Um ícone de entretenimento falando sobre viver uma vida significativa
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0:01 - 0:04Eric Hirshberg: Suponho que o Norman
não precise de muita apresentação, -
0:04 - 0:07mas a plateia do TED é global, é variada,
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0:07 - 0:10então fiquei encarregado
de começar com a biografia dele, -
0:10 - 0:13que poderia facilmente
durar os 18 minutos. -
0:13 - 0:17Então, ao invés disso, vamos fazer
93 anos em 93 segundos ou menos. -
0:17 - 0:18(Risos)
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0:18 - 0:20Você nasceu em New Hampshire.
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0:20 - 0:22Norman Lear: New Haven, Connecticut.
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0:22 - 0:23EH: New Haven, Connecticut.
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0:23 - 0:25(Risos)
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0:26 - 0:27NL: Lá se vão mais sete segundos.
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0:27 - 0:29EH: Acertei em cheio!
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0:29 - 0:31(Risos)
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0:31 - 0:33Você nasceu em New Haven, Connecticut.
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0:33 - 0:35Seu pai era um trapaceiro,
isso eu acertei. -
0:35 - 0:38Ele foi preso quando você tinha nove anos.
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0:38 - 0:41Você voou 52 missões como piloto
de caça na Segunda Guerra Mundial. -
0:41 - 0:43Você voltou para...
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0:43 - 0:45NL: Operador de rádio.
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0:45 - 0:47EH: Você veio pra Los Angeles
para ingressar em Hollywood, -
0:47 - 0:49primeiro na publicidade, depois na TV.
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0:49 - 0:53Não tinha formação formal como escritor,
mas você forçou seu caminho. -
0:53 - 0:56Sua estreia foi com um seriado
chamado "Tudo em Família". -
0:56 - 1:00Você seguiu com uma série de sucessos
incomparável até hoje em Hollywood: -
1:00 - 1:04"Sanford and Son", "Maude", "Good Times",
"The Jeffersons", "One Day at a Time", -
1:04 - 1:07"Mary Hartman, Mary Hartman,"
pra citar, literalmente, alguns deles. -
1:07 - 1:10Não só todos eles são comercialmente...
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1:10 - 1:12(Aplausos)
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1:14 - 1:17Não só todos eles são
comercialmente bem-sucedidos, -
1:17 - 1:19mas muitos deles impulsionam nossa cultura
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1:19 - 1:21dando aos membros
menos representados da sociedade -
1:21 - 1:23sua primeira oportunidade
no horário nobre. -
1:23 - 1:27Você teve sete seriados
no top 10 uma época. -
1:27 - 1:28Num dado momento,
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1:28 - 1:31você agregou uma audiência
de 120 milhões de pessoas por semana -
1:31 - 1:33assistindo aos seus seriados;
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1:33 - 1:36mais do que o público do "Super Bowl 50",
que acontece uma vez por ano. -
1:36 - 1:38NL: Puta merda.
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1:38 - 1:39(Risos)
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1:39 - 1:41(Aplausos)
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1:42 - 1:44EH: E nem sequer chegamos
na parte "puta merda". -
1:44 - 1:45(Risos)
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1:45 - 1:49Você foi incluído na lista de inimigos
de Richard Nixon; ele tinha uma. -
1:49 - 1:52Essa é uma deixa para aplausos, também.
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1:52 - 1:53(Aplausos)
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1:53 - 1:57Você entrou para o Hall da Fama da TV
no primeiro dia de existência dele. -
1:57 - 1:58Depois vieram os filmes:
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1:58 - 2:02"Tomates Verdes Fritos",
"A Princesa Prometida", "Conta Comigo", -
2:02 - 2:03"Isto é Spinal Tap".
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2:03 - 2:06Mais uma vez, só para citar alguns.
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2:06 - 2:07(Aplausos)
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2:07 - 2:11Aí você esquece todo o passado, inicia
um terceiro ato como ativista político -
2:11 - 2:14focando a proteção da Primeira Emenda
e a separação entre Igreja e Estado. -
2:14 - 2:17Você inicia a fundação
"People For The American Way", -
2:17 - 2:20"compra" a Declaração de Independência
e a devolve ao povo. -
2:20 - 2:24Você se mantém ativo no entretenimento
e na política até os seus 93 anos, -
2:24 - 2:27quando escreve um livro e faz
um documentário sobre a sua vida. -
2:27 - 2:29E depois de tudo isso,
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2:29 - 2:32finalmente acham que você
está pronto pra uma palestra TED. -
2:32 - 2:33(Risos)
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2:33 - 2:36(Aplausos)
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2:37 - 2:39NL: Eu adoro estar aqui.
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2:39 - 2:42E adoro você por concordar em fazer isso.
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2:42 - 2:44EH: Obrigado por me convidar.
A honra é toda minha. -
2:44 - 2:46Aqui vai minha primeira pergunta.
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2:46 - 2:48Sua mãe tinha orgulho de você?
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2:48 - 2:50(Risos)
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2:50 - 2:51NL: A minha mãe...
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2:51 - 2:53que assunto para começar!
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2:56 - 2:59Quando voltei da guerra,
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2:59 - 3:04ela me mostrou as cartas
que eu tinha escrito a ela do exterior, -
3:04 - 3:07e eram cartas de amor absoluto.
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3:10 - 3:11(Risos)
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3:11 - 3:14Isso realmente resume minha mãe.
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3:14 - 3:15Eram cartas de amor,
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3:15 - 3:17como se eu as tivesse escrito para...
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3:17 - 3:19eram cartas de amor.
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3:21 - 3:26Um ano mais tarde, perguntei a minha mãe
se poderia ficar com as cartas, -
3:26 - 3:30porque eu gostaria de mantê-las
por toda a minha vida. -
3:30 - 3:32Ela tinha jogado todas fora.
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3:32 - 3:33(Risos)
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3:37 - 3:38Essa é a minha mãe.
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3:38 - 3:40(Risos)
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3:41 - 3:45A melhor maneira que posso resumir
isso em tempos mais recentes é, -
3:47 - 3:50este é também um tempo mais recente,
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3:50 - 3:51vários anos atrás,
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3:51 - 3:54quando deram início
ao Hall da Fama a que se referiu... -
3:55 - 3:56Era uma manhã de domingo,
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3:56 - 3:59quando recebi a ligação do colega,
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3:59 - 4:02diretor da Academia de Artes
e Ciências Televisivas. -
4:02 - 4:05Ele ligou para dizer que se encontraram
durante todo o dia anterior -
4:05 - 4:09e ele estava me dizendo confidencialmente
que iriam iniciar um hall da fama -
4:09 - 4:12e aqueles eram os homenageados.
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4:15 - 4:17Eu comecei a dizer "Richard Nixon",
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4:17 - 4:19porque o Richard Nixon...
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4:19 - 4:21EH: Não acho que ele estava naquela lista.
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4:21 - 4:23NL: William Paley, que fundou a CBS,
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4:23 - 4:26David Sarnoff, que fundou a NBC,
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4:26 - 4:28Edward R. Murrow,
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4:28 - 4:32o melhor dos correspondentes estrangeiros,
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4:32 - 4:33Paddy Chayefsky,
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4:33 - 4:36eu acho que o melhor escritor
que já surgiu da televisão, -
4:36 - 4:38Milton Berle, Lucille Ball
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4:38 - 4:39e eu.
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4:39 - 4:40EH: Nada mau.
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4:40 - 4:43NL: Liguei imediatamente para minha mãe,
em Hartford, Connecticut. -
4:43 - 4:46"Mãe, olha só, estão começando
um hall da fama." -
4:46 - 4:49Digo a ela a lista de nomes
e o meu, e ela diz: -
4:49 - 4:52"Escute, se é o que querem fazer,
quem sou eu para dizer algo?" -
4:52 - 4:54(Risos)
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4:56 - 4:57(Aplausos)
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4:58 - 5:00Essa é a mamãe.
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5:00 - 5:02Acho que merece esse tipo de risada
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5:02 - 5:04porque todo mundo tem uma mãe meio assim.
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5:04 - 5:05(Risos)
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5:05 - 5:08EH: E assim, a mãe judia
dos seriados nasce, bem ali. -
5:08 - 5:13Então, seu pai também teve
um grande papel em sua vida, -
5:13 - 5:15principalmente por sua ausência.
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5:15 - 5:16NL: Sim.
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5:16 - 5:19EH: Conte-nos o que aconteceu
quando você tinha nove anos. -
5:19 - 5:22NL: Ele estava voando pra Oklahoma
-
5:24 - 5:26com três caras, e minha mãe disse:
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5:26 - 5:30"Não quero que você se envolva com eles,
eu não confio naqueles homens". -
5:30 - 5:33Foi quando ouvi,
talvez não pela primeira vez: -
5:33 - 5:37"Calada, Jeanette, eu vou".
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5:37 - 5:38E ele foi.
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5:38 - 5:43Acontece que ele estava pegando
alguns títulos falsos, -
5:43 - 5:47e estava voando
por todo o país para vendê-los. -
5:48 - 5:51Mas pra mim, bastava que ele estivesse
indo pra Oklahoma num avião, -
5:51 - 5:55e que ia me trazer um chapéu de caubói,
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5:55 - 6:01igual ao que usava Ken Maynard,
meu caubói favorito. -
6:02 - 6:07Isso foi alguns anos após Lindbergh
ter cruzado o Atlântico. -
6:07 - 6:11Era exótico que meu pai
estivesse indo para lá. -
6:11 - 6:12Mas quando ele voltou,
-
6:12 - 6:14ele foi preso quando desceu do avião.
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6:14 - 6:19Naquela noite,
havia jornais pela casa toda, -
6:19 - 6:22com fotos do meu pai cobrindo
o rosto com o chapéu, -
6:22 - 6:24algemado a um detetive.
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6:24 - 6:27E minha mãe estava vendendo os móveis
porque estávamos partindo, -
6:27 - 6:31ela não queria passar essa vergonha,
-
6:31 - 6:34em Chelsea, Massachusetts.
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6:35 - 6:38Com a venda dos móveis,
-
6:38 - 6:40a casa ficava lotada de gente.
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6:41 - 6:43E no meio de tudo isso,
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6:43 - 6:46um babaca que eu não conhecia
-
6:46 - 6:49colocou a mão no meu ombro e disse:
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6:49 - 6:52"Bem, você é o homem da casa agora".
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6:53 - 6:59Eu estou chorando, e esse babaca diz:
"Você é o homem da casa agora". -
6:59 - 7:02E acho que foi nesse momento
-
7:02 - 7:06que comecei a entender
a loucura da condição humana. -
7:08 - 7:09Assim...
-
7:11 - 7:15foram precisos muitos anos pra olhar
pra trás e sentir que foi um benefício. -
7:16 - 7:18Mas...
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7:18 - 7:20EH: É interessante você
chamar isso de benefício. -
7:20 - 7:22NL: Benefício que serviu
como um trampolim. -
7:22 - 7:26Quero dizer, eu pude perceber
-
7:26 - 7:29como foi tolo dizer a este menino
de nove anos, que estava chorando: -
7:29 - 7:31"Você é o homem da casa agora".
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7:31 - 7:35E eu continuei chorando, e ele disse:
-
7:35 - 7:37"E os homens da casa não choram!"
-
7:38 - 7:39E eu...
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7:39 - 7:41(Risos)
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7:41 - 7:42Então...
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7:44 - 7:46Em retrocesso, eu acho
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7:46 - 7:50que foi aí que aprendi a loucura
da condição humana, -
7:50 - 7:54e tem sido esse dom que eu usei.
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7:54 - 7:56EH: Então você tem um pai ausente,
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7:56 - 8:00e uma mãe para quem, aparentemente,
nada é bom o suficiente. -
8:00 - 8:05Você acha que começar como uma criança
que talvez nunca tenha se sentido ouvida -
8:05 - 8:08deu início a sua jornada que acabou
com você sendo um adulto -
8:08 - 8:12com uma audiência semanal
de 120 milhões de pessoas? -
8:12 - 8:15NL: Eu adoro o jeito
que você coloca essa pergunta, -
8:15 - 8:19porque acho que passei
a minha vida querendo, -
8:19 - 8:22se é que desejei algo, ser ouvido.
-
8:25 - 8:26Eu acho
-
8:29 - 8:32que é uma resposta simples, sim,
foi isso que provocou... -
8:34 - 8:36Bem, havia outras coisas, também.
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8:36 - 8:38Quando meu pai viajava,
-
8:38 - 8:41eu brincava com um aparelho
de rádio de cristal -
8:41 - 8:44que tínhamos feito juntos
-
8:44 - 8:49e captei um sinal que acabou
sendo do padre Coughlin. -
8:49 - 8:51(Risos)
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8:53 - 8:54Sim, alguém riu.
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8:54 - 8:56(Risos)
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8:56 - 8:57Mas não foi engraçado,
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8:57 - 9:00esse era outro babaca,
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9:00 - 9:03muito contestador quanto ao ódio
pelos programas do "New Deal", -
9:03 - 9:05o Roosevelt e os judeus.
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9:06 - 9:10Foi a primeira vez que compreendi
-
9:10 - 9:12que havia pessoas
neste mundo que me odiavam -
9:12 - 9:14porque nasci de pais judeus.
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9:15 - 9:19E aquilo teve um enorme
impacto sobre a minha vida. -
9:20 - 9:22EH: Então você teve uma infância
-
9:22 - 9:25com pouca influência
de fortes modelos masculinos, -
9:25 - 9:27exceto pelo seu avô.
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9:27 - 9:29Conte-nos sobre ele.
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9:29 - 9:31NL: Oh, meu avô.
-
9:31 - 9:36Bem, aqui está como sempre
falei sobre aquele avô. -
9:38 - 9:41Havia muitos desfiles,
quando eu era criança. -
9:41 - 9:43Havia desfiles no Dia do Veterano,
-
9:43 - 9:44não havia Dia do Presidente.
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9:44 - 9:48Havia o aniversário de Abraham Lincoln,
aniversário de George Washington, -
9:48 - 9:51e Dia da Bandeira.
-
9:52 - 9:53E muitos desfiles menores.
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9:53 - 9:57Meu avô costumava me levar
e ficávamos em pé na esquina da rua, -
9:57 - 9:58ele segurava minha mão,
-
9:58 - 10:02e eu olhava para cima e via uma lágrima
escorrendo pelo rosto dele. -
10:04 - 10:06E ele foi muito importante pra mim.
-
10:06 - 10:12E ele costumava escrever
aos presidentes dos EUA. -
10:12 - 10:13Cada carta começava:
-
10:13 - 10:16"Meu querido, estimado Sr. Presidente",
-
10:16 - 10:21e ele dizia algo maravilhoso
sobre o que o presidente tinha feito. -
10:21 - 10:24Mas quando discordava do presidente,
ele também escrevia: -
10:24 - 10:26"Meu querido, estimado Sr. Presidente.
-
10:26 - 10:28Eu não lhe disse, na semana passada...?"
-
10:28 - 10:30(Risos)
-
10:32 - 10:34E eu descia as escadas, de vez em quando,
-
10:34 - 10:36para pegar a correspondência.
-
10:36 - 10:40Morávamos três andares acima,
na Rua York, 74, New Haven, Connecticut. -
10:41 - 10:48Eu pegava um envelope branco que dizia:
"Esperamos Shya C. neste endereço". -
10:51 - 10:55E essa é a história
que contava sobre meu avô. -
10:55 - 10:57EH: Respondiam pra ele nesses envelopes?
-
10:57 - 11:00NL: Eles respondiam.
-
11:01 - 11:05Mas eu mesmo os mostrei,
-
11:05 - 11:10no programa do Phil Donahue
e outros antes dele, -
11:10 - 11:15literalmente em dezenas de entrevistas
que eu contei essa história. -
11:16 - 11:21Esta será a segunda vez que digo
que a história toda era uma mentira. -
11:24 - 11:28A verdade era que meu avô
me levava para os desfiles, -
11:28 - 11:30havia muitos deles.
-
11:30 - 11:33A verdade é que via uma lágrima
correndo pelo rosto dele. -
11:33 - 11:37A verdade é que ele escrevia
uma carta ocasional, -
11:37 - 11:39e eu pegava aqueles pequenos envelopes.
-
11:41 - 11:44Mas: "Meu querido,
estimado Sr. Presidente", -
11:44 - 11:45todo o restante,
-
11:46 - 11:51é uma história que "emprestei"
de um bom amigo, -
11:51 - 11:57cujo avô era quem escrevia essas cartas.
-
12:01 - 12:05E, quero dizer, eu roubei
o avô de Arthur Marshall -
12:05 - 12:07e me apropriei dele.
-
12:09 - 12:10Sempre.
-
12:10 - 12:15Quando comecei a escrever meu livro
de memórias, "Até isso...", que ironia... -
12:15 - 12:18"Even This I Get to Experience"...
-
12:19 - 12:21quando comecei a escrever
o livro de memórias, -
12:21 - 12:24passei a pensar sobre isso, e então eu...
-
12:24 - 12:25Eu...
-
12:27 - 12:30passei muito tempo chorando,
-
12:30 - 12:34e percebi o quanto precisava do meu pai.
-
12:35 - 12:38Tanto que me apropriei
do avô de Arthur Marshall. -
12:40 - 12:42Tanto que a palavra "pai"...
-
12:43 - 12:45A propósito, tenho seis filhos,
-
12:45 - 12:47meu papel favorito na vida.
-
12:49 - 12:52Isso e ser marido da minha esposa Lyn.
-
12:56 - 13:00Mas roubei a identidade do homem
porque eu precisava da figura do pai. -
13:01 - 13:05Eu já passei por muita merda
-
13:05 - 13:08e consegui sobreviver;
eu perdoei meu pai, -
13:08 - 13:10e a melhor coisa que eu...
-
13:10 - 13:12a pior coisa que eu...
-
13:12 - 13:16A palavra que gosto de usar
quando penso nele é malandro. -
13:17 - 13:21O fato de que ele mentiu,
roubou e trapaceou -
13:22 - 13:24e foi para a prisão...
-
13:25 - 13:29Resumi tudo isso na palavra "malandro".
-
13:30 - 13:36EH: Há um ditado que diz que amadores
emprestam e profissionais roubam. -
13:36 - 13:37NL: Eu sou profissional.
-
13:37 - 13:39EH: Você é profissional.
-
13:39 - 13:40(Risos)
-
13:40 - 13:43E aquela citação é amplamente
atribuída a John Lennon, -
13:43 - 13:45mas, na verdade,
ele a roubou de T. S. Eliot. -
13:45 - 13:48Então você está em boa companhia.
-
13:48 - 13:49(Risos)
-
13:51 - 13:53EH: Quero falar sobre o seu trabalho.
-
13:53 - 13:56Obviamente, já escreveram
sobre o impacto de seu trabalho, -
13:56 - 13:58certamente já ouviu falar
sobre ele sua vida toda: -
13:58 - 14:00seu significado pras pessoas,
pra nossa cultura, -
14:00 - 14:03ouviu os aplausos quando
citei os nomes dos seriados, -
14:03 - 14:07você educou metade das pessoas
no auditório com o seu trabalho. -
14:07 - 14:11Mas já houve alguma história
sobre o impacto do seu trabalho -
14:11 - 14:13que surpreendeu você?
-
14:13 - 14:14NL: Oh, Deus...
-
14:14 - 14:19me surpreendeu e me encantou
da cabeça aos pés. -
14:21 - 14:24"An Evening with Norman Lear"
-
14:24 - 14:26aconteceu no ano passado;
-
14:27 - 14:30um grupo de empresários de hip-hop,
-
14:30 - 14:34artistas e a Academia fizeram juntos.
-
14:36 - 14:38O texto abaixo de "An Evening with..."
-
14:38 - 14:43era: "O que um judeu de 92 anos",
na época eu tinha 92, -
14:43 - 14:45"e o mundo do hip-hop têm em comum?"
-
14:45 - 14:49Russell Simmons
estava entre sete no palco. -
14:49 - 14:53E quando ele falou sobre os seriados,
-
14:53 - 14:56ele não estava falando sobre Hollywood,
-
14:58 - 15:01George Jefferson em "The Jeffersons"
-
15:01 - 15:04ou o seriado que foi o número cinco.
-
15:05 - 15:10Ele estava falando de uma coisa simples
que causou um grande... -
15:13 - 15:14EH: Impacto nele?
-
15:14 - 15:16NL: Um impacto, sim,
-
15:16 - 15:19mas eu estava hesitante
quanto a usar a palavra "mudança". -
15:19 - 15:22Para mim, é difícil imaginar
-
15:22 - 15:26que eu poderia mudar a vida de alguém,
mas é assim que ele coloca isso. -
15:26 - 15:31Ele viu George Jefferson preencher
um cheque no seriado "The Jeffersons", -
15:32 - 15:36e ele nunca soube que um negro
poderia preencher um cheque. -
15:37 - 15:41E ele diz que isso o impactou
-
15:42 - 15:44a ponto de mudar sua vida.
-
15:44 - 15:47E quando ouço coisas como essa,
-
15:47 - 15:49coisas pequenas,
-
15:49 - 15:52porque eu sei que não há
ninguém nesta plateia -
15:52 - 15:55que não tenha sido responsável hoje
-
15:55 - 15:58por algo que tenha feito a alguém,
-
15:58 - 16:03seja um simples sorriso
ou um inesperado "Olá!". -
16:04 - 16:06Aquilo foi simples assim.
-
16:07 - 16:13Poderia ter sido o assistente do set
que colocou o talão de cheques lá, -
16:13 - 16:17e o George, enquanto falava,
preencheu o cheque. -
16:17 - 16:19Eu não sei, mas...
-
16:20 - 16:23EH: Então, além da longa lista
que compartilhei no início, -
16:23 - 16:25também deveria ter mencionado
que você inventou o hip-hop? -
16:25 - 16:26(Risos)
-
16:26 - 16:28NL: Bem...
-
16:29 - 16:30EH: Quero falar sobre...
-
16:30 - 16:32NL: Bem, então fale.
-
16:32 - 16:33(Risos)
-
16:38 - 16:40EH: Você tem uma vida de realizações,
-
16:40 - 16:43mas também construiu
uma vida significativa. -
16:43 - 16:45E todos nos esforçamos
para fazer ambas as coisas, -
16:45 - 16:47mas nem todos nós conseguimos.
-
16:48 - 16:52Mas mesmo aqueles de nós
que conseguem realizar isso, -
16:52 - 16:55muito raramente descobrem
como fazê-las ao mesmo tempo. -
16:55 - 17:00Você conseguiu impulsionar
a cultura através de sua arte, -
17:00 - 17:04ao mesmo tempo que alcançou
sucesso comercial mundialmente. -
17:04 - 17:06Como fez as duas coisas?
-
17:11 - 17:17NL: Aqui está o que penso
quando ouço falar sobre tudo que realizei. -
17:21 - 17:23Este planeta é um em um bilhão,
-
17:23 - 17:25é o que dizem,
-
17:25 - 17:31num universo no qual há bilhões
-
17:31 - 17:34de universos e planetas.
-
17:36 - 17:40E estamos tentando salvar o nosso,
e ele exige salvação. -
17:42 - 17:43Mas...
-
17:44 - 17:47qualquer coisa que eu possa
ter conquistado é... -
17:48 - 17:52Minha irmã me perguntou uma vez
o que ela deveria fazer sobre algo -
17:52 - 17:55que estava acontecendo
em Newington, Connecticut. -
17:55 - 17:58E eu disse: "Escreva ao seu vereador
ou ao prefeito ou algo assim". -
17:58 - 18:02Ela disse: "Bem, eu não sou
Norman Lear, sou Claire Lear". -
18:02 - 18:06E foi a primeira vez
que eu disse o que estou dizendo. -
18:06 - 18:11Eu disse: "Claire, com tudo que você
acha que eu possa ter feito -
18:11 - 18:14e tudo que você fez",
ela nunca saiu de Newington, -
18:15 - 18:19"será que você pode ter a dimensão
do tamanho do nosso planeta -
18:19 - 18:24e medir algo que eu tenha feito
com algo que você pode ter feito?" -
18:24 - 18:25Assim...
-
18:26 - 18:30estou convencido de que somos
todos responsáveis -
18:30 - 18:34por fazer o tanto
que eu talvez tenha realizado. -
18:35 - 18:37Entendo o que está dizendo...
-
18:37 - 18:39EH: É uma deflexão articulada.
-
18:39 - 18:43NL: Mas você tem que realmente
entender o tamanho e o escopo -
18:43 - 18:45da iniciativa do Criador.
-
18:45 - 18:47EH: Mas aqui neste planeta
você realmente importou. -
18:47 - 18:49NL: Eu sou um espertinho.
-
18:49 - 18:50(Risos)
-
18:50 - 18:54EH: Tenho mais uma pergunta pra você.
-
18:54 - 18:57Com quantos anos você se sente?
-
18:57 - 19:02NL: Eu sou o par de quem quer
que eu esteja conversando. -
19:03 - 19:05EH: Bem, eu me sinto com 93.
-
19:05 - 19:07(Aplausos)
-
19:10 - 19:12NL: Temos de sair daqui?
-
19:12 - 19:14EH: Bem, me sinto com 93 anos,
-
19:14 - 19:18mas espero um dia me sentir tão jovem
quanto a pessoa sentada na minha frente. -
19:18 - 19:20Senhoras e senhores,
o incomparável Norman Lear. -
19:20 - 19:22(Aplausos)
-
19:26 - 19:27NL: Obrigado.
-
19:27 - 19:29(Aplausos)
- Title:
- Um ícone de entretenimento falando sobre viver uma vida significativa
- Speaker:
- Norman Lear
- Description:
-
Na década de 1970 (e décadas seguintes), o produtor de TV Norman Lear tocou as vidas de milhões de pessoas com seriados que alteram a cultura, como "Tudo em Família", "The Jeffersons" e "Good Times", empurrando as fronteiras da época e dando uma voz no horário nobre para os americanos menos representados. Numa conversa íntima e inteligente com Eric Hirshberg, ele compartilha, com humildade e humor, como sua relação precoce com "a loucura da condição humana" moldou sua vida e sua visão criativa.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 19:46
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