Return to Video

Moda que celebra a força e o espírito africano

  • 0:01 - 0:05
    Diz-se muitas vezes que as histórias
    da História são escritas pelos vencedores
  • 0:05 - 0:06
    mas, se isto é verdade,
  • 0:06 - 0:09
    o que acontecerá aos vencidos,
  • 0:09 - 0:11
    e como é que poderão aspirar a algo melhor
  • 0:11 - 0:15
    se nunca lhes são contadas as histórias
    dos seus passados gloriosos?
  • 0:16 - 0:19
    Eu aparento aqui
    ser um simples criador de vestuário,
  • 0:20 - 0:23
    mas, por entre as dobras
    de tecidos antigos e têxteis modernos,
  • 0:23 - 0:25
    encontrei uma vocação maior.
  • 0:25 - 0:27
    Enquanto estilista,
  • 0:27 - 0:30
    descobri a importância
    de dar representação
  • 0:30 - 0:33
    aos membros marginalizados
    da nossa sociedade,
  • 0:33 - 0:36
    e a importância de dizer
    aos mais vulneráveis de entre nós
  • 0:36 - 0:39
    que eles já não têm de se comprometer
    a si próprios
  • 0:39 - 0:42
    somente para caberem numa
    maioria que não se compromete.
  • 0:43 - 0:44
    Acontece que a moda,
  • 0:44 - 0:47
    uma disciplina que muitos de nós
    consideram trivial,
  • 0:47 - 0:50
    pode na verdade constituir uma ferramenta
    para descontruir preconceitos
  • 0:50 - 0:54
    e reforçar as autoimagens
    de populações sub-representadas.
  • 0:55 - 0:58
    O meu interesse em usar o "design"
    como veículo de mudança social
  • 0:58 - 1:00
    é pessoal.
  • 1:00 - 1:03
    Enquanto nigeriano americano
    eu sei que o termo "africano"
  • 1:03 - 1:07
    pode facilmente passar
    de simples designador geográfico
  • 1:07 - 1:09
    a termo pejorativo.
  • 1:10 - 1:12
    Para os que pertencem a este continente,
  • 1:12 - 1:15
    ser africano é ser inspirado pela cultura
  • 1:15 - 1:18
    e estar cheio de eterna
    esperança para o futuro.
  • 1:19 - 1:23
    E assim, numa tentativa de mudar
    as perceções erradas que muitos têm
  • 1:23 - 1:25
    sobre o sítio onde nasci,
  • 1:25 - 1:28
    eu uso o "design" como uma
    maneira de contar histórias,
  • 1:28 - 1:29
    histórias sobre alegria,
  • 1:29 - 1:31
    histórias sobre triunfo,
  • 1:31 - 1:34
    histórias sobre perseverança
    em toda a diáspora africana.
  • 1:35 - 1:36
    Eu conto estas histórias
  • 1:36 - 1:39
    enquanto esforço concertado
    para corrigir o registo histórico,
  • 1:39 - 1:42
    porque, independentemente
    de onde cada um de nós vem,
  • 1:42 - 1:45
    já fomos todos tocados
    pelas histórias complicadas
  • 1:45 - 1:47
    que levaram as nossas famílias
    a um país estrangeiro.
  • 1:48 - 1:51
    Estas histórias dão forma
    à maneira como vemos o mundo,
  • 1:51 - 1:53
    e modelam os preconceitos
    que trazemos connosco.
  • 1:54 - 1:56
    Para combater estes preconceitos,
  • 1:56 - 1:59
    a minha obra busca estéticas
    de diferentes partes do mundo
  • 1:59 - 2:01
    e tece uma narrativa
    sobre a importância
  • 2:01 - 2:02
    de lutar pela inclusão.
  • 2:03 - 2:06
    Redesenhando imagens
    da arte clássica europeia
  • 2:06 - 2:08
    e casando-as com estéticas africanas,
  • 2:08 - 2:12
    eu consigo restabelecer pessoas de cor
    em papéis de proeminência,
  • 2:12 - 2:14
    oferecendo-lhes um grau de dignidade
  • 2:14 - 2:16
    que elas não tinham anteriormente.
  • 2:17 - 2:21
    Esta abordagem subverte a narrativa
    aceite da inferioridade africana
  • 2:22 - 2:24
    e serve como inspiração
    para as pessoas de cor
  • 2:24 - 2:27
    que estão cansadas de se ver
    representadas sem sofisticação
  • 2:28 - 2:29
    e sem graça.
  • 2:30 - 2:32
    Cada uma destas tapeçarias
  • 2:32 - 2:34
    torna-se uma peça de costura
  • 2:34 - 2:38
    ou um lenço de seda, como o que,
    por coincidência, estou a usar agora.
  • 2:38 - 2:40
    (Risos)
  • 2:40 - 2:43
    E mesmo quando rodeadas
    por uma estrutura de classicismo europeu,
  • 2:43 - 2:47
    estas narrativas elevam corajosamente
    os méritos do empoderamento africano.
  • 2:48 - 2:53
    Desta maneira, as ferramentas dos mestres
    tornam-se obras de mestre
  • 2:53 - 2:55
    para celebrar aqueles
    que já foram subservientes.
  • 2:57 - 2:59
    Esta metáfora aplica-se
    para além da esfera da arte,
  • 2:59 - 3:01
    no mundo real.
  • 3:01 - 3:05
    Usadas tanto por refugiados
    como por empresários que mudam o mundo,
  • 3:05 - 3:08
    quando as pessoas têm
    a liberdade de se apresentarem
  • 3:08 - 3:10
    de um modo que celebra
    as suas identidades únicas,
  • 3:11 - 3:12
    algo mágico acontece.
  • 3:12 - 3:14
    Tornamo-nos mais altos.
  • 3:14 - 3:15
    Somos mais orgulhosos e seguros
  • 3:15 - 3:18
    porque apresentamos o nosso
    verdadeiro e autêntico ser.
  • 3:19 - 3:22
    E aqueles que estão à sua volta,
    por seu turno, tornam-se mais educados,
  • 3:22 - 3:26
    mais abertos e mais tolerantes
    a pontos de vista diferentes.
  • 3:27 - 3:29
    Desta maneira, as roupas que usamos
  • 3:29 - 3:33
    podem ser uma grande ilustração
    de "soft power" diplomático.
  • 3:34 - 3:36
    As roupas que usamos
    podem servir de pontes
  • 3:36 - 3:38
    entre as nossas culturas
    aparentemente díspares.
  • 3:38 - 3:44
    E portanto, sim, eu aparento aqui
    ser um simples criador de vestuário.
  • 3:45 - 3:47
    Mas o meu trabalho
    sempre foi mais do que costura.
  • 3:48 - 3:51
    O meu propósito é reescrever
    as narrativas culturais
  • 3:51 - 3:55
    para que pessoas de cor possam ser vistas
    a uma luz nova e matizada,
  • 3:55 - 3:56
    para que nós,
  • 3:56 - 3:58
    os filhos orgulhosos da África subsariana,
  • 3:58 - 4:00
    possamos atravessar o mundo
  • 4:00 - 4:02
    com um porte orgulhoso.
  • 4:03 - 4:05
    Era de fato verdade
    que as histórias da História
  • 4:05 - 4:08
    eram contadas pelos seus vencedores,
  • 4:09 - 4:11
    mas eu sou de uma nova geração.
  • 4:11 - 4:14
    A minha obra fala por aqueles
    que não vão deixar
  • 4:14 - 4:17
    que o seu futuro seja ditado
    por um passado turbulento.
  • 4:17 - 4:20
    Hoje, estamos prontos
    a contar as nossas próprias histórias
  • 4:20 - 4:23
    sem compromissos, sem desculpas.
  • 4:23 - 4:25
    Mas a questão ainda se mantém.
  • 4:26 - 4:29
    Estão preparados
    para o que estão prestes a ouvir?
  • 4:31 - 4:34
    Eu espero que sim, porque
    estamos a chegar, seja como for.
  • 4:35 - 4:38
    (Aplausos)
Title:
Moda que celebra a força e o espírito africano
Speaker:
Walé Oyéjidé
Description:

"Ser africano é ser inspirado pela cultura e estar cheio de eterna esperança para o futuro," diz o estilista e TED Fellow Walé Oyéjidé. Com a sua marca, Ikiré Jones (verão o trabalho deles no filme "Black Panther" da Marvel), ele usa "design" clássico para mostrar a elegância e a graça de grupos muitas vezes marginalizados, em peças de vestuário requintadamente cortadas que contam histórias.

more » « less
Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
04:54

Portuguese subtitles

Revisions