
  • 11:25 - 11:26
    Se nos perguntam por que
  • 11:26 - 11:28
    comportamento X é moralmente condenável,
  • 11:28 - 11:29
    e tudo que podemos dizer é:
  • 11:29 - 11:31
    "porque um deus disse"
  • 11:31 - 11:34
    ou "por que meu livro sagrado disse"
  • 11:34 - 11:38
    ou "por que é assim que fui criado/a",
  • 11:38 - 11:41
    então chegamos a resposta moral nenhuma,
  • 11:41 - 11:42
    simplesmente aceitamos o que
  • 11:42 - 11:43
    nos mandaram pensar.
  • 11:44 - 11:46
    Quando fazemos aquilo que nos mandam,
  • 11:46 - 11:47
    sem nenhuma reflexão interveniente,
  • 11:47 - 11:50
    copiando os outros, ou simplesmente agindo
  • 11:50 - 11:53
    por medo de represálias ou esperando
  • 11:53 - 11:55
    recompensas, não estamos exercendo nossa
  • 11:55 - 11:57
    agência moral individual.
  • 11:58 - 12:00
    Alan diz que comportamento X
  • 12:00 - 12:01
    é moralmente condenável,
  • 12:01 - 12:03
    mas se basea em autoridade religiosa
  • 12:03 - 12:04
    ou tradição
  • 12:04 - 12:06
    para justificar sua posição.
  • 12:06 - 12:08
    Ben diz que comportamento X é condenável,
  • 12:08 - 12:10
    mas justifica sua posição com um exercício
  • 12:10 - 12:12
    válido da razão.
  • 12:12 - 12:13
    Ambos tem a mesma opinião
  • 12:13 - 12:14
    sobre o comportamento,
  • 12:14 - 12:16
    mas a perpectiva moral de Ben
  • 12:16 - 12:17
    não deve nenhum reconhecimento
  • 12:17 - 12:19
    à religião de Alan.
  • 12:19 - 12:21
    O fato de religiões promoverem valores
  • 12:21 - 12:23
    não significa que tais valores são
  • 12:23 - 12:24
    corroborados por um raciocínio válido.
  • 12:25 - 12:27
    Alías, é através da aplição de um
  • 12:27 - 12:29
    raciocínio criterioso que conseguimos
  • 12:29 - 12:31
    continuar revelando a imoralidade de
  • 12:31 - 12:33
    vários valores religiosos celebrados
  • 12:33 - 12:34
    ao longo da história.
  • 12:35 - 12:37
    Dentre uma série de estórias repreensíveis
  • 12:37 - 12:39
    nas escrituras judaicas e cristãs, estão
  • 12:39 - 12:41
    as descrições de atrocidades cometidas
  • 12:41 - 12:43
    contra crianças.
  • 12:43 - 12:46
    No Livro dos Números do Velho Testamento
  • 12:46 - 12:48
    e no seu equivalente da Bíblia Hebraica,
  • 12:48 - 12:50
    Bamidbar, encontramos o profeta Moisés
  • 12:50 - 12:52
    dando instruções para matar todas as
  • 12:52 - 12:54
    crianças do sexo masculino dos midianitas
  • 12:54 - 12:55
    e manter as crianças virgens do sexo
  • 12:55 - 12:58
    feminino como estoque sexual.
  • 12:59 - 13:01
    Isso vindo do profeta famoso por proferir
  • 13:01 - 13:03
    o Decálogo - dez mandamentos, alegadamente
  • 13:03 - 13:05
    "divinos", reguladores da conduta,
  • 13:05 - 13:07
    pensamento e culto.
  • 13:09 - 13:10
    A letra da canção "Rivers of Babylon"
  • 13:10 - 13:11
    dos The Melodians,
  • 13:11 - 13:13
    popularizada mais tarde por Boney M.,
  • 13:13 - 13:16
    foi tirada do salmo 137 da Bíblia.
  • 13:17 - 13:19
    A canção focaliza as partes
  • 13:19 - 13:21
    do salmo que exprimem sentimentos de
  • 13:21 - 13:22
    vitimização, recontando como os judeus
  • 13:22 - 13:24
    foram levados como prisioneiros pelos
  • 13:24 - 13:26
    babilônios e tiveram que cantar canções.
  • 13:27 - 13:28
    "Rivers of Babylon"
  • 13:28 - 13:30
    talvez não teria feito tanto sucesso,
  • 13:30 - 13:32
    se tivesse incluído o verso 9 do salmo,
  • 13:32 - 13:34
    que se deleita com uma forma peculiar
  • 13:34 - 13:36
    de vingança contra os babilônios.
  • 13:37 - 13:39
    Declara: "Feliz aquele que
  • 13:39 - 13:41
    pegar os seus filhos e os despedaçar
  • 13:41 - 13:42
    contra as rochas!"
  • 13:43 - 13:45
    Alguns apopolgistas têm alegado que a
  • 13:45 - 13:47
    palavra "filhos" não se refere
  • 13:47 - 13:49
    literalmente a crianças; teria meramente o
  • 13:49 - 13:51
    mesmo sentido que tem na frase "filhos de
  • 13:51 - 13:53
    Israel", referindo-se ao povo babilônico.
  • 13:54 - 13:58
    Mas Isaías 13:16 ecoa a passagem no salmo
  • 13:58 - 13:59
    e claramente se refere LITERALMENTE
  • 13:59 - 14:00
    a crianças.
  • 14:01 - 14:03
    Escrevendo nos anos 1700, o batista
  • 14:03 - 14:05
    John Gill, em sua "Exposição do Antigo
  • 14:05 - 14:07
    e do Novo Testamento" comentou:
  • 14:07 - 14:09
    "Ainda que pareça crueldade,
  • 14:09 - 14:12
    foi tão somente uma retaliação justa."
  • 14:12 - 14:14
    Ele alega que "não foi algo feito
  • 14:14 - 14:15
    com espírito de vingança,
  • 14:15 - 14:17
    mas para a glória da justiça divina."
  • 14:18 - 14:20
    A glorificação do infanticídio
  • 14:20 - 14:21
    não é um valor que formula
  • 14:21 - 14:23
    nossa moralidade hoje em dia.
  • 14:24 - 14:26
    As bíblias judaica e cristã contém
  • 14:26 - 14:29
    uma ampla série de mensagens, desde
  • 14:29 - 14:31
    estórias de grande compaixão e ternura
  • 14:31 - 14:33
    até relatos repugnantes
  • 14:33 - 14:34
    das mais vis brutalidades.
  • 14:35 - 14:38
    Há fofura e há carnificina.
  • 14:38 - 14:40
    Mas mesmo algumas coisas "fofas",
  • 14:40 - 14:41
    não são tão fofas assim,
  • 14:41 - 14:43
    se observadas mais de perto.
  • 14:43 - 14:45
    Como ex-cristão, fui ensinado a ver
  • 14:45 - 14:47
    Jesus como a encarnação do amor.
  • 14:47 - 14:50
    Mas o fato é que Jesus não respeitava
  • 14:50 - 14:51
    relacionamentos afetivos que não
  • 14:51 - 14:54
    incluíssem ele, declarando enciumado:
  • 14:54 - 14:57
    "Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim
  • 14:57 - 15:00
    não é digno de mim; e quem ama o filho ou
  • 15:00 - 15:01
    a filha mais do que a mim,
  • 15:01 - 15:03
    não é digno de mim."
  • 15:04 - 15:05
    Essa abordagem de "amor sob demanda"
  • 15:05 - 15:08
    também aparece no comando de Jesus "amai
  • 15:08 - 15:10
    vossos inimigos" e em incontáveis comandos
  • 15:10 - 15:12
    para amar Javé, empregando incitações e
  • 15:12 - 15:15
    ameaças para obter conformidade.
  • 15:16 - 15:18
    A noção de ordenar pessoas a amarem nega
  • 15:18 - 15:20
    a natureza autônoma do amor.
  • 15:21 - 15:22
    Quem hoje em dia aceitaria se submeter a
  • 15:22 - 15:24
    autorização alheia para amar?
  • 15:24 - 15:26
    Falando em relacionamentos,
  • 15:26 - 15:28
    o termo "codependência" se refere a
  • 15:28 - 15:29
    relacionamentos nos quais
  • 15:29 - 15:31
    um parceiro depende do outro
  • 15:31 - 15:33
    como fonte externa de autovalorização,
  • 15:33 - 15:35
    aprovação ou identidade, em vez de
  • 15:35 - 15:37
    ser capaz de cultivar essas qualidades
  • 15:37 - 15:38
    dentro de si mesmo.
  • 15:39 - 15:40
    A codependência é reconhecida
  • 15:40 - 15:42
    como um modelo de relacionamento
  • 15:42 - 15:43
    altamente disfuncional.
  • 15:44 - 15:44
    Porém,
  • 15:44 - 15:46
    é o modelo de relacionamento derradeiro
  • 15:46 - 15:48
    nas escrituras jucaicas e cristãs,
  • 15:48 - 15:50
    onde se torna teo-dependência.
  • 15:51 - 15:53
    Aqui também, em vez de
  • 15:53 - 15:55
    serem cultivadas a partir de dentro,
  • 15:55 - 15:57
    autovalorização, aprovação e identidade
  • 15:57 - 15:59
    são buscadas a partir de uma fonte externa
  • 15:59 - 16:01
    - dessa vez, um deus -
  • 16:01 - 16:03
    deixando muitos seguidores vulneráveis a
  • 16:03 - 16:06
    todo tipo de abuso e manipulação.
  • 16:07 - 16:08
    A doutrina da punição eterna,
  • 16:08 - 16:10
    promovida pelo cristianismo,
  • 16:10 - 16:11
    é profundamente imoral,
  • 16:11 - 16:13
    representando a desproporção
  • 16:13 - 16:14
    mais extrema possível
  • 16:14 - 16:17
    entre transgressão e pena.
  • 16:17 - 16:20
    Ao descartar redenção ou reabilitação,
  • 16:20 - 16:21
    constitui nada mais que
  • 16:21 - 16:24
    sadismo gratuito eterno.
  • 16:24 - 16:26
    A doutrina cristã fundamental
  • 16:26 - 16:28
    da expiação substitucionária
  • 16:28 - 16:30
    propõe que o sacrifício de uma pessoa
  • 16:30 - 16:32
    supostamente inocente pode redimir
  • 16:32 - 16:33
    pecados alheios.
  • 16:34 - 16:35
    Pensadores seculares
  • 16:35 - 16:36
    têm denunciado esse conceito
  • 16:36 - 16:38
    como uma marcante perversão
  • 16:38 - 16:40
    da responsabilidade moral.
  • 16:41 - 16:43
    Nascido nos anos 1700,
  • 16:43 - 16:46
    Thomas Paine, um dos "pais fundadores"
  • 16:46 - 16:47
    dos EUA comentou:
  • 16:47 - 16:49
    "Se eu tenho uma dívida
  • 16:49 - 16:51
    que não consigo pagar, e o credor
  • 16:51 - 16:52
    me ameaçar com prisão,
  • 16:52 - 16:54
    outra pessoa pode assumir a dívida
  • 16:54 - 16:55
    e pagar em meu lugar;
  • 16:55 - 16:57
    mas se eu cometi um crime,
  • 16:57 - 17:00
    todas as circunstâncias do caso mudam.
  • 17:00 - 17:02
    A justiça moral não pode
  • 17:02 - 17:04
    tomar o inocente pelo culpado,
  • 17:04 - 17:07
    mesmo se o inocente se oferecer;
  • 17:07 - 17:09
    supor que a justiça possa fazer isso,
  • 17:09 - 17:10
    equivale a destruir os princípios
  • 17:10 - 17:12
    de sua existência,
  • 17:12 - 17:13
    que é a coisa em si mesa.
  • 17:14 - 17:16
    Cessará, assim, de ser justiça
  • 17:16 - 17:18
    passando ser vingança indiscriminada."
  • 17:21 - 17:25
    Recebendo crédito não merecido
  • 17:26 - 17:28
    No seu livro "Deus criou o Humanismo:
  • 17:28 - 17:31
    A Base Cristã dos Valores Seculares",
  • 17:31 - 17:33
    Theo Hobson busca dar o mérito pelo
  • 17:33 - 17:36
    pensamento moral moderno ao cristianismo.
  • 17:36 - 17:39
    Ele afirma: "O humanismo secular emergiu
  • 17:39 - 17:42
    gradualmente a partir da cultura cristã,
  • 17:42 - 17:44
    o que significa que os princípios
  • 17:44 - 17:46
    humanistas modernos de liberdade e
  • 17:46 - 17:48
    igualdade têm raízes no cristianismo."
  • 17:49 - 17:51
    Se autovalorização emergir gradualmente
  • 17:51 - 17:54
    de dentro de uma família abusiva,
  • 17:54 - 17:56
    significa isso que tal autovalorização
  • 17:56 - 17:57
    tem raíz no abuso?
  • 17:58 - 18:01
    Se ciência emergir gradualmente
  • 18:01 - 18:02
    de um cultura que rejeita ciência
  • 18:02 - 18:04
    em favor de superstição,
  • 18:04 - 18:05
    significa isso que tal ciência
  • 18:05 - 18:06
    tem raíz na superstição?
  • 18:08 - 18:11
    Às vezes, valores surgem numa tentativa de
  • 18:11 - 18:14
    libertar os seres humanos da influência
  • 18:14 - 18:16
    retrógrada da cultura circundante;
  • 18:16 - 18:18
    e eles emergem a despeito dos
  • 18:18 - 18:19
    esforços máximos empreendidos por
  • 18:19 - 18:22
    essa cultura para sufocar e suprimí-los.
  • 18:23 - 18:25
    Hobson afirma: "Na metade do século XX,
  • 18:25 - 18:28
    o ideário dos direitos humanos universais
  • 18:28 - 18:29
    foi lançado por pensadores e estadistas
  • 18:29 - 18:31
    majoritariamente cristãos."
  • 18:31 - 18:33
    Uma rede de cafés poderia ser lançada por
  • 18:33 - 18:35
    pensadores majoriatariamente cristãos.
  • 18:35 - 18:36
    Isso não significa
  • 18:36 - 18:37
    que café tenha raízes cristãs.
  • 18:38 - 18:40
    Cristãos fazem todo tipo de coisas
  • 18:40 - 18:41
    - boas, ruins e indiferentes -
  • 18:41 - 18:44
    que não têm nada a ver com sua religião.
  • 18:44 - 18:46
    Não é suficiente dizer
  • 18:46 - 18:48
    que algo foi feito por cristãos.
  • 18:48 - 18:50
    A fim de dar crédito ao
  • 18:50 - 18:52
    cristianismo, é preciso demonstrar um
  • 18:52 - 18:54
    trajeto ideológico consistente até o
  • 18:54 - 18:55
    próprio cristianismo.
  • 18:56 - 18:57
    E quando buscamos esse trajeto,
  • 18:57 - 18:59
    encontramos o problema
  • 18:59 - 19:00
    mencionado anteriormente:
  • 19:01 - 19:03
    o trajeto se bifurca repetidas vezes em
  • 19:03 - 19:04
    direções conflitantes.
  • 19:05 - 19:06
    Isso ajuda a explicar por que,
  • 19:06 - 19:08
    historicamente, muitas vezes vimos
  • 19:08 - 19:10
    cristãos nos dois lados de uma disputa.
  • 19:11 - 19:12
    Na metado do século XIX,
  • 19:12 - 19:15
    no contexto da escravidão nos EUA,
  • 19:15 - 19:17
    havia cristãos abolicionistas
  • 19:17 - 19:18
    e cristãos escravagistas.
  • 19:19 - 19:21
    Uma religão proclamada como a fonte
  • 19:21 - 19:23
    dos direitos humanos universais deveria
  • 19:23 - 19:24
    deveria inequivocamente condenar
  • 19:24 - 19:26
    o tratamento de pessoas como propriedade.
  • 19:27 - 19:28
    Mas não é o caso.
  • 19:29 - 19:30
    Ao contrário,
  • 19:30 - 19:32
    as escrituras cristã e judaica,
  • 19:32 - 19:34
    explicitamente endossam a prática,
  • 19:34 - 19:36
    até mesmo propondo um conjunto de leis
  • 19:36 - 19:37
    para regulamentá-la.
  • 19:38 - 19:40
    Uma religião que aceita tudo
  • 19:40 - 19:42
    não representa nada.
  • 19:43 - 19:44
    Hobson escreve:
  • 19:44 - 19:45
    "O cristianismo deu origem
  • 19:45 - 19:47
    a um universalismo moral,
  • 19:47 - 19:48
    que de certa forma
  • 19:48 - 19:49
    é mais universal que ele mesmo -
  • 19:50 - 19:52
    pois o moralismo universal secular é capaz
  • 19:52 - 19:54
    de ser mais universalista ainda,
  • 19:54 - 19:57
    ao desconsiderar diferenças religiosas e
  • 19:57 - 20:00
    afirmar a unidade humana fundamental."
  • 20:01 - 20:02
    Hobson tenta dar o mérito
  • 20:02 - 20:04
    pela emergência da moralidade secular
  • 20:04 - 20:05
    ao cristianismo,
  • 20:05 - 20:06
    ao mesmo tempo admitindo
  • 20:06 - 20:08
    que a moralidade secular,
  • 20:08 - 20:10
    ao desconsiderar diferenças religiosas,
  • 20:10 - 20:12
    demonstra uma perspectiva moral
  • 20:12 - 20:14
    mais avançada que o cristianismo,
  • 20:14 - 20:16
    cujas doutrinas reiteradamente excluem
  • 20:16 - 20:18
    e condenam aqueles que
  • 20:18 - 20:21
    sinceramente não veem razão válida
  • 20:21 - 20:23
    ou evidência para crenças sobrenaturais.
  • 20:24 - 20:26
    O mérito por avanços morais seculares
  • 20:26 - 20:28
    vai para pensadores SECULARES,
  • 20:28 - 20:30
    não para o cristianismo.
  • 20:31 - 20:32
    A palavra "secular"
  • 20:32 - 20:34
    muitas vezes é erroneamente definida
  • 20:34 - 20:35
    como "ateísta",
  • 20:35 - 20:37
    mas pensadores seculares podem ser
  • 20:37 - 20:39
    religiososo ou não-religiosos.
  • 20:39 - 20:41
    "Pensamento secular" só significa
  • 20:41 - 20:43
    que a pessoa não fica recorrendo
  • 20:43 - 20:45
    a argumentos de fé - e é por isso que,
  • 20:45 - 20:46
    nesses casos,
  • 20:46 - 20:48
    o mérito vai para o pensador
  • 20:48 - 20:49
    e não para qualquer fé que seja.
  • 20:50 - 20:51
    Ele continua dizendo:
  • 20:51 - 20:53
    "O cristianismo deveria afirmar
  • 20:53 - 20:55
    o humanismo secular como
  • 20:55 - 20:56
    ideologia pública,
  • 20:56 - 20:59
    mas também dizer que é inadequado,
  • 20:59 - 21:03
    pois limitado à esfera pública prática,
  • 21:03 - 21:04
    a superfície da vida,
  • 21:04 - 21:06
    não contendo uma explicação marcante
  • 21:06 - 21:07
    do sentido e propósito da vida,
  • 21:07 - 21:09
    gravitando em direção a um
  • 21:09 - 21:11
    evasivo encolher de ombros."
  • 21:12 - 21:13
    O humanismo secular
  • 21:13 - 21:14
    não tem que prestar conta
  • 21:14 - 21:16
    do "sentido" ou "propósito" da vida.
  • 21:17 - 21:18
    Muitos pensadores seculares sequer
  • 21:18 - 21:20
    concordam que a vida tenha "sentido"
  • 21:20 - 21:21
    ou "propósito" intrínsecos.
  • 21:21 - 21:23
    Assim, o fato de não oferecer
  • 21:23 - 21:25
    explicações de "sentido" ou "propósito"
  • 21:25 - 21:27
    não representa uma deficiência ou evasiva,
  • 21:27 - 21:29
    mas uma divergência.
  • 21:30 - 21:32
    Se Hobson deseja sustentar a alegação
  • 21:32 - 21:34
    de que a vida tem sentido ou propósito,
  • 21:34 - 21:36
    cabe a ele o ônus de fornecer argumentos
  • 21:36 - 21:37
    que corroborem com tal afirmação.
  • 21:38 - 21:40
    Se ele não consegue sustentá-la,
  • 21:40 - 21:41
    então é a posição dele que
  • 21:41 - 21:43
    se reduz a um evasivo encolher de ombros.
  • 21:44 - 21:45
    Hobson afirma:
  • 21:45 - 21:48
    "Ideais humanitários não são naturais,
  • 21:48 - 21:50
    nem tampouco são racionalmente deduzíveis;
  • 21:50 - 21:52
    são tradições culturais complexas,
  • 21:52 - 21:54
    um caldo preparado ao longo de séculos.
  • 21:54 - 21:56
    E o ingrediente principal desse caldo
  • 21:56 - 21:58
    foi a estória de como Deus
  • 21:58 - 22:00
    tomou partido e mesmo a forma
  • 22:00 - 22:02
    da vítima oprimida."
  • 22:03 - 22:05
    Humanitarismo tem a ver com a promoção
  • 22:05 - 22:06
    do bem-estar humano,
  • 22:06 - 22:08
    e ideiais humanitários
  • 22:08 - 22:10
    podem ser uma mistura entre
  • 22:10 - 22:12
    tutelados e naturais.
  • 22:13 - 22:15
    Como notamos previamente,
  • 22:15 - 22:16
    podemos ver os elementos básicos
  • 22:16 - 22:18
    de empatia e equidade
  • 22:18 - 22:20
    no comportamento pró-social de animais
  • 22:20 - 22:22
    e não temos motivo para acreditar
  • 22:22 - 22:23
    que só os seres humanos
  • 22:23 - 22:25
    precisam que esses mesmos elementos
  • 22:25 - 22:28
    sejam magicamente inseridos neles,
  • 22:28 - 22:29
    através de meios sobrenaturais.
  • 22:30 - 22:31
    É claro,
  • 22:31 - 22:34
    às vezes ideiais precisam ser ensinados,
  • 22:34 - 22:36
    frequentemente para SUPERAR
  • 22:36 - 22:38
    tradições praticadas ao longo de séculos -
  • 22:38 - 22:39
    tradições que
  • 22:39 - 22:42
    condenaram, subjugaram e executaram
  • 22:42 - 22:45
    um número abissal de pessoas
  • 22:45 - 22:46
    com base na ignorância,
  • 22:46 - 22:49
    superstição e pronunciamentos falaciosos
  • 22:49 - 22:51
    de textos religiosos,
  • 22:51 - 22:53
    como as bíblias judaica e cristã,
  • 22:53 - 22:55
    que estabelecem pena de morte
  • 22:55 - 22:57
    para um extenso conjunto de atividades
  • 22:57 - 22:59
    inofensivas, incluindo colher galhos
  • 22:59 - 23:01
    no dia errado da semana.
  • 23:02 - 23:03
    Em parte, o que permitiu que
  • 23:03 - 23:05
    muitas atividades pudessem ser condenadas
  • 23:05 - 23:07
    foi o discutível termo religioso
  • 23:07 - 23:08
    "pecado",
  • 23:08 - 23:11
    que não tem um equivalente secular exato.
  • 23:11 - 23:12
    Com o "pecado",
  • 23:12 - 23:15
    vemos a invenção de uma categoria nebulosa
  • 23:15 - 23:17
    passível de abarcar qualquer comportamento
  • 23:17 - 23:19
    ou pensamento que represente uma
  • 23:19 - 23:22
    transgressão contra algum deus ou deuses,
  • 23:22 - 23:24
    sem necessidade de ofecer qualquer
  • 23:24 - 23:25
    evidência de dano.
  • 23:26 - 23:28
    Só quando aplicamos razão dedutiva,
  • 23:28 - 23:29
    no lugar de
  • 23:29 - 23:31
    pronunciamentos morais dogmáticos
  • 23:31 - 23:32
    é que somos capaz de superar
  • 23:32 - 23:34
    toda essa selvageria supersticiosa
  • 23:34 - 23:36
    e ver atividades inofensivas
  • 23:36 - 23:37
    tal como realmente são.
  • 23:38 - 23:40
    Como ex-cristão, por anos
  • 23:40 - 23:42
    eu erroneamente vi Jesus como uma vítima.
  • 23:42 - 23:46
    Eu me perdi no drama e na emoção
  • 23:46 - 23:49
    da estória da crucificação e fui dominado
  • 23:49 - 23:51
    pelo doloroso sentimento de culpa
  • 23:51 - 23:52
    que me foi transmitido
  • 23:52 - 23:53
    pelos meus indoutrinadores,
  • 23:53 - 23:55
    que me disseram que Jesus
  • 23:55 - 23:57
    foi crucificado para me salvar.
  • 23:57 - 23:59
    Quando eu mais tarde escapei do túnel
  • 23:59 - 24:01
    da minha indoutrinação,
  • 24:01 - 24:03
    me dei conta de que a figura de Jesus
  • 24:03 - 24:05
    não era vítima coisa alguma.
  • 24:05 - 24:08
    Se Jesus era Javé, em forma humana
  • 24:08 - 24:10
    então Javé livremente escolheu
  • 24:10 - 24:12
    ser crucificado, de acordo com seu próprio
  • 24:12 - 24:14
    desígnio premeditado.
  • 24:15 - 24:18
    Ele tinha o poder de fazer o que quisesse.
  • 24:18 - 24:20
    Não houve coerção ou necessidade.
  • 24:21 - 24:22
    Em contrapartida,
  • 24:22 - 24:24
    vítimas genuínas não tem escolha
  • 24:24 - 24:26
    ou poder sobre suas situações.
  • 24:27 - 24:28
    Sendo um exercício
  • 24:28 - 24:30
    completamente voluntário,
  • 24:30 - 24:32
    a estória da crucificação equivale a
  • 24:32 - 24:34
    nada mais que um flerte divino
  • 24:34 - 24:36
    com sadomasoquismo.
  • 24:36 - 24:39
    Caracterizar Jesus como vítima
  • 24:39 - 24:40
    é um insulto grosseiro
  • 24:40 - 24:41
    a vítmias genuínas.
  • 24:43 - 24:44
    A alegação de que
  • 24:44 - 24:45
    as pessoas que vivem suas vidas
  • 24:45 - 24:47
    sem nenhuma crença em deuses,
  • 24:47 - 24:49
    religião ou no sobrenatural
  • 24:49 - 24:50
    tiveram sua moralidade formada
  • 24:50 - 24:53
    pela tradição ou valores judaico-cristãos
  • 24:53 - 24:56
    pode ser desmantelada de diversas formas.
  • 24:56 - 24:57
    A própria noção de
  • 24:57 - 25:00
    tradições ou valores "judaico-cristãos"
  • 25:00 - 25:01
    está minada de problemas.
  • 25:02 - 25:04
    Não apenas existe uma forte objeção
  • 25:04 - 25:06
    por parte de muitos judeus e cristãos
  • 25:06 - 25:07
    à desajeitada fusão de suas ideologias,
  • 25:07 - 25:09
    como também seus valores
  • 25:09 - 25:12
    e os valores de várias subdenominações
  • 25:12 - 25:14
    mostram significantes conflito
  • 25:14 - 25:16
    e incompatibilidade.
  • 25:16 - 25:18
    Casos isolados de semelhança
  • 25:18 - 25:20
    com valores seculares não querem dizer
  • 25:20 - 25:21
    que os valores seculares tomaram
  • 25:21 - 25:23
    emprestado valores religiosos.
  • 25:23 - 25:25
    Valores seculares podem originar
  • 25:25 - 25:27
    independentemente, sem referência
  • 25:27 - 25:28
    a qualquer texto religioso.
  • 25:29 - 25:31
    Estudos com animais demonstrando
  • 25:31 - 25:32
    noções básicas de empatia,
  • 25:32 - 25:35
    equidade, compaixão e reconciliação
  • 25:35 - 25:38
    também negam a ideia de que religiões são
  • 25:38 - 25:39
    a fonte de nossos valores,
  • 25:39 - 25:40
    assim como a existência
  • 25:40 - 25:42
    de princípios de equidade similares
  • 25:42 - 25:44
    em culturas humanas independentes
  • 25:44 - 25:45
    umas das outras ao redor do mundo.
  • 25:46 - 25:47
    Valores morais seculares
  • 25:47 - 25:48
    podem se desenvenvoler
  • 25:48 - 25:50
    a partir de discussão crítica,
  • 25:50 - 25:51
    admitindo correção de rumos,
  • 25:51 - 25:53
    quando equívocos são descobertos.
  • 25:53 - 25:54
    Julgamentos morais
  • 25:54 - 25:56
    dependem de um exame preciso
  • 25:56 - 25:57
    de informações relevantes.
  • 25:58 - 26:00
    Assim, o próprio princípio de adaptação
  • 26:00 - 26:02
    à luz de novas informações,
  • 26:02 - 26:03
    no lugar do apego dogmático
  • 26:03 - 26:05
    a ideias falaciosas,
  • 26:05 - 26:07
    é um valor importante em si mesmo.
  • 26:08 - 26:09
    Em contapartida,
  • 26:09 - 26:11
    valores religiosos apresentados como
  • 26:11 - 26:14
    eternos, imutáveis, perfeitos...
  • 26:14 - 26:16
    não podem admitir erros,
  • 26:16 - 26:17
    forçando seus adeptos
  • 26:17 - 26:20
    a inventarem contorcidas apologéticas
  • 26:20 - 26:23
    na tentativa de escusarem o inescusável.
  • 26:24 - 26:25
    Historicamente,
  • 26:25 - 26:27
    tanto o judaísmo quanto o cristianismo
  • 26:27 - 26:29
    promoveram e implementaram
  • 26:29 - 26:31
    valores bíblicos que a maioria de nós
  • 26:31 - 26:33
    consideraria abomináveis nos dias atuais.
  • 26:33 - 26:35
    O pensamento secular
  • 26:35 - 26:36
    tem fornecido insights morais
  • 26:36 - 26:39
    expondo os perigos de valores religiosos,
  • 26:39 - 26:41
    impelindo seus seguidores
  • 26:41 - 26:42
    a reavaliarem suas atitudes morais
  • 26:42 - 26:44
    sobre uma série de questões
  • 26:44 - 26:45
    e abrindo caminho
  • 26:45 - 26:47
    para que todos nós possamos avançar
  • 26:47 - 26:48
    para além de sistemas
  • 26:48 - 26:50
    morais e religiosos exclusivos
  • 26:50 - 26:51
    e continuar a desenvolver
  • 26:51 - 26:53
    valores humanos de inclusivos
  • 26:53 - 26:56
    que são relevantes e coerentes.
  • 26:57 - 26:58
    Pensadores seculares
  • 26:58 - 27:00
    não tomaram emprestado "capital moral"
  • 27:00 - 27:02
    do híbrido incoerente que é
  • 27:02 - 27:04
    o "judaico-cristianismo".
  • 27:05 - 27:07
    Não temos uma dívida moral
  • 27:07 - 27:08
    com o "judaico-cristianismo"
  • 27:08 - 27:10
    e não devemos admitir
  • 27:10 - 27:11
    qualquer tentativa por parte dele
  • 27:11 - 27:14
    de apropriar-se da moralidade.
  • 27:14 - 27:16
    "A moralidade não é distintamente cristã,
  • 27:16 - 27:17
    nem tampouco é maometana.
  • 27:17 - 27:19
    A moralidade é humana,
  • 27:19 - 27:20
    não pertence a nenhum 'ismo'
  • 27:20 - 27:22
    e não depende de ser alicerçada
  • 27:22 - 27:23
    no sobrenatural, ou em qualquer livro,
  • 27:23 - 27:25
    ou em qualquer credo.
  • 27:25 - 27:26
    A moralidade
  • 27:26 - 27:27
    é ela mesma um alicerce."
  • 27:27 - 27:29
    (Robert G. Ingersoll)
  • 27:29 - 27:32
    Legendado por: Débora T. F. Silveira
Title:
appropriating morality | how 'the Judeo-Christian tradition' takes false credit [cc]
Description:

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English
Duration:
27:46

Portuguese, Brazilian subtitles

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