[Script Info] Title: [Events] Format: Layer, Start, End, Style, Name, MarginL, MarginR, MarginV, Effect, Text Dialogue: 0,0:00:04.70,0:00:09.05,Default,,0000,0000,0000,,Traduzido: Beatriz Angelim\NParticipação: Felipe Angelim Dialogue: 0,0:00:12.00,0:00:16.00,Default,,0000,0000,0000,,RevisĂŁo e correção\N@jinacio Dialogue: 0,0:00:20.15,0:00:23.60,Default,,0000,0000,0000,,Em qualquer tempo, entre 1750 e 1930,\Nse se pedisse a qualquer pessoa educada Dialogue: 0,0:00:24.02,0:00:28.23,Default,,0000,0000,0000,,para descrever o objetivo da poesia,\Nda arte e da mĂşsica, Dialogue: 0,0:00:29.96,0:00:32.21,Default,,0000,0000,0000,,eles teriam respondido: a beleza. Dialogue: 0,0:00:38.48,0:00:40.20,Default,,0000,0000,0000,,E se vocĂŞ perguntasse o motivo disto, Dialogue: 0,0:00:40.70,0:00:42.77,Default,,0000,0000,0000,,aprenderia que a beleza é um valor Dialogue: 0,0:00:43.32,0:00:45.68,Default,,0000,0000,0000,,tĂŁo importante quanto a verdade e a bondade. Dialogue: 0,0:00:52.97,0:00:56.53,Default,,0000,0000,0000,,EntĂŁo, no séc. XX,\Na beleza deixou de ser importante. Dialogue: 0,0:00:59.01,0:01:02.71,Default,,0000,0000,0000,,A arte, gradativamente, se focou em perturbar\Ne quebrar tabus morais. Dialogue: 0,0:01:03.68,0:01:05.64,Default,,0000,0000,0000,,NĂŁo era beleza,\Nmas originalidade, Dialogue: 0,0:01:06.07,0:01:09.12,Default,,0000,0000,0000,,atingida por quaisquer meios\Ne a qualquer custo moral, Dialogue: 0,0:01:09.42,0:01:10.71,Default,,0000,0000,0000,,que ganhava os prĂŞmios. Dialogue: 0,0:01:16.36,0:01:18.80,Default,,0000,0000,0000,,NĂŁo somente a arte\Nfez um culto Ă  feiura, Dialogue: 0,0:01:19.35,0:01:22.51,Default,,0000,0000,0000,,como a arquitetura se tornou\Ndesalmada e estéril. Dialogue: 0,0:01:24.25,0:01:27.43,Default,,0000,0000,0000,,E nĂŁo foi somente o nosso entorno físico\Nque se tornou feio: Dialogue: 0,0:01:31.27,0:01:36.17,Default,,0000,0000,0000,,nossa linguagem, mĂşsica e maneiras,\NestĂŁo cada vez mais rudes, Dialogue: 0,0:01:36.58,0:01:38.76,Default,,0000,0000,0000,,auto centradas e ofensivas, Dialogue: 0,0:01:39.09,0:01:43.41,Default,,0000,0000,0000,,como se a beleza e o bom gosto,\NnĂŁo tivessem lugar em nossas vidas. Dialogue: 0,0:01:46.40,0:01:51.33,Default,,0000,0000,0000,,Uma palavra é escrita em letras garrafais em todas\Nestas coisas feias, e a palavra é: EGOISMO. Dialogue: 0,0:01:51.74,0:01:54.67,Default,,0000,0000,0000,,"Meus lucros", "meus desejos"\N"meus prazeres", Dialogue: 0,0:01:55.78,0:02:00.01,Default,,0000,0000,0000,,E a arte nĂŁo tem o que dizer em resposta,\Napenas: "sim, faça isso"! Dialogue: 0,0:02:03.61,0:02:05.68,Default,,0000,0000,0000,,Penso que estamos perdendo a beleza Dialogue: 0,0:02:06.64,0:02:10.34,Default,,0000,0000,0000,,e existe o perigo de que, com isso,\Npercamos o sentido da vida. Dialogue: 0,0:02:12.36,0:02:16.35,Default,,0000,0000,0000,,POR QUE A BELEZA IMPORTA?\NPor Roger Scruton Dialogue: 0,0:02:28.82,0:02:31.29,Default,,0000,0000,0000,,Sou Roger Scruton,\Nfilósofo e escritor. Dialogue: 0,0:02:32.30,0:02:34.23,Default,,0000,0000,0000,,Meu trabalho é fazer perguntas. Dialogue: 0,0:02:36.87,0:02:40.52,Default,,0000,0000,0000,,e durante os Ăşltimos anos,\Nvenho fazendo perguntas sobre a beleza. Dialogue: 0,0:02:44.03,0:02:48.07,Default,,0000,0000,0000,,A beleza tem sido essencial para a nossa\Ncivilização por mais de 2.000 anos. Dialogue: 0,0:02:49.42,0:02:51.35,Default,,0000,0000,0000,,Em seu inicio, na Grécia antiga, Dialogue: 0,0:02:51.79,0:02:57.55,Default,,0000,0000,0000,,a filosofia refletiu sobre a\Narte, mĂşsica, arquitetura, Dialogue: 0,0:02:57.87,0:02:59.30,Default,,0000,0000,0000,,e a vida cotidiana. Dialogue: 0,0:03:04.69,0:03:07.40,Default,,0000,0000,0000,,Filósofos argumentaram\Nque, através da percepção da beleza, Dialogue: 0,0:03:07.73,0:03:09.23,Default,,0000,0000,0000,,moldamos o mundo como um lar. Dialogue: 0,0:03:10.75,0:03:13.97,Default,,0000,0000,0000,,Também passamos a entender sua própria\Nnatureza, sua essĂŞncia espiritual. Dialogue: 0,0:03:17.42,0:03:19.80,Default,,0000,0000,0000,,Mas nosso mundo virou as costas\Npara a beleza. Dialogue: 0,0:03:20.48,0:03:24.92,Default,,0000,0000,0000,,e, por este fato, nos encontramos rodeados\Nde feiura e alienação. Dialogue: 0,0:03:28.57,0:03:30.18,Default,,0000,0000,0000,,Quero persuadi-lo de\Nque a beleza importa, Dialogue: 0,0:03:31.16,0:03:33.19,Default,,0000,0000,0000,,de que nĂŁo é somente algo subjetivo, Dialogue: 0,0:03:33.90,0:03:36.17,Default,,0000,0000,0000,,mas uma necessidade\Nuniversal do ser humano. Dialogue: 0,0:03:38.73,0:03:42.47,Default,,0000,0000,0000,,Se ignoramos esta necessidade,\Nnos encontramos em um deserto espiritual. Dialogue: 0,0:03:43.42,0:03:45.94,Default,,0000,0000,0000,,Quero te mostrar a rota\Nde fuga deste deserto, Dialogue: 0,0:03:46.52,0:03:48.72,Default,,0000,0000,0000,,Este é um caminho que nos leva de volta ao lar. Dialogue: 0,0:04:08.88,0:04:13.36,Default,,0000,0000,0000,,Os grandes artistas do passado, estavam\Ncientes que a vida humana é cheia de caos Dialogue: 0,0:04:13.90,0:04:14.92,Default,,0000,0000,0000,,e sofrimento. Dialogue: 0,0:04:16.07,0:04:17.53,Default,,0000,0000,0000,,Mas eles tinham um remédio para isto, Dialogue: 0,0:04:18.22,0:04:20.70,Default,,0000,0000,0000,,e nome deste remédio, era beleza. Dialogue: 0,0:04:28.65,0:04:31.90,Default,,0000,0000,0000,,A bela obra de arte\Ntraz consolação na tristeza Dialogue: 0,0:04:32.55,0:04:34.03,Default,,0000,0000,0000,,e afirmação na alegria. Dialogue: 0,0:04:37.34,0:04:39.74,Default,,0000,0000,0000,,Ela mostra que a vida humana\Nvale a pena. Dialogue: 0,0:04:47.97,0:04:51.78,Default,,0000,0000,0000,,Muitos artistas modernos se\Nesqueceram desta sagrada tarefa. Dialogue: 0,0:04:53.25,0:04:57.29,Default,,0000,0000,0000,,O caos da vida moderna, eles pensam,\NnĂŁo pode ser redimido pela arte. Dialogue: 0,0:04:58.24,0:05:00.16,Default,,0000,0000,0000,,Em vez disso, ele deveria ser exposto. Dialogue: 0,0:05:03.37,0:05:07.90,Default,,0000,0000,0000,,Este padrĂŁo foi criado quase um século atrás\Npelo artista francĂŞs Marcel Duchamp, Dialogue: 0,0:05:08.69,0:05:12.69,Default,,0000,0000,0000,,que assinou um urinol com uma\Nassinatura falsa "R.Mutt" Dialogue: 0,0:05:13.26,0:05:14.59,Default,,0000,0000,0000,,e colocou isto numa exibição. Dialogue: 0,0:05:17.86,0:05:21.92,Default,,0000,0000,0000,,Seu gesto foi satírico, feito\Npara zombar do mundo da arte Dialogue: 0,0:05:22.12,0:05:23.67,Default,,0000,0000,0000,,e a arrogância que ele contém. Dialogue: 0,0:05:26.60,0:05:28.69,Default,,0000,0000,0000,,Mas isto foi interpretado de outra forma, Dialogue: 0,0:05:29.38,0:05:31.50,Default,,0000,0000,0000,,mostrando que qualquer coisa poderia ser arte, Dialogue: 0,0:05:33.87,0:05:37.34,Default,,0000,0000,0000,,como uma luz que acende e apaga... Dialogue: 0,0:05:39.62,0:05:43.09,Default,,0000,0000,0000,,uma lata de excremento... Dialogue: 0,0:05:43.45,0:05:44.90,Default,,0000,0000,0000,,até mesmo uma pilha de tijolos. Dialogue: 0,0:05:48.50,0:05:50.84,Default,,0000,0000,0000,,NĂŁo tendo mais a arte um estatuto sagrado; Dialogue: 0,0:05:51.30,0:05:54.90,Default,,0000,0000,0000,,nĂŁo estando ela mais em um padrĂŁo\Nmoral e espiritual elevado; Dialogue: 0,0:05:56.01,0:05:58.19,Default,,0000,0000,0000,,ela se torna apenas mais um gesto humano entre outros, Dialogue: 0,0:05:59.12,0:06:01.50,Default,,0000,0000,0000,,nĂŁo mais significativo do\Nque uma gargalhada ou um grito. Dialogue: 0,0:06:03.74,0:06:07.49,Default,,0000,0000,0000,,- Acho que estĂŁo fazendo graça conosco!\N- Ă uma pilha de tijolos! Dialogue: 0,0:06:13.84,0:06:15.98,Default,,0000,0000,0000,,Houve um tempo em que\Na arte cultuava a beleza. Dialogue: 0,0:06:16.24,0:06:18.53,Default,,0000,0000,0000,,Agora temos um culto Ă  feiura, no lugar. Dialogue: 0,0:06:20.83,0:06:24.09,Default,,0000,0000,0000,,Sendo o mundo perturbador,\Na arte deveria ser perturbadora também. Dialogue: 0,0:06:25.29,0:06:29.83,Default,,0000,0000,0000,,Aqueles que procuram beleza na arte apenas\NestĂŁo por fora da realidade moderna de beleza. Dialogue: 0,0:06:32.45,0:06:34.24,Default,,0000,0000,0000,,Ăs vezes a intenção é nos chocar, Dialogue: 0,0:06:35.65,0:06:40.96,Default,,0000,0000,0000,,mas o que é chocante de início, se\Ntorna chato e vazio, quando repetido. Dialogue: 0,0:06:43.25,0:06:45.49,Default,,0000,0000,0000,,Isto transforma a arte em uma piada elaborada Dialogue: 0,0:06:46.14,0:06:48.33,Default,,0000,0000,0000,,que perdeu a graça, Dialogue: 0,0:06:49.27,0:06:51.20,Default,,0000,0000,0000,,se os críticos continuarem a encorajar isto, Dialogue: 0,0:06:51.69,0:06:54.29,Default,,0000,0000,0000,,com medo de dizerem que\N"o imperador está nu". Dialogue: 0,0:06:57.88,0:07:02.42,Default,,0000,0000,0000,,A arte criativa nĂŁo é feita\Ndo nada, somente se tendo uma idéia. Dialogue: 0,0:07:04.84,0:07:07.36,Default,,0000,0000,0000,,Sim, idéias podem ser\Ninteressantes e prazerosas, Dialogue: 0,0:07:08.32,0:07:11.53,Default,,0000,0000,0000,,mas isto nĂŁo justifica\Na apropriação do papel da arte. Dialogue: 0,0:07:13.55,0:07:16.68,Default,,0000,0000,0000,,Se uma obra de arte,\NnĂŁo é nada mais do que uma idéia, Dialogue: 0,0:07:17.21,0:07:20.78,Default,,0000,0000,0000,,qualquer um poderia ser um artista\Ne qualquer objeto uma obra de arte... Dialogue: 0,0:07:21.72,0:07:25.74,Default,,0000,0000,0000,,NĂŁo existe mais nenhuma necessidade de\Nhabilidade, gosto ou criatividade. Dialogue: 0,0:07:31.06,0:07:37.68,Default,,0000,0000,0000,,- O que vocĂŞ está tentando fazer,\Nao meu ver, é desvalorizar a arte, Dialogue: 0,0:07:38.54,0:07:43.04,Default,,0000,0000,0000,,simplesmente dizendo:"se eu disser que isto é uma\Nobra de arte, isto se torna uma obra de arte!" Dialogue: 0,0:07:43.53,0:07:47.33,Default,,0000,0000,0000,,- Sim, mas a expressĂŁo "obra de arte"\NnĂŁo é importante para mim! Dialogue: 0,0:07:48.83,0:07:52.84,Default,,0000,0000,0000,,NĂŁo me importo com a palavra "arte"\Nporque ela se tornou tĂŁo... Dialogue: 0,0:07:54.01,0:07:56.94,Default,,0000,0000,0000,,descreditada, digamos. Dialogue: 0,0:07:57.27,0:08:00.43,Default,,0000,0000,0000,,- Mas vocĂŞ de fato contribuiu para\Nseu descrédito, intencionalmente. Dialogue: 0,0:08:00.65,0:08:02.04,Default,,0000,0000,0000,,- Sim, intencionalmente, Dialogue: 0,0:08:02.47,0:08:04.84,Default,,0000,0000,0000,,como uma forma de me livrar dela. Dialogue: 0,0:08:05.96,0:08:09.99,Default,,0000,0000,0000,,porque desta mesma forma muitas\Npessoas se livraram da religiĂŁo. Dialogue: 0,0:08:12.23,0:08:15.27,Default,,0000,0000,0000,,O povo aceitou Duchamp,\Ncom suas próprias avaliaçþes. Dialogue: 0,0:08:16.10,0:08:20.17,Default,,0000,0000,0000,,Acredito que ele nĂŁo se livrou da arte,\Nmas se livrou da criatividade. Dialogue: 0,0:08:23.26,0:08:27.43,Default,,0000,0000,0000,,De qualquer forma, os trabalhos de Duchamp\Nainda influenciam a arte hoje. Dialogue: 0,0:08:29.12,0:08:31.16,Default,,0000,0000,0000,,O artista Michael Craig-Martin, Dialogue: 0,0:08:31.86,0:08:34.04,Default,,0000,0000,0000,,que ensinou muitos jovens artistas britânicos, Dialogue: 0,0:08:34.42,0:08:36.80,Default,,0000,0000,0000,,cujos trabalhos dominam o mundo da arte, Dialogue: 0,0:08:37.10,0:08:38.21,Default,,0000,0000,0000,,segue os exemplos de Duchamp com seu Dialogue: 0,0:08:38.80,0:08:42.39,Default,,0000,0000,0000,,próprio trabalho semiótico chamado,\N"An Oak Tree" (Um Carvalho). Dialogue: 0,0:08:42.96,0:08:45.68,Default,,0000,0000,0000,,que consiste em um copo\Nde água em uma prateleira, Dialogue: 0,0:08:46.12,0:08:49.80,Default,,0000,0000,0000,,e um texto explicando o\NporquĂŞ isto é um carvalho. Dialogue: 0,0:08:52.65,0:08:54.62,Default,,0000,0000,0000,,- Quando entrei pela primeira vez em\NSĂŁo Pedro e me deparei com Michelângelo, Dialogue: 0,0:08:54.85,0:09:00.35,Default,,0000,0000,0000,,pra mim foi uma\NexperiĂŞncia transportadora, Dialogue: 0,0:09:00.59,0:09:02.03,Default,,0000,0000,0000,,minha vida foi mudada por ela. Dialogue: 0,0:09:02.13,0:09:06.59,Default,,0000,0000,0000,,VocĂŞ acredita que alguém possa ter\Na mesma experiĂŞncia com o "Urinol" de Duchamp, Dialogue: 0,0:09:07.03,0:09:10.44,Default,,0000,0000,0000,,ou talvez com seu "Oak Tree"\Nque é similar? Dialogue: 0,0:09:11.49,0:09:17.72,Default,,0000,0000,0000,,- Eu sei que quando era\Nadolescente e descobri Duchamp, Dialogue: 0,0:09:18.28,0:09:23.96,Default,,0000,0000,0000,,fiquei absolutamente fascinado. Dialogue: 0,0:09:25.58,0:09:27.77,Default,,0000,0000,0000,,Eu nĂŁo acho que as pessoas estĂŁo\Nsobrecarregadas por um senso de beleza Dialogue: 0,0:09:28.16,0:09:30.78,Default,,0000,0000,0000,,quando dizem que o "Urinol"\NnĂŁo é feito para ser belo. Dialogue: 0,0:09:31.39,0:09:35.71,Default,,0000,0000,0000,,Mas isto nĂŁo significa que nĂŁo haja\Nalgo sobre ele que captura a imaginação, Dialogue: 0,0:09:36.07,0:09:40.70,Default,,0000,0000,0000,,e eu acho que "capturar a imaginação"\Né a chave para o que a arte moderna pretende. Dialogue: 0,0:09:41.54,0:09:46.37,Default,,0000,0000,0000,,Duchamp dizia que a arte havia se tornado\Nmuito preocupada com técnica, Dialogue: 0,0:09:46.47,0:09:47.97,Default,,0000,0000,0000,,muito preocupada com ótica. Dialogue: 0,0:09:48.61,0:09:52.36,Default,,0000,0000,0000,,Ele acreditava que ela havia se tornado\Nimoralmente intelectualmente corrompida Dialogue: 0,0:09:52.64,0:09:57.40,Default,,0000,0000,0000,,e sua razĂŁo para fazer obras de arte que\NnĂŁo se encaixavam neste sistema nĂŁo era cinismo, Dialogue: 0,0:09:57.69,0:09:59.82,Default,,0000,0000,0000,,era como para dizer: Dialogue: 0,0:09:59.92,0:10:03.63,Default,,0000,0000,0000,,"Estou tentando fazer arte\Nque nega todas as coisas Dialogue: 0,0:10:04.05,0:10:07.60,Default,,0000,0000,0000,,que as pessoas dizem\Nque a arte deve ter, Dialogue: 0,0:10:08.40,0:10:12.41,Default,,0000,0000,0000,,porque estou tentando dizer que o\Ncentro da arte está em outro lugar." Dialogue: 0,0:10:13.16,0:10:14.74,Default,,0000,0000,0000,,- Entendo o que quer dizer, Dialogue: 0,0:10:15.43,0:10:18.28,Default,,0000,0000,0000,,as coisas deveriam mudar e\NDuchamp estava tentando mudá-las. Dialogue: 0,0:10:19.45,0:10:21.60,Default,,0000,0000,0000,,mas, para que outra coisa ele\Nestava tentando mudá-las? Dialogue: 0,0:10:22.36,0:10:25.27,Default,,0000,0000,0000,,- NĂŁo, é... ele nunca poderia imaginar Dialogue: 0,0:10:25.78,0:10:29.69,Default,,0000,0000,0000,,o que aconteceria, ele mesmo, tenho certeza, Dialogue: 0,0:10:29.100,0:10:34.26,Default,,0000,0000,0000,,nĂŁo tinha idéia das proporçþes\Nque o que ele fez tomariam; Dialogue: 0,0:10:34.96,0:10:42.04,Default,,0000,0000,0000,,basicamente que uma obra de arte é\Numa obra de arte porque pensamos assim. Dialogue: 0,0:10:42.69,0:10:46.01,Default,,0000,0000,0000,,Acho também importante dizer\Nque a noção de arte foi estendida Dialogue: 0,0:10:46.35,0:10:48.87,Default,,0000,0000,0000,,para incluir coisas em que nĂŁo pensávamos. Dialogue: 0,0:10:49.13,0:10:52.96,Default,,0000,0000,0000,,Esta é parte da função da arte:\Ntornar belo, fazer alguém ver algo como belo, Dialogue: 0,0:10:53.35,0:10:55.69,Default,,0000,0000,0000,,algo que ninguém havia visto como belo até o momento. Dialogue: 0,0:10:56.08,0:10:57.88,Default,,0000,0000,0000,,- Sim, como a "lata de merda"... Dialogue: 0,0:10:58.40,0:11:00.57,Default,,0000,0000,0000,,- Bem, er, nĂŁo estou certo se é algo bonito, Dialogue: 0,0:11:00.67,0:11:03.82,Default,,0000,0000,0000,,mas se vocĂŞ tomar um exemplo\Nque nĂŁo está tentando ser belo, Dialogue: 0,0:11:04.14,0:11:05.96,Default,,0000,0000,0000,,se vocĂŞ pegar um Jeff Koons... Dialogue: 0,0:11:06.82,0:11:11.20,Default,,0000,0000,0000,,Jeff Koons tem feito coisas\Nque sĂŁo verdadeiramente bonitas. Dialogue: 0,0:11:12.40,0:11:16.12,Default,,0000,0000,0000,,- Parece muito Kitsch para mim, porém\Nos de Kitsch eram todos agradáveis... Dialogue: 0,0:11:16.52,0:11:19.42,Default,,0000,0000,0000,,- Este é o objetivo, a essĂŞncia de seu trabalho. Dialogue: 0,0:11:19.86,0:11:21.40,Default,,0000,0000,0000,,- Qual é a utilidade desta arte, Dialogue: 0,0:11:21.68,0:11:23.83,Default,,0000,0000,0000,,em que isto ajuda as pessoas? Dialogue: 0,0:11:25.07,0:11:32.99,Default,,0000,0000,0000,,- Eu penso que...espero que isto permita\Nas pessoas a ver o mundo no qual vivem, Dialogue: 0,0:11:33.15,0:11:36.70,Default,,0000,0000,0000,,num sentido de que isto dĂŞ mais sentido a ele. Dialogue: 0,0:11:37.05,0:11:41.80,Default,,0000,0000,0000,,E nĂŁo é o mundo de um mundo ideal,\Nde outro mundo ou de algum lugar melhor, Dialogue: 0,0:11:42.55,0:11:46.75,Default,,0000,0000,0000,,mas o aqui e agora, o mundo em\Nque estĂŁo e em que tentam viver, Dialogue: 0,0:11:47.53,0:11:51.77,Default,,0000,0000,0000,,porém mais fácil do que o real. Dialogue: 0,0:12:00.87,0:12:03.13,Default,,0000,0000,0000,,EntĂŁo, a arte de hoje nos mostra o mundo Dialogue: 0,0:12:03.41,0:12:07.30,Default,,0000,0000,0000,,como ele é, o aqui e agora\Ne todas as suas imperfeiçþes. Dialogue: 0,0:12:08.01,0:12:10.34,Default,,0000,0000,0000,,Porém, é seu resultado REALMENTE arte? Dialogue: 0,0:12:12.98,0:12:17.39,Default,,0000,0000,0000,,Certamente algo nĂŁo é uma obra de arte\Nsó por mostrar a realidade, Dialogue: 0,0:12:17.81,0:12:20.90,Default,,0000,0000,0000,,incluindo a feiura,\Ne se auto chamar de arte. Dialogue: 0,0:12:35.33,0:12:39.98,Default,,0000,0000,0000,,A arte necessita de criatividade,\Ne criatividade, é sobre dividir, Dialogue: 0,0:12:40.54,0:12:44.30,Default,,0000,0000,0000,,chamar os outros para ver o\Nmundo como o artista o vĂŞ. Dialogue: 0,0:12:47.47,0:12:50.43,Default,,0000,0000,0000,,Ă por este motivo que vemos beleza\Nna arte inocente das crianças. Dialogue: 0,0:12:51.30,0:12:54.84,Default,,0000,0000,0000,,Crianças nĂŁo estĂŁo nos dando\Nidéias no lugar de imagens criativas, Dialogue: 0,0:12:55.53,0:12:57.92,Default,,0000,0000,0000,,nem estĂŁo se afundando em feiura. Dialogue: 0,0:12:58.68,0:13:02.99,Default,,0000,0000,0000,,Elas estĂŁo tentando afirmar o mundo\Ncomo o vĂŞem, e dividir o que sentem. Dialogue: 0,0:13:06.67,0:13:09.78,Default,,0000,0000,0000,,Algo da criatividade\Ndeliciosamente pura das crianças, Dialogue: 0,0:13:10.10,0:13:13.28,Default,,0000,0000,0000,,sobrevive em cada verdadeira obra de arte. Dialogue: 0,0:13:14.11,0:13:18.12,Default,,0000,0000,0000,,Mas criatividade nĂŁo é suficiente,\Ne o talento do verdadeiro artista, Dialogue: 0,0:13:18.35,0:13:23.38,Default,,0000,0000,0000,,é mostrar o real sob a luz do ideal,\Ne entĂŁo, transfigurá-lo. Dialogue: 0,0:13:27.97,0:13:32.17,Default,,0000,0000,0000,,Isto é o que Michelângelo alcança\Nem seu grande retrato de David. Dialogue: 0,0:13:34.83,0:13:37.83,Default,,0000,0000,0000,,Mas quando encontramos uma\Ncópia em concreto de David, Dialogue: 0,0:13:38.44,0:13:40.68,Default,,0000,0000,0000,,talvez como parte do\Narranjo de algum jardim, Dialogue: 0,0:13:40.88,0:13:42.30,Default,,0000,0000,0000,,ela nĂŁo é bela de fato, Dialogue: 0,0:13:43.21,0:13:47.12,Default,,0000,0000,0000,,pois lhe falta o ingrediente\Nessencial da criatividade. Dialogue: 0,0:14:05.05,0:14:08.19,Default,,0000,0000,0000,,DiscussĂľes do tipo que eu\Nestive tendo sĂŁo perigosas. Dialogue: 0,0:14:08.88,0:14:12.30,Default,,0000,0000,0000,,Em nossa cultura democrática, as\Npessoas geralmente pensam que é ameaçador Dialogue: 0,0:14:12.68,0:14:14.56,Default,,0000,0000,0000,,julgar o gosto de outra pessoa. Dialogue: 0,0:14:17.48,0:14:19.82,Default,,0000,0000,0000,,Alguns se sentem ainda ofendidos com a sugestĂŁo Dialogue: 0,0:14:20.13,0:14:22.97,Default,,0000,0000,0000,,de que existe uma diferença\Nentre bom e mau gosto, Dialogue: 0,0:14:23.18,0:14:26.67,Default,,0000,0000,0000,,ou de que importa o que\NvocĂŞ olha, lĂŞ ou escuta. Dialogue: 0,0:14:28.51,0:14:30.05,Default,,0000,0000,0000,,Mas isto nĂŁo ajuda ninguém. Dialogue: 0,0:14:30.73,0:14:34.78,Default,,0000,0000,0000,,Existem padrĂľes de beleza,\Nque tem firmes bases na natureza humana Dialogue: 0,0:14:35.22,0:14:38.57,Default,,0000,0000,0000,,precisamos zelar por eles\Ne trazĂŞ-los para nossas vidas. Dialogue: 0,0:14:44.34,0:14:46.92,Default,,0000,0000,0000,,Talvez as pessoas tenham\Nperdido a fé na beleza, Dialogue: 0,0:14:47.20,0:14:49.35,Default,,0000,0000,0000,,pois perderam a crença em ideais, Dialogue: 0,0:14:49.82,0:14:53.69,Default,,0000,0000,0000,,ou apenas por terem passado\Na acreditar no mundo do desejo animal. Dialogue: 0,0:14:54.58,0:14:58.02,Default,,0000,0000,0000,,NĂŁo existem valores além dos que sĂŁo Ăşteis; Dialogue: 0,0:14:58.65,0:15:00.77,Default,,0000,0000,0000,,algo tem valor, se tem utilidade. Dialogue: 0,0:15:01.57,0:15:03.49,Default,,0000,0000,0000,,E qual é a utilidade da beleza? Dialogue: 0,0:15:07.04,0:15:10.77,Default,,0000,0000,0000,,"Toda arte é absolutamente inĂştil",\Ndisse Oscar Wilde, Dialogue: 0,0:15:11.25,0:15:13.22,Default,,0000,0000,0000,,que havia notado isto como um elogio. Dialogue: 0,0:15:13.98,0:15:18.02,Default,,0000,0000,0000,,Para Wilde, a beleza tem um\Nvalor maior do que a utilidade. Dialogue: 0,0:15:18.68,0:15:21.39,Default,,0000,0000,0000,,Pessoas precisam de coisas inĂşteis tanto quanto, Dialogue: 0,0:15:21.49,0:15:24.75,Default,,0000,0000,0000,,ou mais ainda, precisam de coisas Ăşteis. Dialogue: 0,0:15:26.03,0:15:28.02,Default,,0000,0000,0000,,Pense nisto: qual é a utilidade do amor? Dialogue: 0,0:15:28.74,0:15:30.32,Default,,0000,0000,0000,,da amizade? da devoção? Dialogue: 0,0:15:30.67,0:15:32.67,Default,,0000,0000,0000,,Nenhum, de fato. Dialogue: 0,0:15:33.01,0:15:35.92,Default,,0000,0000,0000,,E o mesmo serve para a beleza. Dialogue: 0,0:15:38.56,0:15:42.10,Default,,0000,0000,0000,,Nossa sociedade consumista\Npensa na utilidade primeiro, Dialogue: 0,0:15:42.64,0:15:44.93,Default,,0000,0000,0000,,e a beleza nĂŁo passa\Nde um efeito colateral. Dialogue: 0,0:15:47.98,0:15:51.97,Default,,0000,0000,0000,,Sendo a arte é inĂştil, nĂŁo importa\No que vocĂŞ lĂŞ, o que olha, o que ouve. Dialogue: 0,0:15:59.88,0:16:02.50,Default,,0000,0000,0000,,Somos inundados de\Nmensagens por todos os lados, Dialogue: 0,0:16:02.92,0:16:06.24,Default,,0000,0000,0000,,tentados pelo desejo,\Nindiscriminadamente. Dialogue: 0,0:16:10.19,0:16:11.19,Default,,0000,0000,0000,,E esta é uma das razĂľes pela qual\Na beleza esta desaparecendo de nosso mundo. Dialogue: 0,0:16:13.92,0:16:16.17,Default,,0000,0000,0000,,Recebendo e gastando, vivemos para nada Dialogue: 0,0:16:16.68,0:16:18.77,Default,,0000,0000,0000,,exaustando nossas energias. Dialogue: 0,0:16:21.26,0:16:25.96,Default,,0000,0000,0000,,Na nossa cultura de hoje, a propaganda\Né mais importante que a obra de arte, Dialogue: 0,0:16:26.22,0:16:29.86,Default,,0000,0000,0000,,e as obras de arte sempre tentam ganhar\Nnossa atenção como as propagandas o fazem, Dialogue: 0,0:16:30.39,0:16:35.65,Default,,0000,0000,0000,,sendo rudes ou escandalosos, como\Neste crânio de platina ornado de pedras, Dialogue: 0,0:16:35.75,0:16:37.32,Default,,0000,0000,0000,,por Damien Hirst. Dialogue: 0,0:16:38.10,0:16:41.69,Default,,0000,0000,0000,,Como as propagandas, as obras de arte\Nde hoje buscam criar uma marca, Dialogue: 0,0:16:42.37,0:16:45.87,Default,,0000,0000,0000,,mesmo nĂŁo tendo produto a\Nvender, exceto elas mesmas. Dialogue: 0,0:17:21.36,0:17:23.44,Default,,0000,0000,0000,,A beleza partiu para duas direçþes: Dialogue: 0,0:17:23.86,0:17:29.71,Default,,0000,0000,0000,,para culto da feiura nas artes,\Ne para o culto da utilidade no cotidiano. Dialogue: 0,0:17:30.22,0:17:34.17,Default,,0000,0000,0000,,Estes dois cultos foram, juntos,\Npara o mundo da arquitetura. Dialogue: 0,0:17:38.39,0:17:42.11,Default,,0000,0000,0000,,Na virada do séc XX,\Narquitetos, como artistas, Dialogue: 0,0:17:42.53,0:17:47.30,Default,,0000,0000,0000,,passaram a ficar impacientes com\Na beleza e a substituí-la por utilidade. Dialogue: 0,0:17:50.84,0:17:55.26,Default,,0000,0000,0000,,O arquiteto americano, Louis Sullivan,\Nexpressou a crença dos modernistas, Dialogue: 0,0:17:55.56,0:17:58.18,Default,,0000,0000,0000,,quando disse que "a forma segue a função". Dialogue: 0,0:17:58.53,0:18:02.17,Default,,0000,0000,0000,,Em outras palavras,\N"pare de pensar na aparĂŞncia de uma construção Dialogue: 0,0:18:02.47,0:18:05.23,Default,,0000,0000,0000,,e pense, em vez disso, no que ela faz" Dialogue: 0,0:18:08.66,0:18:11.94,Default,,0000,0000,0000,,A doutrina de Sullivan,\Ntem sido usada para justificar Dialogue: 0,0:18:12.04,0:18:14.84,Default,,0000,0000,0000,,o maior crime contra a beleza\Nque o mundo jamais viu, Dialogue: 0,0:18:15.41,0:18:17.80,Default,,0000,0000,0000,,que é o crime da arquitetura moderna. Dialogue: 0,0:18:37.62,0:18:41.69,Default,,0000,0000,0000,,Eu cresci nos arredores de Reading,\Nque era uma charmosa cidade vitoriana, Dialogue: 0,0:18:41.79,0:18:44.34,Default,,0000,0000,0000,,com ruas arborizadas e igrejas góticas, Dialogue: 0,0:18:44.60,0:18:47.14,Default,,0000,0000,0000,,coroadas por elegantes\Nprédios pĂşblicos e hotéis. Dialogue: 0,0:18:48.26,0:18:51.06,Default,,0000,0000,0000,,Mas nos anos 60 as coisas começaram a mudar. Dialogue: 0,0:18:51.50,0:18:54.76,Default,,0000,0000,0000,,Aqui, no centro, uma rua inteira foi demolida Dialogue: 0,0:18:55.23,0:18:57.92,Default,,0000,0000,0000,,para dar lugar a escritórios\Ne uma estação de Ă´nibus. Dialogue: 0,0:18:58.16,0:19:02.03,Default,,0000,0000,0000,,Tudo projetado sem preocupação com a beleza. Dialogue: 0,0:19:02.85,0:19:07.60,Default,,0000,0000,0000,,e o resultado prova, claramente,\Nque se vocĂŞ considerar somente a utilidade, Dialogue: 0,0:19:08.26,0:19:10.41,Default,,0000,0000,0000,,as coisas que vocĂŞ construiu,\NvĂŁo se tornar inĂşteis. Dialogue: 0,0:19:11.96,0:19:15.59,Default,,0000,0000,0000,,Este prédio foi abandonado,\Npois ninguém tem uso para isto; Dialogue: 0,0:19:15.86,0:19:18.82,Default,,0000,0000,0000,,ninguém tem um uso para isso\Npois ninguém quer ficar nele; Dialogue: 0,0:19:19.34,0:19:22.44,Default,,0000,0000,0000,,ninguém quer ficar nele\Nporque ele é feio! Dialogue: 0,0:19:35.19,0:19:37.12,Default,,0000,0000,0000,,Para onde olhamos, há feiura e mutilação. Dialogue: 0,0:19:37.33,0:19:42.16,Default,,0000,0000,0000,,Os escritórios e a estação\Nde Ă´nibus foram abandonadas Dialogue: 0,0:19:43.50,0:19:47.38,Default,,0000,0000,0000,,e as Ăşnicas coisas que habitam o local\NsĂŁo pombos, cobrindo os pavimentos. Dialogue: 0,0:19:48.34,0:19:50.88,Default,,0000,0000,0000,,Tudo foi vandalizado. Dialogue: 0,0:19:51.79,0:19:53.73,Default,,0000,0000,0000,,Mas nĂŁo devemos culpar os vândalos. Dialogue: 0,0:19:53.99,0:19:56.11,Default,,0000,0000,0000,,este lugar foi construído por vândalos, Dialogue: 0,0:19:56.27,0:19:59.63,Default,,0000,0000,0000,,os pichadores apenas finalizaram o trabalho. Dialogue: 0,0:20:04.33,0:20:08.08,Default,,0000,0000,0000,,A maior parte de nossas\Ncidades tem áreas como esta, Dialogue: 0,0:20:08.62,0:20:11.53,Default,,0000,0000,0000,,em que prédios foram eretos apenas para uso, Dialogue: 0,0:20:11.70,0:20:13.64,Default,,0000,0000,0000,,e que rapidamente se tornaram inĂşteis. Dialogue: 0,0:20:14.32,0:20:17.06,Default,,0000,0000,0000,,NĂŁo que os arquitetos tenham\Naprendido com este desastre... Dialogue: 0,0:20:33.69,0:20:36.09,Default,,0000,0000,0000,,Quando o pĂşblico começou reagir contra Dialogue: 0,0:20:36.19,0:20:38.72,Default,,0000,0000,0000,,o brutal estilo do concreto nos anos 60, Dialogue: 0,0:20:39.19,0:20:42.89,Default,,0000,0000,0000,,os arquitetos apenas o substituíram\Npor um novo tipo de lixo: Dialogue: 0,0:20:43.26,0:20:46.01,Default,,0000,0000,0000,,paredes de vidro\Nsustentadas por vigas de ferro Dialogue: 0,0:20:46.32,0:20:48.80,Default,,0000,0000,0000,,com detalhes absurdos que nĂŁo combinam. Dialogue: 0,0:20:49.22,0:20:54.60,Default,,0000,0000,0000,,O resultado é um outro tipo de fracasso,\Nque existe apenas para ser demolido. Dialogue: 0,0:21:10.100,0:21:16.81,Default,,0000,0000,0000,,No meio de toda esta tragédia, encontramos\Num fragmento das ruas que foram destruídas. Dialogue: 0,0:21:17.18,0:21:20.25,Default,,0000,0000,0000,,O que foi uma ferraria, hoje é um café, Dialogue: 0,0:21:20.78,0:21:25.79,Default,,0000,0000,0000,,e as pessoas vĂŞm aqui, de toda a parte,\Nporque este é a Ăşltima gota de vida que resta; Dialogue: 0,0:21:26.05,0:21:28.70,Default,,0000,0000,0000,,e a vida vem da construção. Dialogue: 0,0:21:41.01,0:21:45.56,Default,,0000,0000,0000,,Isto me leva novamente Ă  observação de Oscar Wilde,\Nde que toda arte é absolutamente inĂştil. Dialogue: 0,0:21:46.58,0:21:49.67,Default,,0000,0000,0000,,Priorize a utilidade e vocĂŞ a perderá, Dialogue: 0,0:21:50.34,0:21:54.63,Default,,0000,0000,0000,,priorize a beleza e o que vocĂŞ\Nconstruir será Ăştil para sempre. Dialogue: 0,0:21:55.49,0:21:59.11,Default,,0000,0000,0000,,Ocorre que nada é mais Ăştil que o inĂştil. Dialogue: 0,0:22:05.10,0:22:09.61,Default,,0000,0000,0000,,Nós vemos isto na arquitetura tradicional,\Ncom seus detalhes decorativos, Dialogue: 0,0:22:10.32,0:22:13.74,Default,,0000,0000,0000,,ornamentos livres da "tirania do Ăştil", Dialogue: 0,0:22:13.84,0:22:15.98,Default,,0000,0000,0000,,que satisfazem a nossa necessidade por harmonia Dialogue: 0,0:22:16.66,0:22:19.48,Default,,0000,0000,0000,,e de uma forma estranha,\Nelas nos fazem nos sentir em casa. Dialogue: 0,0:22:19.97,0:22:23.01,Default,,0000,0000,0000,,Eles nos lembram de que temos\Nmais que necessidades práticas, Dialogue: 0,0:22:23.85,0:22:28.50,Default,,0000,0000,0000,,nĂŁo somos governados apenas por\Ninstintos básicos como comer e dormir, Dialogue: 0,0:22:28.69,0:22:33.43,Default,,0000,0000,0000,,temos necessidades morais e espirituais\Ntambém, e se uns precisam ser satisfeitos, Dialogue: 0,0:22:33.80,0:22:35.77,Default,,0000,0000,0000,,os outros também. Dialogue: 0,0:22:56.51,0:22:59.52,Default,,0000,0000,0000,,Todos sabemos como é,\Naté mesmo no dia-a-dia, Dialogue: 0,0:22:59.97,0:23:03.06,Default,,0000,0000,0000,,ser transportado de repente\Npor coisas que vemos, Dialogue: 0,0:23:03.22,0:23:05.55,Default,,0000,0000,0000,,do mundo ordinário dos nossos desejos, Dialogue: 0,0:23:05.65,0:23:08.64,Default,,0000,0000,0000,,para a iluminada esfera da contemplação. Dialogue: 0,0:23:11.90,0:23:16.36,Default,,0000,0000,0000,,O raio do sol, a lembrança de\Numa melodia, o rosto de uma pessoa amada, Dialogue: 0,0:23:16.68,0:23:23.18,Default,,0000,0000,0000,,isto nos toma nos momentos mais distraídos\Nque, de repente, a vida vale a pena. Dialogue: 0,0:23:30.43,0:23:36.98,Default,,0000,0000,0000,,Estes sĂŁo momentos atemporais, em que\Nsentimos a presença de outro e mais elevado mundo. Dialogue: 0,0:23:40.10,0:23:42.57,Default,,0000,0000,0000,,Desde o começo da civilização ocidental, Dialogue: 0,0:23:42.67,0:23:46.07,Default,,0000,0000,0000,,poetas e filósofos viram a experiĂŞncia da beleza Dialogue: 0,0:23:46.73,0:23:49.00,Default,,0000,0000,0000,,como uma aproximação com o divino. Dialogue: 0,0:23:51.53,0:23:55.66,Default,,0000,0000,0000,,PlatĂŁo, escrevendo em Atenas no séc IV a.C, Dialogue: 0,0:23:55.91,0:24:00.61,Default,,0000,0000,0000,,argumentou que a beleza é o sinal\Nde uma outra ordem, superior. Dialogue: 0,0:24:03.52,0:24:06.83,Default,,0000,0000,0000,,"Contemplando a beleza com os olhos da mente, ele escreveu, Dialogue: 0,0:24:07.20,0:24:11.98,Default,,0000,0000,0000,,vocĂŞ será capaz de nutrir a verdadeira\Nvirtude e se tornar amigo de Deus." Dialogue: 0,0:24:16.06,0:24:18.14,Default,,0000,0000,0000,,PlatĂŁo era um idealista. Dialogue: 0,0:24:18.39,0:24:23.09,Default,,0000,0000,0000,,ele acreditava que os seres humanos\NsĂŁo peregrinos e passageiros neste mundo, Dialogue: 0,0:24:23.67,0:24:26.17,Default,,0000,0000,0000,,que estĂŁo sempre aspirando para além dele, Dialogue: 0,0:24:26.41,0:24:30.15,Default,,0000,0000,0000,,para o eterno reino onde estarĂŁo unidos com Deus. Dialogue: 0,0:24:35.88,0:24:39.18,Default,,0000,0000,0000,,Deus existe, em um mundo\Ntranscendente, Dialogue: 0,0:24:39.64,0:24:43.82,Default,,0000,0000,0000,,para o qual nós humanos aspiramos,\Nmas que nĂŁo podemos conhecer diretamente. Dialogue: 0,0:24:46.98,0:24:50.88,Default,,0000,0000,0000,,Mas uma forma de vislumbrar\Nesta esfera divina daqui debaixo, Dialogue: 0,0:24:50.98,0:24:54.02,Default,,0000,0000,0000,,é através da experiĂŞncia da beleza. Dialogue: 0,0:24:57.97,0:25:00.57,Default,,0000,0000,0000,,Isto leva a um paradoxo. Dialogue: 0,0:25:00.67,0:25:05.22,Default,,0000,0000,0000,,Para PlatĂŁo, a beleza era primeiramente,\Ne sobretudo, a beleza do rosto humano Dialogue: 0,0:25:05.32,0:25:07.30,Default,,0000,0000,0000,,e da forma humana. Dialogue: 0,0:25:07.40,0:25:11.11,Default,,0000,0000,0000,,O amor da beleza, ele pensou,\Nse origina em Eros, Dialogue: 0,0:25:11.46,0:25:13.34,Default,,0000,0000,0000,,a paixĂŁo que todos nós sentimos. Dialogue: 0,0:25:13.54,0:25:16.86,Default,,0000,0000,0000,,Chamaríamos isto de "amor romântico". Dialogue: 0,0:25:16.96,0:25:19.81,Default,,0000,0000,0000,,Para PlatĂŁo, Eros era uma força cósmica, Dialogue: 0,0:25:20.30,0:25:23.84,Default,,0000,0000,0000,,que flui através de nós\Nsob a forma de desejo sexual. Dialogue: 0,0:25:27.93,0:25:30.71,Default,,0000,0000,0000,,Porém se a beleza humana evoca desejo, Dialogue: 0,0:25:31.40,0:25:34.36,Default,,0000,0000,0000,,como ela pode ter relação com o divino? Dialogue: 0,0:25:34.62,0:25:38.84,Default,,0000,0000,0000,,Desejo é para o indivíduo,\Nvivendo neste mundo. Dialogue: 0,0:25:38.94,0:25:41.23,Default,,0000,0000,0000,,Ă uma paixĂŁo urgente. Dialogue: 0,0:25:43.20,0:25:46.61,Default,,0000,0000,0000,,O desejo sexual nos dá uma escolha: Dialogue: 0,0:25:47.04,0:25:49.51,Default,,0000,0000,0000,,adoração ou lascívia, Dialogue: 0,0:25:50.07,0:25:52.16,Default,,0000,0000,0000,,amor ou luxĂşria. Dialogue: 0,0:25:52.75,0:25:56.84,Default,,0000,0000,0000,,LuxĂşria é sobre tomar, mas amor é sobre dar. Dialogue: 0,0:26:02.00,0:26:03.33,Default,,0000,0000,0000,,LuxĂşria traz a feiura, Dialogue: 0,0:26:03.44,0:26:07.14,Default,,0000,0000,0000,,a feiura da relação humana onde um pessoa trata a outra Dialogue: 0,0:26:07.47,0:26:09.65,Default,,0000,0000,0000,,como um objeto dispensável. Dialogue: 0,0:26:13.30,0:26:16.75,Default,,0000,0000,0000,,Para alcançar a fonte da beleza,\Ndevemos abandonar a luxĂşria. Dialogue: 0,0:26:33.42,0:26:39.36,Default,,0000,0000,0000,,E este sentimento, sem a luxĂşria, é o que\Nqueremos dizer hoje com "amor platĂ´nico". Dialogue: 0,0:26:40.90,0:26:43.74,Default,,0000,0000,0000,,Quando vemos beleza em uma pessoa, Dialogue: 0,0:26:44.08,0:26:46.77,Default,,0000,0000,0000,,é porque vislumbramos nela\Na luz da eternidade Dialogue: 0,0:26:46.91,0:26:50.73,Default,,0000,0000,0000,,brilhando de uma fonte\Ndivina, além deste mundo. Dialogue: 0,0:26:57.05,0:27:00.62,Default,,0000,0000,0000,,A bela forma humana\Né um convite para nos unirmos a ela, Dialogue: 0,0:27:00.72,0:27:03.97,Default,,0000,0000,0000,,espiritualmente, nĂŁo fisicamente. Dialogue: 0,0:27:05.60,0:27:11.43,Default,,0000,0000,0000,,O que sentimos sobre beleza é como o que sentimos\Nsobre religiĂŁo: nĂŁo é um sentimento sensual. Dialogue: 0,0:27:18.35,0:27:21.34,Default,,0000,0000,0000,,Esta teoria de PlatĂŁo é magnífica. Dialogue: 0,0:27:21.94,0:27:24.93,Default,,0000,0000,0000,,Beleza, ele pensou,\Nera uma visitante de outro mundo. Dialogue: 0,0:27:25.25,0:27:29.20,Default,,0000,0000,0000,,NĂŁo podemos fazer nada com ela,\Nsalvo contemplar sua radiante pureza. Dialogue: 0,0:27:29.58,0:27:32.66,Default,,0000,0000,0000,,Qualquer outra coisa, poluí-a, profana-a, Dialogue: 0,0:27:32.76,0:27:35.42,Default,,0000,0000,0000,,destruindo sua aura sagrada. Dialogue: 0,0:27:44.20,0:27:48.29,Default,,0000,0000,0000,,A teoria de PlatĂŁo pode parecer\Nultrapassada para as pessoas de hoje, Dialogue: 0,0:27:48.61,0:27:52.35,Default,,0000,0000,0000,,porém é uma das mais\Ninfluentes teorias da história. Dialogue: 0,0:27:53.04,0:27:56.99,Default,,0000,0000,0000,,Durante nossa civilização, poetas,\Ncontadores de histórias, pintores, Dialogue: 0,0:27:57.09,0:28:01.12,Default,,0000,0000,0000,,padres e filósofos, foram inspirados\Npela visĂŁo de PlatĂŁo Dialogue: 0,0:28:01.22,0:28:03.34,Default,,0000,0000,0000,,sobre sexo e amor. Dialogue: 0,0:28:08.26,0:28:11.78,Default,,0000,0000,0000,,Se olharmos na seção de poesia,\Nencontraremos muitos livros Dialogue: 0,0:28:11.92,0:28:14.98,Default,,0000,0000,0000,,de pessoas que tentavam explicar\Na visĂŁo platĂ´nica do erótico. Dialogue: 0,0:28:15.33,0:28:16.96,Default,,0000,0000,0000,,Veja este aqui! Dialogue: 0,0:28:19.23,0:28:21.45,Default,,0000,0000,0000,,"The death of Arthur" de Thomas Mallory, Dialogue: 0,0:28:21.55,0:28:23.97,Default,,0000,0000,0000,,John Donne, aqui e ali, Dialogue: 0,0:28:24.18,0:28:26.26,Default,,0000,0000,0000,,"Sir Gawain and the Black Knight", Dialogue: 0,0:28:26.56,0:28:28.61,Default,,0000,0000,0000,,Chaucer, especialmente em "A Knight's Tale", Dialogue: 0,0:28:29.09,0:28:30.74,Default,,0000,0000,0000,,poemas manuscritos de Poe, Dialogue: 0,0:28:31.44,0:28:33.75,Default,,0000,0000,0000,,inacreditáveis expressĂľes da visĂŁo platĂ´nica... Dialogue: 0,0:28:34.83,0:28:38.77,Default,,0000,0000,0000,,Cavalcanti, que foi o mestre de Dante\Ne Dante mesmo inclusive, Dialogue: 0,0:28:40.39,0:28:43.78,Default,,0000,0000,0000,,Spenser, claro "The Faerie Queen", Dialogue: 0,0:28:44.14,0:28:46.38,Default,,0000,0000,0000,,Dafydd ap Gwilym onde temos a versĂŁo\Ngalesa (País de Gales) disto, Dialogue: 0,0:28:46.89,0:28:50.26,Default,,0000,0000,0000,,As Mulheres Trubadur, Christina Rossetti, Dialogue: 0,0:28:51.34,0:28:53.41,Default,,0000,0000,0000,,que tem uma visĂŁo mais Vitoriana, Dialogue: 0,0:28:54.75,0:28:56.37,Default,,0000,0000,0000,,e assim vai... Dialogue: 0,0:29:09.26,0:29:12.12,Default,,0000,0000,0000,,O pintor renascentista Sandro Botticelli, Dialogue: 0,0:29:12.56,0:29:17.87,Default,,0000,0000,0000,,ilustrou a teoria nesta famosa pintura,\Nque mostra o nascimento de VĂŞnus, Dialogue: 0,0:29:17.97,0:29:19.76,Default,,0000,0000,0000,,deusa do amor erótico. Dialogue: 0,0:29:20.99,0:29:25.34,Default,,0000,0000,0000,,VĂŞnus olha para o mundo\Nde um local além do desejo, Dialogue: 0,0:29:25.57,0:29:28.94,Default,,0000,0000,0000,,ela nos convida a transcender\Nnossas paixĂľes terrenas Dialogue: 0,0:29:29.06,0:29:32.66,Default,,0000,0000,0000,,e nos unirmos a ela,\Natravés do amor puro Ă  beleza Dialogue: 0,0:29:35.56,0:29:38.74,Default,,0000,0000,0000,,A musa de Botticelli foi\NSimonetta Vespucci. Dialogue: 0,0:29:39.48,0:29:42.49,Default,,0000,0000,0000,,Botticelli a amou até\No fim de sua breve vida, Dialogue: 0,0:29:42.74,0:29:45.55,Default,,0000,0000,0000,,e pediu para ser enterrado a seus pés. Dialogue: 0,0:29:45.91,0:29:51.33,Default,,0000,0000,0000,,Ela era, para ele, a representação do\Nideal de PlatĂŁo: era a beleza a ser contemplada, Dialogue: 0,0:29:51.47,0:29:53.36,Default,,0000,0000,0000,,mas nĂŁo possuída. Dialogue: 0,0:29:56.69,0:30:02.59,Default,,0000,0000,0000,,PlatĂŁo e Botticelli nos dizem que a\Nverdadeira beleza está além do desejo sexual. Dialogue: 0,0:30:02.84,0:30:06.81,Default,,0000,0000,0000,,EntĂŁo podemos encontrar beleza\NnĂŁo somente em uma pessoa jovem e desejável, Dialogue: 0,0:30:07.12,0:30:11.30,Default,,0000,0000,0000,,mas também num rosto envelhecido,\Ncheio de pesar e sabedoria, Dialogue: 0,0:30:11.40,0:30:13.49,Default,,0000,0000,0000,,como a pintura de Rembrandt. Dialogue: 0,0:30:20.81,0:30:24.52,Default,,0000,0000,0000,,A beleza de um rosto é o símbolo\Nde uma vida expressa nele, Dialogue: 0,0:30:25.65,0:30:29.84,Default,,0000,0000,0000,,sua carne se transforma em espírito\Ne ao fixar nossos olhos nele, Dialogue: 0,0:30:29.98,0:30:32.78,Default,,0000,0000,0000,,vemos através da alma. Dialogue: 0,0:30:35.84,0:30:39.41,Default,,0000,0000,0000,,Pintores como Rembrandt foram\Nimportantes por nos mostrarem a beleza Dialogue: 0,0:30:39.60,0:30:41.93,Default,,0000,0000,0000,,como algo corriqueiro, Dialogue: 0,0:30:42.74,0:30:44.33,Default,,0000,0000,0000,,ela está ao nosso redor, Dialogue: 0,0:30:44.71,0:30:48.71,Default,,0000,0000,0000,,precisamos apenas dos olhos para\NvĂŞ-la e do coração para senti-la. Dialogue: 0,0:30:48.83,0:30:52.48,Default,,0000,0000,0000,,O acontecimento mais banal\Npode ser transformado em algo belo, Dialogue: 0,0:30:52.65,0:30:55.89,Default,,0000,0000,0000,,por um pintor que pode ver o coração das coisas. Dialogue: 0,0:31:09.34,0:31:12.05,Default,,0000,0000,0000,,Enquanto a crença em um Deus transcendente Dialogue: 0,0:31:12.42,0:31:15.28,Default,,0000,0000,0000,,estava enraizada na nossa civilização, Dialogue: 0,0:31:15.43,0:31:18.70,Default,,0000,0000,0000,,artistas e filósofos continuaram a ver a beleza Dialogue: 0,0:31:19.21,0:31:20.55,Default,,0000,0000,0000,,do ponto de vista de PlatĂŁo. Dialogue: 0,0:31:21.63,0:31:25.56,Default,,0000,0000,0000,,A beleza era a revelação\Nde Deus, no aqui e agora. Dialogue: 0,0:31:28.78,0:31:32.92,Default,,0000,0000,0000,,Esta religiĂŁo ligada Ă  beleza\Ndurou dois mil anos, Dialogue: 0,0:31:34.04,0:31:39.44,Default,,0000,0000,0000,,mas no séc XVII a revolução científica\Ncomeçou a semear a dĂşvida. Dialogue: 0,0:31:43.05,0:31:49.40,Default,,0000,0000,0000,,A visĂŁo medieval aceitou a idéia\Nde que a terra era o centro do universo, Dialogue: 0,0:31:52.01,0:31:56.93,Default,,0000,0000,0000,,EntĂŁo, Copérnico e Galileu, provaram\Nque a terra gira em torno do sol, Dialogue: 0,0:31:58.14,0:32:03.43,Default,,0000,0000,0000,,e Newton completou o trabalho, descrevendo\No universo como um relógio onde Dialogue: 0,0:32:03.78,0:32:06.92,Default,,0000,0000,0000,,cada momento se sucede mecanicamente. Dialogue: 0,0:32:14.45,0:32:17.06,Default,,0000,0000,0000,,Esta era a visĂŁo do Iluminismo,\Nque descrevia nosso mundo Dialogue: 0,0:32:17.21,0:32:21.53,Default,,0000,0000,0000,,como se nĂŁo houvesse mais lugar\Nnele para deuses e espíritos, Dialogue: 0,0:32:21.97,0:32:24.65,Default,,0000,0000,0000,,nem para valores e ideais. Dialogue: 0,0:32:24.97,0:32:26.48,Default,,0000,0000,0000,,Sem lugar para nada, Dialogue: 0,0:32:26.64,0:32:31.50,Default,,0000,0000,0000,,além do movimento regular do relógio\Nque move a Lua em torno da Terra Dialogue: 0,0:32:31.80,0:32:36.02,Default,,0000,0000,0000,,e a Terra em torno do Sol\Nsem nenhum propósito maior. Dialogue: 0,0:32:41.73,0:32:46.51,Default,,0000,0000,0000,,No centro do universo newtoniano,\Nhá um vazio com o "formato de Deus", Dialogue: 0,0:32:46.61,0:32:48.68,Default,,0000,0000,0000,,um vácuo espiritual, Dialogue: 0,0:32:48.78,0:32:52.22,Default,,0000,0000,0000,,e um filósofo em particular\Nbuscou preencher este vácuo: Dialogue: 0,0:32:52.61,0:32:54.93,Default,,0000,0000,0000,,o terceiro Conde de Shaftesbury. Dialogue: 0,0:32:58.50,0:33:02.30,Default,,0000,0000,0000,,A ciĂŞncia explica as coisas,\Nporém, para Shaftesbury, Dialogue: 0,0:33:02.72,0:33:06.15,Default,,0000,0000,0000,,parte do mundo estava ainda,\Nde alguma forma, incompleta. Dialogue: 0,0:33:06.50,0:33:09.46,Default,,0000,0000,0000,,Podemos ver o mundo\Npor outra perspectiva, Dialogue: 0,0:33:10.06,0:33:13.11,Default,,0000,0000,0000,,nĂŁo buscando usá-lo ou explicá-lo, Dialogue: 0,0:33:13.43,0:33:19.52,Default,,0000,0000,0000,,mas simplesmente contemplando sua aparĂŞncia,\Ncomo podemos contemplar um campo ou uma flor. Dialogue: 0,0:33:23.85,0:33:26.79,Default,,0000,0000,0000,,A idéia de que o mundo é\Nintrinsecamente significativo, Dialogue: 0,0:33:27.06,0:33:31.67,Default,,0000,0000,0000,,coberto de um encantamento que nĂŁo necessita\Nde doutrina religiosa para percebĂŞ-lo, Dialogue: 0,0:33:31.82,0:33:34.24,Default,,0000,0000,0000,,uma vez que é uma profunda\Nnecessidade emocional. Dialogue: 0,0:33:34.42,0:33:37.18,Default,,0000,0000,0000,,A beleza nĂŁo foi colocada no mundo por Deus, Dialogue: 0,0:33:37.38,0:33:39.28,Default,,0000,0000,0000,,mas descoberta nele pelas pessoas. Dialogue: 0,0:33:55.76,0:33:59.49,Default,,0000,0000,0000,,O ideal de Shrewsbury\Nencorajava o culto Ă  beleza, Dialogue: 0,0:34:00.16,0:34:03.37,Default,,0000,0000,0000,,que elevava a apreciação\Nda arte e da beleza Dialogue: 0,0:34:03.62,0:34:07.33,Default,,0000,0000,0000,,ao papel que fora\Nocupado pelo culto Ă  Deus. Dialogue: 0,0:34:07.43,0:34:11.54,Default,,0000,0000,0000,,A beleza deveria preencher o vazio\Ncom o "formato de Deus", criado pela ciĂŞncia. Dialogue: 0,0:34:15.96,0:34:21.69,Default,,0000,0000,0000,,Artistas nĂŁo eram mais ilustradores\Ndas historias sagradas, a serviço da Igreja; Dialogue: 0,0:34:22.21,0:34:25.38,Default,,0000,0000,0000,,eles estavam descobrindo\Nas historias por si mesmos, Dialogue: 0,0:34:25.48,0:34:27.98,Default,,0000,0000,0000,,ao interpretar os segredos da natureza. Dialogue: 0,0:34:28.70,0:34:31.79,Default,,0000,0000,0000,,Campos, que costumavam ser meros\Npanos de fundo para imagens sagradas, Dialogue: 0,0:34:32.28,0:34:37.94,Default,,0000,0000,0000,,se tornaram o foco, com\Nhumanos apenas de figuração. Dialogue: 0,0:34:42.73,0:34:45.90,Default,,0000,0000,0000,,Mas para Shrewsbury,\NnĂŁo era necessária uma obra de arte Dialogue: 0,0:34:46.24,0:34:48.55,Default,,0000,0000,0000,,para nos mostrar a beleza do mundo. Dialogue: 0,0:34:48.91,0:34:54.74,Default,,0000,0000,0000,,Apenas devemos olhar para as coisas\Ncom atenção e sentimentalidade. Dialogue: 0,0:34:58.06,0:35:01.25,Default,,0000,0000,0000,,Shrewsbury está nos dizendo:\N"pare de de usar as coisas, Dialogue: 0,0:35:01.35,0:35:02.81,Default,,0000,0000,0000,,de querer explicá-las, Dialogue: 0,0:35:02.91,0:35:05.82,Default,,0000,0000,0000,,contemple-as, em vez disso. Dialogue: 0,0:35:06.36,0:35:08.47,Default,,0000,0000,0000,,Assim entenderemos o que elas significam. Dialogue: 0,0:35:09.14,0:35:12.34,Default,,0000,0000,0000,,A mensagem da flor, é a flor. Dialogue: 0,0:35:23.56,0:35:26.08,Default,,0000,0000,0000,,Budistas Zen disseram coisas semelhantes. Dialogue: 0,0:35:26.76,0:35:30.47,Default,,0000,0000,0000,,somente deixando nossos interesses de lado Dialogue: 0,0:35:30.66,0:35:34.29,Default,,0000,0000,0000,,é que encontraremos da verdade real da flor. Dialogue: 0,0:35:34.39,0:35:38.69,Default,,0000,0000,0000,,Vendo as coisas por este lado,\Ndescobrimos sua beleza. Dialogue: 0,0:35:45.42,0:35:49.24,Default,,0000,0000,0000,,O maior filósofo do Iluminismo,\NImmanuel Kant, Dialogue: 0,0:35:49.37,0:35:52.79,Default,,0000,0000,0000,,foi profundamente influenciado\Npelas idéias de Shrewsbury. Dialogue: 0,0:35:53.62,0:36:00.42,Default,,0000,0000,0000,,Kant argumentou, que a experiĂŞncia da beleza,\NvĂŞm quando abandonamos nossos interesses, Dialogue: 0,0:36:00.54,0:36:04.32,Default,,0000,0000,0000,,quando olhamos para as coisas nĂŁo com\Na intenção de usá-las para nossos propósitos, Dialogue: 0,0:36:04.42,0:36:09.47,Default,,0000,0000,0000,,explicar como elas funcionam,\Nou satisfazer alguma necessidade ou desejo, Dialogue: 0,0:36:09.57,0:36:13.75,Default,,0000,0000,0000,,mas apenas para observá-las\Ne assimilar o que elas sĂŁo. Dialogue: 0,0:36:21.65,0:36:26.88,Default,,0000,0000,0000,,Considere a alegria que sentimos\Nao segurar o bebĂŞ de uma amiga, Dialogue: 0,0:36:27.52,0:36:29.58,Default,,0000,0000,0000,,vocĂŞ nĂŁo quer fazer nada com o bebé, Dialogue: 0,0:36:30.13,0:36:35.46,Default,,0000,0000,0000,,vocĂŞ nĂŁo quer comĂŞ-lo, usá-lo para algo,\Nou fazer uma experiĂŞncia científica com ele. Dialogue: 0,0:36:36.56,0:36:41.90,Default,,0000,0000,0000,,vocĂŞ apenas quer sentir a vida que emana Dialogue: 0,0:36:42.19,0:36:47.70,Default,,0000,0000,0000,,quando vocĂŞ coloca todo o seu foco\Nneste bebĂŞ e nĂŁo mais em si mesmo. Dialogue: 0,0:36:51.57,0:36:55.80,Default,,0000,0000,0000,,Esta é o que Kant descreveu\Ncomo uma atitude desinteressada, Dialogue: 0,0:36:55.92,0:37:00.58,Default,,0000,0000,0000,,a atitude que permeia\Nnossa experiĂŞncia da beleza. Dialogue: 0,0:37:03.40,0:37:05.97,Default,,0000,0000,0000,,Explicar isto é extremamente difícil, Dialogue: 0,0:37:06.07,0:37:09.58,Default,,0000,0000,0000,,pois se vocĂŞ nĂŁo vivenciou isto,\NnĂŁo sabe o que significa. Dialogue: 0,0:37:09.88,0:37:15.71,Default,,0000,0000,0000,,Mas todos, ao ouvir boa mĂşsica,\Nolhar uma paisagem sublime, Dialogue: 0,0:37:16.82,0:37:21.47,Default,,0000,0000,0000,,ler um poema que parece conter\Na essĂŞncia daquilo que descreve, Dialogue: 0,0:37:21.92,0:37:24.74,Default,,0000,0000,0000,,todos que passam por uma experiĂŞncia\Ncomo essa dizem: Dialogue: 0,0:37:24.84,0:37:26.92,Default,,0000,0000,0000,,"Sim, isto é suficiente!". Dialogue: 0,0:37:33.46,0:37:36.66,Default,,0000,0000,0000,,Mas por que esta experiĂŞncia\Né tĂŁo importante ? Dialogue: 0,0:37:37.12,0:37:40.95,Default,,0000,0000,0000,,O confronto com a beleza\Né tĂŁo imediato, tĂŁo vívido, Dialogue: 0,0:37:41.56,0:37:45.89,Default,,0000,0000,0000,,tĂŁo pessoal, que parece difícil\Nque pertença ao mundo ordinário. Dialogue: 0,0:37:46.67,0:37:50.87,Default,,0000,0000,0000,,Sim, a beleza brilha sobre\Nnós através de coisas comuns. Dialogue: 0,0:37:50.97,0:37:55.20,Default,,0000,0000,0000,,Será esta uma característica do\Nmundo ou apenas nossa imaginação? Dialogue: 0,0:37:58.54,0:38:03.76,Default,,0000,0000,0000,,Na maior parte do tempo, nossa vida\Ngira em torno de nossas preocupaçþes diárias, Dialogue: 0,0:38:04.24,0:38:07.94,Default,,0000,0000,0000,,mas Ă s vezes, nosso foco é mudado, Dialogue: 0,0:38:08.97,0:38:12.06,Default,,0000,0000,0000,,na presença algo muito mais importante Dialogue: 0,0:38:12.48,0:38:15.77,Default,,0000,0000,0000,,que nossos desejos e\Ninteresses imediatos, Dialogue: 0,0:38:15.87,0:38:17.28,Default,,0000,0000,0000,,algo que nĂŁo é deste mundo. Dialogue: 0,0:38:19.99,0:38:20.99,Default,,0000,0000,0000,,De PlatĂŁo a Kant, Dialogue: 0,0:38:21.11,0:38:27.27,Default,,0000,0000,0000,,filósofos tentaram capturar a peculiar\Nmaneira com a qual a beleza nos comove, Dialogue: 0,0:38:28.87,0:38:32.60,Default,,0000,0000,0000,,como um sĂşbito raio de sol,\Nou o ímpeto do amor. Dialogue: 0,0:38:33.98,0:38:37.30,Default,,0000,0000,0000,,Para PlatĂŁo, a Ăşnica\Nexplicação de tal experiĂŞncia, Dialogue: 0,0:38:37.59,0:38:42.26,Default,,0000,0000,0000,,era sua origem transcendente,\Nque nos atinge, como a voz de Deus. Dialogue: 0,0:38:46.81,0:38:49.86,Default,,0000,0000,0000,,E Kant também,\Nde uma maneira muito mais sóbria, Dialogue: 0,0:38:49.96,0:38:55.47,Default,,0000,0000,0000,,crĂŞ que experienciar a beleza nos conecta\Ncom o mistério máximo da existĂŞncia. Dialogue: 0,0:38:57.90,0:39:01.49,Default,,0000,0000,0000,,Através da beleza somos\Ntrazidos Ă  presença do sagrado. Dialogue: 0,0:39:07.59,0:39:10.32,Default,,0000,0000,0000,,Podemos entender o que estes\Nfilósofos queriam dizer, Dialogue: 0,0:39:10.42,0:39:14.21,Default,,0000,0000,0000,,se refletirmos no que sentimos\Nna presença da morte, Dialogue: 0,0:39:14.47,0:39:17.24,Default,,0000,0000,0000,,especialmente a morte de uma pessoa amada. Dialogue: 0,0:39:17.92,0:39:22.32,Default,,0000,0000,0000,,Olhamos com aversĂŁo para\No corpo cuja a vida se esvaiu, Dialogue: 0,0:39:22.68,0:39:25.35,Default,,0000,0000,0000,,relutamos em tocar o corpo, Dialogue: 0,0:39:25.64,0:39:29.12,Default,,0000,0000,0000,,o vemos como nĂŁo exatamente\Nparte do nosso mundo, Dialogue: 0,0:39:29.22,0:39:32.32,Default,,0000,0000,0000,,quase como um visitante de uma outra esfera. Dialogue: 0,0:39:38.93,0:39:41.35,Default,,0000,0000,0000,,E o mesmo sentido do transcendente, Dialogue: 0,0:39:41.45,0:39:45.25,Default,,0000,0000,0000,,emerge da experiĂŞncia que inspirou PlatĂŁo: Dialogue: 0,0:39:45.74,0:39:49.97,Default,,0000,0000,0000,,a experiĂŞncia de se apaixonar. Dialogue: 0,0:39:53.100,0:40:00.02,Default,,0000,0000,0000,,Estas duas coisas sĂŁo parte do universo humano,\Ne sĂŁo experiĂŞncias de um tipo estranho. Dialogue: 0,0:40:00.58,0:40:05.64,Default,,0000,0000,0000,,O rosto e o corpo do ser amado\NestĂŁo imbuídos de intensidade de vida, Dialogue: 0,0:40:05.74,0:40:10.62,Default,,0000,0000,0000,,mas eles sĂŁo como o corpo de uma pessoa morta\Nem um aspecto crucial: Dialogue: 0,0:40:12.36,0:40:15.28,Default,,0000,0000,0000,,parecem nĂŁo pertencer ao mundo cotidiano. Dialogue: 0,0:40:16.64,0:40:20.85,Default,,0000,0000,0000,,Poetas gastaram muitas\Npalavras com esta experiĂŞncia, Dialogue: 0,0:40:21.01,0:40:23.79,Default,,0000,0000,0000,,que nenhuma palavra parece\Ndescrever completamente. Dialogue: 0,0:40:27.19,0:40:30.15,Default,,0000,0000,0000,,Mas estas grandes mudanças no sonho da vida, Dialogue: 0,0:40:30.42,0:40:32.68,Default,,0000,0000,0000,,a necessidade de se unir a outra pessoa, Dialogue: 0,0:40:32.78,0:40:34.67,Default,,0000,0000,0000,,a perda de um ser amado, Dialogue: 0,0:40:34.83,0:40:38.06,Default,,0000,0000,0000,,sĂŁo momentos que entendemos como sagrado. Dialogue: 0,0:40:52.12,0:40:54.69,Default,,0000,0000,0000,,Se olharmos para a historia da beleza ideal, Dialogue: 0,0:40:54.83,0:41:00.80,Default,,0000,0000,0000,,veremos que filósofos e artistas tiveram\Nboas razĂľes para conectar o belo e o sagrado. Dialogue: 0,0:41:01.04,0:41:02.49,Default,,0000,0000,0000,,E de ver nossa necessidade de beleza Dialogue: 0,0:41:02.89,0:41:05.08,Default,,0000,0000,0000,,como algo profundo em nossa natureza. Dialogue: 0,0:41:05.18,0:41:07.53,Default,,0000,0000,0000,,Parte de nossa necessidade de consolação, Dialogue: 0,0:41:07.63,0:41:10.99,Default,,0000,0000,0000,,em um mundo de perigos,\Ntristeza e sofrimento. Dialogue: 0,0:41:19.58,0:41:23.52,Default,,0000,0000,0000,,Hoje muitos artistas olham\Npara o ideal de beleza com desdém Dialogue: 0,0:41:23.62,0:41:26.48,Default,,0000,0000,0000,,e o substituíram por uma vĂŁ forma de viver, Dialogue: 0,0:41:26.70,0:41:30.60,Default,,0000,0000,0000,,que nĂŁo tem real conexĂŁo com\No mundo que agora nos rodeia. Dialogue: 0,0:41:33.68,0:41:38.53,Default,,0000,0000,0000,,EntĂŁo houve um desejo de profanar\Nas experiĂŞncias do sexo e da morte, Dialogue: 0,0:41:39.09,0:41:42.35,Default,,0000,0000,0000,,representando-as de forma\Ntrivial e impessoal, Dialogue: 0,0:41:43.00,0:41:46.71,Default,,0000,0000,0000,,que destroem todo o senso\Nde seu significado espiritual. Dialogue: 0,0:41:56.32,0:41:58.82,Default,,0000,0000,0000,,Assim como aqueles que abandonaram a religiĂŁo Dialogue: 0,0:41:58.92,0:42:01.41,Default,,0000,0000,0000,,tĂŞm necessidade de zombar da fé que perderam, Dialogue: 0,0:42:01.82,0:42:05.41,Default,,0000,0000,0000,,assim também os artistas, hoje, sentem\Na necessidade de tratar a vida humana Dialogue: 0,0:42:05.80,0:42:10.09,Default,,0000,0000,0000,,de maneira insignificativa e de\Nzombar da busca pela beleza. Dialogue: 0,0:42:13.88,0:42:17.90,Default,,0000,0000,0000,,Esta deliberada profanação\Né também a negação do amor, Dialogue: 0,0:42:18.08,0:42:22.91,Default,,0000,0000,0000,,uma tentativa de refazer o mundo como\Nse o amor nĂŁo fizesse mais parte dele. Dialogue: 0,0:42:23.45,0:42:27.18,Default,,0000,0000,0000,,E isto, em minha opiniĂŁo,\Né a principal característica Dialogue: 0,0:42:27.44,0:42:30.85,Default,,0000,0000,0000,,da cultura pós-moderna,\Nque é uma cultura sem amor, Dialogue: 0,0:42:31.11,0:42:35.09,Default,,0000,0000,0000,,determinada a representar o mundo\Ncomo nĂŁo merecedor de ser amado. Dialogue: 0,0:42:42.20,0:42:46.26,Default,,0000,0000,0000,,Claro que, este hábito de duelar\Ncom o lado negativo da vida humana Dialogue: 0,0:42:46.36,0:42:47.39,Default,,0000,0000,0000,,nĂŁo é novo. Dialogue: 0,0:42:47.49,0:42:49.64,Default,,0000,0000,0000,,Desde o inicio da nossa civilização, Dialogue: 0,0:42:49.74,0:42:54.87,Default,,0000,0000,0000,,civilização esta tem sido uma das tarefas da arte:\Npegar o que é mais doloroso na condição humana, Dialogue: 0,0:42:55.43,0:42:58.60,Default,,0000,0000,0000,,e redimi-la em uma obra de beleza. Dialogue: 0,0:43:40.65,0:43:43.69,Default,,0000,0000,0000,,A arte tem a habilidade de redimir a vida, Dialogue: 0,0:43:43.79,0:43:47.57,Default,,0000,0000,0000,,encontrando beleza até\Nnos piores aspectos dela. Dialogue: 0,0:43:49.90,0:43:54.89,Default,,0000,0000,0000,,"A Crucificação" de Mantegna, ao mostrar\Na mais feia e cruel das mortes, Dialogue: 0,0:43:55.27,0:43:58.02,Default,,0000,0000,0000,,alcança um tipo de majestosidade e serenidade, Dialogue: 0,0:43:58.26,0:44:01.33,Default,,0000,0000,0000,,que compensa o horror que mostra. Dialogue: 0,0:44:01.66,0:44:08.02,Default,,0000,0000,0000,,Em face Ă  morte, os seres humanos ainda sĂŁo\Ncapazes de mostrar nobreza, compaixĂŁo e dignidade. Dialogue: 0,0:44:08.28,0:44:14.30,Default,,0000,0000,0000,,E a arte nos ajuda a aceitar isto,\Nmostrando-a sobre tal perspectiva. Dialogue: 0,0:44:19.54,0:44:24.25,Default,,0000,0000,0000,,E sobre as coisas que nĂŁo sĂŁo trágicas,\Nmas apenas sórdidas ou depravadas, Dialogue: 0,0:44:24.35,0:44:26.85,Default,,0000,0000,0000,,Pode a arte encontrar beleza nelas? Dialogue: 0,0:44:37.03,0:44:39.19,Default,,0000,0000,0000,,Esta pintura de Delacroix, Dialogue: 0,0:44:39.29,0:44:43.20,Default,,0000,0000,0000,,nos mostra a cama do artista,\Nem toda a sua sórdida desordem. Dialogue: 0,0:44:44.13,0:44:47.45,Default,,0000,0000,0000,,Ele imprime beleza em\Nalgo que nĂŁo a possui Dialogue: 0,0:44:47.64,0:44:51.66,Default,,0000,0000,0000,,e transmite um tipo de bĂŞnção\Nem seu próprio caos emocional. Dialogue: 0,0:44:54.78,0:44:59.91,Default,,0000,0000,0000,,Delacroix diz: "Veja como estes\Nlençóis relembram os pesadelos Dialogue: 0,0:45:00.23,0:45:03.68,Default,,0000,0000,0000,,e a energia atormentada\Nda pessoa que estava nela Dialogue: 0,0:45:03.95,0:45:08.28,Default,,0000,0000,0000,,e como as luzes capturam isto, como se\Nainda estivessem animadas pelo dormente" Dialogue: 0,0:45:09.33,0:45:12.80,Default,,0000,0000,0000,,A cama é transformada pelo\Nato criativo e se transforma Dialogue: 0,0:45:12.90,0:45:15.89,Default,,0000,0000,0000,,em um vívido símbolo da condição humana, Dialogue: 0,0:45:15.99,0:45:19.67,Default,,0000,0000,0000,,que estabelece uma ligação entre nós e o artista. Dialogue: 0,0:45:27.74,0:45:31.84,Default,,0000,0000,0000,,Algumas pessoas descrevem a obra\N"My Bed", de Tracy Emin neste sentido. Dialogue: 0,0:45:32.16,0:45:35.92,Default,,0000,0000,0000,,Porém existe toda diferença no mundo\Nentre uma verdadeira obra de arte, Dialogue: 0,0:45:36.02,0:45:39.88,Default,,0000,0000,0000,,que transforma o feio em belo,\Ne a falsa obra de arte Dialogue: 0,0:45:39.98,0:45:42.67,Default,,0000,0000,0000,,que apenas divide a feiura que mostra. Dialogue: 0,0:45:45.98,0:45:51.58,Default,,0000,0000,0000,,Esta é a vida moderna, representada\Nem toda a sua aleatoriedade e desordem. Dialogue: 0,0:45:54.55,0:46:00.52,Default,,0000,0000,0000,,- O que faz disto uma obra de arte\Nem vez de uma cama desarrumada? Dialogue: 0,0:46:00.67,0:46:03.26,Default,,0000,0000,0000,,- Antes de tudo, é porque eu digo\Nque que é uma obra de arte. Dialogue: 0,0:46:03.49,0:46:05.46,Default,,0000,0000,0000,,- VocĂŞ diz?\N- Eu digo que é... Dialogue: 0,0:46:05.70,0:46:06.62,Default,,0000,0000,0000,,- Esta é sua opiniĂŁo Dialogue: 0,0:46:06.72,0:46:12.27,Default,,0000,0000,0000,,- E o que vocĂŞ quer que o expectador veja? Dialogue: 0,0:46:12.37,0:46:15.12,Default,,0000,0000,0000,,espera que eles digam:\N"Eu acho que isso é belo!" Dialogue: 0,0:46:15.22,0:46:16.18,Default,,0000,0000,0000,,- NĂŁo! Dialogue: 0,0:46:16.28,0:46:18.04,Default,,0000,0000,0000,,NĂŁo, nĂŁo é isso que espero! Dialogue: 0,0:46:18.14,0:46:19.27,Default,,0000,0000,0000,,- VocĂŞ pensa que é belo? Dialogue: 0,0:46:19.50,0:46:23.60,Default,,0000,0000,0000,,- Sim sim, penso que é bonito\NsenĂŁo nĂŁo teria exposto. Dialogue: 0,0:46:24.77,0:46:27.50,Default,,0000,0000,0000,,Como poderia ser isto uma bela obra de arte, Dialogue: 0,0:46:27.71,0:46:31.86,Default,,0000,0000,0000,,se nĂŁo pretende transformar\Na matéria prima em uma idéia ? Dialogue: 0,0:46:32.20,0:46:35.08,Default,,0000,0000,0000,,Ă apenas mais uma realidade sórdida entre outras, Dialogue: 0,0:46:35.52,0:46:38.33,Default,,0000,0000,0000,,literalmente, uma cama desarrumada. Dialogue: 0,0:46:41.46,0:46:44.87,Default,,0000,0000,0000,,Voltamos Ă  questĂŁo levantada\Npelo ÂŤ Urinol Âť de Duchamp: Dialogue: 0,0:46:44.97,0:46:47.09,Default,,0000,0000,0000,,qualquer coisa pode ser arte? Dialogue: 0,0:46:48.85,0:46:51.29,Default,,0000,0000,0000,,Esta questĂŁo preocupa\Ntanto os inovadores Dialogue: 0,0:46:51.86,0:46:55.01,Default,,0000,0000,0000,,quanto os tradicionalistas,\Ncomo Alexander Stoddart, Dialogue: 0,0:46:55.58,0:47:00.14,Default,,0000,0000,0000,,um escultor monumental cujos\Ntrabalhos sĂŁo mundialmente vistos, Dialogue: 0,0:47:00.28,0:47:03.44,Default,,0000,0000,0000,,inclusive na galeria da Rainha,\Nno palácio de Buckingham. Dialogue: 0,0:47:04.57,0:47:09.39,Default,,0000,0000,0000,,- Um defensor da arte conceitual pode\Ndizer que mesmo uma idéia pode ser bela Dialogue: 0,0:47:09.74,0:47:14.55,Default,,0000,0000,0000,,logo pode-se dizer nĂŁo há nada\Nde errado com este tipo de arte? Dialogue: 0,0:47:14.75,0:47:19.97,Default,,0000,0000,0000,,- Sim, mas isto é um aforisma no campo de aplicação. Dialogue: 0,0:47:20.08,0:47:22.59,Default,,0000,0000,0000,,O advogado pode ter uma idéia bela, Dialogue: 0,0:47:23.04,0:47:27.24,Default,,0000,0000,0000,,o político, o médico. Dialogue: 0,0:47:28.02,0:47:30.05,Default,,0000,0000,0000,,"Vamos curar o câncer": uma idéia bela. Dialogue: 0,0:47:30.58,0:47:33.65,Default,,0000,0000,0000,,Mas ele nĂŁo diz que é\Num artista por isso. Dialogue: 0,0:47:33.75,0:47:36.63,Default,,0000,0000,0000,,A arte conceitual, claro,\Né totalmente limitada. Dialogue: 0,0:47:36.77,0:47:41.56,Default,,0000,0000,0000,,Ă de fato um tipo de arte que\Né esgotada em sua descrição verbal. Dialogue: 0,0:47:42.59,0:47:45.74,Default,,0000,0000,0000,,EntĂŁo, vocĂŞ precisa apenas ver\Nmeia vaca em um barril de formol, Dialogue: 0,0:47:45.97,0:47:48.73,Default,,0000,0000,0000,,que vocĂŞ já está na metade do caminho. Dialogue: 0,0:47:48.93,0:47:51.48,Default,,0000,0000,0000,,O objetivo mesmo entĂŁo pode ser descartado. Dialogue: 0,0:47:51.62,0:47:54.74,Default,,0000,0000,0000,,A cama de Tracey Emin é\Num exemplo perfeito disso: Dialogue: 0,0:47:55.21,0:48:00.66,Default,,0000,0000,0000,,se vocĂŞ estivesse cansado andando pela galeria,\Nsubisse um degrau e visse aquela cama lá, Dialogue: 0,0:48:01.75,0:48:04.04,Default,,0000,0000,0000,,vocĂŞ deitaria nela. Dialogue: 0,0:48:04.25,0:48:07.53,Default,,0000,0000,0000,,Mas, é claro, se vocĂŞ visse apenas\No torso do Apolo de Beldevere Dialogue: 0,0:48:07.74,0:48:13.20,Default,,0000,0000,0000,,naquele mesmo lugar vocĂŞ seria atraído,\Ne iria mesmo subir e tentar decifrá-lo. Dialogue: 0,0:48:14.79,0:48:19.06,Default,,0000,0000,0000,,Muitos estudantes vĂŞm até mim de departamentos\Nde escultura, secretamente claro, Dialogue: 0,0:48:20.06,0:48:24.52,Default,,0000,0000,0000,,pois eles nĂŁo querem dizer aos tutores\Nque vieram falar com o inimigo Dialogue: 0,0:48:24.99,0:48:27.56,Default,,0000,0000,0000,,E eles dizem: "Eu tentei esculpir um modelo, uma figura. Dialogue: 0,0:48:27.90,0:48:32.84,Default,,0000,0000,0000,,Eu o modelava e entĂŁo um tutor\Nveio e me disse para cortar ao meio Dialogue: 0,0:48:33.26,0:48:38.36,Default,,0000,0000,0000,,e derramar alguns excrementos sobre ele,\Nque isso iria torná -lo "interessante". Dialogue: 0,0:48:38.82,0:48:43.51,Default,,0000,0000,0000,,- Ă o que eu sinto sobre o tipo de "profanação padronizada" Dialogue: 0,0:48:43.61,0:48:46.05,Default,,0000,0000,0000,,que passa por arte hoje em dia: Dialogue: 0,0:48:46.15,0:48:49.11,Default,,0000,0000,0000,,que é um tipo de imoralidade.\N- Sim! Dialogue: 0,0:48:49.21,0:48:53.18,Default,,0000,0000,0000,,- pois é uma tentativa de apagar o\Nsignificado da forma humana de algum jeito. Dialogue: 0,0:48:53.46,0:48:56.75,Default,,0000,0000,0000,,- Ă uma tentativa de apagar o conhecimento. Dialogue: 0,0:49:02.77,0:49:06.83,Default,,0000,0000,0000,,Os paradigmas da arte viraram as costas ao antigo currículo Dialogue: 0,0:49:06.93,0:49:10.51,Default,,0000,0000,0000,,que coloca a beleza e o engenho como prioridades. Dialogue: 0,0:49:11.03,0:49:15.54,Default,,0000,0000,0000,,Aqueles como Alexander Stoddart,\Nque tentam restaurar a antiga conexĂŁo Dialogue: 0,0:49:15.92,0:49:20.57,Default,,0000,0000,0000,,conexĂŁo entre o belo e o sagrado,\NsĂŁo visto como antiquados e absurdos. Dialogue: 0,0:49:32.55,0:49:36.94,Default,,0000,0000,0000,,O mesmo tipo de crítica ocorre\Ncom os arquitetos tradicionalistas. Dialogue: 0,0:49:38.77,0:49:43.38,Default,,0000,0000,0000,,Um dos alvos é Leon Krier, arquiteto\Nda moderna cidade do príncipe Charles, Dialogue: 0,0:49:43.62,0:49:45.38,Default,,0000,0000,0000,,Poundbury. Dialogue: 0,0:49:49.03,0:49:52.95,Default,,0000,0000,0000,,Projetando modestas ruas,\Ninspiradas nos moldes tradicionais, Dialogue: 0,0:49:53.60,0:49:58.50,Default,,0000,0000,0000,,usando os padrĂľes e tĂŁo queridos\Ndetalhes que nos serviram por séculos, Dialogue: 0,0:49:58.85,0:50:02.13,Default,,0000,0000,0000,,Leon Krier criou uma genuína cidade. Dialogue: 0,0:50:02.69,0:50:05.66,Default,,0000,0000,0000,,As proporçþes sĂŁo proporçþes humanas, Dialogue: 0,0:50:07.07,0:50:09.97,Default,,0000,0000,0000,,os detalhes sĂŁo confortantes aos olhos. Dialogue: 0,0:50:15.05,0:50:17.98,Default,,0000,0000,0000,,Esta nĂŁo é uma grande ou\Noriginal arquitetura, Dialogue: 0,0:50:18.08,0:50:19.87,Default,,0000,0000,0000,,nem tenta ser. Dialogue: 0,0:50:19.97,0:50:22.88,Default,,0000,0000,0000,,Ă uma modesta tentativa\Nde colocar as coisas no lugar, Dialogue: 0,0:50:23.01,0:50:26.57,Default,,0000,0000,0000,,seguindo padrĂľes e exemplos\Nbaseados na tradição. Dialogue: 0,0:50:27.50,0:50:33.03,Default,,0000,0000,0000,,Isto nĂŁo é nostalgia, mas conhecimento,\Nque foi passado através do tempo. Dialogue: 0,0:50:36.99,0:50:41.91,Default,,0000,0000,0000,,A arquitetura que nĂŁo respeita o passado,\NnĂŁo está respeitando o presente, Dialogue: 0,0:50:42.01,0:50:45.49,Default,,0000,0000,0000,,pois nĂŁo está respeitando as\Nnecessidades básicas das pessoas, Dialogue: 0,0:50:46.02,0:50:48.91,Default,,0000,0000,0000,,que é a de construir um lar duradouro. Dialogue: 0,0:50:58.10,0:51:01.66,Default,,0000,0000,0000,,Tenho mostrado algumas das maneiras\Npelas quais os artistas e arquitetos Dialogue: 0,0:51:01.76,0:51:04.82,Default,,0000,0000,0000,,seguiram o chamado da beleza. Dialogue: 0,0:51:05.75,0:51:10.53,Default,,0000,0000,0000,,E fazendo, deram significado ao mundo. Dialogue: 0,0:51:12.31,0:51:16.58,Default,,0000,0000,0000,,Os mestres do passado,\Nreconheceram que temos necessidades espirituais Dialogue: 0,0:51:16.69,0:51:18.81,Default,,0000,0000,0000,,assim como desejos animais. Dialogue: 0,0:51:21.18,0:51:23.62,Default,,0000,0000,0000,,Para PlatĂŁo, a beleza\Nera um caminho para Deus Dialogue: 0,0:51:24.47,0:51:27.88,Default,,0000,0000,0000,,enquanto pensadores do Iluminismo\Nviram a arte e a beleza, Dialogue: 0,0:51:28.42,0:51:31.93,Default,,0000,0000,0000,,como formas de nos salvarmos do vazio da rotina Dialogue: 0,0:51:32.25,0:51:35.08,Default,,0000,0000,0000,,e alcançarmos um nível superior. Dialogue: 0,0:51:37.12,0:51:40.08,Default,,0000,0000,0000,,Mas a arte virou as costas para a beleza. Dialogue: 0,0:51:40.18,0:51:43.04,Default,,0000,0000,0000,,Se tornou escrava da cultura do consumismo, Dialogue: 0,0:51:43.77,0:51:49.14,Default,,0000,0000,0000,,alimentando nossos prazeres e vícios\Ne os afundando em seu próprio desgosto. Dialogue: 0,0:51:51.66,0:51:57.81,Default,,0000,0000,0000,,Isto é, em minha opiniĂŁo, a lição das\Nmais feias formas de arte e arquitetura. Dialogue: 0,0:51:57.98,0:52:01.48,Default,,0000,0000,0000,,Elas nĂŁo mostram a realidade,\Nmas se vingam dela Dialogue: 0,0:52:02.16,0:52:04.39,Default,,0000,0000,0000,,estragando o que deveria ter sido um lar Dialogue: 0,0:52:04.81,0:52:09.80,Default,,0000,0000,0000,,e nos deixando desolados e alienados\Nem um deserto espiritual. Dialogue: 0,0:52:13.46,0:52:16.54,Default,,0000,0000,0000,,Ă claro que é verdade que\Nexistem mais coisas no mundo hoje Dialogue: 0,0:52:17.12,0:52:19.31,Default,,0000,0000,0000,,que nos distraem e preocupam. Dialogue: 0,0:52:19.46,0:52:21.82,Default,,0000,0000,0000,,Nossas vidas sĂŁo cheias de altos e baixos, Dialogue: 0,0:52:22.55,0:52:27.26,Default,,0000,0000,0000,,lutamos contra o barulho e\Na distração, e nada resolve. Dialogue: 0,0:52:31.01,0:52:35.66,Default,,0000,0000,0000,,A resposta correta, no entanto,\NnĂŁo é abraçar esta alienação, Dialogue: 0,0:52:35.94,0:52:38.100,Default,,0000,0000,0000,,mas olhar para rota\Nde escape do deserto, Dialogue: 0,0:52:39.44,0:52:46.19,Default,,0000,0000,0000,,que nos levará a um ponto entre o real\Ne o ideal, que podem ainda existir em harmonia. Dialogue: 0,0:52:57.48,0:53:02.33,Default,,0000,0000,0000,,Em minha vida, achei esse caminho\Nmais fácil através da mĂşsica, Dialogue: 0,0:53:02.43,0:53:04.86,Default,,0000,0000,0000,,do que entre qualquer outra forma de arte. Dialogue: 0,0:53:07.88,0:53:12.23,Default,,0000,0000,0000,,Pergolesi tinha 26 anos\Nquando escreveu "Stabat mater", Dialogue: 0,0:53:12.43,0:53:17.57,Default,,0000,0000,0000,,que descreve o pesar da Virgem Sagrada,\Ndiante da cruz do Cristo moribundo. Dialogue: 0,0:53:18.59,0:53:23.15,Default,,0000,0000,0000,,Todos o sofrimento do mundo\Né simbolizado em suas esplĂŞndidas linhas. Dialogue: 0,0:53:31.20,0:53:35.56,Default,,0000,0000,0000,,Visto que Pergolesi estava sofrendo\Nde tuberculose quando compĂ´s Stabat Mater, Dialogue: 0,0:53:36.28,0:53:39.10,Default,,0000,0000,0000,,ele é aquele filho,\Nmorrendo na cruz também. Dialogue: 0,0:53:39.86,0:53:43.94,Default,,0000,0000,0000,,De fato, ele morreu alguns\Nmeses depois do término da obra. Dialogue: 0,0:53:45.20,0:53:48.26,Default,,0000,0000,0000,,Esta nĂŁo é uma complexa\Nou ambiciosa peça de mĂşsica, Dialogue: 0,0:53:48.77,0:53:51.81,Default,,0000,0000,0000,,simplesmente a expressĂŁo\Nda fé de um compositor, Dialogue: 0,0:53:53.04,0:53:56.31,Default,,0000,0000,0000,,ela mostra a forma, pela\Nqual profundos e atormentados Dialogue: 0,0:53:56.61,0:54:00.30,Default,,0000,0000,0000,,sentimentos podem atingir unidade\Ne liberdade através da mĂşsica. Dialogue: 0,0:54:01.74,0:54:05.16,Default,,0000,0000,0000,,A voz de Maria é escrita\Npara dois cantores, Dialogue: 0,0:54:05.26,0:54:08.29,Default,,0000,0000,0000,,a melodia se ergue\Nlenta e dolorosamente Dialogue: 0,0:54:08.45,0:54:13.78,Default,,0000,0000,0000,,eliminando a dissonância quando\Nas vozes se confrontam, Dialogue: 0,0:54:14.13,0:54:17.76,Default,,0000,0000,0000,,representando o conflito\Ne o pesar que ela carrega. Dialogue: 0,0:54:21.38,0:54:24.98,Default,,0000,0000,0000,,- Porque nĂŁo passamos para a linha 18? Dialogue: 0,0:54:25.68,0:54:27.25,Default,,0000,0000,0000,,- Sim, boa idéia... Dialogue: 0,0:54:56.100,0:55:01.00,Default,,0000,0000,0000,,- Aqui temos um simples e sagrado texto. Dialogue: 0,0:55:02.07,0:55:07.97,Default,,0000,0000,0000,,A mĂŁe chorando e se lamentando na\Ncruz onde seu filho está pendurado. Dialogue: 0,0:55:08.49,0:55:10.30,Default,,0000,0000,0000,,E é tudo o que se precisa dizer! Dialogue: 0,0:55:10.41,0:55:13.67,Default,,0000,0000,0000,,- E até uma pessoa nĂŁo musical\Ncompreenderia facilmente a mensagem... Dialogue: 0,0:55:13.92,0:55:16.22,Default,,0000,0000,0000,,é uma peça de lamentação, nĂŁo é mesmo ? Dialogue: 0,0:55:17.12,0:55:18.85,Default,,0000,0000,0000,,NĂŁo poderia haver dĂşvida quanto a isso. Dialogue: 0,0:55:19.04,0:55:21.49,Default,,0000,0000,0000,,- A mĂşsica fala além das palavras, Dialogue: 0,0:55:21.80,0:55:26.17,Default,,0000,0000,0000,,e faz as palavras falarem a vocĂŞ\Nem outra linguagem, direto ao seu coração. Dialogue: 0,0:55:26.63,0:55:31.53,Default,,0000,0000,0000,,- Isto significa que mesmo em nosso\Nmundo secular isto pode comover Dialogue: 0,0:55:31.63,0:55:33.16,Default,,0000,0000,0000,,sem as pessoas terem que saber... Dialogue: 0,0:55:33.36,0:55:34.20,Default,,0000,0000,0000,,- Sim, exato! Dialogue: 0,0:55:34.30,0:55:35.24,Default,,0000,0000,0000,,- ...do que se trata Dialogue: 0,0:55:35.53,0:55:41.25,Default,,0000,0000,0000,,- Aprendemos sem os aparatos teológicos sobre\Nnossa existĂŞncia, através do sofrimento, Dialogue: 0,0:55:41.52,0:55:45.08,Default,,0000,0000,0000,,que é o destino que todos nós,\Nmas que nĂŁo é nosso fim. Dialogue: 0,0:57:11.74,0:57:16.57,Default,,0000,0000,0000,,Neste documentário, descrevi a\Nbeleza como uma fonte essencial. Dialogue: 0,0:57:17.42,0:57:21.16,Default,,0000,0000,0000,,Através da busca da beleza,\Nmodelamos o mundo como um lar Dialogue: 0,0:57:21.26,0:57:24.26,Default,,0000,0000,0000,,e fazendo-o, amplificamos nossas alegrias Dialogue: 0,0:57:24.81,0:57:27.22,Default,,0000,0000,0000,,e o consolo para nossas tristezas. Dialogue: 0,0:57:30.45,0:57:34.62,Default,,0000,0000,0000,,Arte e mĂşsica, irradiam significado\Npara a vida cotidiana, Dialogue: 0,0:57:35.27,0:57:39.17,Default,,0000,0000,0000,,e através delas, nos tornamos capazes\Nde enfrentar as coisas que nos preocupam Dialogue: 0,0:57:39.55,0:57:42.75,Default,,0000,0000,0000,,e encontrarmos consolo e paz em suas presenças. Dialogue: 0,0:57:46.07,0:57:49.38,Default,,0000,0000,0000,,Esta capacidade da beleza,\Nde redimir nosso sofrimento, Dialogue: 0,0:57:49.60,0:57:54.60,Default,,0000,0000,0000,,é o que a torna capaz de ser vista\Ncomo uma substituta para a religiĂŁo. Dialogue: 0,0:57:58.11,0:58:00.47,Default,,0000,0000,0000,,Por que dar prioridade Ă  religiĂŁo? Dialogue: 0,0:58:00.89,0:58:03.73,Default,,0000,0000,0000,,Por que nĂŁo dizer que a religiĂŁo\Né uma substituta da beleza? Dialogue: 0,0:58:04.17,0:58:07.43,Default,,0000,0000,0000,,Melhor ainda, por que descrevĂŞ-las como rivais? Dialogue: 0,0:58:08.02,0:58:10.83,Default,,0000,0000,0000,,O sagrado e o belo, um ao lado do outro, Dialogue: 0,0:58:11.28,0:58:16.16,Default,,0000,0000,0000,,duas portas que levam a um Ăşnico espaço, e neste espaço, Dialogue: 0,0:58:16.59,0:58:19.08,Default,,0000,0000,0000,,encontramos nosso lar.