< Return to Video

Auret Van Heerden: Tornando o trabalho mundial justo

  • 0:00 - 0:03
    Este celular
  • 0:03 - 0:06
    começou sua trajetória
  • 0:06 - 0:08
    em uma mina artesanal
  • 0:08 - 0:10
    no leste do Congo.
  • 0:10 - 0:12
    Ele é extraído por grupos armados
  • 0:12 - 0:14
    usando crianças escravas,
  • 0:14 - 0:16
    que o Conselho de Segurança da ONU
  • 0:16 - 0:18
    chama de "minerais de sangue"
  • 0:18 - 0:20
    que depois se tornam alguns componentes
  • 0:20 - 0:22
    e acabam em uma fábrica
  • 0:22 - 0:24
    em Shinjin na China.
  • 0:24 - 0:27
    Nessa fábrica -- mais de uma dúzia de pessoas cometeram suicídio
  • 0:27 - 0:29
    só este ano.
  • 0:29 - 0:32
    Um homem morreu depois de ter trabalhado um turno de 36 horas.
  • 0:33 - 0:35
    Todos nós amamos chocolate.
  • 0:35 - 0:37
    Nós compramos para nossas crianças.
  • 0:37 - 0:40
    80 por cento do cacau vem da Costa do Marfim e Gana
  • 0:40 - 0:43
    e é colhido por crianças.
  • 0:43 - 0:45
    Na Costa do Marfim, temos um grande problema de crianças escravas.
  • 0:45 - 0:48
    As crianças têm sido traficadas de outras zonas de conflito
  • 0:48 - 0:51
    para vir trabalhar nas plantações de café.
  • 0:51 - 0:53
    A heparina -- anticoagulante,
  • 0:53 - 0:55
    um produto farmacêutico --
  • 0:55 - 0:58
    começa em oficinas artesanais
  • 0:58 - 1:00
    como esta na China,
  • 1:00 - 1:02
    porque o ingrediente ativo
  • 1:02 - 1:05
    vem de intestinos de porcos.
  • 1:05 - 1:08
    Seu diamante: vocês conhecem e provavelmente já viram o filme "Diamante de Sangue".
  • 1:08 - 1:10
    Essa é uma mina no Zimbábue
  • 1:10 - 1:12
    atualmente.
  • 1:12 - 1:14
    Algodão: o Uzbequistão é o segundo maior
  • 1:14 - 1:16
    exportador de algodão do planeta.
  • 1:16 - 1:19
    Todos os anos quando vem a colheita de algodão,
  • 1:19 - 1:21
    o governo fecha as escolas,
  • 1:21 - 1:24
    coloca as crianças em ônibus, e as leva para os campos de algodão
  • 1:24 - 1:27
    para passar três semanas colhendo o algodão.
  • 1:27 - 1:29
    É trabalho infantil forçado
  • 1:29 - 1:31
    em uma escala institucional.
  • 1:32 - 1:35
    E todos esses produtos provavelmente terminam suas vidas
  • 1:35 - 1:37
    em um lixão como este em Manila.
  • 1:37 - 1:40
    Esses lugares, essas origens,
  • 1:40 - 1:42
    representam falhas governamentais.
  • 1:42 - 1:44
    Essa é a descrição mais polida
  • 1:44 - 1:47
    que tenho para elas.
  • 1:47 - 1:49
    Esses são as poças escuras
  • 1:49 - 1:52
    onde as cadeias globais de distribuição começam --
  • 1:52 - 1:54
    as cadeias globais de distribuição,
  • 1:54 - 1:57
    que nos trazem nossos produtos de marca favoritos.
  • 1:57 - 2:00
    Algumas dessas falhas governamentais
  • 2:00 - 2:03
    são regidas por países marginais.
  • 2:03 - 2:05
    Alguns já não são nem mesmo países.
  • 2:05 - 2:07
    São países falidos.
  • 2:07 - 2:09
    Alguns deles
  • 2:09 - 2:12
    são apenas países que acreditam que a desregulamentação
  • 2:12 - 2:15
    ou nenhuma regulamentação é a melhor forma de atrair investimento
  • 2:15 - 2:17
    e promover o comércio.
  • 2:17 - 2:19
    De qualquer forma, eles nos mostram
  • 2:19 - 2:22
    um enorme dilema moral e ético.
  • 2:23 - 2:25
    Sei que nenhum de nós quer se tornar cúmplice
  • 2:25 - 2:28
    depois da ocorrência
  • 2:28 - 2:30
    de um abuso dos Direitos Humanos
  • 2:30 - 2:32
    em uma cadeia de distribuição global.
  • 2:32 - 2:34
    Mas agora,
  • 2:34 - 2:37
    a maioria das companhias envolvidas nessas cadeias de distribuição
  • 2:37 - 2:39
    não tem nenhuma forma
  • 2:39 - 2:41
    de nos garantir
  • 2:41 - 2:43
    que ninguém precise hipotecar seu futuro,
  • 2:43 - 2:46
    ninguém precise sacrificar seus direitos
  • 2:46 - 2:48
    para nos trazer nossos produtos
  • 2:48 - 2:50
    de marca favoritos.
  • 2:51 - 2:53
    Agora, eu não vim aqui para deprimi-los
  • 2:53 - 2:56
    sobre o estado da cadeia distribuição global.
  • 2:56 - 2:58
    Nós precisamos encarar a realidade.
  • 2:58 - 3:01
    Nós precisamos reconhecer o quanto é séria
  • 3:01 - 3:04
    a falta de direitos que temos.
  • 3:04 - 3:06
    Essa é uma república independente,
  • 3:06 - 3:08
    provavelmente um país falido.
  • 3:08 - 3:11
    Definitivamente não é um país democrático.
  • 3:12 - 3:14
    E agora,
  • 3:14 - 3:16
    essa república independente da cadeia de distribuição
  • 3:16 - 3:18
    não está sendo governada
  • 3:18 - 3:21
    de forma que nos garanta
  • 3:21 - 3:24
    poder participar de um comércio ético ou de um consumo ético.
  • 3:25 - 3:27
    Agora isso não é novidade.
  • 3:27 - 3:29
    Vocês já viram os documentários
  • 3:29 - 3:31
    das fábricas de miséria onde se produz vestuário
  • 3:31 - 3:34
    por todo o mundo, até em países desenvolvidos.
  • 3:34 - 3:36
    Se quiserem ver uma fábrica de miséria,
  • 3:36 - 3:38
    me encontrem no Madison Square Garden,
  • 3:38 - 3:41
    Eu os levarei até uma rua perto, e mostrarei uma fábrica de miséria chinesa.
  • 3:41 - 3:44
    Mas vejam o exemplo da heparina.
  • 3:44 - 3:46
    É um produto farmacêutico.
  • 3:46 - 3:49
    Você espera que a cadeia de distribuição que leva isso ao hospital,
  • 3:49 - 3:52
    provavelmente seja totalmente limpa.
  • 3:53 - 3:55
    O problema é que o ingrediente ativo dele --
  • 3:55 - 3:57
    como eu mencionei antes --
  • 3:57 - 3:59
    vem dos porcos.
  • 3:59 - 4:02
    O principal fabricante americano
  • 4:02 - 4:04
    do ingrediente ativo
  • 4:04 - 4:07
    decidiu há alguns anos se mudar para a China
  • 4:07 - 4:10
    porque é a maior fornecedora mundial de porcos.
  • 4:10 - 4:12
    E assim sua fábrica na China --
  • 4:12 - 4:15
    que é provavelmente bem limpa --
  • 4:15 - 4:17
    está recebendo todos os ingredientes
  • 4:17 - 4:19
    de abatedouros clandestinos,
  • 4:19 - 4:21
    onde famílias abatem os porcos
  • 4:21 - 4:24
    e extraem o ingrediente.
  • 4:24 - 4:26
    Então há alguns anos atrás, tivemos um escândalo,
  • 4:26 - 4:28
    que matou cerca de 80 pessoas por todo o mundo,
  • 4:28 - 4:30
    por causa de contaminantes
  • 4:30 - 4:33
    que penetraram na cadeia de distribuição da heparina.
  • 4:33 - 4:35
    Pior ainda, alguns dos fornecedores
  • 4:35 - 4:39
    perceberam que eles poderiam trocar por um produto
  • 4:39 - 4:42
    que imitava a heparina em testes.
  • 4:43 - 4:46
    Este substituto custa 18 dólares por quilo,
  • 4:46 - 4:49
    enquanto que a heparina -- o ingrediente verdadeiro --
  • 4:49 - 4:52
    custa 1800 dólares por quilo.
  • 4:52 - 4:54
    Não houve como hesitar.
  • 4:54 - 4:57
    O problema é que isto matou mais pessoas.
  • 4:57 - 4:59
    E caso estejam perguntando a si mesmos,
  • 4:59 - 5:01
    "Como que a FDA, Administração de Alimentos e Medicamentos
  • 5:01 - 5:03
    deixou isso acontecer?
  • 5:03 - 5:05
    Como a agência estatal chinesa de alimentos e medicamentos
  • 5:05 - 5:07
    deixou isso acontecer?"
  • 5:07 - 5:10
    E a resposta é bem simples:
  • 5:10 - 5:12
    os chineses definem essas fábricas
  • 5:12 - 5:15
    como químicas e não como fábricas farmacêuticas,
  • 5:15 - 5:17
    por isso eles não fazem auditorias.
  • 5:17 - 5:19
    E a FDA dos Estados Unidos
  • 5:19 - 5:21
    tem um problema de jurisdição.
  • 5:21 - 5:23
    Isso está além das fronteiras.
  • 5:23 - 5:25
    Eles realmente fazem algumas investigações além-mar --
  • 5:25 - 5:28
    cerca de uma dúzia por ano -- talvez 20 num bom ano.
  • 5:28 - 5:30
    Há 500
  • 5:30 - 5:32
    dessas fábricas
  • 5:32 - 5:35
    produzindo ingredientes ativos só na China.
  • 5:35 - 5:38
    De fato, cerca de 80 por cento
  • 5:38 - 5:40
    dos ingredientes ativos de medicamentos hoje
  • 5:40 - 5:42
    vêm de outros países,
  • 5:42 - 5:44
    particularmente da China e Índia.
  • 5:44 - 5:47
    E não temos um sistema de governo,
  • 5:47 - 5:49
    não temos um sistema regulatório
  • 5:49 - 5:51
    capaz de garantir
  • 5:51 - 5:53
    que a produção é segura.
  • 5:55 - 5:57
    Não temos um sistema para garantir
  • 5:57 - 5:59
    que os Direitos Humanos e a dignidade básica
  • 5:59 - 6:01
    estão protegidos.
  • 6:02 - 6:05
    Logo, em um nível nacional --
  • 6:05 - 6:07
    e trabalhamos em cerca de 60 países --
  • 6:07 - 6:09
    em um nível nacional
  • 6:09 - 6:11
    nós encontramos sérios problemas na capacidade dos governos
  • 6:11 - 6:14
    de regular a produção
  • 6:14 - 6:17
    em seu próprio território.
  • 6:17 - 6:19
    E o verdadeiro problema com a cadeia de distribuição global
  • 6:19 - 6:21
    é que ela é supranacional.
  • 6:21 - 6:23
    Os governos que estão falhando,
  • 6:23 - 6:25
    que estão deixando a peteca cair,
  • 6:25 - 6:27
    em nível nacional
  • 6:27 - 6:29
    têm ainda menos capacidade de controlar o problema
  • 6:29 - 6:32
    em um nível internacional.
  • 6:32 - 6:34
    E vocês podem ver isso nas notícias.
  • 6:34 - 6:37
    Vejam a reunião de Copenhague do ano passado --
  • 6:37 - 6:39
    uma falha completa dos governos
  • 6:39 - 6:41
    em fazer a coisa certa
  • 6:41 - 6:44
    diante de um desafio internacional.
  • 6:44 - 6:47
    Vejam a reunião do G20 há algumas semanas --
  • 6:47 - 6:50
    recuaram de seus compromissos de apenas alguns meses atrás.
  • 6:52 - 6:54
    Você pode checar qualquer um
  • 6:54 - 6:57
    dos grandes desafios que nós discutimos essa semana
  • 6:57 - 7:00
    e perguntar a si mesmo, onde está a liderança dos governos
  • 7:00 - 7:03
    para mobilizar e apresentar soluções,
  • 7:03 - 7:05
    respostas,
  • 7:05 - 7:08
    a estes problemas internacionais?
  • 7:08 - 7:11
    E a resposta é simples, eles não podem, são nacionais.
  • 7:12 - 7:14
    Os seus eleitores são locais.
  • 7:14 - 7:16
    Eles têm interesses paroquiais.
  • 7:16 - 7:18
    Eles não podem subordinar esses interesses
  • 7:18 - 7:21
    para o bem maior da população mundial.
  • 7:21 - 7:23
    Portanto, se vamos garantir o direito
  • 7:23 - 7:25
    de bens públicos essenciais
  • 7:25 - 7:27
    em nível internacional --
  • 7:27 - 7:30
    nesse caso, na cadeia de distribuição global --
  • 7:30 - 7:33
    nós temos de encontrar um mecanismo diferente.
  • 7:33 - 7:35
    Nós precisamos de uma máquina diferente.
  • 7:37 - 7:40
    Felizmente, temos alguns exemplos.
  • 7:41 - 7:43
    Nos anos 90,
  • 7:43 - 7:45
    houve uma série de escândalos
  • 7:45 - 7:47
    relativos à produção de bens de marca nos EUA --
  • 7:47 - 7:49
    trabalho infantil, trabalho forçado,
  • 7:49 - 7:52
    graves abusos de saúde e segurança --
  • 7:52 - 7:54
    e, eventualmente, o presidente Clinton, em 1996,
  • 7:54 - 7:57
    convocou uma reunião na Casa Branca --
  • 7:57 - 8:00
    convocou a indústria, ONGs de Direitos Humanos,
  • 8:00 - 8:02
    sindicatos, Ministério do Trabalho --
  • 8:02 - 8:04
    colocou todos em uma sala
  • 8:04 - 8:06
    e disse: "Olha,
  • 8:06 - 8:08
    eu não quero que a globalização seja uma corrida para baixo.
  • 8:08 - 8:10
    Eu não sei como evitar isso,
  • 8:10 - 8:12
    mas ao menos eu vou usar meus belos escritórios
  • 8:12 - 8:14
    para reunir vocês
  • 8:14 - 8:17
    para encontrar uma resposta."
  • 8:17 - 8:19
    Então, eles formaram uma força tarefa da Casa Branca,
  • 8:19 - 8:22
    e eles passaram três anos discutindo
  • 8:22 - 8:25
    sobre quem assumiria tamanha responsabilidade
  • 8:25 - 8:28
    na cadeia de distribuição global.
  • 8:28 - 8:31
    As empresas não achavam que fosse sua responsabilidade.
  • 8:31 - 8:33
    Elas não são proprietárias dessas fábricas.
  • 8:33 - 8:35
    Elas não empregam esses trabalhadores.
  • 8:35 - 8:38
    Elas não são responsáveis legalmente.
  • 8:38 - 8:40
    As outras pessoas na mesa
  • 8:40 - 8:42
    disseram: "Gente, assim não dá.
  • 8:42 - 8:45
    Vocês têm um dever de cuidar, um dever de proteger,
  • 8:45 - 8:47
    para certificar que os produtos
  • 8:47 - 8:50
    cheguem a qualquer loja
  • 8:50 - 8:53
    de uma forma que nos permita consumí-lo,
  • 8:53 - 8:56
    sem medo por nossa segurança,
  • 8:56 - 9:00
    ou sem ter de sacrificar nossa consciência
  • 9:00 - 9:02
    para consumir esse produto."
  • 9:02 - 9:05
    Então eles concordaram: "Ok. O que faremos
  • 9:05 - 9:07
    é um acordo sobre um conjunto de normas,
  • 9:07 - 9:09
    um código de conduta.
  • 9:09 - 9:11
    Vamos aplicar isso em toda
  • 9:11 - 9:13
    nossa cadeia de distribuição global
  • 9:13 - 9:15
    independente da propriedade ou controle.
  • 9:15 - 9:18
    Faremos disso parte do contrato."
  • 9:18 - 9:21
    E isso foi um golpe de mestre,
  • 9:21 - 9:23
    porque o que eles fizeram
  • 9:23 - 9:26
    foi aproveitar o poder do contrato,
  • 9:26 - 9:28
    poder privado,
  • 9:28 - 9:30
    para fornecer bens públicos.
  • 9:30 - 9:32
    Vamos encarar a realidade,
  • 9:32 - 9:34
    o contrato de uma grande marca multinacional
  • 9:34 - 9:37
    para um fornecedor na Índia ou China
  • 9:37 - 9:39
    tem um poder persuasivo muito maior
  • 9:39 - 9:41
    do que as leis locais de trabalho,
  • 9:41 - 9:43
    do que as regras ambientais locais,
  • 9:43 - 9:46
    do que os padrões locais de Direitos Humanos.
  • 9:46 - 9:49
    Essas fábricas provavelmente nunca irão ver um inspetor.
  • 9:49 - 9:52
    Se um inspetor aparecesse,
  • 9:52 - 9:54
    seria incrível se ele fosse capaz
  • 9:54 - 9:57
    de resistir a um suborno.
  • 9:58 - 10:00
    Mesmo se eles fizerem seus trabalhos,
  • 10:00 - 10:03
    e autuar essas fábricas pelas suas violações,
  • 10:04 - 10:06
    a multa seria irrisória.
  • 10:06 - 10:08
    Mas se você perde o contrato
  • 10:08 - 10:10
    de uma marca importante,
  • 10:10 - 10:12
    essa é a diferença
  • 10:12 - 10:15
    entre continuar no mercado ou ir a falência.
  • 10:15 - 10:17
    Isso faz a diferença.
  • 10:17 - 10:19
    Portanto, o que temos sido capazes de fazer,
  • 10:19 - 10:21
    é que temos aproveitado
  • 10:21 - 10:23
    o poder e a influência
  • 10:23 - 10:26
    da única instituição verdadeiramente transnacional
  • 10:26 - 10:28
    na cadeia de distribuição global,
  • 10:28 - 10:31
    que é a empresa multinacional,
  • 10:31 - 10:33
    e conseguir levá-la a fazer a coisa certa,
  • 10:33 - 10:36
    fazê-la usar esse poder para o bem,
  • 10:36 - 10:39
    e trazer bens públicos essenciais.
  • 10:40 - 10:42
    Agora, é claro que isso não vêm naturalmente
  • 10:42 - 10:44
    para empresas multinacionais.
  • 10:44 - 10:47
    Elas não foram criadas para isso, eles são criadas para ganhar dinheiro.
  • 10:47 - 10:50
    Mas elas são organizações extremamente eficientes.
  • 10:50 - 10:52
    Elas possuem recursos,
  • 10:52 - 10:55
    e se pudermos adicionar a vontade, o compromisso,
  • 10:55 - 10:58
    elas sabem como entregar este produto.
  • 11:00 - 11:03
    Agora, chegar nisso não é fácil.
  • 11:03 - 11:06
    Essas cadeias de distribuição que eu mostrei antes,
  • 11:06 - 11:08
    elas não estão lá.
  • 11:08 - 11:10
    Você precisa de um espaço seguro.
  • 11:10 - 11:13
    Precisa de um lugar onde as pessoas possam se reunir
  • 11:13 - 11:15
    e se sentar sem medo do julgamento,
  • 11:15 - 11:17
    sem recriminação,
  • 11:17 - 11:19
    para realmente encarar o problema,
  • 11:19 - 11:22
    entrar em acordo sobre o problema e propor soluções.
  • 11:22 - 11:25
    Nós podemos fazer isso. As soluções técnicas estão aqui.
  • 11:25 - 11:28
    O problema é a falta de crença, a falta de confiança,
  • 11:28 - 11:30
    a falta de companheirismo
  • 11:30 - 11:32
    entre as ONGs, grupos de campanha,
  • 11:32 - 11:35
    organizações da sociedade civil
  • 11:35 - 11:38
    e empresas multinacionais.
  • 11:38 - 11:41
    Se reuníssemos esses dois grupos em um espaço seguro,
  • 11:41 - 11:43
    para trabalharem juntos,
  • 11:43 - 11:46
    poderíamos fornecer bens públicos agora mesmo,
  • 11:46 - 11:49
    ou em pouquíssimo tempo.
  • 11:49 - 11:51
    Essa é uma proposta radical,
  • 11:51 - 11:53
    e é loucura pensar
  • 11:53 - 11:56
    que se você for uma garota de 15 anos de Bangladesh
  • 11:56 - 11:59
    deixando a sua aldeia rural
  • 11:59 - 12:02
    para ir trabalhar em uma fábrica em Dhaka --
  • 12:02 - 12:05
    ganhando 22, 23, 24 dólares por mês --
  • 12:07 - 12:10
    sua melhor chance de ter direitos no trabalho
  • 12:10 - 12:12
    é se sua fábrica estiver produzindo
  • 12:12 - 12:14
    para uma empresa de marca
  • 12:14 - 12:16
    que possui um código de conduta
  • 12:16 - 12:19
    e fez desse código de conduta parte do contrato.
  • 12:20 - 12:22
    É loucura.
  • 12:22 - 12:24
    As multinacionais estão protegendo os Direitos Humanos.
  • 12:24 - 12:26
    Eu sei que vai haver desconfiança.
  • 12:26 - 12:28
    Vocês vão dizer: "Como podemos confiar nelas?"
  • 12:28 - 12:30
    Bem, não podemos.
  • 12:30 - 12:32
    É o velho ditado do controle de armas:
  • 12:32 - 12:34
    "Confie, mas verifique."
  • 12:34 - 12:36
    Por isso inspecionamos.
  • 12:36 - 12:39
    Pegamos a cadeia de distribuição, anotamos todos os nomes das fábricas,
  • 12:39 - 12:41
    fazemos uma amostra aleatória,
  • 12:41 - 12:44
    enviamos inspetores de surpresa
  • 12:44 - 12:46
    para inspecionar essas fábricas,
  • 12:46 - 12:48
    e então publicamos os resultados.
  • 12:48 - 12:51
    A transparência é fundamental para isso.
  • 12:52 - 12:55
    Você pode considerar-se responsável,
  • 12:55 - 12:58
    mas a responsabilidade sem prestar contas
  • 12:58 - 13:00
    muitas vezes não funciona.
  • 13:00 - 13:03
    O que estamos fazendo não é apenas recrutar as multinacionais,
  • 13:03 - 13:06
    estamos dando a elas as ferramentas para fornecer esse bem público --
  • 13:06 - 13:08
    o respeito pelos Direitos Humanos --
  • 13:08 - 13:10
    e estamos verificando.
  • 13:10 - 13:12
    Vocês não precisam acreditar em mim. Vocês não devem acreditar em mim.
  • 13:12 - 13:15
    Vão até o site. Vejam os resultados da auditoria.
  • 13:15 - 13:17
    Perguntem a si mesmos, esta empresa está se comportando
  • 13:17 - 13:20
    de uma forma socialmente responsável?
  • 13:20 - 13:22
    Posso comprar aquele produto
  • 13:22 - 13:25
    sem comprometer minha ética?
  • 13:25 - 13:28
    É assim que o sistema funciona.
  • 13:30 - 13:32
    Eu odeio a ideia
  • 13:32 - 13:35
    dos governos não estarem protegendo os Direitos Humanos ao redor do mundo.
  • 13:35 - 13:37
    Eu odeio a ideia
  • 13:37 - 13:39
    dos governos terem deixado a peteca cair.
  • 13:39 - 13:42
    E eu não consigo aceitar a ideia
  • 13:42 - 13:45
    de que por algum motivo não podemos levá-los a fazer sua função.
  • 13:45 - 13:47
    Eu estou nisso há 30 anos,
  • 13:47 - 13:49
    e nesse tempo eu vi
  • 13:49 - 13:52
    a capacidade, o compromisso, a vontade de governos
  • 13:52 - 13:54
    entrar em decadência,
  • 13:54 - 13:57
    e eu não quero vê-los voltar a fazer isso agora.
  • 13:57 - 13:59
    Então começamos a pensar
  • 13:59 - 14:01
    nisso como uma medida provisória.
  • 14:01 - 14:04
    Agora estamos pensando que, de fato,
  • 14:04 - 14:06
    este é provavelmente o início
  • 14:06 - 14:09
    de uma nova forma de regulamentar e lidar com
  • 14:09 - 14:11
    desafios internacionais.
  • 14:11 - 14:14
    Chame isso de governança em rede, ou como quiser,
  • 14:14 - 14:17
    os atores privados,
  • 14:17 - 14:19
    empresas e ONGs,
  • 14:19 - 14:21
    terão de se unir
  • 14:21 - 14:23
    para encarar os grandes desafios que teremos.
  • 14:23 - 14:25
    Basta olhar para as pandemias --
  • 14:25 - 14:28
    gripe suína, gripe aviária, H1N1.
  • 14:28 - 14:30
    Observe os sistemas de saúde de vários países.
  • 14:30 - 14:32
    Será que eles têm os recursos necessários
  • 14:32 - 14:35
    para enfrentar uma pandemia grave?
  • 14:35 - 14:37
    Não.
  • 14:37 - 14:40
    O setor privado e ONGs poderiam
  • 14:40 - 14:42
    se unir e mostrar uma resposta?
  • 14:42 - 14:44
    Certamente.
  • 14:44 - 14:46
    O que lhes faltam é esse espaço seguro
  • 14:46 - 14:48
    para estar juntos, combinar
  • 14:48 - 14:50
    e passar a agir.
  • 14:50 - 14:53
    Isso é o que estamos tentando oferecer.
  • 14:54 - 14:56
    Eu sei muito bem
  • 14:56 - 14:58
    que isso muitas vezes parece
  • 14:58 - 15:00
    ser um nível esmagador de responsabilidade
  • 15:00 - 15:02
    para as pessoas assumirem.
  • 15:02 - 15:04
    "Vocês querem que eu transmita Direitos Humanos
  • 15:04 - 15:06
    através de minha cadeia de distribuição global.
  • 15:06 - 15:09
    Há milhares de fornecedores nela."
  • 15:09 - 15:12
    Isso parece muito difícil, muito perigoso,
  • 15:12 - 15:14
    para qualquer empresa assumir.
  • 15:14 - 15:16
    Mas existem empresas assim.
  • 15:16 - 15:19
    Nós temos 4 mil empresas que são membros.
  • 15:19 - 15:21
    Algumas delas são empresas grandes, muito grandes.
  • 15:21 - 15:23
    A indústria de artigos esportivos em particular
  • 15:23 - 15:26
    tomou a iniciativa e tem feito isso.
  • 15:26 - 15:29
    O exemplo, o modelo, está lá.
  • 15:30 - 15:32
    E sempre que discutimos
  • 15:32 - 15:34
    um desses problemas que nós temos de lidar --
  • 15:34 - 15:37
    trabalho infantil em fazendas de algodão na Índia --
  • 15:37 - 15:40
    este ano vamos monitorar 50 mil fazendas de algodão na Índia.
  • 15:41 - 15:43
    Isso parece impressionante.
  • 15:43 - 15:46
    Os números só fazem você querer sair correndo.
  • 15:46 - 15:49
    Mas nós os reduzimos a algumas realidades básicas.
  • 15:49 - 15:51
    E os Direitos Humanos
  • 15:51 - 15:54
    se resumem a uma proposta muito simples:
  • 15:54 - 15:57
    eu posso dar a essa pessoa sua dignidade de volta?
  • 15:57 - 15:59
    Pessoas pobres,
  • 15:59 - 16:01
    pessoas cujos Direitos Humanos foram violados --
  • 16:01 - 16:03
    o princípio disso
  • 16:03 - 16:05
    é a perda da dignidade,
  • 16:05 - 16:07
    a falta da dignidade.
  • 16:07 - 16:10
    Isso começa apenas ao devolver a dignidade às pessoas.
  • 16:10 - 16:13
    Eu estava em uma favela nos arredores de Gurgaon
  • 16:13 - 16:15
    perto de Déli,
  • 16:15 - 16:18
    uma das novas cidades mais altivas e brilhantes
  • 16:18 - 16:21
    que estão surgindo na Índia atualmente,
  • 16:21 - 16:23
    e eu estava falando com operários
  • 16:23 - 16:25
    que trabalhavam em uma fábrica de miséria de beira de estrada.
  • 16:25 - 16:28
    E eu perguntei qual a mensagem que gostariam que eu levasse para as empresas.
  • 16:29 - 16:32
    Eles não disseram dinheiro.
  • 16:32 - 16:35
    Eles disseram: "As pessoas que nos empregam
  • 16:35 - 16:38
    nos tratam como se fôssemos menos que humanos,
  • 16:38 - 16:40
    como se não existíssemos.
  • 16:40 - 16:43
    Por favor peça a eles para nos tratar como seres humanos."
  • 16:44 - 16:46
    Essa é a minha compreensão básica dos Direitos Humanos.
  • 16:46 - 16:49
    Essa é a minha proposta básica para vocês,
  • 16:49 - 16:52
    meu pedido básico para todos que tomam decisões
  • 16:52 - 16:54
    aqui nesta sala e todo mundo lá fora.
  • 16:54 - 16:56
    Nós podemos tomar uma decisão
  • 16:56 - 16:58
    de nos unir
  • 16:58 - 17:01
    e dar continuidade naquilo
  • 17:01 - 17:03
    que os governos deixaram de fazer.
  • 17:03 - 17:05
    Se não fizermos isso,
  • 17:05 - 17:07
    estaremos abandonando a esperança,
  • 17:07 - 17:10
    estaremos abandonando nossa essência humana,
  • 17:10 - 17:12
    e eu sei que esse não é o lugar que nós queremos estar,
  • 17:12 - 17:14
    e não precisamos estar lá.
  • 17:14 - 17:16
    Portanto eu peço a vocês,
  • 17:16 - 17:18
    juntem-se a nós, entrem neste espaço seguro,
  • 17:18 - 17:20
    e vamos começar a fazer isso acontecer.
  • 17:20 - 17:22
    Muito obrigado.
  • 17:22 - 17:25
    (Aplausos)
Title:
Auret Van Heerden: Tornando o trabalho mundial justo
Speaker:
Auret van Heerden
Description:

O sindicalista Auret van Heerden fala sobre a próxima fronteira dos direitos dos trabalhadores -- indústrias globalizadas onde nenhum órgão nacional pode manter os trabalhadores seguros e protegidos. Como podemos manter nossas cadeias globais de distribuição de forma honesta? Van Heerden apresenta seu argumento comercial pelo trabalho justo.

more » « less
Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
17:25
Fernando Marinheiro added a translation

Portuguese, Brazilian subtitles

Revisions