Roger Scruton - Why Beauty Matters (2009) - BBC documentary
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0:05 - 0:09Traduzido: Beatriz Angelim
Participação: Felipe Angelim -
0:12 - 0:16Revisão e correção
@jinacio -
0:20 - 0:24Em qualquer tempo, entre 1750 e 1930,
se se pedisse a qualquer pessoa educada -
0:24 - 0:28para descrever o objetivo da poesia,
da arte e da mĂşsica, -
0:30 - 0:32eles teriam respondido: a beleza.
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0:38 - 0:40E se vocĂŞ perguntasse o motivo disto,
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0:41 - 0:43aprenderia que a beleza é um valor
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0:43 - 0:46tĂŁo importante quanto a verdade e a bondade.
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0:53 - 0:57EntĂŁo, no séc. XX,
a beleza deixou de ser importante. -
0:59 - 1:03A arte, gradativamente, se focou em perturbar
e quebrar tabus morais. -
1:04 - 1:06NĂŁo era beleza,
mas originalidade, -
1:06 - 1:09atingida por quaisquer meios
e a qualquer custo moral, -
1:09 - 1:11que ganhava os prĂŞmios.
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1:16 - 1:19NĂŁo somente a arte
fez um culto Ă feiura, -
1:19 - 1:23como a arquitetura se tornou
desalmada e estéril. -
1:24 - 1:27E nĂŁo foi somente o nosso entorno físico
que se tornou feio: -
1:31 - 1:36nossa linguagem, mĂşsica e maneiras,
estĂŁo cada vez mais rudes, -
1:37 - 1:39auto centradas e ofensivas,
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1:39 - 1:43como se a beleza e o bom gosto,
nĂŁo tivessem lugar em nossas vidas. -
1:46 - 1:51Uma palavra é escrita em letras garrafais em todas
estas coisas feias, e a palavra é: EGOISMO. -
1:52 - 1:55"Meus lucros", "meus desejos"
"meus prazeres", -
1:56 - 2:00E a arte nĂŁo tem o que dizer em resposta,
apenas: "sim, faça isso"! -
2:04 - 2:06Penso que estamos perdendo a beleza
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2:07 - 2:10e existe o perigo de que, com isso,
percamos o sentido da vida. -
2:12 - 2:16POR QUE A BELEZA IMPORTA?
Por Roger Scruton -
2:29 - 2:31Sou Roger Scruton,
filósofo e escritor. -
2:32 - 2:34Meu trabalho é fazer perguntas.
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2:37 - 2:41e durante os Ăşltimos anos,
venho fazendo perguntas sobre a beleza. -
2:44 - 2:48A beleza tem sido essencial para a nossa
civilização por mais de 2.000 anos. -
2:49 - 2:51Em seu inicio, na Grécia antiga,
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2:52 - 2:58a filosofia refletiu sobre a
arte, mĂşsica, arquitetura, -
2:58 - 2:59e a vida cotidiana.
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3:05 - 3:07Filósofos argumentaram
que, através da percepção da beleza, -
3:08 - 3:09moldamos o mundo como um lar.
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3:11 - 3:14Também passamos a entender sua própria
natureza, sua essĂŞncia espiritual. -
3:17 - 3:20Mas nosso mundo virou as costas
para a beleza. -
3:20 - 3:25e, por este fato, nos encontramos rodeados
de feiura e alienação. -
3:29 - 3:30Quero persuadi-lo de
que a beleza importa, -
3:31 - 3:33de que nĂŁo é somente algo subjetivo,
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3:34 - 3:36mas uma necessidade
universal do ser humano. -
3:39 - 3:42Se ignoramos esta necessidade,
nos encontramos em um deserto espiritual. -
3:43 - 3:46Quero te mostrar a rota
de fuga deste deserto, -
3:47 - 3:49Este é um caminho que nos leva de volta ao lar.
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4:09 - 4:13Os grandes artistas do passado, estavam
cientes que a vida humana é cheia de caos -
4:14 - 4:15e sofrimento.
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4:16 - 4:18Mas eles tinham um remédio para isto,
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4:18 - 4:21e nome deste remédio, era beleza.
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4:29 - 4:32A bela obra de arte
traz consolação na tristeza -
4:33 - 4:34e afirmação na alegria.
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4:37 - 4:40Ela mostra que a vida humana
vale a pena. -
4:48 - 4:52Muitos artistas modernos se
esqueceram desta sagrada tarefa. -
4:53 - 4:57O caos da vida moderna, eles pensam,
nĂŁo pode ser redimido pela arte. -
4:58 - 5:00Em vez disso, ele deveria ser exposto.
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5:03 - 5:08Este padrĂŁo foi criado quase um século atrás
pelo artista francĂŞs Marcel Duchamp, -
5:09 - 5:13que assinou um urinol com uma
assinatura falsa "R.Mutt" -
5:13 - 5:15e colocou isto numa exibição.
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5:18 - 5:22Seu gesto foi satírico, feito
para zombar do mundo da arte -
5:22 - 5:24e a arrogância que ele contém.
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5:27 - 5:29Mas isto foi interpretado de outra forma,
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5:29 - 5:32mostrando que qualquer coisa poderia ser arte,
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5:34 - 5:37como uma luz que acende e apaga...
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5:40 - 5:43uma lata de excremento...
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5:43 - 5:45até mesmo uma pilha de tijolos.
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5:49 - 5:51NĂŁo tendo mais a arte um estatuto sagrado;
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5:51 - 5:55nĂŁo estando ela mais em um padrĂŁo
moral e espiritual elevado; -
5:56 - 5:58ela se torna apenas mais um gesto humano entre outros,
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5:59 - 6:01nĂŁo mais significativo do
que uma gargalhada ou um grito. -
6:04 - 6:07- Acho que estão fazendo graça conosco!
- Ă uma pilha de tijolos! -
6:14 - 6:16Houve um tempo em que
a arte cultuava a beleza. -
6:16 - 6:19Agora temos um culto Ă feiura, no lugar.
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6:21 - 6:24Sendo o mundo perturbador,
a arte deveria ser perturbadora também. -
6:25 - 6:30Aqueles que procuram beleza na arte apenas
estĂŁo por fora da realidade moderna de beleza. -
6:32 - 6:34Ăs vezes a intenção é nos chocar,
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6:36 - 6:41mas o que é chocante de início, se
torna chato e vazio, quando repetido. -
6:43 - 6:45Isto transforma a arte em uma piada elaborada
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6:46 - 6:48que perdeu a graça,
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6:49 - 6:51se os críticos continuarem a encorajar isto,
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6:52 - 6:54com medo de dizerem que
"o imperador está nu". -
6:58 - 7:02A arte criativa nĂŁo é feita
do nada, somente se tendo uma idéia. -
7:05 - 7:07Sim, idéias podem ser
interessantes e prazerosas, -
7:08 - 7:12mas isto nĂŁo justifica
a apropriação do papel da arte. -
7:14 - 7:17Se uma obra de arte,
nĂŁo é nada mais do que uma idéia, -
7:17 - 7:21qualquer um poderia ser um artista
e qualquer objeto uma obra de arte... -
7:22 - 7:26NĂŁo existe mais nenhuma necessidade de
habilidade, gosto ou criatividade. -
7:31 - 7:38- O que vocĂŞ está tentando fazer,
ao meu ver, é desvalorizar a arte, -
7:39 - 7:43simplesmente dizendo:"se eu disser que isto é uma
obra de arte, isto se torna uma obra de arte!" -
7:44 - 7:47- Sim, mas a expressĂŁo "obra de arte"
nĂŁo é importante para mim! -
7:49 - 7:53NĂŁo me importo com a palavra "arte"
porque ela se tornou tĂŁo... -
7:54 - 7:57descreditada, digamos.
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7:57 - 8:00- Mas vocĂŞ de fato contribuiu para
seu descrédito, intencionalmente. -
8:01 - 8:02- Sim, intencionalmente,
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8:02 - 8:05como uma forma de me livrar dela.
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8:06 - 8:10porque desta mesma forma muitas
pessoas se livraram da religiĂŁo. -
8:12 - 8:15O povo aceitou Duchamp,
com suas próprias avaliaçþes. -
8:16 - 8:20Acredito que ele nĂŁo se livrou da arte,
mas se livrou da criatividade. -
8:23 - 8:27De qualquer forma, os trabalhos de Duchamp
ainda influenciam a arte hoje. -
8:29 - 8:31O artista Michael Craig-Martin,
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8:32 - 8:34que ensinou muitos jovens artistas britânicos,
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8:34 - 8:37cujos trabalhos dominam o mundo da arte,
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8:37 - 8:38segue os exemplos de Duchamp com seu
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8:39 - 8:42próprio trabalho semiótico chamado,
"An Oak Tree" (Um Carvalho). -
8:43 - 8:46que consiste em um copo
de água em uma prateleira, -
8:46 - 8:50e um texto explicando o
porquĂŞ isto é um carvalho. -
8:53 - 8:55- Quando entrei pela primeira vez em
São Pedro e me deparei com Michelângelo, -
8:55 - 9:00pra mim foi uma
experiĂŞncia transportadora, -
9:01 - 9:02minha vida foi mudada por ela.
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9:02 - 9:07VocĂŞ acredita que alguém possa ter
a mesma experiĂŞncia com o "Urinol" de Duchamp, -
9:07 - 9:10ou talvez com seu "Oak Tree"
que é similar? -
9:11 - 9:18- Eu sei que quando era
adolescente e descobri Duchamp, -
9:18 - 9:24fiquei absolutamente fascinado.
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9:26 - 9:28Eu nĂŁo acho que as pessoas estĂŁo
sobrecarregadas por um senso de beleza -
9:28 - 9:31quando dizem que o "Urinol"
nĂŁo é feito para ser belo. -
9:31 - 9:36Mas isto nĂŁo significa que nĂŁo haja
algo sobre ele que captura a imaginação, -
9:36 - 9:41e eu acho que "capturar a imaginação"
é a chave para o que a arte moderna pretende. -
9:42 - 9:46Duchamp dizia que a arte havia se tornado
muito preocupada com técnica, -
9:46 - 9:48muito preocupada com ótica.
-
9:49 - 9:52Ele acreditava que ela havia se tornado
imoralmente intelectualmente corrompida -
9:53 - 9:57e sua razĂŁo para fazer obras de arte que
nĂŁo se encaixavam neste sistema nĂŁo era cinismo, -
9:58 - 10:00era como para dizer:
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10:00 - 10:04"Estou tentando fazer arte
que nega todas as coisas -
10:04 - 10:08que as pessoas dizem
que a arte deve ter, -
10:08 - 10:12porque estou tentando dizer que o
centro da arte está em outro lugar." -
10:13 - 10:15- Entendo o que quer dizer,
-
10:15 - 10:18as coisas deveriam mudar e
Duchamp estava tentando mudá-las. -
10:19 - 10:22mas, para que outra coisa ele
estava tentando mudá-las? -
10:22 - 10:25- NĂŁo, é... ele nunca poderia imaginar
-
10:26 - 10:30o que aconteceria, ele mesmo, tenho certeza,
-
10:30 - 10:34nĂŁo tinha idéia das proporçþes
que o que ele fez tomariam; -
10:35 - 10:42basicamente que uma obra de arte é
uma obra de arte porque pensamos assim. -
10:43 - 10:46Acho também importante dizer
que a noção de arte foi estendida -
10:46 - 10:49para incluir coisas em que nĂŁo pensávamos.
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10:49 - 10:53Esta é parte da função da arte:
tornar belo, fazer alguém ver algo como belo, -
10:53 - 10:56algo que ninguém havia visto como belo até o momento.
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10:56 - 10:58- Sim, como a "lata de merda"...
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10:58 - 11:01- Bem, er, nĂŁo estou certo se é algo bonito,
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11:01 - 11:04mas se vocĂŞ tomar um exemplo
que nĂŁo está tentando ser belo, -
11:04 - 11:06se vocĂŞ pegar um Jeff Koons...
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11:07 - 11:11Jeff Koons tem feito coisas
que sĂŁo verdadeiramente bonitas. -
11:12 - 11:16- Parece muito Kitsch para mim, porém
os de Kitsch eram todos agradáveis... -
11:17 - 11:19- Este é o objetivo, a essĂŞncia de seu trabalho.
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11:20 - 11:21- Qual é a utilidade desta arte,
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11:22 - 11:24em que isto ajuda as pessoas?
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11:25 - 11:33- Eu penso que...espero que isto permita
as pessoas a ver o mundo no qual vivem, -
11:33 - 11:37num sentido de que isto dĂŞ mais sentido a ele.
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11:37 - 11:42E nĂŁo é o mundo de um mundo ideal,
de outro mundo ou de algum lugar melhor, -
11:43 - 11:47mas o aqui e agora, o mundo em
que estĂŁo e em que tentam viver, -
11:48 - 11:52porém mais fácil do que o real.
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12:01 - 12:03EntĂŁo, a arte de hoje nos mostra o mundo
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12:03 - 12:07como ele é, o aqui e agora
e todas as suas imperfeiçþes. -
12:08 - 12:10Porém, é seu resultado REALMENTE arte?
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12:13 - 12:17Certamente algo nĂŁo é uma obra de arte
só por mostrar a realidade, -
12:18 - 12:21incluindo a feiura,
e se auto chamar de arte. -
12:35 - 12:40A arte necessita de criatividade,
e criatividade, é sobre dividir, -
12:41 - 12:44chamar os outros para ver o
mundo como o artista o vĂŞ. -
12:47 - 12:50Ă por este motivo que vemos beleza
na arte inocente das crianças. -
12:51 - 12:55Crianças não estão nos dando
idéias no lugar de imagens criativas, -
12:56 - 12:58nem estĂŁo se afundando em feiura.
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12:59 - 13:03Elas estĂŁo tentando afirmar o mundo
como o vĂŞem, e dividir o que sentem. -
13:07 - 13:10Algo da criatividade
deliciosamente pura das crianças, -
13:10 - 13:13sobrevive em cada verdadeira obra de arte.
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13:14 - 13:18Mas criatividade nĂŁo é suficiente,
e o talento do verdadeiro artista, -
13:18 - 13:23é mostrar o real sob a luz do ideal,
e entĂŁo, transfigurá-lo. -
13:28 - 13:32Isto é o que Michelângelo alcança
em seu grande retrato de David. -
13:35 - 13:38Mas quando encontramos uma
cópia em concreto de David, -
13:38 - 13:41talvez como parte do
arranjo de algum jardim, -
13:41 - 13:42ela nĂŁo é bela de fato,
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13:43 - 13:47pois lhe falta o ingrediente
essencial da criatividade. -
14:05 - 14:08DiscussĂľes do tipo que eu
estive tendo sĂŁo perigosas. -
14:09 - 14:12Em nossa cultura democrática, as
pessoas geralmente pensam que é ameaçador -
14:13 - 14:15julgar o gosto de outra pessoa.
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14:17 - 14:20Alguns se sentem ainda ofendidos com a sugestĂŁo
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14:20 - 14:23de que existe uma diferença
entre bom e mau gosto, -
14:23 - 14:27ou de que importa o que
vocĂŞ olha, lĂŞ ou escuta. -
14:29 - 14:30Mas isto nĂŁo ajuda ninguém.
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14:31 - 14:35Existem padrĂľes de beleza,
que tem firmes bases na natureza humana -
14:35 - 14:39precisamos zelar por eles
e trazĂŞ-los para nossas vidas. -
14:44 - 14:47Talvez as pessoas tenham
perdido a fé na beleza, -
14:47 - 14:49pois perderam a crença em ideais,
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14:50 - 14:54ou apenas por terem passado
a acreditar no mundo do desejo animal. -
14:55 - 14:58NĂŁo existem valores além dos que sĂŁo Ăşteis;
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14:59 - 15:01algo tem valor, se tem utilidade.
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15:02 - 15:03E qual é a utilidade da beleza?
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15:07 - 15:11"Toda arte é absolutamente inĂştil",
disse Oscar Wilde, -
15:11 - 15:13que havia notado isto como um elogio.
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15:14 - 15:18Para Wilde, a beleza tem um
valor maior do que a utilidade. -
15:19 - 15:21Pessoas precisam de coisas inĂşteis tanto quanto,
-
15:21 - 15:25ou mais ainda, precisam de coisas Ăşteis.
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15:26 - 15:28Pense nisto: qual é a utilidade do amor?
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15:29 - 15:30da amizade? da devoção?
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15:31 - 15:33Nenhum, de fato.
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15:33 - 15:36E o mesmo serve para a beleza.
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15:39 - 15:42Nossa sociedade consumista
pensa na utilidade primeiro, -
15:43 - 15:45e a beleza nĂŁo passa
de um efeito colateral. -
15:48 - 15:52Sendo a arte é inĂştil, nĂŁo importa
o que vocĂŞ lĂŞ, o que olha, o que ouve. -
16:00 - 16:02Somos inundados de
mensagens por todos os lados, -
16:03 - 16:06tentados pelo desejo,
indiscriminadamente. -
16:10 - 16:11E esta é uma das razĂľes pela qual
a beleza esta desaparecendo de nosso mundo. -
16:14 - 16:16Recebendo e gastando, vivemos para nada
-
16:17 - 16:19exaustando nossas energias.
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16:21 - 16:26Na nossa cultura de hoje, a propaganda
é mais importante que a obra de arte, -
16:26 - 16:30e as obras de arte sempre tentam ganhar
nossa atenção como as propagandas o fazem, -
16:30 - 16:36sendo rudes ou escandalosos, como
este crânio de platina ornado de pedras, -
16:36 - 16:37por Damien Hirst.
-
16:38 - 16:42Como as propagandas, as obras de arte
de hoje buscam criar uma marca, -
16:42 - 16:46mesmo nĂŁo tendo produto a
vender, exceto elas mesmas. -
17:21 - 17:23A beleza partiu para duas direçþes:
-
17:24 - 17:30para culto da feiura nas artes,
e para o culto da utilidade no cotidiano. -
17:30 - 17:34Estes dois cultos foram, juntos,
para o mundo da arquitetura. -
17:38 - 17:42Na virada do séc XX,
arquitetos, como artistas, -
17:43 - 17:47passaram a ficar impacientes com
a beleza e a substituí-la por utilidade. -
17:51 - 17:55O arquiteto americano, Louis Sullivan,
expressou a crença dos modernistas, -
17:56 - 17:58quando disse que "a forma segue a função".
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17:59 - 18:02Em outras palavras,
"pare de pensar na aparência de uma construção -
18:02 - 18:05e pense, em vez disso, no que ela faz"
-
18:09 - 18:12A doutrina de Sullivan,
tem sido usada para justificar -
18:12 - 18:15o maior crime contra a beleza
que o mundo jamais viu, -
18:15 - 18:18que é o crime da arquitetura moderna.
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18:38 - 18:42Eu cresci nos arredores de Reading,
que era uma charmosa cidade vitoriana, -
18:42 - 18:44com ruas arborizadas e igrejas góticas,
-
18:45 - 18:47coroadas por elegantes
prédios pĂşblicos e hotéis. -
18:48 - 18:51Mas nos anos 60 as coisas começaram a mudar.
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18:51 - 18:55Aqui, no centro, uma rua inteira foi demolida
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18:55 - 18:58para dar lugar a escritórios
e uma estação de ônibus. -
18:58 - 19:02Tudo projetado sem preocupação com a beleza.
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19:03 - 19:08e o resultado prova, claramente,
que se vocĂŞ considerar somente a utilidade, -
19:08 - 19:10as coisas que vocĂŞ construiu,
vĂŁo se tornar inĂşteis. -
19:12 - 19:16Este prédio foi abandonado,
pois ninguém tem uso para isto; -
19:16 - 19:19ninguém tem um uso para isso
pois ninguém quer ficar nele; -
19:19 - 19:22ninguém quer ficar nele
porque ele é feio! -
19:35 - 19:37Para onde olhamos, há feiura e mutilação.
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19:37 - 19:42Os escritórios e a estação
de Ă´nibus foram abandonadas -
19:43 - 19:47e as Ăşnicas coisas que habitam o local
sĂŁo pombos, cobrindo os pavimentos. -
19:48 - 19:51Tudo foi vandalizado.
-
19:52 - 19:54Mas não devemos culpar os vândalos.
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19:54 - 19:56este lugar foi construído por vândalos,
-
19:56 - 20:00os pichadores apenas finalizaram o trabalho.
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20:04 - 20:08A maior parte de nossas
cidades tem áreas como esta, -
20:09 - 20:12em que prédios foram eretos apenas para uso,
-
20:12 - 20:14e que rapidamente se tornaram inĂşteis.
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20:14 - 20:17NĂŁo que os arquitetos tenham
aprendido com este desastre... -
20:34 - 20:36Quando o público começou reagir contra
-
20:36 - 20:39o brutal estilo do concreto nos anos 60,
-
20:39 - 20:43os arquitetos apenas o substituíram
por um novo tipo de lixo: -
20:43 - 20:46paredes de vidro
sustentadas por vigas de ferro -
20:46 - 20:49com detalhes absurdos que nĂŁo combinam.
-
20:49 - 20:55O resultado é um outro tipo de fracasso,
que existe apenas para ser demolido. -
21:11 - 21:17No meio de toda esta tragédia, encontramos
um fragmento das ruas que foram destruídas. -
21:17 - 21:20O que foi uma ferraria, hoje é um café,
-
21:21 - 21:26e as pessoas vĂŞm aqui, de toda a parte,
porque este é a Ăşltima gota de vida que resta; -
21:26 - 21:29e a vida vem da construção.
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21:41 - 21:46Isto me leva novamente à observação de Oscar Wilde,
de que toda arte é absolutamente inĂştil. -
21:47 - 21:50Priorize a utilidade e vocĂŞ a perderá,
-
21:50 - 21:55priorize a beleza e o que vocĂŞ
construir será Ăştil para sempre. -
21:55 - 21:59Ocorre que nada é mais Ăştil que o inĂştil.
-
22:05 - 22:10Nós vemos isto na arquitetura tradicional,
com seus detalhes decorativos, -
22:10 - 22:14ornamentos livres da "tirania do Ăştil",
-
22:14 - 22:16que satisfazem a nossa necessidade por harmonia
-
22:17 - 22:19e de uma forma estranha,
elas nos fazem nos sentir em casa. -
22:20 - 22:23Eles nos lembram de que temos
mais que necessidades práticas, -
22:24 - 22:28nĂŁo somos governados apenas por
instintos básicos como comer e dormir, -
22:29 - 22:33temos necessidades morais e espirituais
também, e se uns precisam ser satisfeitos, -
22:34 - 22:36os outros também.
-
22:57 - 23:00Todos sabemos como é,
até mesmo no dia-a-dia, -
23:00 - 23:03ser transportado de repente
por coisas que vemos, -
23:03 - 23:06do mundo ordinário dos nossos desejos,
-
23:06 - 23:09para a iluminada esfera da contemplação.
-
23:12 - 23:16O raio do sol, a lembrança de
uma melodia, o rosto de uma pessoa amada, -
23:17 - 23:23isto nos toma nos momentos mais distraídos
que, de repente, a vida vale a pena. -
23:30 - 23:37Estes sĂŁo momentos atemporais, em que
sentimos a presença de outro e mais elevado mundo. -
23:40 - 23:43Desde o começo da civilização ocidental,
-
23:43 - 23:46poetas e filósofos viram a experiĂŞncia da beleza
-
23:47 - 23:49como uma aproximação com o divino.
-
23:52 - 23:56PlatĂŁo, escrevendo em Atenas no séc IV a.C,
-
23:56 - 24:01argumentou que a beleza é o sinal
de uma outra ordem, superior. -
24:04 - 24:07"Contemplando a beleza com os olhos da mente, ele escreveu,
-
24:07 - 24:12vocĂŞ será capaz de nutrir a verdadeira
virtude e se tornar amigo de Deus." -
24:16 - 24:18PlatĂŁo era um idealista.
-
24:18 - 24:23ele acreditava que os seres humanos
sĂŁo peregrinos e passageiros neste mundo, -
24:24 - 24:26que estĂŁo sempre aspirando para além dele,
-
24:26 - 24:30para o eterno reino onde estarĂŁo unidos com Deus.
-
24:36 - 24:39Deus existe, em um mundo
transcendente, -
24:40 - 24:44para o qual nós humanos aspiramos,
mas que nĂŁo podemos conhecer diretamente. -
24:47 - 24:51Mas uma forma de vislumbrar
esta esfera divina daqui debaixo, -
24:51 - 24:54é através da experiĂŞncia da beleza.
-
24:58 - 25:01Isto leva a um paradoxo.
-
25:01 - 25:05Para PlatĂŁo, a beleza era primeiramente,
e sobretudo, a beleza do rosto humano -
25:05 - 25:07e da forma humana.
-
25:07 - 25:11O amor da beleza, ele pensou,
se origina em Eros, -
25:11 - 25:13a paixĂŁo que todos nós sentimos.
-
25:14 - 25:17Chamaríamos isto de "amor romântico".
-
25:17 - 25:20Para PlatĂŁo, Eros era uma força cósmica,
-
25:20 - 25:24que flui através de nós
sob a forma de desejo sexual. -
25:28 - 25:31Porém se a beleza humana evoca desejo,
-
25:31 - 25:34como ela pode ter relação com o divino?
-
25:35 - 25:39Desejo é para o indivíduo,
vivendo neste mundo. -
25:39 - 25:41Ă uma paixĂŁo urgente.
-
25:43 - 25:47O desejo sexual nos dá uma escolha:
-
25:47 - 25:50adoração ou lascívia,
-
25:50 - 25:52amor ou luxĂşria.
-
25:53 - 25:57LuxĂşria é sobre tomar, mas amor é sobre dar.
-
26:02 - 26:03LuxĂşria traz a feiura,
-
26:03 - 26:07a feiura da relação humana onde um pessoa trata a outra
-
26:07 - 26:10como um objeto dispensável.
-
26:13 - 26:17Para alcançar a fonte da beleza,
devemos abandonar a luxĂşria. -
26:33 - 26:39E este sentimento, sem a luxĂşria, é o que
queremos dizer hoje com "amor platĂ´nico". -
26:41 - 26:44Quando vemos beleza em uma pessoa,
-
26:44 - 26:47é porque vislumbramos nela
a luz da eternidade -
26:47 - 26:51brilhando de uma fonte
divina, além deste mundo. -
26:57 - 27:01A bela forma humana
é um convite para nos unirmos a ela, -
27:01 - 27:04espiritualmente, nĂŁo fisicamente.
-
27:06 - 27:11O que sentimos sobre beleza é como o que sentimos
sobre religiĂŁo: nĂŁo é um sentimento sensual. -
27:18 - 27:21Esta teoria de PlatĂŁo é magnífica.
-
27:22 - 27:25Beleza, ele pensou,
era uma visitante de outro mundo. -
27:25 - 27:29NĂŁo podemos fazer nada com ela,
salvo contemplar sua radiante pureza. -
27:30 - 27:33Qualquer outra coisa, poluí-a, profana-a,
-
27:33 - 27:35destruindo sua aura sagrada.
-
27:44 - 27:48A teoria de PlatĂŁo pode parecer
ultrapassada para as pessoas de hoje, -
27:49 - 27:52porém é uma das mais
influentes teorias da história. -
27:53 - 27:57Durante nossa civilização, poetas,
contadores de histórias, pintores, -
27:57 - 28:01padres e filósofos, foram inspirados
pela visĂŁo de PlatĂŁo -
28:01 - 28:03sobre sexo e amor.
-
28:08 - 28:12Se olharmos na seção de poesia,
encontraremos muitos livros -
28:12 - 28:15de pessoas que tentavam explicar
a visĂŁo platĂ´nica do erótico. -
28:15 - 28:17Veja este aqui!
-
28:19 - 28:21"The death of Arthur" de Thomas Mallory,
-
28:22 - 28:24John Donne, aqui e ali,
-
28:24 - 28:26"Sir Gawain and the Black Knight",
-
28:27 - 28:29Chaucer, especialmente em "A Knight's Tale",
-
28:29 - 28:31poemas manuscritos de Poe,
-
28:31 - 28:34inacreditáveis expressĂľes da visĂŁo platĂ´nica...
-
28:35 - 28:39Cavalcanti, que foi o mestre de Dante
e Dante mesmo inclusive, -
28:40 - 28:44Spenser, claro "The Faerie Queen",
-
28:44 - 28:46Dafydd ap Gwilym onde temos a versĂŁo
galesa (País de Gales) disto, -
28:47 - 28:50As Mulheres Trubadur, Christina Rossetti,
-
28:51 - 28:53que tem uma visĂŁo mais Vitoriana,
-
28:55 - 28:56e assim vai...
-
29:09 - 29:12O pintor renascentista Sandro Botticelli,
-
29:13 - 29:18ilustrou a teoria nesta famosa pintura,
que mostra o nascimento de VĂŞnus, -
29:18 - 29:20deusa do amor erótico.
-
29:21 - 29:25VĂŞnus olha para o mundo
de um local além do desejo, -
29:26 - 29:29ela nos convida a transcender
nossas paixĂľes terrenas -
29:29 - 29:33e nos unirmos a ela,
através do amor puro Ă beleza -
29:36 - 29:39A musa de Botticelli foi
Simonetta Vespucci. -
29:39 - 29:42Botticelli a amou até
o fim de sua breve vida, -
29:43 - 29:46e pediu para ser enterrado a seus pés.
-
29:46 - 29:51Ela era, para ele, a representação do
ideal de PlatĂŁo: era a beleza a ser contemplada, -
29:51 - 29:53mas nĂŁo possuída.
-
29:57 - 30:03PlatĂŁo e Botticelli nos dizem que a
verdadeira beleza está além do desejo sexual. -
30:03 - 30:07EntĂŁo podemos encontrar beleza
nĂŁo somente em uma pessoa jovem e desejável, -
30:07 - 30:11mas também num rosto envelhecido,
cheio de pesar e sabedoria, -
30:11 - 30:13como a pintura de Rembrandt.
-
30:21 - 30:25A beleza de um rosto é o símbolo
de uma vida expressa nele, -
30:26 - 30:30sua carne se transforma em espírito
e ao fixar nossos olhos nele, -
30:30 - 30:33vemos através da alma.
-
30:36 - 30:39Pintores como Rembrandt foram
importantes por nos mostrarem a beleza -
30:40 - 30:42como algo corriqueiro,
-
30:43 - 30:44ela está ao nosso redor,
-
30:45 - 30:49precisamos apenas dos olhos para
vê-la e do coração para senti-la. -
30:49 - 30:52O acontecimento mais banal
pode ser transformado em algo belo, -
30:53 - 30:56por um pintor que pode ver o coração das coisas.
-
31:09 - 31:12Enquanto a crença em um Deus transcendente
-
31:12 - 31:15estava enraizada na nossa civilização,
-
31:15 - 31:19artistas e filósofos continuaram a ver a beleza
-
31:19 - 31:21do ponto de vista de PlatĂŁo.
-
31:22 - 31:26A beleza era a revelação
de Deus, no aqui e agora. -
31:29 - 31:33Esta religiĂŁo ligada Ă beleza
durou dois mil anos, -
31:34 - 31:39mas no séc XVII a revolução científica
começou a semear a dúvida. -
31:43 - 31:49A visĂŁo medieval aceitou a idéia
de que a terra era o centro do universo, -
31:52 - 31:57EntĂŁo, Copérnico e Galileu, provaram
que a terra gira em torno do sol, -
31:58 - 32:03e Newton completou o trabalho, descrevendo
o universo como um relógio onde -
32:04 - 32:07cada momento se sucede mecanicamente.
-
32:14 - 32:17Esta era a visĂŁo do Iluminismo,
que descrevia nosso mundo -
32:17 - 32:22como se nĂŁo houvesse mais lugar
nele para deuses e espíritos, -
32:22 - 32:25nem para valores e ideais.
-
32:25 - 32:26Sem lugar para nada,
-
32:27 - 32:32além do movimento regular do relógio
que move a Lua em torno da Terra -
32:32 - 32:36e a Terra em torno do Sol
sem nenhum propósito maior. -
32:42 - 32:47No centro do universo newtoniano,
há um vazio com o "formato de Deus", -
32:47 - 32:49um vácuo espiritual,
-
32:49 - 32:52e um filósofo em particular
buscou preencher este vácuo: -
32:53 - 32:55o terceiro Conde de Shaftesbury.
-
32:59 - 33:02A ciĂŞncia explica as coisas,
porém, para Shaftesbury, -
33:03 - 33:06parte do mundo estava ainda,
de alguma forma, incompleta. -
33:06 - 33:09Podemos ver o mundo
por outra perspectiva, -
33:10 - 33:13nĂŁo buscando usá-lo ou explicá-lo,
-
33:13 - 33:20mas simplesmente contemplando sua aparĂŞncia,
como podemos contemplar um campo ou uma flor. -
33:24 - 33:27A idéia de que o mundo é
intrinsecamente significativo, -
33:27 - 33:32coberto de um encantamento que nĂŁo necessita
de doutrina religiosa para percebĂŞ-lo, -
33:32 - 33:34uma vez que é uma profunda
necessidade emocional. -
33:34 - 33:37A beleza nĂŁo foi colocada no mundo por Deus,
-
33:37 - 33:39mas descoberta nele pelas pessoas.
-
33:56 - 33:59O ideal de Shrewsbury
encorajava o culto Ă beleza, -
34:00 - 34:03que elevava a apreciação
da arte e da beleza -
34:04 - 34:07ao papel que fora
ocupado pelo culto Ă Deus. -
34:07 - 34:12A beleza deveria preencher o vazio
com o "formato de Deus", criado pela ciĂŞncia. -
34:16 - 34:22Artistas nĂŁo eram mais ilustradores
das historias sagradas, a serviço da Igreja; -
34:22 - 34:25eles estavam descobrindo
as historias por si mesmos, -
34:25 - 34:28ao interpretar os segredos da natureza.
-
34:29 - 34:32Campos, que costumavam ser meros
panos de fundo para imagens sagradas, -
34:32 - 34:38se tornaram o foco, com
humanos apenas de figuração. -
34:43 - 34:46Mas para Shrewsbury,
nĂŁo era necessária uma obra de arte -
34:46 - 34:49para nos mostrar a beleza do mundo.
-
34:49 - 34:55Apenas devemos olhar para as coisas
com atenção e sentimentalidade. -
34:58 - 35:01Shrewsbury está nos dizendo:
"pare de de usar as coisas, -
35:01 - 35:03de querer explicá-las,
-
35:03 - 35:06contemple-as, em vez disso.
-
35:06 - 35:08Assim entenderemos o que elas significam.
-
35:09 - 35:12A mensagem da flor, é a flor.
-
35:24 - 35:26Budistas Zen disseram coisas semelhantes.
-
35:27 - 35:30somente deixando nossos interesses de lado
-
35:31 - 35:34é que encontraremos da verdade real da flor.
-
35:34 - 35:39Vendo as coisas por este lado,
descobrimos sua beleza. -
35:45 - 35:49O maior filósofo do Iluminismo,
Immanuel Kant, -
35:49 - 35:53foi profundamente influenciado
pelas idéias de Shrewsbury. -
35:54 - 36:00Kant argumentou, que a experiĂŞncia da beleza,
vĂŞm quando abandonamos nossos interesses, -
36:01 - 36:04quando olhamos para as coisas nĂŁo com
a intenção de usá-las para nossos propósitos, -
36:04 - 36:09explicar como elas funcionam,
ou satisfazer alguma necessidade ou desejo, -
36:10 - 36:14mas apenas para observá-las
e assimilar o que elas sĂŁo. -
36:22 - 36:27Considere a alegria que sentimos
ao segurar o bebĂŞ de uma amiga, -
36:28 - 36:30vocĂŞ nĂŁo quer fazer nada com o bebé,
-
36:30 - 36:35vocĂŞ nĂŁo quer comĂŞ-lo, usá-lo para algo,
ou fazer uma experiĂŞncia científica com ele. -
36:37 - 36:42vocĂŞ apenas quer sentir a vida que emana
-
36:42 - 36:48quando vocĂŞ coloca todo o seu foco
neste bebĂŞ e nĂŁo mais em si mesmo. -
36:52 - 36:56Esta é o que Kant descreveu
como uma atitude desinteressada, -
36:56 - 37:01a atitude que permeia
nossa experiĂŞncia da beleza. -
37:03 - 37:06Explicar isto é extremamente difícil,
-
37:06 - 37:10pois se vocĂŞ nĂŁo vivenciou isto,
nĂŁo sabe o que significa. -
37:10 - 37:16Mas todos, ao ouvir boa mĂşsica,
olhar uma paisagem sublime, -
37:17 - 37:21ler um poema que parece conter
a essĂŞncia daquilo que descreve, -
37:22 - 37:25todos que passam por uma experiĂŞncia
como essa dizem: -
37:25 - 37:27"Sim, isto é suficiente!".
-
37:33 - 37:37Mas por que esta experiĂŞncia
é tĂŁo importante ? -
37:37 - 37:41O confronto com a beleza
é tĂŁo imediato, tĂŁo vívido, -
37:42 - 37:46tĂŁo pessoal, que parece difícil
que pertença ao mundo ordinário. -
37:47 - 37:51Sim, a beleza brilha sobre
nós através de coisas comuns. -
37:51 - 37:55Será esta uma característica do
mundo ou apenas nossa imaginação? -
37:59 - 38:04Na maior parte do tempo, nossa vida
gira em torno de nossas preocupaçþes diárias, -
38:04 - 38:08mas Ă s vezes, nosso foco é mudado,
-
38:09 - 38:12na presença algo muito mais importante
-
38:12 - 38:16que nossos desejos e
interesses imediatos, -
38:16 - 38:17algo que nĂŁo é deste mundo.
-
38:20 - 38:21De PlatĂŁo a Kant,
-
38:21 - 38:27filósofos tentaram capturar a peculiar
maneira com a qual a beleza nos comove, -
38:29 - 38:33como um sĂşbito raio de sol,
ou o ímpeto do amor. -
38:34 - 38:37Para PlatĂŁo, a Ăşnica
explicação de tal experiência, -
38:38 - 38:42era sua origem transcendente,
que nos atinge, como a voz de Deus. -
38:47 - 38:50E Kant também,
de uma maneira muito mais sóbria, -
38:50 - 38:55crĂŞ que experienciar a beleza nos conecta
com o mistério máximo da existĂŞncia. -
38:58 - 39:01Através da beleza somos
trazidos à presença do sagrado. -
39:08 - 39:10Podemos entender o que estes
filósofos queriam dizer, -
39:10 - 39:14se refletirmos no que sentimos
na presença da morte, -
39:14 - 39:17especialmente a morte de uma pessoa amada.
-
39:18 - 39:22Olhamos com aversĂŁo para
o corpo cuja a vida se esvaiu, -
39:23 - 39:25relutamos em tocar o corpo,
-
39:26 - 39:29o vemos como nĂŁo exatamente
parte do nosso mundo, -
39:29 - 39:32quase como um visitante de uma outra esfera.
-
39:39 - 39:41E o mesmo sentido do transcendente,
-
39:41 - 39:45emerge da experiĂŞncia que inspirou PlatĂŁo:
-
39:46 - 39:50a experiĂŞncia de se apaixonar.
-
39:54 - 40:00Estas duas coisas sĂŁo parte do universo humano,
e sĂŁo experiĂŞncias de um tipo estranho. -
40:01 - 40:06O rosto e o corpo do ser amado
estĂŁo imbuídos de intensidade de vida, -
40:06 - 40:11mas eles sĂŁo como o corpo de uma pessoa morta
em um aspecto crucial: -
40:12 - 40:15parecem nĂŁo pertencer ao mundo cotidiano.
-
40:17 - 40:21Poetas gastaram muitas
palavras com esta experiĂŞncia, -
40:21 - 40:24que nenhuma palavra parece
descrever completamente. -
40:27 - 40:30Mas estas grandes mudanças no sonho da vida,
-
40:30 - 40:33a necessidade de se unir a outra pessoa,
-
40:33 - 40:35a perda de um ser amado,
-
40:35 - 40:38sĂŁo momentos que entendemos como sagrado.
-
40:52 - 40:55Se olharmos para a historia da beleza ideal,
-
40:55 - 41:01veremos que filósofos e artistas tiveram
boas razĂľes para conectar o belo e o sagrado. -
41:01 - 41:02E de ver nossa necessidade de beleza
-
41:03 - 41:05como algo profundo em nossa natureza.
-
41:05 - 41:08Parte de nossa necessidade de consolação,
-
41:08 - 41:11em um mundo de perigos,
tristeza e sofrimento. -
41:20 - 41:24Hoje muitos artistas olham
para o ideal de beleza com desdém -
41:24 - 41:26e o substituíram por uma vĂŁ forma de viver,
-
41:27 - 41:31que nĂŁo tem real conexĂŁo com
o mundo que agora nos rodeia. -
41:34 - 41:39EntĂŁo houve um desejo de profanar
as experiĂŞncias do sexo e da morte, -
41:39 - 41:42representando-as de forma
trivial e impessoal, -
41:43 - 41:47que destroem todo o senso
de seu significado espiritual. -
41:56 - 41:59Assim como aqueles que abandonaram a religiĂŁo
-
41:59 - 42:01tĂŞm necessidade de zombar da fé que perderam,
-
42:02 - 42:05assim também os artistas, hoje, sentem
a necessidade de tratar a vida humana -
42:06 - 42:10de maneira insignificativa e de
zombar da busca pela beleza. -
42:14 - 42:18Esta deliberada profanação
é também a negação do amor, -
42:18 - 42:23uma tentativa de refazer o mundo como
se o amor nĂŁo fizesse mais parte dele. -
42:23 - 42:27E isto, em minha opiniĂŁo,
é a principal característica -
42:27 - 42:31da cultura pós-moderna,
que é uma cultura sem amor, -
42:31 - 42:35determinada a representar o mundo
como nĂŁo merecedor de ser amado. -
42:42 - 42:46Claro que, este hábito de duelar
com o lado negativo da vida humana -
42:46 - 42:47nĂŁo é novo.
-
42:47 - 42:50Desde o inicio da nossa civilização,
-
42:50 - 42:55civilização esta tem sido uma das tarefas da arte:
pegar o que é mais doloroso na condição humana, -
42:55 - 42:59e redimi-la em uma obra de beleza.
-
43:41 - 43:44A arte tem a habilidade de redimir a vida,
-
43:44 - 43:48encontrando beleza até
nos piores aspectos dela. -
43:50 - 43:55"A Crucificação" de Mantegna, ao mostrar
a mais feia e cruel das mortes, -
43:55 - 43:58alcança um tipo de majestosidade e serenidade,
-
43:58 - 44:01que compensa o horror que mostra.
-
44:02 - 44:08Em face Ă morte, os seres humanos ainda sĂŁo
capazes de mostrar nobreza, compaixĂŁo e dignidade. -
44:08 - 44:14E a arte nos ajuda a aceitar isto,
mostrando-a sobre tal perspectiva. -
44:20 - 44:24E sobre as coisas que nĂŁo sĂŁo trágicas,
mas apenas sórdidas ou depravadas, -
44:24 - 44:27Pode a arte encontrar beleza nelas?
-
44:37 - 44:39Esta pintura de Delacroix,
-
44:39 - 44:43nos mostra a cama do artista,
em toda a sua sórdida desordem. -
44:44 - 44:47Ele imprime beleza em
algo que nĂŁo a possui -
44:48 - 44:52e transmite um tipo de bênção
em seu próprio caos emocional. -
44:55 - 45:00Delacroix diz: "Veja como estes
lençóis relembram os pesadelos -
45:00 - 45:04e a energia atormentada
da pessoa que estava nela -
45:04 - 45:08e como as luzes capturam isto, como se
ainda estivessem animadas pelo dormente" -
45:09 - 45:13A cama é transformada pelo
ato criativo e se transforma -
45:13 - 45:16em um vívido símbolo da condição humana,
-
45:16 - 45:20que estabelece uma ligação entre nós e o artista.
-
45:28 - 45:32Algumas pessoas descrevem a obra
"My Bed", de Tracy Emin neste sentido. -
45:32 - 45:36Porém existe toda diferença no mundo
entre uma verdadeira obra de arte, -
45:36 - 45:40que transforma o feio em belo,
e a falsa obra de arte -
45:40 - 45:43que apenas divide a feiura que mostra.
-
45:46 - 45:52Esta é a vida moderna, representada
em toda a sua aleatoriedade e desordem. -
45:55 - 46:01- O que faz disto uma obra de arte
em vez de uma cama desarrumada? -
46:01 - 46:03- Antes de tudo, é porque eu digo
que que é uma obra de arte. -
46:03 - 46:05- VocĂŞ diz?
- Eu digo que é... -
46:06 - 46:07- Esta é sua opiniĂŁo
-
46:07 - 46:12- E o que vocĂŞ quer que o expectador veja?
-
46:12 - 46:15espera que eles digam:
"Eu acho que isso é belo!" -
46:15 - 46:16- NĂŁo!
-
46:16 - 46:18NĂŁo, nĂŁo é isso que espero!
-
46:18 - 46:19- VocĂŞ pensa que é belo?
-
46:20 - 46:24- Sim sim, penso que é bonito
senĂŁo nĂŁo teria exposto. -
46:25 - 46:28Como poderia ser isto uma bela obra de arte,
-
46:28 - 46:32se nĂŁo pretende transformar
a matéria prima em uma idéia ? -
46:32 - 46:35Ă apenas mais uma realidade sórdida entre outras,
-
46:36 - 46:38literalmente, uma cama desarrumada.
-
46:41 - 46:45Voltamos Ă questĂŁo levantada
pelo ÂŤ Urinol Âť de Duchamp: -
46:45 - 46:47qualquer coisa pode ser arte?
-
46:49 - 46:51Esta questĂŁo preocupa
tanto os inovadores -
46:52 - 46:55quanto os tradicionalistas,
como Alexander Stoddart, -
46:56 - 47:00um escultor monumental cujos
trabalhos sĂŁo mundialmente vistos, -
47:00 - 47:03inclusive na galeria da Rainha,
no palácio de Buckingham. -
47:05 - 47:09- Um defensor da arte conceitual pode
dizer que mesmo uma idéia pode ser bela -
47:10 - 47:15logo pode-se dizer nĂŁo há nada
de errado com este tipo de arte? -
47:15 - 47:20- Sim, mas isto é um aforisma no campo de aplicação.
-
47:20 - 47:23O advogado pode ter uma idéia bela,
-
47:23 - 47:27o político, o médico.
-
47:28 - 47:30"Vamos curar o câncer": uma idéia bela.
-
47:31 - 47:34Mas ele nĂŁo diz que é
um artista por isso. -
47:34 - 47:37A arte conceitual, claro,
é totalmente limitada. -
47:37 - 47:42Ă de fato um tipo de arte que
é esgotada em sua descrição verbal. -
47:43 - 47:46EntĂŁo, vocĂŞ precisa apenas ver
meia vaca em um barril de formol, -
47:46 - 47:49que vocĂŞ já está na metade do caminho.
-
47:49 - 47:51O objetivo mesmo entĂŁo pode ser descartado.
-
47:52 - 47:55A cama de Tracey Emin é
um exemplo perfeito disso: -
47:55 - 48:01se vocĂŞ estivesse cansado andando pela galeria,
subisse um degrau e visse aquela cama lá, -
48:02 - 48:04vocĂŞ deitaria nela.
-
48:04 - 48:08Mas, é claro, se vocĂŞ visse apenas
o torso do Apolo de Beldevere -
48:08 - 48:13naquele mesmo lugar vocĂŞ seria atraído,
e iria mesmo subir e tentar decifrá-lo. -
48:15 - 48:19Muitos estudantes vĂŞm até mim de departamentos
de escultura, secretamente claro, -
48:20 - 48:25pois eles nĂŁo querem dizer aos tutores
que vieram falar com o inimigo -
48:25 - 48:28E eles dizem: "Eu tentei esculpir um modelo, uma figura.
-
48:28 - 48:33Eu o modelava e entĂŁo um tutor
veio e me disse para cortar ao meio -
48:33 - 48:38e derramar alguns excrementos sobre ele,
que isso iria torná -lo "interessante". -
48:39 - 48:44- à o que eu sinto sobre o tipo de "profanação padronizada"
-
48:44 - 48:46que passa por arte hoje em dia:
-
48:46 - 48:49que é um tipo de imoralidade.
- Sim! -
48:49 - 48:53- pois é uma tentativa de apagar o
significado da forma humana de algum jeito. -
48:53 - 48:57- Ă uma tentativa de apagar o conhecimento.
-
49:03 - 49:07Os paradigmas da arte viraram as costas ao antigo currículo
-
49:07 - 49:11que coloca a beleza e o engenho como prioridades.
-
49:11 - 49:16Aqueles como Alexander Stoddart,
que tentam restaurar a antiga conexĂŁo -
49:16 - 49:21conexĂŁo entre o belo e o sagrado,
sĂŁo visto como antiquados e absurdos. -
49:33 - 49:37O mesmo tipo de crítica ocorre
com os arquitetos tradicionalistas. -
49:39 - 49:43Um dos alvos é Leon Krier, arquiteto
da moderna cidade do príncipe Charles, -
49:44 - 49:45Poundbury.
-
49:49 - 49:53Projetando modestas ruas,
inspiradas nos moldes tradicionais, -
49:54 - 49:59usando os padrĂľes e tĂŁo queridos
detalhes que nos serviram por séculos, -
49:59 - 50:02Leon Krier criou uma genuína cidade.
-
50:03 - 50:06As proporçþes são proporçþes humanas,
-
50:07 - 50:10os detalhes sĂŁo confortantes aos olhos.
-
50:15 - 50:18Esta nĂŁo é uma grande ou
original arquitetura, -
50:18 - 50:20nem tenta ser.
-
50:20 - 50:23Ă uma modesta tentativa
de colocar as coisas no lugar, -
50:23 - 50:27seguindo padrĂľes e exemplos
baseados na tradição. -
50:27 - 50:33Isto nĂŁo é nostalgia, mas conhecimento,
que foi passado através do tempo. -
50:37 - 50:42A arquitetura que nĂŁo respeita o passado,
nĂŁo está respeitando o presente, -
50:42 - 50:45pois nĂŁo está respeitando as
necessidades básicas das pessoas, -
50:46 - 50:49que é a de construir um lar duradouro.
-
50:58 - 51:02Tenho mostrado algumas das maneiras
pelas quais os artistas e arquitetos -
51:02 - 51:05seguiram o chamado da beleza.
-
51:06 - 51:11E fazendo, deram significado ao mundo.
-
51:12 - 51:17Os mestres do passado,
reconheceram que temos necessidades espirituais -
51:17 - 51:19assim como desejos animais.
-
51:21 - 51:24Para PlatĂŁo, a beleza
era um caminho para Deus -
51:24 - 51:28enquanto pensadores do Iluminismo
viram a arte e a beleza, -
51:28 - 51:32como formas de nos salvarmos do vazio da rotina
-
51:32 - 51:35e alcançarmos um nível superior.
-
51:37 - 51:40Mas a arte virou as costas para a beleza.
-
51:40 - 51:43Se tornou escrava da cultura do consumismo,
-
51:44 - 51:49alimentando nossos prazeres e vícios
e os afundando em seu próprio desgosto. -
51:52 - 51:58Isto é, em minha opiniĂŁo, a lição das
mais feias formas de arte e arquitetura. -
51:58 - 52:01Elas nĂŁo mostram a realidade,
mas se vingam dela -
52:02 - 52:04estragando o que deveria ter sido um lar
-
52:05 - 52:10e nos deixando desolados e alienados
em um deserto espiritual. -
52:13 - 52:17Ă claro que é verdade que
existem mais coisas no mundo hoje -
52:17 - 52:19que nos distraem e preocupam.
-
52:19 - 52:22Nossas vidas sĂŁo cheias de altos e baixos,
-
52:23 - 52:27lutamos contra o barulho e
a distração, e nada resolve. -
52:31 - 52:36A resposta correta, no entanto,
nĂŁo é abraçar esta alienação, -
52:36 - 52:39mas olhar para rota
de escape do deserto, -
52:39 - 52:46que nos levará a um ponto entre o real
e o ideal, que podem ainda existir em harmonia. -
52:57 - 53:02Em minha vida, achei esse caminho
mais fácil através da mĂşsica, -
53:02 - 53:05do que entre qualquer outra forma de arte.
-
53:08 - 53:12Pergolesi tinha 26 anos
quando escreveu "Stabat mater", -
53:12 - 53:18que descreve o pesar da Virgem Sagrada,
diante da cruz do Cristo moribundo. -
53:19 - 53:23Todos o sofrimento do mundo
é simbolizado em suas esplĂŞndidas linhas. -
53:31 - 53:36Visto que Pergolesi estava sofrendo
de tuberculose quando compĂ´s Stabat Mater, -
53:36 - 53:39ele é aquele filho,
morrendo na cruz também. -
53:40 - 53:44De fato, ele morreu alguns
meses depois do término da obra. -
53:45 - 53:48Esta nĂŁo é uma complexa
ou ambiciosa peça de música, -
53:49 - 53:52simplesmente a expressĂŁo
da fé de um compositor, -
53:53 - 53:56ela mostra a forma, pela
qual profundos e atormentados -
53:57 - 54:00sentimentos podem atingir unidade
e liberdade através da mĂşsica. -
54:02 - 54:05A voz de Maria é escrita
para dois cantores, -
54:05 - 54:08a melodia se ergue
lenta e dolorosamente -
54:08 - 54:14eliminando a dissonância quando
as vozes se confrontam, -
54:14 - 54:18representando o conflito
e o pesar que ela carrega. -
54:21 - 54:25- Porque nĂŁo passamos para a linha 18?
-
54:26 - 54:27- Sim, boa idéia...
-
54:57 - 55:01- Aqui temos um simples e sagrado texto.
-
55:02 - 55:08A mĂŁe chorando e se lamentando na
cruz onde seu filho está pendurado. -
55:08 - 55:10E é tudo o que se precisa dizer!
-
55:10 - 55:14- E até uma pessoa nĂŁo musical
compreenderia facilmente a mensagem... -
55:14 - 55:16é uma peça de lamentação, nĂŁo é mesmo ?
-
55:17 - 55:19NĂŁo poderia haver dĂşvida quanto a isso.
-
55:19 - 55:21- A mĂşsica fala além das palavras,
-
55:22 - 55:26e faz as palavras falarem a vocĂŞ
em outra linguagem, direto ao seu coração. -
55:27 - 55:32- Isto significa que mesmo em nosso
mundo secular isto pode comover -
55:32 - 55:33sem as pessoas terem que saber...
-
55:33 - 55:34- Sim, exato!
-
55:34 - 55:35- ...do que se trata
-
55:36 - 55:41- Aprendemos sem os aparatos teológicos sobre
nossa existĂŞncia, através do sofrimento, -
55:42 - 55:45que é o destino que todos nós,
mas que nĂŁo é nosso fim. -
57:12 - 57:17Neste documentário, descrevi a
beleza como uma fonte essencial. -
57:17 - 57:21Através da busca da beleza,
modelamos o mundo como um lar -
57:21 - 57:24e fazendo-o, amplificamos nossas alegrias
-
57:25 - 57:27e o consolo para nossas tristezas.
-
57:30 - 57:35Arte e mĂşsica, irradiam significado
para a vida cotidiana, -
57:35 - 57:39e através delas, nos tornamos capazes
de enfrentar as coisas que nos preocupam -
57:40 - 57:43e encontrarmos consolo e paz em suas presenças.
-
57:46 - 57:49Esta capacidade da beleza,
de redimir nosso sofrimento, -
57:50 - 57:55é o que a torna capaz de ser vista
como uma substituta para a religiĂŁo. -
57:58 - 58:00Por que dar prioridade Ă religiĂŁo?
-
58:01 - 58:04Por que nĂŁo dizer que a religiĂŁo
é uma substituta da beleza? -
58:04 - 58:07Melhor ainda, por que descrevĂŞ-las como rivais?
-
58:08 - 58:11O sagrado e o belo, um ao lado do outro,
-
58:11 - 58:16duas portas que levam a um único espaço, e neste espaço,
-
58:17 - 58:19encontramos nosso lar.
- Title:
- Roger Scruton - Why Beauty Matters (2009) - BBC documentary
- Description:
-
From BBC2:
"Philosopher Roger Scruton presents a provocative essay on the importance of beauty in the arts and in our lives.
In the 20th century, Scruton argues, art, architecture and music turned their backs on beauty, making a cult of ugliness and leading us into a spiritual desert.
Using the thoughts of philosophers from Plato to Kant, and by talking to artists Michael Craig-Martin and Alexander Stoddart, Scruton analyses where art went wrong and presents his own impassioned case for restoring beauty to its traditional position at the centre of our civilisation."
Here is the soundtrack listing, for the curious:
INTRO
Organ from performance kelvingrove
Pergolesi stabat mater -- Salve Regina in C minor -- Cologne chamber orchestraPOST TITLE INTRO
Giovani Sollima, Track 1 -- Terra Aria
album -- WorksARTISTS OF PAST
Max Richter, Track 4 -- The Twins Prague
album -- memory houseMODERN ART
Colleen
track 2 -- Ritournelle
album -- Everyone Alive Wants AnswersJOKEY MUSIC OVER HOW CAN AN IDEA BE ART
Danielle Pemberton
track 2 -- Light Fingers
album -- A Curious Case of DramaDUCHAMP INTERVIEW ARCHIVE
Colleen
track -- The Heart Harmonicon
album -- The Golden Morning BreaksART TODAY AFTER MCM INT
Battles
track 11 -- Race Out
album -- MirroredKID ART
Bach Cello Suite #1 in G
artist Steven IsserlisDAVID GARDEN STATUES
Animal Collective
track 2 -- My Girls
album -- Merriweather Post PavilionROGER IN CAFE
Johann Johansson
track 2 -- Melodia
album -- FordlandiaTRAIN STATION
John Adams
track 2 -- China Gates
album -- Gloria Cheng-Cochran, Piano Music of John Adams and Terry Reiley.ADVERTISING
John Cage
track 48 , disk 2 -- Factory Preset (09)
album -- A Chance Operation, The John Cage Tribute
artists -- Robert AshleyGroove Armada, I See You Baby
ARCHITECTURE
Rachmaninoff, The Isle of the Dead -- Symphonic Dances
London Philharmonic Orchestra, Vladimir Jurowski.artist -- Bang on a Can
album -- Industry 08
track -- Industry.composer -- Shostakovich
album -- Shostakovich String Quartets 7,8 & 9
performer -- Brodsky Quartet
track -- String Quartet No.7 11. LentoAFTER 60'S BUILDING EXPLODE
artist -- Kraftwerk
album -- Computer World
track 3 -- NumbersREDING FORGE
album -- Teaism: Music Inspired By the Art & Culture of Tea
track 10 -- Teapot Waltz
performer -- Lord Jim
written & produced by Curtis LeaverPARK
artists -- Jonsi & Alex
album -- Riceboy Sleeps
track 5 -- Boy 1904, EMI RecordsPLATO
album -- Goldberg Variations 1981 recording
performer -- Glenn Gould, track 10 Variation 9 A 1 Clavier Canone Alla TerzaMEN WITH BINOCULARS
Danielle Pemberton
track 2 -- Light Fingers
album -- A Curious Case of DramaLIFE DRAWING CLASS
composer -- Montiverdi
performers -- Madrigali guerrieri et amorosi viii,
disk 2 track 1 -- Sinfonia non avea Febo ancora, a tre voci (doi tenori e basso)ROGER WITH POETRY BOOKS
track 47 -- Evening Soiree, CHAP 311
Danielle Pemberton, album -- A Curious Case of DramaBIRTH OF VENUS
composer -- Vivaldi
album -- Nisi Dominus, Salve Regina. Concerto In C for strings
track 2 -- AdagioCHURCH
album -- Teaism: Music Inspired By the Art & Culture of Tea
track 10 -- Teapot Waltz, performer -- Lord Jim
written & produced by Curtis LeaverSHAFTESBURY
composer -- Vivaldi, album -- Vivaldi Concerti Alla Rustica
track 17 -- Concerto In G for 2 Mandolins
performers -- James Tyler, Robin Jeffrey, Trevor Pinnock.DANDELIONS
Max Richter, track 6 -- Vladimir Blues
album -- Blue Note BookFLOWERS OPEN
Colleen, track -- The Heart Harmonicon
album -- The Golden Morning BreaksKANT & BABY
artists -- Jonsi & Alex
album -- Riceboy Sleeps, track 5 -- Boy 1904, EMI RecordsROGER SAT ON STEPS, ARCHIVE B&W DOORS OPEN -- INTO RECAP
Max Richter, track 6 -- Vladimir Blues
album -- Blue Note BookBIT BEFORE DEATH & FUNERAL
artist -- Colleen
album -- Les Ondes Silencieuses, track 1 -- This Place in TimeKISSY KISSY
composer -- Offenbah
album -- Richard Bornynge L'Orchestre De La Suisse Romande, Les Contes d'Hoffman
track -- BarcarolleROGER ON STEPS SETS UP SEX AND DEATH DESECRATION
composer -- Shostakovich
album -- Shostakovich String Quartets 7,8 & 9
performer -- Brodsky Quartet, track -- String Quartet No.7 11. LentoPERGOLESI
composer -- Pergolesi
album -- Stabat Mater Salve Regina
track 12 -- Quado Corpus Mortiet. NAXOSMANTEGNA
Max Richter, Track 4 -- The Twins Prague
album -- Memory HouseDELACROIX
Giovanni Sollima, track 3 -- LBFiles: Concerto,EMIN BED
Collean
track 2 -- Ritournelle
album -- Everyone Alive Wants AnswersColleen
track -- The Heart Harmonicon
album -- The Golden Morning BreaksPOUNDBURY
Savalas music
track 3 -- Annotations
composer -- Colin BroomSOHO SQ
Giovani Sollima, Track 1 -- Terra Aria
album -- WorksPERGOLESI
performance - Video Language:
- English
- Duration:
- 58:59
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jinacio edited Portuguese, Brazilian subtitles for Roger Scruton - Why Beauty Matters (2009) - BBC documentary | |
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jinacio edited Portuguese, Brazilian subtitles for Roger Scruton - Why Beauty Matters (2009) - BBC documentary | |
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jinacio edited Portuguese, Brazilian subtitles for Roger Scruton - Why Beauty Matters (2009) - BBC documentary | |
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jinacio edited Portuguese, Brazilian subtitles for Roger Scruton - Why Beauty Matters (2009) - BBC documentary | |
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jinacio added a translation |