A Próxima Pintura de Avery Singer | Art21 "Plano aproximado de Nova Iorque"

Como é que um artista faz evoluir um suporte que tem estado por cá há milénios?

No seu estúdio de Mott Haven em Bronx, a artista Avery Singer aperfeiçoa uma técnica desenvolvida por ela que mistura os métodos tradicionais com os processos digitais e empurra as suas pinturas para novos terrenos.

"Podes pegar em recursos tradicionais e usá-los da maneira com que foram destinados a ser usados há 500 anos, para depois na hora seguinte incorporares algum tipo de nova tecnologia," diz a artista. "A justaposição de todas estas coisas produz um significado."

Por cima de telas convencionais com cartilha de gesso, Singer usa fita de pintor e um aerógrafo para concretizar desenhos que ela detalhadamente construiu usando o programa de modelação em 3D SketchUp. As pinturas pretas e brancas resultantes contêm figuras andrógenas parecidas com robôs apanhadas em narrativas opacas inspiradas em tropas mundiais da arte: uma visita ao estúdio, uma banca de um projeccionista, uma palestra de diapositivos. A sua mistura de bravura de estilos e técnicas parece fazer referência a toda a história moderna da pintura, desde o surrealismo ao Cubismo, aos construtivistas russos como Naum Gobo. Singer espera que as obras apontem para o potencial ainda inexplorado da pintura olhando tanto para o passado como para o presente, para as múltiplas possibilidades do futuro.

Aprenda mais sobre a artista em:
https://art21.org/artist/avery-singer/

Produtor da série "Plano aproximado de Nova Iorque": Nick Ravich. Realizador: Jarred Alterman. Editor e Cinematografia: Jarred Alterman. Som: Evan Messaros. Desenho & Grafismo: Open & Urosh Perisic. Cortesia da Obra de Arte: Avery Singer. Compositor: Wesley Powell. Música adicional: Muciojad. Agradecimentos: à empresa de Gavin Brown, Thor Shannon. © Art21, Inc. 2017. Todos os direitos reservados.

"Plano aproximado de Nova Iorque" é apoiada, em parte, pela Fundação The Lambent; fundos públicos do Departamento de Assuntos Culturais da Cidade de Nova Iorque em parceria com o Conselho da Cidade; Fundo de Arte VIA; Lévy Gorvy; e por contribuidores individuais.

[VIAS DO METROPOLITANO A ECOAR POR CIMA]

["Plano aproximado de Nova Iorque"]

Existe uma expressão:

"As tuas melhores ideias surgem no banho,"

"em trânsito,
e quando estás prestes a ir dormir."

Ainda não parei de pensar sobre qual
será a próxima pintura.

Sinto-me incrivelmente livre
quando tenho uma ideia de arte.

Ser artista é quase como

uma busca por este sentimento de liberdade.

[Avery Singer, Artista]

Adoro esse sentimento.

Vivo para ele.

["A Próxima Pintura de Avery Singer"]

Essencialmente, tenho estado
a fazer estes modelos no SketchUp

no computador, como forma de produzir
um esboço para uma pintura.

Estes modelos arquitectónicos
um pouco maus

que são estes cenários semi-figurativos.

Eu apenas adquiro uma linha de base e informação
dos detalhes a partir dele [do cenário]

e projecto-o para uma escala maior,

esboço-o na tela,

e depois concretizo a pintura
utilizando um aerógrafo.

A maneira como as pinturas são feitas

é quase o conteúdo, sabes?

Gostaria de mantê-lo um pouco mais vago

e explorar as coisas com a técnica.

Porque a técnica conta
a sua própria história.

Podes pegar em recursos tradicionais
e usá-los

da maneira com que foram destinados a
ser usados há 500 anos.

Para depois na hora seguinte,

incorporares algum tipo de nova tecnologia

que não tem qualquer relação com o gesso
que é

algo que tem sido usado por muito tempo

e vem de uma receita que foi
inventada em Itália

sabe-se lá há quanto tempo.

A justaposição de todas estas coisas
produz um significado.

Tento mais ou menos colocar as coisas
lado a lado que...

podem nunca ter sido vistas juntas antes

para gerar uma nova relação

ou apenas para produzir uma
nova realidade visual.

Acho que aos 11 ou 12 anos, eu já era
apaixonada pela arte.

E depois na altura em que fiz 16, foi como
se fosse inequívoco.

Pensei,
"Eu sei que isto é o que tenho de fazer."

"Tenho de ir para a Cooper Union."

Cresci aqui em Nova Iorque.

E os meus pais também são artistas.

Cresci num apartamento onde metade
dele é o estúdio de arte deles--

a outra parte é, como que, um apartamento
de plano aberto.

Então, ao crescer,

o meu quarto era basicamente um beliche
por cima do estúdio da minha mãe.

Por isso era assim que eu estava
habituada a viver.

Os meus pais usam tintas da Golden.

E por isso eu só uso tintas da Golden.

Esta empresa.

Conheces?

Por isso sou como que uma pintora de
segunda geração das tintas da Golden.

[RI-SE]

O engraçado é que: todos os dias
da minha infância,

o meu pai colocava-se à minha frente

e intimidantemente, mais ou menos,

sacudia os dedos assim.

[RI-SE]

E dizia, "Nunca te tornes uma artista."

"Não te tornes uma artista."

"Casa com um milionário."

[ENTREVISTADOR, FORA DO ECRÃ]
Como isso está a correr?

[RI-SE]

"Não" em ambas as coisas!

Não sei porquê,

mas adoro a solitude.

E adoro trabalhar sozinha,

e definir o meu próprio tempo,

e a minha própria vida,
e o meu próprio espaço.

Já não olhas mais para o relógio

e depois, de repente, o sol já se pôs

e percebes que estiveste a pintar
durante quatorze horas

e que tens este progresso à tua frente.

Esta é a tua tarefa--

isto é o que faz ser-se artista tão difícil.

Porque não quero reproduzir as pinturas
de outras pessoas.

Quero criar as minhas.

Tradução e Revisão: Catarina José