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"Designs" simples que salvam vidas

  • 0:01 - 0:02
    No que toca à invenção,
  • 0:02 - 0:05
    gostava de vos contar a história
    de um dos meus projectos preferidos.
  • 0:05 - 0:08
    Penso que é um dos mais excitantes
    em que estou a trabalhar,
  • 0:08 - 0:10
    mas acho que é também o mais simples.
  • 0:10 - 0:14
    É um projecto que tem o potencial de causar
    um enorme impacto em todo o mundo.
  • 0:15 - 0:18
    Aborda um dos maiores problemas
    de saúde pública no planeta,
  • 0:18 - 0:21
    a primeira causa de morte
    em crianças com menos de 5 anos,
  • 0:22 - 0:27
    O que é? Doenças transmitidas pela água?
    Diarreia? Má Nutrição?
  • 0:27 - 0:33
    Não, é a inalação de fumos de fogueiras
    interiores para a preparação de alimentos
  • 0:33 - 0:37
    que causam infecções respiratórias graves.
    Acreditam nisto?
  • 0:38 - 0:41
    Acho isto chocante
    e de certo modo revoltante.
  • 0:41 - 0:44
    Não conseguimos criar combustíveis
    que queimem de forma mais limpa?
  • 0:44 - 0:46
    Será que não conseguimos
    fazer melhores fogões?
  • 0:46 - 0:50
    Como é possível que isto possa provocar
    dois milhões de mortes todos os anos?
  • 0:50 - 0:52
    Sei que o Bill Joy esteve a falar
  • 0:52 - 0:54
    sobre as maravilhas
    dos nanotubos de carbono.
  • 0:54 - 0:56
    Então eu vou falar-vos
  • 0:56 - 0:59
    sobre as maravilhas dos macrotubos
    de carbono, que é o carvão!
  • 0:59 - 1:01
    (Risos)
  • 1:01 - 1:04
    Esta é uma foto do Haiti rural.
  • 1:04 - 1:06
    Actualmente, 98% do Haiti
    está desflorestado.
  • 1:07 - 1:09
    Vêem-se cenários destes por toda a ilha.
  • 1:10 - 1:13
    Provoca todo o tipo de problemas ambientais
  • 1:13 - 1:17
    e problemas que afectam
    a população por todo o país.
  • 1:17 - 1:21
    Há uns anos, houve cheias gravíssimas
    que provocaram milhares de mortes
  • 1:21 - 1:22
    e isso atribui-se directamente
  • 1:22 - 1:26
    ao facto de já não haver árvores
    para estabilizarem o solo.
  • 1:26 - 1:30
    Assim, quando a chuva vem,
    enche os rios, e as cheias acontecem!
  • 1:30 - 1:34
    Uma das razões por que
    há tão poucas árvores é a seguinte:
  • 1:34 - 1:36
    as pessoas precisam de cozinhar,
  • 1:36 - 1:39
    e recolhem a madeira
    e fazem carvão com ela.
  • 1:40 - 1:43
    Não é que as pessoas sejam ignorantes
    quanto aos danos ambientais.
  • 1:43 - 1:45
    Sabem perfeitamente,
    mas não têm alternativa.
  • 1:45 - 1:47
    Os combustíveis fósseis
    não estão disponíveis,
  • 1:47 - 1:52
    e a energia solar não cozinha os alimentos
    da forma que eles gostam.
  • 1:52 - 1:54
    E então é isto que eles fazem.
  • 1:54 - 1:58
    Encontramos famílias como esta
    que procuram uma árvore na floresta,
  • 1:58 - 2:02
    abatem-na e fazem carvão com ela.
  • 2:02 - 2:06
    Então, e sem surpresa,
    tem sido feito um grande esforço
  • 2:06 - 2:09
    para procurar combustíveis
    alternativos para cozinhar.
  • 2:09 - 2:13
    Há cerca de 4 anos levei
    uma equipa de estudantes ao Haiti,
  • 2:13 - 2:15
    e trabalhámos lá
    com os voluntários do Corpo de Paz.
  • 2:15 - 2:17
    Este é um desses voluntários,
  • 2:17 - 2:20
    e este é um aparelho que ele construiu
    na aldeia onde trabalhou.
  • 2:20 - 2:23
    A ideia era que se podia pegar
    em desperdícios de papel,
  • 2:23 - 2:26
    comprimi-los e fazer briquetes
    que podiam ser usados como combustível.
  • 2:27 - 2:29
    Mas este aparelho era demasiado lento.
  • 2:29 - 2:32
    Então os nossos estudantes
    de engenharia trabalharam nele
  • 2:32 - 2:34
    e com umas alterações muito simples
  • 2:34 - 2:37
    conseguiram triplicar
    a produção deste aparelho.
  • 2:37 - 2:40
    Podem imaginar que eles estavam
    muito excitados com isto.
  • 2:40 - 2:44
    Levaram os briquetes para o MIT
    para testá-las.
  • 2:44 - 2:48
    Uma das coisas que descobriram
    foi que elas não ardiam.
  • 2:48 - 2:51
    Isto foi um pouco desanimador
    para os alunos.
  • 2:51 - 2:52
    (Risos)
  • 2:53 - 2:56
    De facto se olharem com atenção,
    aqui mesmo,
  • 2:56 - 2:58
    podem ver que diz,
    "Corpo de Paz dos EUA".
  • 2:59 - 3:02
    Acontece que, na verdade não havia
    desperdício de papel naquela aldeia.
  • 3:03 - 3:06
    E embora fosse um bom uso
    para a papelada do governo,
  • 3:06 - 3:09
    o voluntário percorreu
    uma distância de 800 km,
  • 3:09 - 3:11
    para levar o papel para a aldeia.
  • 3:11 - 3:14
    Então achámos que talvez houvesse
    uma maneira melhor
  • 3:14 - 3:16
    de arranjar um combustível alternativo.
  • 3:17 - 3:19
    Queríamos fazer um combustível
  • 3:19 - 3:23
    que utilizasse algo que estivesse
    facilmente disponível a nível local.
  • 3:23 - 3:26
    Vemos isto por todo no Haiti.
    São pequenas refinarias de açúcar.
  • 3:26 - 3:30
    O desperdício da extracção
    dos sucos da cana-de-açúcar,
  • 3:30 - 3:32
    chama-se bagaço.
  • 3:32 - 3:33
    Não tem outro uso.
  • 3:33 - 3:36
    Não tem valor nutritivo,
    portanto não o dão ao gado.
  • 3:36 - 3:38
    Fica apenas num grande monte
    ao pé da refinaria
  • 3:38 - 3:41
    até que acabam por queimá-lo.
  • 3:41 - 3:44
    Queríamos descobrir uma maneira
  • 3:44 - 3:47
    de agarrar neste recurso desperdiçado
    e transformá-lo num combustível
  • 3:47 - 3:49
    com que as pessoas pudessem
    cozinhar facilmente,
  • 3:49 - 3:52
    uma coisa como o carvão.
  • 3:52 - 3:53
    Então, nos anos seguintes,
  • 3:53 - 3:57
    os estudantes e eu trabalhámos
    para desenvolver um processo.
  • 3:57 - 4:01
    Começamos com o bagaço
    e depois, com uma fornalha simples,
  • 4:01 - 4:04
    que se pode fazer
    com um bidão velho de 200 litros.
  • 4:04 - 4:07
    Após algum tempo,
    depois de lhe atear fogo, sela-se
  • 4:07 - 4:10
    para restringir o oxigénio
    que entra na fornalha,
  • 4:10 - 4:14
    e depois acabamos
    com este material carbonizado.
  • 4:14 - 4:16
    No entanto, isto não se pode queimar.
  • 4:16 - 4:20
    É demasiado fino e arde demasiado depressa
    para ser útil para cozinhar.
  • 4:21 - 4:24
    Tínhamos que encontrar uma forma
    de transformá-lo em briquetes úteis.
  • 4:24 - 4:28
    Muito a propósito,
    um dos meus alunos era do Gana,
  • 4:28 - 4:32
    e lembrou-se de um prato que a mãe
    costumava fazer, chamado "kokonte",
  • 4:32 - 4:35
    que é uma papa muito peganhenta
    feita com raiz de cassava.
  • 4:35 - 4:37
    Então, procurámos e descobrimos
  • 4:37 - 4:41
    que a cassava também se cultiva no Haiti,
    mas chama-se mandioca.
  • 4:41 - 4:44
    Na verdade, cultiva-se em todo o mundo
  • 4:44 - 4:47
    — yucca, tapioca, mandioca,
    cassava, é tudo a mesma coisa —
  • 4:47 - 4:49
    um vegetal com uma raiz com muito amido.
  • 4:49 - 4:52
    Pode-se fazer com ela uma papa
    muito grossa e peganhenta,
  • 4:52 - 4:56
    que se pode usar para aglutinar
    os briquetes de carvão.
  • 4:57 - 5:00
    Foi o que fizemos. Fomos ao Haiti.
  • 5:00 - 5:03
    Estes são os graduados
    da primeira "École de Charbon",
  • 5:03 - 5:04
    ou Instituto do Carvão [IC].
  • 5:04 - 5:06
    (Risos)
  • 5:08 - 5:11
    Na verdade, sou instrutora
    no MIT bem como no IC.
  • 5:12 - 5:15
    Estes são os briquetes que fizemos.
  • 5:16 - 5:19
    Agora vou levá-los
    a um continente diferente.
  • 5:20 - 5:24
    Isto é a Índia, e este é o combustível
    mais utilizado para cozinhar:
  • 5:24 - 5:26
    bosta de vaca.
  • 5:26 - 5:30
    Pior do que no Haiti, isto produz
    fogueiras muito fumarentas,
  • 5:30 - 5:32
    e é aqui que se vê o impacto na saúde
  • 5:32 - 5:36
    de se cozinhar com bosta de vaca
    e biomassa como combustível.
  • 5:37 - 5:39
    As crianças e as mulheres
    são especialmente afectadas por isso,
  • 5:39 - 5:42
    porque são elas que estão
    em redor das fogueiras.
  • 5:42 - 5:44
    Então quisemos ver
    se podíamos introduzir aqui
  • 5:44 - 5:47
    aqui esta tecnologia de fabrico de carvão.
  • 5:47 - 5:50
    Infelizmente eles não tinham cana-de-açúcar
  • 5:50 - 5:53
    e não tinham mandioca,
    mas isso não nos deteve.
  • 5:53 - 5:57
    Descobrimos quais as fontes locais
    de biomassa disponíveis.
  • 5:57 - 5:59
    Havia palha de trigo e de arroz nesta área.
  • 5:59 - 6:02
    E o que podíamos usar
    como aglutinante
  • 6:02 - 6:04
    eram pequenas quantidades
    de estrume de vaca,
  • 6:04 - 6:06
    que eles usavam habitualmente
    como combustível.
  • 6:07 - 6:10
    Fizemos testes lado a lado.
  • 6:10 - 6:13
    Podemos ver aqui os briquetes de carvão,
    e aqui a bosta de vaca.
  • 6:13 - 6:16
    Podem ver que é um combustível
    com uma queima bem mais limpa.
  • 6:16 - 6:19
    De facto, aquece a água
    muito mais rapidamente.
  • 6:19 - 6:22
    De modo que ficámos
    muito contentes, até agora.
  • 6:22 - 6:23
    Mas uma das coisas que descobrimos
  • 6:23 - 6:26
    foi que, quando comparámos
    lado a lado com carvão de madeira,
  • 6:26 - 6:28
    não ardia durante tanto tempo.
  • 6:28 - 6:30
    E os briquetes desfaziam-se um bocado,
  • 6:30 - 6:33
    e perdíamos energia à medida
    que se iam desfazendo quando se cozinhava.
  • 6:33 - 6:36
    Assim, procurámos uma forma
    de fazer briquetes mais sólidos
  • 6:36 - 6:40
    para podermos competir com o mercado
    de carvão de madeira no Haiti.
  • 6:41 - 6:45
    Voltámos ao MIT, desencantámos
    a máquina de testes Instron,
  • 6:45 - 6:47
    e descobrimos que tipo
    de forças seriam precisas
  • 6:47 - 6:50
    para comprimir um briquete a um nível
  • 6:50 - 6:53
    de onde se pudesse obter
    o seu desempenho melhorado.
  • 6:53 - 6:56
    Ao mesmo tempo que tínhamos alunos
    no laboratório a estudar isso,
  • 6:56 - 7:03
    tínhamos também parceiros na comunidade
    no Haiti a tentar desenvolver o processo,
  • 7:03 - 7:08
    para melhorá-lo e torná-lo mais acessível
    às pessoas das aldeias.
  • 7:08 - 7:10
    Ao fim de algum tempo,
  • 7:10 - 7:15
    desenvolvemos uma prensa barata
    que permite produzir carvão,
  • 7:15 - 7:21
    que até queima durante mais tempo
    e de forma mais limpa
  • 7:21 - 7:23
    que o carvão de madeira.
  • 7:23 - 7:25
    Estamos agora numa situação
    em que temos um produto
  • 7:25 - 7:29
    que é melhor do que o que
    se pode comprar no mercado no Haiti,
  • 7:29 - 7:32
    que é um local maravilhoso para se estar.
  • 7:34 - 7:39
    Só no Haiti, todos os anos são cortados
    cerca de 30 milhões de árvores.
  • 7:39 - 7:41
    Há uma possibilidade
    de isto ser implementado
  • 7:41 - 7:44
    e salvar uma grande parte dessas árvores.
  • 7:44 - 7:47
    Para além disto, as receitas
    geradas por esse carvão
  • 7:47 - 7:50
    são cerca de 260 milhões de dólares.
  • 7:50 - 7:53
    Isso é mesmo muito
    para um país como o Haiti.
  • 7:53 - 7:55
    com uma população de oito milhões
  • 7:55 - 7:58
    e com um rendimento médio
    de menos de 400 dólares.
  • 7:59 - 8:03
    Portanto estamos a avançar
    com o nosso projecto do carvão.
  • 8:03 - 8:06
    Uma das coisas que eu penso
    ser também interessante,
  • 8:06 - 8:09
    é que tenho um amigo
    na Universidade da Califórnia, em Berkeley,
  • 8:09 - 8:10
    que tem andado a fazer análises de risco.
  • 8:10 - 8:13
    Ele estudou o problema
    dos impactos na saúde
  • 8:13 - 8:15
    da queima de madeira em vez de carvão.
  • 8:15 - 8:17
    Descobriu que, no mundo inteiro,
  • 8:17 - 8:21
    se podia evitar um milhão de mortes
    mudando da madeira para carvão
  • 8:21 - 8:22
    como combustível.
  • 8:22 - 8:24
    É notável!
  • 8:24 - 8:26
    Mas até agora, não havia maneira
    de o fazer sem derrubar árvores.
  • 8:26 - 8:30
    Agora temos uma maneira
    que usa os desperdícios agrícolas
  • 8:30 - 8:32
    para criar um combustível.
  • 8:32 - 8:34
    No entanto, uma das coisas mais excitantes
  • 8:34 - 8:38
    é uma coisa que saiu da viagem
    que fiz ao Gana no mês passado.
  • 8:38 - 8:41
    Penso, que é a coisa mais porreira,
  • 8:41 - 8:43
    e ainda é mais "low-tech"
    do que o que acabaram de ver,
  • 8:43 - 8:46
    se é que conseguem imaginá-lo.
  • 8:46 - 8:48
    Está aqui. O que é isto?
  • 8:48 - 8:51
    São maçarocas de milho
    transformadas em carvão.
  • 8:51 - 8:55
    A beleza disto é que não é preciso
    fazer briquetes, já estão feitos!
  • 8:56 - 8:59
    Aquele é o meu portátil de 100 dólares,
    ali mesmo.
  • 8:59 - 9:02
    Na verdade, tal como o Nick,
    eu também trouxe amostras.
  • 9:02 - 9:04
    (Risos)
  • 9:04 - 9:06
    Podemos fazê-las circular.
  • 9:08 - 9:11
    São totalmente funcionais,
    testadas no terreno,
  • 9:11 - 9:13
    prontas a serem distribuídas.
  • 9:16 - 9:21
    Uma das coisas que também é
    realmente notável nesta tecnologia
  • 9:21 - 9:24
    é a transferência da mesma ser tão fácil.
  • 9:24 - 9:27
    Comparado com o carvão de cana-de-açúcar,
  • 9:27 - 9:29
    em que temos que ensinar
    as pessoas a formar os briquetes
  • 9:29 - 9:32
    e existe o passo intermédio
    de cozinhar o ligante,
  • 9:32 - 9:34
    este já vem em pré-briquetes!
  • 9:34 - 9:36
    E isto é a coisa mais excitante
    da minha vida, de momento,
  • 9:36 - 9:39
    o que talvez seja um triste comentário
    acerca da minha vida.
  • 9:39 - 9:41
    (Risos)
  • 9:41 - 9:45
    Mas assim que o virem,
    como o pessoal da fila da frente...
  • 9:45 - 9:46
    De qualquer modo...
  • 9:46 - 9:48
    (Risos)
  • 9:48 - 9:53
    ...aqui está. Acho que isto
    é o exemplo perfeito
  • 9:53 - 9:57
    daquelas coisas de soma diferente de zero,
    das quais o Ribert Wright falava.
  • 9:58 - 10:02
    Não só se têm os benefícios de saúde,
    como os benefícios ambientais.
  • 10:02 - 10:06
    Mas esta é uma das situações
    incrivelmente raras
  • 10:06 - 10:09
    em que também se têm
    benefícios económicos.
  • 10:09 - 10:12
    As pessoas podem fazer o seu combustível
    a partir de desperdícios.
  • 10:12 - 10:14
    Podem gerar rendimentos a partir disto.
  • 10:14 - 10:17
    Podem poupar o dinheiro
    que iriam gastar em carvão,
  • 10:17 - 10:20
    e podem produzir em excesso
    e vendê-lo no mercado
  • 10:20 - 10:22
    às pessoas que não fabricarem o seu.
  • 10:22 - 10:24
    É muito raro não comprometer uma das coisas
  • 10:24 - 10:27
    entre saúde e economia,
    ou o ambiente e a economia.
  • 10:27 - 10:31
    É um projecto que eu acho
    extremamente excitante
  • 10:31 - 10:36
    e estou muito ansiosa
    para ver onde nos leva.
  • 10:38 - 10:41
    Quando agora falamos
    acerca do futuro que vamos criar,
  • 10:41 - 10:44
    uma das coisas que penso ser necessária
  • 10:44 - 10:48
    é ter uma visão muito clara
    do mundo em que vivemos.
  • 10:48 - 10:52
    Não me refiro exactamente
    ao mundo em que nós vivemos.
  • 10:52 - 10:56
    Refiro-me ao mundo em que as mulheres
    passam duas a três horas por dia
  • 10:56 - 10:59
    a moer grão para alimentar
    as suas famílias.
  • 11:00 - 11:02
    Refiro-me ao mundo onde
    os materiais de construção avançados
  • 11:02 - 11:06
    significam telhados
    de placas de cimento feitas à mão,
  • 11:06 - 11:08
    e onde, quando se trabalha
    dez horas por dia,
  • 11:08 - 11:11
    se continua a ganhar
    apenas 60 dólares num mês.
  • 11:12 - 11:15
    Refiro-me ao mundo
    onde mulheres e crianças
  • 11:15 - 11:20
    gastam 40 mil milhões de horas
    por dia na busca de água.
  • 11:20 - 11:24
    Isso é como se toda a mão-de-obra
    do Estado da Califórnia
  • 11:24 - 11:29
    trabalhasse a tempo inteiro durante um ano
    não fazendo mais do que procurar água.
  • 11:29 - 11:33
    É um local onde, por exemplo,
    se isto fosse a Índia,
  • 11:33 - 11:36
    apenas três pessoas nesta sala
    teriam carro.
  • 11:36 - 11:38
    Se estivéssemos no Afeganistão,
  • 11:38 - 11:41
    apenas uma pessoa nesta sala
    saberia usar a Internet.
  • 11:41 - 11:46
    Se isto fosse a Zâmbia,
    haveria aqui 300 agricultores,
  • 11:46 - 11:50
    haveria 100 com SIDA ou HIV.
  • 11:50 - 11:53
    E mais de metade viveria
    com menos de um dólar por dia.
  • 11:54 - 11:58
    Estas são as questões para as quais
    precisamos de encontrar soluções.
  • 11:59 - 12:03
    É para estas questões que temos
    que treinar os nossos engenheiros,
  • 12:03 - 12:07
    os nossos designers, os nossos homens
    de negócios, os nossos empresários.
  • 12:07 - 12:10
    São estas as soluções
    que precisamos encontrar.
  • 12:10 - 12:16
    Penso que há certas áreas
    especialmente importantes para tratar.
  • 12:16 - 12:18
    Uma delas é a criação de tecnologias
  • 12:18 - 12:21
    que promovam as micro-finanças
    e as micro-empresas,
  • 12:21 - 12:25
    para que as pessoas que vivem
    abaixo do limiar da pobreza
  • 12:25 - 12:26
    possam ter uma forma de sair dela,
  • 12:26 - 12:28
    o que não estão a conseguir
  • 12:28 - 12:31
    usando o mesmo modo de sempre
    de fazer cestos, de criar aves, etc.
  • 12:31 - 12:33
    Mas existem novas tecnologias
    e novos produtos
  • 12:33 - 12:36
    que podem fazer em pequena escala.
  • 12:36 - 12:40
    Outra coisa em que acredito
    é que é necessário criar tecnologias
  • 12:40 - 12:44
    para que os agricultores pobres
    adicionem valor às suas culturas,
  • 12:44 - 12:47
    E temos que repensar
    as nossas estratégias de desenvolvimento,
  • 12:47 - 12:51
    para não estarmos a promover
    campanhas educativas
  • 12:51 - 12:53
    para que eles deixem de ser agricultores,
  • 12:53 - 12:56
    mas para que deixem
    de ser agricultores pobres!
  • 12:56 - 12:59
    Temos que pensar em como podemos
    fazer isso, de forma eficaz.
  • 12:59 - 13:02
    Precisamos de trabalhar
    com as pessoas nestas comunidades,
  • 13:02 - 13:05
    e dar-lhes os recursos
    e as ferramentas de que necessitam
  • 13:05 - 13:07
    para resolver os seus problemas.
  • 13:07 - 13:09
    Essa é a melhor forma de o fazer.
  • 13:09 - 13:11
    Não devemos fazê-lo de fora.
  • 13:11 - 13:15
    Precisamos de criar este futuro,
    e precisamos de começar a fazê-lo agora.
  • 13:15 - 13:17
    Obrigada.
  • 13:17 - 13:21
    (Aplausos)
  • 13:26 - 13:30
    Chris Anderson: Diga-nos — enquanto vemos
    se alguém tem perguntas —
  • 13:30 - 13:32
    fale-nos apenas duma das outras coisas
    em que tem trabalhado.
  • 13:32 - 13:34
    Amy Smith: Uma das coisas
    em que estamos a trabalhar
  • 13:34 - 13:37
    é na procura de formas de testar
    a qualidade da água a baixo custo,
  • 13:37 - 13:41
    para que as comunidades possam fazer
    a manutenção dos seus sistemas de água,
  • 13:41 - 13:43
    saber quando estão a funcionar,
    quando tratá-los, etc.
  • 13:43 - 13:46
    Estamos a olhar para sistemas
    de tratamento de água "low-cost"!
  • 13:46 - 13:49
    Uma coisa excitante é a pesquisa
    sobre a desinfecção solar da água,
  • 13:49 - 13:52
    e a melhoria da capacidade de fazer isso.
  • 13:52 - 13:56
    CA: Qual é o maior entrave
    para que estas coisas se disseminem?
  • 13:56 - 14:00
    Precisam de encontrar empresários,
    ou investidores de risco?
  • 14:00 - 14:04
    De que é que precisam para disseminar
    aquilo que já têm?
  • 14:04 - 14:08
    AS: Penso que o que falta é mais gente
    para levar isto para a frente.
  • 14:08 - 14:11
    É difícil, é um mercado muito fragmentado
  • 14:11 - 14:13
    e uma população consumidora
    sem rendimentos.
  • 14:13 - 14:16
    Não se pode usar os mesmos modelos
    que se usam nos EUA
  • 14:16 - 14:18
    para fazer as coisas andar para a frente.
  • 14:18 - 14:21
    Somos uma equipa muito pequena.
  • 14:21 - 14:23
    (Risos)
  • 14:23 - 14:25
    Faço o que posso com os alunos.
  • 14:25 - 14:28
    Todos os anos temos 30 alunos
    a ir para o terreno,
  • 14:28 - 14:30
    tentar implementar e andar
    com isto para a frente,
  • 14:30 - 14:33
    A outra coisa é que é preciso
    fazer as coisas a longo prazo,
  • 14:33 - 14:37
    não se pode esperar que fique pronto
    num ou dois anos.
  • 14:37 - 14:40
    Temos que contar com 5 a 10 anos,
  • 14:40 - 14:43
    mas acho que com essa visão,
    podemos seguir em frente.
Title:
"Designs" simples que salvam vidas
Speaker:
Amy Smith
Description:

Os gases de combustão das fogueiras nas cozinhas matam mais de dois milhões de crianças por ano nos países em desenvolvimento, A engenheira do MIT, Amy Smith, explica em pormenor uma solução entusiasmante mas simples: uma ferramenta para transformar os desperdícios agrícolas num carvão limpo.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
14:43
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Simple designs to save a life
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Simple designs to save a life
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Simple designs to save a life
Ana Brochado added a translation

Portuguese subtitles

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