< Return to Video

Está na hora de estourar a bolha do mundo acadêmico | Mariana Cerdeira | TEDxHUBerlin

  • 0:16 - 0:22
    Quem aqui nasceu entre a década
    de 1980 e início dos anos 2000?
  • 0:23 - 0:24
    Certo, a maioria.
  • 0:25 - 0:28
    Então, a maioria aqui, inclusive eu,
  • 0:28 - 0:32
    faz parte da geração dos "millennials",
  • 0:33 - 0:35
    ou "geração Y".
  • 0:36 - 0:42
    Desconfio que "geração Y"
    significa "geração incompreendida".
  • 0:44 - 0:46
    (Risos)
  • 0:46 - 0:50
    Um dos esteriótipos sobre a geração Y
    é o de que aprendemos bem cedo
  • 0:50 - 0:53
    que poderíamos ser tudo que quiséssemos.
  • 0:54 - 0:57
    Ao contrário das gerações
    dos nossos pais e avós,
  • 0:57 - 0:59
    nós da geração Y tivemos o privilégio
  • 0:59 - 1:02
    de não termos que lidar
    com guerras, nem recessão,
  • 1:02 - 1:05
    nem ter que migrar
    para encontrar um emprego.
  • 1:06 - 1:09
    Não, a vida finalmente
    estava relativamente estável,
  • 1:09 - 1:12
    então fomos criados para sonhar alto.
  • 1:12 - 1:15
    "O céu é o limite.
  • 1:15 - 1:17
    O mundo é o seu playground."
  • 1:19 - 1:20
    Então,
  • 1:20 - 1:24
    quando eu tinha 17 anos,
  • 1:24 - 1:26
    eu estava concluindo
    o ensino médio no Brasil,
  • 1:27 - 1:28
    meu país de origem,
  • 1:28 - 1:33
    enfrentando a questão que muitos
    adolescentes da geração Y enfrentaram:
  • 1:34 - 1:37
    "O que eu quero fazer quando crescer?"
  • 1:37 - 1:42
    Sabendo que eu provavelmente não
    encontraria essa resposta ainda tão jovem,
  • 1:42 - 1:47
    decidi responder a uma pergunta
    mais simples naquele momento:
  • 1:48 - 1:52
    "O que quero estudar
    na faculdade no ano que vem?"
  • 1:52 - 1:55
    Uma vez na faculdade, vou pensar
    no que quero fazer depois,
  • 1:55 - 1:58
    e repetir esse processo;
    um passo de cada vez.
  • 1:59 - 2:00
    Parecia uma boa estratégia.
  • 2:01 - 2:03
    Por acaso vocês sempre
    souberam, desde pequenos,
  • 2:03 - 2:05
    o que queriam estudar na faculdade?
  • 2:06 - 2:07
    Caso sim, eu invejo vocês,
  • 2:07 - 2:11
    mas minha linha
    de pensamento foi mais assim:
  • 2:12 - 2:14
    "Bem, eu gosto de biologia na escola,
  • 2:15 - 2:16
    mas, pra ser sincera,
  • 2:16 - 2:20
    não tenho interesse em estudar
    plantas e insetos,
  • 2:20 - 2:23
    e ser médica não é bem o que eu quero".
  • 2:24 - 2:27
    Então, pensei em começar
    uma faculdade em Biomedicina,
  • 2:27 - 2:29
    para estudar biologia humana.
  • 2:29 - 2:31
    Parecia fazer sentido.
  • 2:32 - 2:34
    Logo depois que comecei,
  • 2:34 - 2:38
    eu vi que minha desconfiança
    da época de ensino médio era verdade:
  • 2:38 - 2:41
    ciência era incrível!
  • 2:42 - 2:46
    O corpo humano funciona
    de formas extraordinárias!
  • 2:46 - 2:52
    É incrível quanta coisa acontece dentro
    de uma minúscula célula do nosso corpo.
  • 2:53 - 2:56
    Eu estava gostando muito
    das disciplinas da graduação,
  • 2:56 - 2:58
    e tinha notas muito boas.
  • 2:58 - 3:00
    Então, pensei: "Devo estar
    no caminho certo".
  • 3:01 - 3:04
    Mas algo ainda me incomodava.
  • 3:04 - 3:08
    Havia chegado a hora de me perguntar
    o que eu faria depois.
  • 3:08 - 3:13
    Mas todos a quem perguntava quais eram
    minhas opções depois de formada
  • 3:13 - 3:15
    me diziam a mesma coisa:
  • 3:16 - 3:18
    "Não existem 'opções'.
  • 3:19 - 3:21
    Existe 'uma' opção:
  • 3:22 - 3:25
    Depois da faculdade, você faz um mestrado;
  • 3:25 - 3:28
    depois do mestrado, você faz um doutorado;
  • 3:28 - 3:34
    pois o objetivo máximo é se tornar
    professora universitária e pesquisadora."
  • 3:37 - 3:41
    Todos me diziam isso
    porque era só isso que conheciam.
  • 3:41 - 3:44
    Mas como assim "só existe 'uma' opção"?
  • 3:44 - 3:47
    Sou da geração Y; me disseram
    que o céu era o limite.
  • 3:49 - 3:51
    Pra mim, era tudo bem
    fazer mestrado e doutorado
  • 3:51 - 3:54
    Eu adorava ciência
    e queria me aprofundar nela,
  • 3:54 - 3:56
    e continuar a fazer
    coisas legais no laboratório.
  • 3:56 - 3:59
    Mas a parte sobre me tornar professora
    universitária realmente me preocupava
  • 4:00 - 4:05
    porque, naquela época, eu já sabia
    que não queria fazer pesquisa pra sempre.
  • 4:06 - 4:08
    Então, fiz meu mestrado e meu doutorado,
  • 4:08 - 4:10
    ainda apaixonada pela ciência,
  • 4:10 - 4:14
    mas sempre me sentindo como a ovelha
    negra do meu programa de pós-graduação,
  • 4:15 - 4:18
    aquela que não compartilhava
    do sonho ser acadêmica,
  • 4:19 - 4:21
    a diferente.
  • 4:22 - 4:24
    Então, fui em frente, a princípio sozinha,
  • 4:24 - 4:28
    quase envergonhada,
    quase que pedindo desculpas,
  • 4:28 - 4:30
    tentando encontrar a resposta
    para a minha nova pergunta:
  • 4:31 - 4:36
    que tipos de emprego eu poderia ter
    que não tivessem a ver com experimentos,
  • 4:36 - 4:38
    mas que ainda tivessem a ver com ciência?
  • 4:39 - 4:42
    Então passei anos fazendo
    minha própria pesquisa,
  • 4:42 - 4:46
    tendo um projeto extra,
    paralelo à minha tese,
  • 4:46 - 4:49
    lendo e conversando com muitas pessoas.
  • 4:49 - 4:51
    Comecei a encontrar cada vez mais colegas
  • 4:51 - 4:54
    que estavam em busca da resposta
    para essa mesma pergunta.
  • 4:54 - 4:56
    Eu não era a única, afinal.
  • 4:57 - 4:59
    Havia algumas outras
    ovelhas negras iguais a mim.
  • 5:00 - 5:03
    E descobri que existem
    diversos tipos de trabalho
  • 5:03 - 5:06
    que têm como base
    a ciência e a tecnologia.
  • 5:06 - 5:08
    Dá pra trabalhar
    com consultoria empresarial,
  • 5:08 - 5:10
    gerenciamento de projetos,
    jornalismo científico,
  • 5:10 - 5:13
    saúde digital e tecnologia científica,
  • 5:13 - 5:15
    editorial de um jornal científico,
  • 5:15 - 5:16
    políticas públicas,
  • 5:16 - 5:18
    registro de patentes
    e propriedade intelectual,
  • 5:18 - 5:19
    saúde pública;
  • 5:19 - 5:22
    empreendedorismo,
    abrir um negócio próprio ...
  • 5:22 - 5:24
    Só pra citar alguns exemplos.
  • 5:25 - 5:29
    De repente, passei de "preocupada
    por não haver nenhuma opção"
  • 5:29 - 5:33
    para "perplexa com as dezenas
    de possibilidades".
  • 5:34 - 5:36
    E me perguntei:
  • 5:36 - 5:40
    "Por que nem todos os alunos
    de pós-graduação sabem disso?"
  • 5:40 - 5:44
    Por que levei tanto tempo
    pra descobrir essa verdade?
  • 5:45 - 5:51
    E percebi que é porque
    o mundo acadêmico é uma bolha.
  • 5:52 - 5:55
    Às vezes, parece que as pessoas
    que estão nessa bolha
  • 5:55 - 5:58
    não têm tanto contato
    com o mundo exterior.
  • 5:59 - 6:02
    Há pouco espaço para a luz do dia
    ou para férias nessa bolha.
  • 6:02 - 6:05
    Por isso, os alunos
    de pós-graduação são tão pálidos.
  • 6:06 - 6:10
    Uma dieta à base de macarrão instantâneo
    e café também não ajuda.
  • 6:11 - 6:15
    Sei disso porque vivi nessa bolha
    durante dez anos,
  • 6:15 - 6:20
    e percebi que minha falta de acesso
    a informação vinda de fora da bolha
  • 6:20 - 6:23
    se devia à cultura do mundo acadêmico.
  • 6:26 - 6:29
    Um dos aspectos fundamentais
    da cultura acadêmica
  • 6:29 - 6:31
    é que a maioria das pessoas ainda acredita
  • 6:31 - 6:34
    que o principal objetivo
    de se cursar um doutorado
  • 6:34 - 6:37
    é se tornar professor
    universitário e pesquisador.
  • 6:37 - 6:40
    Bem, historicamente, isso é verdade.
  • 6:40 - 6:42
    Era assim no passado;
  • 6:42 - 6:45
    foi assim na geração dos meus avós.
  • 6:45 - 6:49
    E ainda é verdade que, se quiser
    seguir a vida acadêmica hoje,
  • 6:49 - 6:51
    você precisa cursar um doutorado.
  • 6:51 - 6:53
    E um um pós-doutorado.
  • 6:53 - 6:55
    E um segundo pós-doutorado.
  • 6:56 - 6:58
    E às vezes um terceiro ...
  • 6:58 - 7:03
    Mas você não precisa necessariamente
    ser pesquisador acadêmico pra vida toda
  • 7:03 - 7:05
    só porque fez um mestrado e um doutorado.
  • 7:06 - 7:08
    Na verdade, a maioria dos doutores -
  • 7:08 - 7:11
    de 90 a 99% deles, dependendo do país -
  • 7:11 - 7:15
    acabam em outras áreas, fora do mundo
    acadêmico, depois dos estudos.
  • 7:16 - 7:20
    Então, seguir a carreira acadêmica
    não é mais o "caminho clássico".
  • 7:20 - 7:23
    Esse tornou-se o "caminho alternativo".
  • 7:24 - 7:28
    Mas mesmo que fazer outra coisa
    seja o caminho mais comum,
  • 7:28 - 7:33
    ainda existe uma cultura de desestímulo
    se você quiser deixar o mundo acadêmico,
  • 7:33 - 7:37
    o que contribuiu pra que eu me sentisse
    como uma ovelha negra enquanto estudava.
  • 7:38 - 7:42
    Já ouvi acadêmicos
    chamarem de quatro coisas
  • 7:42 - 7:43
    aqueles que deixam a bolha acadêmica
  • 7:45 - 7:46
    "Desperdício de tempo."
  • 7:47 - 7:52
    Para eles, deixar o mundo acadêmico
    é jogar pela janela todo o tempo e esforço
  • 7:52 - 7:55
    que você aplicou aprendendo
    ciência durante tantos anos.
  • 7:56 - 7:59
    Mas uma carreira
    fora do mundo acadêmico
  • 7:59 - 8:02
    não significa que ela não tenha
    a ver com pesquisa.
  • 8:03 - 8:07
    Também te chamam de "traidor".
  • 8:08 - 8:10
    Esse é meu favorito.
  • 8:11 - 8:14
    "A universidade investiu
    tanto dinheiro na sua formação,
  • 8:14 - 8:18
    e agora você está dando as costas
    para a pesquisa acadêmica."
  • 8:19 - 8:22
    Devemos ser eternamente gratos
    aos nossos programas de pós-graduação,
  • 8:22 - 8:25
    mas não me recordo de ter
    assinado nenhum contrato vitalício
  • 8:25 - 8:27
    de pesquisadora.
  • 8:29 - 8:33
    Também te chamam
    de "cientista fracassado".
  • 8:34 - 8:36
    Ai!
  • 8:37 - 8:39
    Pois é, se você está deixando
    a bolha do mundo acadêmico,
  • 8:39 - 8:43
    deve ser porque você não foi bom
    o bastante para ter sucesso dentro dela.
  • 8:45 - 8:48
    Já inclusive ouvi um acadêmico dizer,
    quase que como se lamentando:
  • 8:49 - 8:51
    "Já tive um aluno brilhante
  • 8:51 - 8:54
    que mais tarde foi
    trabalhar no setor privado.
  • 8:54 - 8:56
    Não sei onde foi que errei".
  • 8:57 - 9:01
    Bem, talvez esse aluno
    tenha saído porque quis,
  • 9:01 - 9:03
    não porque teve que sair.
  • 9:05 - 9:07
    Por fim, você é chamado de "ganancioso".
  • 9:08 - 9:12
    Sim, porque o setor privado
    paga melhor do que as universidades.
  • 9:13 - 9:17
    Na verdade, o setor privado
    paga salários razoáveis,
  • 9:17 - 9:20
    apropriados para profissionais
    com alto grau de formação.
  • 9:20 - 9:23
    É o mundo acadêmico
    que não paga o bastante.
  • 9:25 - 9:29
    Eu não entendo porque os acadêmicos
    ficam tanto na defensiva
  • 9:29 - 9:32
    em relação a alunos de pós-graduação
    que buscam empregos não acadêmicos.
  • 9:33 - 9:36
    Não há empregos suficientes
    no mundo acadêmico mesmo!
  • 9:36 - 9:41
    O número de doutores recém-formados
    disparou nos últimos anos,
  • 9:41 - 9:45
    enquanto o número de cargos acadêmicos
    permaneceu praticamente o mesmo.
  • 9:45 - 9:49
    Hoje, as universidades simplesmente
    não conseguem empregar tantos doutores
  • 9:49 - 9:51
    como pesquisadores permanentes.
  • 9:52 - 9:53
    Então,
  • 9:53 - 9:55
    se você quiser deixar o mundo acadêmico,
  • 9:55 - 10:00
    você é um Judas ganancioso e
    fracassado que desperdiçou tempo.
  • 10:01 - 10:04
    Mas, se você quiser ficar,
  • 10:04 - 10:06
    não há emprego pra você!
  • 10:08 - 10:12
    Para solucionar esse paradoxo acadêmico,
    existem algumas opções.
  • 10:13 - 10:18
    Uma delas é limitar a quantidade de alunos
    aceitos em programas de pós-graduação,
  • 10:18 - 10:21
    para tentar controlar o número
    de novos doutores se formando,
  • 10:21 - 10:26
    mas eu particularmente não gosto da ideia
    de restringir o acesso à educação.
  • 10:28 - 10:33
    Uma segunda forma, óbvia,
    é criar mais cargos de pesquisador,
  • 10:33 - 10:36
    contratar mais pessoas
    como cientistas permanentes.
  • 10:37 - 10:41
    Isso já ajudaria muito,
    mas não seria suficiente.
  • 10:42 - 10:44
    Então, precisamos encarar os fatos
  • 10:44 - 10:47
    e lidar com essa questão
    de uma perspectiva diferente.
  • 10:49 - 10:53
    Os programas de pós-graduação
    precisam começar a preparar seus alunos
  • 10:53 - 10:57
    para tarefas que eles realmente
    vão realizar no futuro.
  • 10:57 - 11:02
    As empresas querem contratar doutores
    por seu profundo conhecimento cientifico
  • 11:02 - 11:05
    e sua capacidade de resolver
    problemas e aprender rápido.
  • 11:05 - 11:10
    E os pós-graduandos estão sendo treinados
    pra se tornarem excelentes investigadores,
  • 11:10 - 11:12
    o que é ótimo,
  • 11:12 - 11:15
    mas, se a maioria deles vai acabar
    trabalhando no setor privado,
  • 11:15 - 11:19
    eles também deveriam ser treinados
    para se tornarem ótimos administradores,
  • 11:19 - 11:21
    negociadores,
  • 11:21 - 11:23
    comunicadores,
  • 11:23 - 11:24
    líderes.
  • 11:25 - 11:28
    Os programas de pós-graduação
    precisam começar a oferecer,
  • 11:28 - 11:30
    pelo menos de forma opcional,
  • 11:30 - 11:32
    cursos sobre conceitos empresariais,
  • 11:32 - 11:34
    empreendedorismo,
  • 11:34 - 11:37
    gestão de projetos,
    marketing, finanças ...
  • 11:37 - 11:43
    Está na hora de trazermos
    um pouco do MBA para o doutorado.
  • 11:45 - 11:47
    Além disso, os alunos
    de pós-graduação precisam receber
  • 11:48 - 11:50
    mais apoio e orientação de carreira.
  • 11:50 - 11:52
    Muitos deles sequer sabem
  • 11:52 - 11:55
    que suas chances de conseguir
    um cargo acadêmico é mínima.
  • 11:56 - 11:58
    Logo no início de seus cursos,
  • 11:58 - 12:02
    eles precisam ser constantemente
    expostos a, em vez de privados de,
  • 12:02 - 12:05
    todas as possibilidades
    além da bolha do mundo acadêmico
  • 12:05 - 12:10
    pra que posam tomar uma decisão
    consciente e se prepararem pra ela,
  • 12:10 - 12:13
    e não simplesmente aceitar
    qualquer coisa que apareça,
  • 12:13 - 12:19
    pra que só façam um pós-doutorado
    se realmente decidirem fazê-lo,
  • 12:19 - 12:23
    não por não saberem o que mais fazer
    e ligarem o piloto-automático.
  • 12:26 - 12:29
    Os alunos também precisam
    ser mais proativos
  • 12:29 - 12:31
    em obter informações sobre carreira.
  • 12:31 - 12:33
    Sei que é difícil ...
  • 12:33 - 12:37
    Não temos tempo pra nada
    que não seja nossas teses
  • 12:37 - 12:41
    e, quase sempre, simplesmente
    preferimos não pensar sobre o futuro.
  • 12:42 - 12:44
    Mas, sabe,
  • 12:44 - 12:46
    ele vai chegar de qualquer forma.
  • 12:46 - 12:49
    Sua formação acadêmica
    não é toda a sua carreira.
  • 12:49 - 12:51
    É a sua base.
  • 12:52 - 12:56
    Nenhuma graduação, mestrado
    ou doutorado dura pra sempre,
  • 12:56 - 12:59
    embora muitas vezes pareçam durar.
  • 13:00 - 13:02
    São cargos temporários,
  • 13:02 - 13:05
    e logo temos que descobrir
    qual será nosso próximo passo.
  • 13:05 - 13:07
    Você não precisa fazer isso sozinho.
  • 13:07 - 13:11
    Você pode se juntar com colegas
    que estão no mesmo barco.
  • 13:11 - 13:14
    Foi assim que criamos
    a Career Development Initiative,
  • 13:14 - 13:17
    a CDI, aqui em Berlim,
  • 13:17 - 13:20
    que é organizada
    por alunos, ex-alunos
  • 13:20 - 13:24
    e um professor que reconhece
    a necessidade de uma mudança cultural.
  • 13:24 - 13:26
    Eles ainda são raros, mas existem.
  • 13:27 - 13:31
    Juntos, usamos o tempo
    que nenhum de nós tem -
  • 13:31 - 13:32
    noites, fins de semana -
  • 13:32 - 13:37
    para organizar eventos,
    programas de estudo e estágio,
  • 13:37 - 13:41
    para ajudar alunos a encontrar empregos
    onde se sintam realizados e reconhecidos,
  • 13:41 - 13:43
    dentro ou fora da bolha.
  • 13:43 - 13:45
    Fico feliz por compartilhar com os alunos
  • 13:45 - 13:49
    o que aprendi sobre opções
    de carreira após o doutorado
  • 13:49 - 13:51
    para que não se sintam
    como ovelhas negras também.
  • 13:54 - 13:57
    Para que tudo isso funcione,
  • 13:57 - 14:00
    pra que alunos de pós-graduação
    recebam mais informação e capacitação
  • 14:00 - 14:04
    e se prepararem para a transição
    para o mercado de trabalho,
  • 14:04 - 14:09
    seus professores-orientadores
    precisam apoiá-los.
  • 14:09 - 14:12
    Se você for professor e não puder
    ser um mentor de carreira -
  • 14:12 - 14:16
    porque, afinal, você também
    faz parte da bolha -
  • 14:16 - 14:21
    pelo menos não desestimule seus alunos.
  • 14:21 - 14:24
    Deixe que eles participem de cursos
    e atividades extracurriculares,
  • 14:24 - 14:28
    mesmo que não sejam diretamente
    relacionadas à pesquisa.
  • 14:28 - 14:32
    Muito provavelmente, isso não vai
    interferir na qualidade de suas teses,
  • 14:32 - 14:36
    e pode fazer uma grande
    diferença no futuro deles.
  • 14:36 - 14:41
    Tenhamos em mente que a maioria deles
    buscarão empregos não acadêmicos
  • 14:41 - 14:44
    e que isso não é sinal de fracasso.
  • 14:46 - 14:50
    Sei que, se você não faz parte da bolha,
  • 14:50 - 14:52
    talvez esteja pensando:
  • 14:53 - 14:56
    "Tá bom, a vida é difícil
    para os alunos de pós-graduação.
  • 14:56 - 14:58
    Estou 'supercomovido'!"
  • 14:59 - 15:02
    "Foi escolha deles seguir esse caminho."
  • 15:03 - 15:05
    "Sou advogado. Por que devo
    me importar com isso?"
  • 15:06 - 15:08
    Vou explicar por que
    você deve se importar.
  • 15:09 - 15:14
    A maioria das inovações,
    das ideias que melhoram a sociedade -
  • 15:14 - 15:17
    curas para doenças,
  • 15:17 - 15:19
    soluções para a fome no mundo,
  • 15:19 - 15:21
    as tecnologias mais recentes -
  • 15:21 - 15:23
    nascem em universidades.
  • 15:24 - 15:28
    E a maioria das pessoas que trabalham
    nisso são alunos de pós-graduação.
  • 15:28 - 15:32
    Claro, professores-orientadores
    gerenciam e supervisionam tudo,
  • 15:32 - 15:37
    mas o trabalho "sujo",
    pesado e do dia a dia
  • 15:37 - 15:39
    é feito pelos pós-graduandos.
  • 15:40 - 15:43
    Se a pesquisa é como
    construir um arranha-céu,
  • 15:43 - 15:46
    eles são os milhares de construtores.
  • 15:46 - 15:49
    Se ela é uma guerra, eles são o exército.
  • 15:50 - 15:52
    Se ela é Game of Thrones,
  • 15:52 - 15:54
    eles são os "white walkers".
  • 15:55 - 15:57
    São inclusive tão pálidos quanto.
  • 15:57 - 15:58
    (Risos)
  • 15:58 - 16:03
    O progresso da ciência e da inovação
    depende dos alunos de pós-graduação.
  • 16:05 - 16:07
    Então, vamos cuidar bem deles,
  • 16:07 - 16:12
    valorizá-los e dar a eles orientação
    de carreira e apoio a saúde mental.
  • 16:12 - 16:16
    Vamos encorajá-los a serem
    o melhor que puderem ser.
  • 16:16 - 16:18
    A ciência é incrível,
  • 16:18 - 16:23
    e ela pode melhorar muito a nossa vida,
    se feita por paixão em vez de por pressão.
  • 16:24 - 16:27
    Precisamos de uma mudança
    na cultura do mundo acadêmico.
  • 16:27 - 16:30
    Antes de mais nada, vamos parar de pensar:
  • 16:30 - 16:34
    "Hum, as coisas não são perfeitas,
    mas é assim mesmo, sempre foi assim".
  • 16:34 - 16:37
    Não, quando sairmos daqui hoje,
  • 16:37 - 16:40
    não vamos mais reproduzir
    o discurso antiquado
  • 16:40 - 16:44
    de que o doutorado é uma passagem
    só de ida para a "Academicolândia",
  • 16:44 - 16:46
    e vamos começar a abrir os olhos
  • 16:46 - 16:50
    para todas as coisas que um graduado
    da geração Y é capaz de fazer.
  • 16:50 - 16:53
    Se ele ou ela conseguir largar o celular.
  • 16:56 - 17:00
    Os acadêmicos precisam começar a se
    aproximar mais das pessoas fora da bolha
  • 17:00 - 17:03
    e a apoiar seus colegas.
  • 17:03 - 17:06
    Os cursos de pós-graduação
    precisam ouvir mais os seus alunos
  • 17:06 - 17:09
    e se adaptar às necessidades deles.
  • 17:10 - 17:14
    Vamos estourar essa bolha e trazer
    o mundo acadêmico para o século 21.
  • 17:16 - 17:20
    Acima de tudo, é fundamental que estejamos
    conscientes dessas questões
  • 17:20 - 17:23
    e que falemos sobre elas,
    como estamos fazendo aqui.
  • 17:24 - 17:27
    Vamos manter um olhar crítico
    sobre o sistema em que vivemos,
  • 17:27 - 17:30
    e, sim, mudá-lo, se ele precisar melhorar.
  • 17:32 - 17:33
    Afinal,
  • 17:34 - 17:37
    foi isso que a universidade
    nos ensinou a fazer.
  • 17:39 - 17:41
    (Aplausos)
Title:
Está na hora de estourar a bolha do mundo acadêmico | Mariana Cerdeira | TEDxHUBerlin
Description:

Em sua palestra, a Dra. Mariana Cerdeira revela o que acontece nos bastidores da pesquisa científica, e fala sobre a necessidade de uma mudança cultural no mundo acadêmico.

Mariana Cerdeira é doutora em Neurociências Médicas pela Charité e Humboldt University, é consultora de estratégia em biofarma na Catenion, em Berlim. Desde o início de seu doutorado, ela participa de projetos que visam a melhorar a orientação profissional para alunos de pós-graduação, promover o alcance público da ciência e conscientizar as pessoas sobre problemas existentes no meio acadêmico.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

more » « less
Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
17:45

Portuguese, Brazilian subtitles

Revisions