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Um ícone de entretenimento falando sobre viver uma vida significativa

  • 0:01 - 0:04
    Eric Hirshberg: Suponho que o Norman
    não precise de muita apresentação,
  • 0:04 - 0:07
    mas a plateia do TED é global, é variada,
  • 0:07 - 0:10
    então fiquei encarregado
    de começar com a biografia dele,
  • 0:10 - 0:13
    que poderia facilmente
    durar os 18 minutos.
  • 0:13 - 0:17
    Então, ao invés disso, vamos fazer
    93 anos em 93 segundos ou menos.
  • 0:17 - 0:18
    (Risos)
  • 0:18 - 0:20
    Você nasceu em New Hampshire.
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    Norman Lear: New Haven, Connecticut.
  • 0:22 - 0:23
    EH: New Haven, Connecticut.
  • 0:23 - 0:25
    (Risos)
  • 0:26 - 0:27
    NL: Lá se vão mais sete segundos.
  • 0:27 - 0:29
    EH: Acertei em cheio!
  • 0:29 - 0:31
    (Risos)
  • 0:31 - 0:33
    Você nasceu em New Haven, Connecticut.
  • 0:33 - 0:35
    Seu pai era um trapaceiro,
    isso eu acertei.
  • 0:35 - 0:38
    Ele foi preso quando você tinha nove anos.
  • 0:38 - 0:41
    Você voou 52 missões como piloto
    de caça na Segunda Guerra Mundial.
  • 0:41 - 0:43
    Você voltou para...
  • 0:43 - 0:45
    NL: Operador de rádio.
  • 0:45 - 0:47
    EH: Você veio pra Los Angeles
    para ingressar em Hollywood,
  • 0:47 - 0:49
    primeiro na publicidade, depois na TV.
  • 0:49 - 0:53
    Não tinha formação formal como escritor,
    mas você forçou seu caminho.
  • 0:53 - 0:56
    Sua estreia foi com um seriado
    chamado "Tudo em Família".
  • 0:56 - 1:00
    Você seguiu com uma série de sucessos
    incomparável até hoje em Hollywood:
  • 1:00 - 1:04
    "Sanford and Son", "Maude", "Good Times",
    "The Jeffersons", "One Day at a Time",
  • 1:04 - 1:07
    "Mary Hartman, Mary Hartman,"
    pra citar, literalmente, alguns deles.
  • 1:07 - 1:10
    Não só todos eles são comercialmente...
  • 1:10 - 1:12
    (Aplausos)
  • 1:14 - 1:17
    Não só todos eles são
    comercialmente bem-sucedidos,
  • 1:17 - 1:19
    mas muitos deles impulsionam nossa cultura
  • 1:19 - 1:21
    dando aos membros
    menos representados da sociedade
  • 1:21 - 1:23
    sua primeira oportunidade
    no horário nobre.
  • 1:23 - 1:27
    Você teve sete seriados
    no top 10 uma época.
  • 1:27 - 1:28
    Num dado momento,
  • 1:28 - 1:31
    você agregou uma audiência
    de 120 milhões de pessoas por semana
  • 1:31 - 1:33
    assistindo aos seus seriados;
  • 1:33 - 1:36
    mais do que o público do "Super Bowl 50",
    que acontece uma vez por ano.
  • 1:36 - 1:38
    NL: Puta merda.
  • 1:38 - 1:39
    (Risos)
  • 1:39 - 1:41
    (Aplausos)
  • 1:42 - 1:44
    EH: E nem sequer chegamos
    na parte "puta merda".
  • 1:44 - 1:45
    (Risos)
  • 1:45 - 1:49
    Você foi incluído na lista de inimigos
    de Richard Nixon; ele tinha uma.
  • 1:49 - 1:52
    Essa é uma deixa para aplausos, também.
  • 1:52 - 1:53
    (Aplausos)
  • 1:53 - 1:57
    Você entrou para o Hall da Fama da TV
    no primeiro dia de existência dele.
  • 1:57 - 1:58
    Depois vieram os filmes:
  • 1:58 - 2:02
    "Tomates Verdes Fritos",
    "A Princesa Prometida", "Conta Comigo",
  • 2:02 - 2:03
    "Isto é Spinal Tap".
  • 2:03 - 2:06
    Mais uma vez, só para citar alguns.
  • 2:06 - 2:07
    (Aplausos)
  • 2:07 - 2:11
    Aí você esquece todo o passado, inicia
    um terceiro ato como ativista político
  • 2:11 - 2:14
    focando a proteção da Primeira Emenda
    e a separação entre Igreja e Estado.
  • 2:14 - 2:17
    Você inicia a fundação
    "People For The American Way",
  • 2:17 - 2:20
    "compra" a Declaração de Independência
    e a devolve ao povo.
  • 2:20 - 2:24
    Você se mantém ativo no entretenimento
    e na política até os seus 93 anos,
  • 2:24 - 2:27
    quando escreve um livro e faz
    um documentário sobre a sua vida.
  • 2:27 - 2:29
    E depois de tudo isso,
  • 2:29 - 2:32
    finalmente acham que você
    está pronto pra uma palestra TED.
  • 2:32 - 2:33
    (Risos)
  • 2:33 - 2:36
    (Aplausos)
  • 2:37 - 2:39
    NL: Eu adoro estar aqui.
  • 2:39 - 2:42
    E adoro você por concordar em fazer isso.
  • 2:42 - 2:44
    EH: Obrigado por me convidar.
    A honra é toda minha.
  • 2:44 - 2:46
    Aqui vai minha primeira pergunta.
  • 2:46 - 2:48
    Sua mãe tinha orgulho de você?
  • 2:48 - 2:50
    (Risos)
  • 2:50 - 2:51
    NL: A minha mãe...
  • 2:51 - 2:53
    que assunto para começar!
  • 2:56 - 2:59
    Quando voltei da guerra,
  • 2:59 - 3:04
    ela me mostrou as cartas
    que eu tinha escrito a ela do exterior,
  • 3:04 - 3:07
    e eram cartas de amor absoluto.
  • 3:10 - 3:11
    (Risos)
  • 3:11 - 3:14
    Isso realmente resume minha mãe.
  • 3:14 - 3:15
    Eram cartas de amor,
  • 3:15 - 3:17
    como se eu as tivesse escrito para...
  • 3:17 - 3:19
    eram cartas de amor.
  • 3:21 - 3:26
    Um ano mais tarde, perguntei a minha mãe
    se poderia ficar com as cartas,
  • 3:26 - 3:30
    porque eu gostaria de mantê-las
    por toda a minha vida.
  • 3:30 - 3:32
    Ela tinha jogado todas fora.
  • 3:32 - 3:33
    (Risos)
  • 3:37 - 3:38
    Essa é a minha mãe.
  • 3:38 - 3:40
    (Risos)
  • 3:41 - 3:45
    A melhor maneira que posso resumir
    isso em tempos mais recentes é,
  • 3:47 - 3:50
    este é também um tempo mais recente,
  • 3:50 - 3:51
    vários anos atrás,
  • 3:51 - 3:54
    quando deram início
    ao Hall da Fama a que se referiu...
  • 3:55 - 3:56
    Era uma manhã de domingo,
  • 3:56 - 3:59
    quando recebi a ligação do colega,
  • 3:59 - 4:02
    diretor da Academia de Artes
    e Ciências Televisivas.
  • 4:02 - 4:05
    Ele ligou para dizer que se encontraram
    durante todo o dia anterior
  • 4:05 - 4:09
    e ele estava me dizendo confidencialmente
    que iriam iniciar um hall da fama
  • 4:09 - 4:12
    e aqueles eram os homenageados.
  • 4:15 - 4:17
    Eu comecei a dizer "Richard Nixon",
  • 4:17 - 4:19
    porque o Richard Nixon...
  • 4:19 - 4:21
    EH: Não acho que ele estava naquela lista.
  • 4:21 - 4:23
    NL: William Paley, que fundou a CBS,
  • 4:23 - 4:26
    David Sarnoff, que fundou a NBC,
  • 4:26 - 4:28
    Edward R. Murrow,
  • 4:28 - 4:32
    o melhor dos correspondentes estrangeiros,
  • 4:32 - 4:33
    Paddy Chayefsky,
  • 4:33 - 4:36
    eu acho que o melhor escritor
    que já surgiu da televisão,
  • 4:36 - 4:38
    Milton Berle, Lucille Ball
  • 4:38 - 4:39
    e eu.
  • 4:39 - 4:40
    EH: Nada mau.
  • 4:40 - 4:43
    NL: Liguei imediatamente para minha mãe,
    em Hartford, Connecticut.
  • 4:43 - 4:46
    "Mãe, olha só, estão começando
    um hall da fama."
  • 4:46 - 4:49
    Digo a ela a lista de nomes
    e o meu, e ela diz:
  • 4:49 - 4:52
    "Escute, se é o que querem fazer,
    quem sou eu para dizer algo?"
  • 4:52 - 4:54
    (Risos)
  • 4:56 - 4:57
    (Aplausos)
  • 4:58 - 5:00
    Essa é a mamãe.
  • 5:00 - 5:02
    Acho que merece esse tipo de risada
  • 5:02 - 5:04
    porque todo mundo tem uma mãe meio assim.
  • 5:04 - 5:05
    (Risos)
  • 5:05 - 5:08
    EH: E assim, a mãe judia
    dos seriados nasce, bem ali.
  • 5:08 - 5:13
    Então, seu pai também teve
    um grande papel em sua vida,
  • 5:13 - 5:15
    principalmente por sua ausência.
  • 5:15 - 5:16
    NL: Sim.
  • 5:16 - 5:19
    EH: Conte-nos o que aconteceu
    quando você tinha nove anos.
  • 5:19 - 5:22
    NL: Ele estava voando pra Oklahoma
  • 5:24 - 5:26
    com três caras, e minha mãe disse:
  • 5:26 - 5:30
    "Não quero que você se envolva com eles,
    eu não confio naqueles homens".
  • 5:30 - 5:33
    Foi quando ouvi,
    talvez não pela primeira vez:
  • 5:33 - 5:37
    "Calada, Jeanette, eu vou".
  • 5:37 - 5:38
    E ele foi.
  • 5:38 - 5:43
    Acontece que ele estava pegando
    alguns títulos falsos,
  • 5:43 - 5:47
    e estava voando
    por todo o país para vendê-los.
  • 5:48 - 5:51
    Mas pra mim, bastava que ele estivesse
    indo pra Oklahoma num avião,
  • 5:51 - 5:55
    e que ia me trazer um chapéu de caubói,
  • 5:55 - 6:01
    igual ao que usava Ken Maynard,
    meu caubói favorito.
  • 6:02 - 6:07
    Isso foi alguns anos após Lindbergh
    ter cruzado o Atlântico.
  • 6:07 - 6:11
    Era exótico que meu pai
    estivesse indo para lá.
  • 6:11 - 6:12
    Mas quando ele voltou,
  • 6:12 - 6:14
    ele foi preso quando desceu do avião.
  • 6:14 - 6:19
    Naquela noite,
    havia jornais pela casa toda,
  • 6:19 - 6:22
    com fotos do meu pai cobrindo
    o rosto com o chapéu,
  • 6:22 - 6:24
    algemado a um detetive.
  • 6:24 - 6:27
    E minha mãe estava vendendo os móveis
    porque estávamos partindo,
  • 6:27 - 6:31
    ela não queria passar essa vergonha,
  • 6:31 - 6:34
    em Chelsea, Massachusetts.
  • 6:35 - 6:38
    Com a venda dos móveis,
  • 6:38 - 6:40
    a casa ficava lotada de gente.
  • 6:41 - 6:43
    E no meio de tudo isso,
  • 6:43 - 6:46
    um babaca que eu não conhecia
  • 6:46 - 6:49
    colocou a mão no meu ombro e disse:
  • 6:49 - 6:52
    "Bem, você é o homem da casa agora".
  • 6:53 - 6:59
    Eu estou chorando, e esse babaca diz:
    "Você é o homem da casa agora".
  • 6:59 - 7:02
    E acho que foi nesse momento
  • 7:02 - 7:06
    que comecei a entender
    a loucura da condição humana.
  • 7:08 - 7:09
    Assim...
  • 7:11 - 7:15
    foram precisos muitos anos pra olhar
    pra trás e sentir que foi um benefício.
  • 7:16 - 7:18
    Mas...
  • 7:18 - 7:20
    EH: É interessante você
    chamar isso de benefício.
  • 7:20 - 7:22
    NL: Benefício que serviu
    como um trampolim.
  • 7:22 - 7:26
    Quero dizer, eu pude perceber
  • 7:26 - 7:29
    como foi tolo dizer a este menino
    de nove anos, que estava chorando:
  • 7:29 - 7:31
    "Você é o homem da casa agora".
  • 7:31 - 7:35
    E eu continuei chorando, e ele disse:
  • 7:35 - 7:37
    "E os homens da casa não choram!"
  • 7:38 - 7:39
    E eu...
  • 7:39 - 7:41
    (Risos)
  • 7:41 - 7:42
    Então...
  • 7:44 - 7:46
    Em retrocesso, eu acho
  • 7:46 - 7:50
    que foi aí que aprendi a loucura
    da condição humana,
  • 7:50 - 7:54
    e tem sido esse dom que eu usei.
  • 7:54 - 7:56
    EH: Então você tem um pai ausente,
  • 7:56 - 8:00
    e uma mãe para quem, aparentemente,
    nada é bom o suficiente.
  • 8:00 - 8:05
    Você acha que começar como uma criança
    que talvez nunca tenha se sentido ouvida
  • 8:05 - 8:08
    deu início a sua jornada que acabou
    com você sendo um adulto
  • 8:08 - 8:12
    com uma audiência semanal
    de 120 milhões de pessoas?
  • 8:12 - 8:15
    NL: Eu adoro o jeito
    que você coloca essa pergunta,
  • 8:15 - 8:19
    porque acho que passei
    a minha vida querendo,
  • 8:19 - 8:22
    se é que desejei algo, ser ouvido.
  • 8:25 - 8:26
    Eu acho
  • 8:29 - 8:32
    que é uma resposta simples, sim,
    foi isso que provocou...
  • 8:34 - 8:36
    Bem, havia outras coisas, também.
  • 8:36 - 8:38
    Quando meu pai viajava,
  • 8:38 - 8:41
    eu brincava com um aparelho
    de rádio de cristal
  • 8:41 - 8:44
    que tínhamos feito juntos
  • 8:44 - 8:49
    e captei um sinal que acabou
    sendo do padre Coughlin.
  • 8:49 - 8:51
    (Risos)
  • 8:53 - 8:54
    Sim, alguém riu.
  • 8:54 - 8:56
    (Risos)
  • 8:56 - 8:57
    Mas não foi engraçado,
  • 8:57 - 9:00
    esse era outro babaca,
  • 9:00 - 9:03
    muito contestador quanto ao ódio
    pelos programas do "New Deal",
  • 9:03 - 9:05
    o Roosevelt e os judeus.
  • 9:06 - 9:10
    Foi a primeira vez que compreendi
  • 9:10 - 9:12
    que havia pessoas
    neste mundo que me odiavam
  • 9:12 - 9:14
    porque nasci de pais judeus.
  • 9:15 - 9:19
    E aquilo teve um enorme
    impacto sobre a minha vida.
  • 9:20 - 9:22
    EH: Então você teve uma infância
  • 9:22 - 9:25
    com pouca influência
    de fortes modelos masculinos,
  • 9:25 - 9:27
    exceto pelo seu avô.
  • 9:27 - 9:29
    Conte-nos sobre ele.
  • 9:29 - 9:31
    NL: Oh, meu avô.
  • 9:31 - 9:36
    Bem, aqui está como sempre
    falei sobre aquele avô.
  • 9:38 - 9:41
    Havia muitos desfiles,
    quando eu era criança.
  • 9:41 - 9:43
    Havia desfiles no Dia do Veterano,
  • 9:43 - 9:44
    não havia Dia do Presidente.
  • 9:44 - 9:48
    Havia o aniversário de Abraham Lincoln,
    aniversário de George Washington,
  • 9:48 - 9:51
    e Dia da Bandeira.
  • 9:52 - 9:53
    E muitos desfiles menores.
  • 9:53 - 9:57
    Meu avô costumava me levar
    e ficávamos em pé na esquina da rua,
  • 9:57 - 9:58
    ele segurava minha mão,
  • 9:58 - 10:02
    e eu olhava para cima e via uma lágrima
    escorrendo pelo rosto dele.
  • 10:04 - 10:06
    E ele foi muito importante pra mim.
  • 10:06 - 10:12
    E ele costumava escrever
    aos presidentes dos EUA.
  • 10:12 - 10:13
    Cada carta começava:
  • 10:13 - 10:16
    "Meu querido, estimado Sr. Presidente",
  • 10:16 - 10:21
    e ele dizia algo maravilhoso
    sobre o que o presidente tinha feito.
  • 10:21 - 10:24
    Mas quando discordava do presidente,
    ele também escrevia:
  • 10:24 - 10:26
    "Meu querido, estimado Sr. Presidente.
  • 10:26 - 10:28
    Eu não lhe disse, na semana passada...?"
  • 10:28 - 10:30
    (Risos)
  • 10:32 - 10:34
    E eu descia as escadas, de vez em quando,
  • 10:34 - 10:36
    para pegar a correspondência.
  • 10:36 - 10:40
    Morávamos três andares acima,
    na Rua York, 74, New Haven, Connecticut.
  • 10:41 - 10:48
    Eu pegava um envelope branco que dizia:
    "Esperamos Shya C. neste endereço".
  • 10:51 - 10:55
    E essa é a história
    que contava sobre meu avô.
  • 10:55 - 10:57
    EH: Respondiam pra ele nesses envelopes?
  • 10:57 - 11:00
    NL: Eles respondiam.
  • 11:01 - 11:05
    Mas eu mesmo os mostrei,
  • 11:05 - 11:10
    no programa do Phil Donahue
    e outros antes dele,
  • 11:10 - 11:15
    literalmente em dezenas de entrevistas
    que eu contei essa história.
  • 11:16 - 11:21
    Esta será a segunda vez que digo
    que a história toda era uma mentira.
  • 11:24 - 11:28
    A verdade era que meu avô
    me levava para os desfiles,
  • 11:28 - 11:30
    havia muitos deles.
  • 11:30 - 11:33
    A verdade é que via uma lágrima
    correndo pelo rosto dele.
  • 11:33 - 11:37
    A verdade é que ele escrevia
    uma carta ocasional,
  • 11:37 - 11:39
    e eu pegava aqueles pequenos envelopes.
  • 11:41 - 11:44
    Mas: "Meu querido,
    estimado Sr. Presidente",
  • 11:44 - 11:45
    todo o restante,
  • 11:46 - 11:51
    é uma história que "emprestei"
    de um bom amigo,
  • 11:51 - 11:57
    cujo avô era quem escrevia essas cartas.
  • 12:01 - 12:05
    E, quero dizer, eu roubei
    o avô de Arthur Marshall
  • 12:05 - 12:07
    e me apropriei dele.
  • 12:09 - 12:10
    Sempre.
  • 12:10 - 12:15
    Quando comecei a escrever meu livro
    de memórias, "Até isso...", que ironia...
  • 12:15 - 12:18
    "Even This I Get to Experience"...
  • 12:19 - 12:21
    quando comecei a escrever
    o livro de memórias,
  • 12:21 - 12:24
    passei a pensar sobre isso, e então eu...
  • 12:24 - 12:25
    Eu...
  • 12:27 - 12:30
    passei muito tempo chorando,
  • 12:30 - 12:34
    e percebi o quanto precisava do meu pai.
  • 12:35 - 12:38
    Tanto que me apropriei
    do avô de Arthur Marshall.
  • 12:40 - 12:42
    Tanto que a palavra "pai"...
  • 12:43 - 12:45
    A propósito, tenho seis filhos,
  • 12:45 - 12:47
    meu papel favorito na vida.
  • 12:49 - 12:52
    Isso e ser marido da minha esposa Lyn.
  • 12:56 - 13:00
    Mas roubei a identidade do homem
    porque eu precisava da figura do pai.
  • 13:01 - 13:05
    Eu já passei por muita merda
  • 13:05 - 13:08
    e consegui sobreviver;
    eu perdoei meu pai,
  • 13:08 - 13:10
    e a melhor coisa que eu...
  • 13:10 - 13:12
    a pior coisa que eu...
  • 13:12 - 13:16
    A palavra que gosto de usar
    quando penso nele é malandro.
  • 13:17 - 13:21
    O fato de que ele mentiu,
    roubou e trapaceou
  • 13:22 - 13:24
    e foi para a prisão...
  • 13:25 - 13:29
    Resumi tudo isso na palavra "malandro".
  • 13:30 - 13:36
    EH: Há um ditado que diz que amadores
    emprestam e profissionais roubam.
  • 13:36 - 13:37
    NL: Eu sou profissional.
  • 13:37 - 13:39
    EH: Você é profissional.
  • 13:39 - 13:40
    (Risos)
  • 13:40 - 13:43
    E aquela citação é amplamente
    atribuída a John Lennon,
  • 13:43 - 13:45
    mas, na verdade,
    ele a roubou de T. S. Eliot.
  • 13:45 - 13:48
    Então você está em boa companhia.
  • 13:48 - 13:49
    (Risos)
  • 13:51 - 13:53
    EH: Quero falar sobre o seu trabalho.
  • 13:53 - 13:56
    Obviamente, já escreveram
    sobre o impacto de seu trabalho,
  • 13:56 - 13:58
    certamente já ouviu falar
    sobre ele sua vida toda:
  • 13:58 - 14:00
    seu significado pras pessoas,
    pra nossa cultura,
  • 14:00 - 14:03
    ouviu os aplausos quando
    citei os nomes dos seriados,
  • 14:03 - 14:07
    você educou metade das pessoas
    no auditório com o seu trabalho.
  • 14:07 - 14:11
    Mas já houve alguma história
    sobre o impacto do seu trabalho
  • 14:11 - 14:13
    que surpreendeu você?
  • 14:13 - 14:14
    NL: Oh, Deus...
  • 14:14 - 14:19
    me surpreendeu e me encantou
    da cabeça aos pés.
  • 14:21 - 14:24
    "An Evening with Norman Lear"
  • 14:24 - 14:26
    aconteceu no ano passado;
  • 14:27 - 14:30
    um grupo de empresários de hip-hop,
  • 14:30 - 14:34
    artistas e a Academia fizeram juntos.
  • 14:36 - 14:38
    O texto abaixo de "An Evening with..."
  • 14:38 - 14:43
    era: "O que um judeu de 92 anos",
    na época eu tinha 92,
  • 14:43 - 14:45
    "e o mundo do hip-hop têm em comum?"
  • 14:45 - 14:49
    Russell Simmons
    estava entre sete no palco.
  • 14:49 - 14:53
    E quando ele falou sobre os seriados,
  • 14:53 - 14:56
    ele não estava falando sobre Hollywood,
  • 14:58 - 15:01
    George Jefferson em "The Jeffersons"
  • 15:01 - 15:04
    ou o seriado que foi o número cinco.
  • 15:05 - 15:10
    Ele estava falando de uma coisa simples
    que causou um grande...
  • 15:13 - 15:14
    EH: Impacto nele?
  • 15:14 - 15:16
    NL: Um impacto, sim,
  • 15:16 - 15:19
    mas eu estava hesitante
    quanto a usar a palavra "mudança".
  • 15:19 - 15:22
    Para mim, é difícil imaginar
  • 15:22 - 15:26
    que eu poderia mudar a vida de alguém,
    mas é assim que ele coloca isso.
  • 15:26 - 15:31
    Ele viu George Jefferson preencher
    um cheque no seriado "The Jeffersons",
  • 15:32 - 15:36
    e ele nunca soube que um negro
    poderia preencher um cheque.
  • 15:37 - 15:41
    E ele diz que isso o impactou
  • 15:42 - 15:44
    a ponto de mudar sua vida.
  • 15:44 - 15:47
    E quando ouço coisas como essa,
  • 15:47 - 15:49
    coisas pequenas,
  • 15:49 - 15:52
    porque eu sei que não há
    ninguém nesta plateia
  • 15:52 - 15:55
    que não tenha sido responsável hoje
  • 15:55 - 15:58
    por algo que tenha feito a alguém,
  • 15:58 - 16:03
    seja um simples sorriso
    ou um inesperado "Olá!".
  • 16:04 - 16:06
    Aquilo foi simples assim.
  • 16:07 - 16:13
    Poderia ter sido o assistente do set
    que colocou o talão de cheques lá,
  • 16:13 - 16:17
    e o George, enquanto falava,
    preencheu o cheque.
  • 16:17 - 16:19
    Eu não sei, mas...
  • 16:20 - 16:23
    EH: Então, além da longa lista
    que compartilhei no início,
  • 16:23 - 16:25
    também deveria ter mencionado
    que você inventou o hip-hop?
  • 16:25 - 16:26
    (Risos)
  • 16:26 - 16:28
    NL: Bem...
  • 16:29 - 16:30
    EH: Quero falar sobre...
  • 16:30 - 16:32
    NL: Bem, então fale.
  • 16:32 - 16:33
    (Risos)
  • 16:38 - 16:40
    EH: Você tem uma vida de realizações,
  • 16:40 - 16:43
    mas também construiu
    uma vida significativa.
  • 16:43 - 16:45
    E todos nos esforçamos
    para fazer ambas as coisas,
  • 16:45 - 16:47
    mas nem todos nós conseguimos.
  • 16:48 - 16:52
    Mas mesmo aqueles de nós
    que conseguem realizar isso,
  • 16:52 - 16:55
    muito raramente descobrem
    como fazê-las ao mesmo tempo.
  • 16:55 - 17:00
    Você conseguiu impulsionar
    a cultura através de sua arte,
  • 17:00 - 17:04
    ao mesmo tempo que alcançou
    sucesso comercial mundialmente.
  • 17:04 - 17:06
    Como fez as duas coisas?
  • 17:11 - 17:17
    NL: Aqui está o que penso
    quando ouço falar sobre tudo que realizei.
  • 17:21 - 17:23
    Este planeta é um em um bilhão,
  • 17:23 - 17:25
    é o que dizem,
  • 17:25 - 17:31
    num universo no qual há bilhões
  • 17:31 - 17:34
    de universos e planetas.
  • 17:36 - 17:40
    E estamos tentando salvar o nosso,
    e ele exige salvação.
  • 17:42 - 17:43
    Mas...
  • 17:44 - 17:47
    qualquer coisa que eu possa
    ter conquistado é...
  • 17:48 - 17:52
    Minha irmã me perguntou uma vez
    o que ela deveria fazer sobre algo
  • 17:52 - 17:55
    que estava acontecendo
    em Newington, Connecticut.
  • 17:55 - 17:58
    E eu disse: "Escreva ao seu vereador
    ou ao prefeito ou algo assim".
  • 17:58 - 18:02
    Ela disse: "Bem, eu não sou
    Norman Lear, sou Claire Lear".
  • 18:02 - 18:06
    E foi a primeira vez
    que eu disse o que estou dizendo.
  • 18:06 - 18:11
    Eu disse: "Claire, com tudo que você
    acha que eu possa ter feito
  • 18:11 - 18:14
    e tudo que você fez",
    ela nunca saiu de Newington,
  • 18:15 - 18:19
    "será que você pode ter a dimensão
    do tamanho do nosso planeta
  • 18:19 - 18:24
    e medir algo que eu tenha feito
    com algo que você pode ter feito?"
  • 18:24 - 18:25
    Assim...
  • 18:26 - 18:30
    estou convencido de que somos
    todos responsáveis
  • 18:30 - 18:34
    por fazer o tanto
    que eu talvez tenha realizado.
  • 18:35 - 18:37
    Entendo o que está dizendo...
  • 18:37 - 18:39
    EH: É uma deflexão articulada.
  • 18:39 - 18:43
    NL: Mas você tem que realmente
    entender o tamanho e o escopo
  • 18:43 - 18:45
    da iniciativa do Criador.
  • 18:45 - 18:47
    EH: Mas aqui neste planeta
    você realmente importou.
  • 18:47 - 18:49
    NL: Eu sou um espertinho.
  • 18:49 - 18:50
    (Risos)
  • 18:50 - 18:54
    EH: Tenho mais uma pergunta pra você.
  • 18:54 - 18:57
    Com quantos anos você se sente?
  • 18:57 - 19:02
    NL: Eu sou o par de quem quer
    que eu esteja conversando.
  • 19:03 - 19:05
    EH: Bem, eu me sinto com 93.
  • 19:05 - 19:07
    (Aplausos)
  • 19:10 - 19:12
    NL: Temos de sair daqui?
  • 19:12 - 19:14
    EH: Bem, me sinto com 93 anos,
  • 19:14 - 19:18
    mas espero um dia me sentir tão jovem
    quanto a pessoa sentada na minha frente.
  • 19:18 - 19:20
    Senhoras e senhores,
    o incomparável Norman Lear.
  • 19:20 - 19:22
    (Aplausos)
  • 19:26 - 19:27
    NL: Obrigado.
  • 19:27 - 19:29
    (Aplausos)
Title:
Um ícone de entretenimento falando sobre viver uma vida significativa
Speaker:
Norman Lear
Description:

Na década de 1970 (e décadas seguintes), o produtor de TV Norman Lear tocou as vidas de milhões de pessoas com seriados que alteram a cultura, como "Tudo em Família", "The Jeffersons" e "Good Times", empurrando as fronteiras da época e dando uma voz no horário nobre para os americanos menos representados. Numa conversa íntima e inteligente com Eric Hirshberg, ele compartilha, com humildade e humor, como sua relação precoce com "a loucura da condição humana" moldou sua vida e sua visão criativa.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
19:46

Portuguese, Brazilian subtitles

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