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Como a escola torna os miúdos menos inteligentes | Eddy Zhong | TEDxYouth@BeaconStreet

  • 0:15 - 0:18
    Hoje vou contar-vos um grande segredo.
  • 0:20 - 0:23
    É um segredo que muitos de vocês
    não vão gostar de ouvir.
  • 0:24 - 0:28
    Mas, ao mesmo tempo,
    é tão importante que tenho de contar.
  • 0:29 - 0:31
    O segredo é este:
  • 0:32 - 0:33
    E se eu vos dissesse
  • 0:33 - 0:38
    que todos os dias que os miúdos
    vão à escola, ficam menos inteligentes?
  • 0:41 - 0:44
    Como é que isso é possível?
  • 0:44 - 0:46
    Na escola, os miúdos
    aprendem coisas, não é?
  • 0:46 - 0:49
    E acumulam conhecimentos.
  • 0:49 - 0:52
    Portanto, deviam ficar mais inteligentes.
  • 0:53 - 0:55
    Como é que eles podem ficar
    menos inteligentes?
  • 0:56 - 0:57
    Do que é que eu estou a falar?
  • 0:58 - 1:01
    Bom, espero ilustrar isso, hoje.
  • 1:01 - 1:05
    Antes dos 14 anos, eu era um miúdo
    que não sabia o que queria na vida.
  • 1:06 - 1:09
    Habitualmente, quando chegamos
    aos 5, 6 anos e nos perguntam:
  • 1:09 - 1:12
    "O que é que queres ser
    quando fores grande?"
  • 1:12 - 1:14
    respondemos: "Astronauta"
    ou "Empresário".
  • 1:15 - 1:18
    Eu queria ser jogador profissional
    do videojogo Call of Duty.
  • 1:18 - 1:20
    (Risos)
  • 1:20 - 1:24
    Como não fazia ideia do que
    queria ser quando fosse grande,
  • 1:24 - 1:27
    ouvia o que os meus pais diziam
    quase 100% das vezes.
  • 1:27 - 1:31
    Confiava que eles sabiam
    o que era melhor para mim.
  • 1:31 - 1:33
    Os meus pais queriam
    para mim
  • 1:33 - 1:35
    o que qualquer pai normal
    quer para o seu filho:
  • 1:36 - 1:38
    que fosse à escola,
    que tivesse boas notas,
  • 1:38 - 1:41
    que saísse e fizesse exercício,
    de vez em quando.
  • 1:41 - 1:43
    (Risos)
  • 1:43 - 1:45
    Eu tentava fazer
    tudo o que eles pediam,
  • 1:45 - 1:49
    mas o problema era
    que eu não era muito bom na escola.
  • 1:49 - 1:51
    Eu era péssimo em ciências,
  • 1:51 - 1:55
    não conseguia escrever
    uma redação de cinco parágrafos,
  • 1:55 - 1:56
    Ainda hoje penso
  • 1:57 - 2:00
    que sou o único miúdo asiático
    do mundo que não percebe matemática.
  • 2:00 - 2:02
    (Risos)
  • 2:02 - 2:04
    É verdade.
  • 2:06 - 2:08
    Mas, quando cheguei aos 14 anos,
    tudo mudou.
  • 2:09 - 2:12
    Deixei de ser um balão de ar quente
    a flutuar no espaço,
  • 2:12 - 2:16
    passei a ser um jato supersónico
    a voar para o meu destino
  • 2:16 - 2:20
    a 80 000 km/hora,
    ou à velocidade que essas coisas andam.
  • 2:21 - 2:25
    Esta mudança começou
    quando recebi um envelope pelo correio.
  • 2:26 - 2:30
    Era um convite, não para um aniversário
    — não recebia convites desses —
  • 2:30 - 2:32
    nem para um parque de diversões,
  • 2:32 - 2:36
    mas para um concurso
    de planos de negócios, em Boston.
  • 2:36 - 2:40
    Fiquei curioso,
    tão curioso que tive de ir.
  • 2:40 - 2:44
    O diretor do programa explicou-nos
    que, durante cinco meses,
  • 2:44 - 2:47
    formaríamos uma equipa,
    desenvolveríamos a ideia de um negócio
  • 2:47 - 2:49
    e apresentaríamos essa ideia
    a um painel de juízes.
  • 2:49 - 2:51
    que nos avaliariam,
  • 2:51 - 2:52
    se as nossas roupas eram boas,
  • 2:52 - 2:55
    e se as nossas ideias
    de negócios eram boas.
  • 2:55 - 2:56
    Resumindo uma longa história,
  • 2:56 - 2:59
    durante esses cinco meses
    formámos uma equipa,
  • 2:59 - 3:00
    desenvolvemos uma ideia
  • 3:00 - 3:04
    e acabámos por ganhar o concurso
    e levar um cheque para casa.
  • 3:04 - 3:07
    Esse acontecimento
    despertou o meu interesse
  • 3:07 - 3:09
    para participar cada vez mais
    nesses concursos.
  • 3:10 - 3:11
    Durante os dois anos seguintes,
  • 3:11 - 3:15
    fui a dezenas e dezenas
    dessas competições,
  • 3:15 - 3:18
    e fui ganhando quase todas.
  • 3:19 - 3:21
    Percebi que gostava imenso daquilo
  • 3:22 - 3:24
    não só porque gostava de ganhar,
  • 3:24 - 3:27
    mas também porque tinha
    uma paixão oculta.
  • 3:28 - 3:30
    Era a paixão de criar coisas.
  • 3:30 - 3:33
    Porque a coisa que a minha equipa
    fazia, sempre,
  • 3:33 - 3:35
    de modo diferente
    dos nossos competidores,
  • 3:35 - 3:41
    era que, enquanto todos apresentavam
  • 3:41 - 3:43
    a sua ideia em PowerPoint,
  • 3:43 - 3:45
    nós íamos a um depósito,
  • 3:45 - 3:49
    comprávamos coisas e construíamos
    a ideia de que estávamos a falar.
  • 3:49 - 3:52
    Os juízes ficavam muito impressionados
  • 3:52 - 3:55
    por um grupo de adolescentes
    criarem coisas,
  • 3:55 - 3:59
    fazerem protótipos e produtos
    minimamente viáveis.
  • 3:59 - 4:02
    Ganhámos quase todas as competições
  • 4:02 - 4:05
    porque os juízes adoravam
    termos executado a ideia.
  • 4:06 - 4:08
    Numa dessas competições,
  • 4:08 - 4:13
    conheci um polaco de meia idade,
    com mau génio, chamado Frank.
  • 4:13 - 4:16
    Se ele estiver aqui hoje,
    quando acabar, saio a correr.
  • 4:16 - 4:18
    (Risos)
  • 4:18 - 4:21
    Veio ter connosco, olhou
    para o nosso protótipo e disse:
  • 4:22 - 4:26
    "Posso ajudar-vos a transformar
    isto numa empresa real".
  • 4:27 - 4:28
    Pensem nisto.
  • 4:30 - 4:31
    Não foi o máximo?
  • 4:31 - 4:36
    Somos adolescentes de 16 anos,
    vamos entrar no mundo
  • 4:36 - 4:40
    e criar uma "startup"
    de equipamentos tecnológicos.
  • 4:40 - 4:43
    A princípio, dissemos:
    "Altura de sermos Steve Jobs,
  • 4:43 - 4:46
    "vamos criar a Apple,
    sair da escola agora".
  • 4:46 - 4:49
    Mas cedo percebemos
    que não era assim tão fácil.
  • 4:49 - 4:51
    Por isso, não abandonem a escola
  • 4:51 - 4:53
    enquanto não tiverem a certeza
    de que têm uma boa ideia.
  • 4:53 - 4:55
    (Risos)
  • 4:57 - 5:00
    Percebemos que a primeira parte
    de criar uma grande empresa,
  • 5:00 - 5:02
    é reunir uma boa equipa.
  • 5:03 - 5:04
    Enquanto estudantes,
  • 5:04 - 5:07
    não podíamos ir a bares
    nem a eventos para adultos,
  • 5:07 - 5:09
    portanto, voltámos para a escola
  • 5:09 - 5:12
    e montámos uma pequena
    apresentação no nosso auditório,
  • 5:12 - 5:14
    em que apresentámos a nossa ideia
  • 5:14 - 5:17
    e esperámos que os miúdos
    se juntassem à nossa equipa.
  • 5:18 - 5:20
    Enviámos convites a toda a escola.
  • 5:20 - 5:23
    A primeira coisa que vimos
    é que não apareceu quase ninguém.
  • 5:23 - 5:25
    Havia pouca gente interessada.
  • 5:25 - 5:28
    Os que apareceram,
    espalharam a notícia pela escola
  • 5:28 - 5:30
    e durante aquela semana,
    ficámos na berlinda,
  • 5:30 - 5:35
    troçaram das nossas ideias e de querermos
    ser como Mark Zuckerberg.
  • 5:35 - 5:37
    (Risos)
  • 5:37 - 5:43
    O engraçado é que, na semana seguinte,
    fizemos a mesma apresentação
  • 5:43 - 5:47
    numa escola para miúdos
    5 ou 6 anos mais novos.
  • 5:48 - 5:50
    A resposta foi fantástica.
  • 5:50 - 5:52
    Os miúdos atiravam-nos
    o dinheiro do almoço
  • 5:52 - 5:54
    e pediam para comprar um protótipo.
  • 5:54 - 5:55
    (Risos)
  • 5:55 - 5:58
    Pediam que fizéssemos
    uma "valorização pre-money"
  • 5:58 - 6:01
    que vocês devem saber
    o que é, por verem Shark Tank.
  • 6:01 - 6:04
    O espantoso é que aqueles miúdos
    conheciam termos como aquele
  • 6:04 - 6:08
    quando eram demasiado novos
    para pronunciarem aquelas palavras.
  • 6:08 - 6:11
    Isso inspirou-me muito.
  • 6:11 - 6:14
    Penso que é isso que
    o nosso sistema de ensino tem feito.
  • 6:15 - 6:19
    Ao fim de 5 a 6 anos
    do sistema de ensino
  • 6:19 - 6:21
    aquelas crianças criativas
    transformam-se em adolescentes
  • 6:21 - 6:24
    pouco dispostos a pensarem
    fora do convencional.
  • 6:26 - 6:28
    Então, vamos voltar àquele segredo
    de que estava a falar.
  • 6:29 - 6:33
    Como é possível que a escola
    torne os miúdos menos inteligentes?
  • 6:34 - 6:39
    O facto é que há muito mais
    do que um só tipo de inteligência.
  • 6:40 - 6:43
    Embora a escola nos possa fazer
    mais inteligentes, academicamente,
  • 6:43 - 6:46
    pode ensinar-nos física, álgebra, cálculo,
  • 6:46 - 6:50
    vai diminuindo a inteligência
    criativa dos miúdos.
  • 6:50 - 6:52
    Ensina-nos a pensar
    de determinada maneira,
  • 6:52 - 6:55
    a seguir um determinado caminho na vida,
  • 6:55 - 6:58
    diz-nos para irmos para o secundário,
    obtermos um diploma,
  • 6:58 - 7:01
    irmos para uma boa faculdade,
    encontrarmos um emprego estável.
  • 7:01 - 7:04
    Se não fizermos isso,
    não teremos êxito.
  • 7:04 - 7:09
    Se isso é verdade, como é
    que eu estou aqui hoje, diante de vocês?
  • 7:10 - 7:13
    Como é que eu,
    um aluno de "suficientes",
  • 7:13 - 7:16
    inicia uma empresa de tecnologia
    aos 16 anos?
  • 7:17 - 7:19
    Como é que a minha empresa,
  • 7:19 - 7:22
    que apareceu numa revista
    de Wall Street, na semana passada,
  • 7:22 - 7:24
    funciona melhor do que algumas empresas
  • 7:24 - 7:27
    fundadas por graduados
    de Harvard e de Stanford?
  • 7:27 - 7:29
    Deve ser qualquer coisa
    que não pode ser medido
  • 7:29 - 7:32
    apenas pela inteligência académica.
  • 7:33 - 7:35
    Isto é aquilo em que eu acredito.
  • 7:35 - 7:38
    Pais, professores, educadores,
  • 7:39 - 7:43
    vocês têm o poder
    de influenciar e inspirar a juventude.
  • 7:44 - 7:46
    O facto é que há demasiadas
    pessoas por aí
  • 7:46 - 7:49
    que estão obcecadas por dizerem aos miúdos
  • 7:49 - 7:50
    para irem para a faculdade,
  • 7:50 - 7:53
    encontrarem um bom emprego
    e terem "êxito".
  • 7:53 - 7:56
    Não há muitos que digam aos miúdos
  • 7:56 - 7:59
    para explorarem mais possibilidades
    para serem empreendedores.
  • 8:00 - 8:04
    A mensagem que quero que
    os pais, os miúdos e todos vocês
  • 8:04 - 8:06
    retirem do que eu disse aqui, hoje,
  • 8:06 - 8:08
    é que podem abrir as portas,
  • 8:08 - 8:13
    podem desviar-se do caminho
    convencional, limitado e estreito
  • 8:13 - 8:14
    que o ensino impõe.
  • 8:14 - 8:18
    Podem divergir e criar o vosso futuro.
  • 8:18 - 8:21
    Podem começar as vossas empresas
    com ou sem fins lucrativos.
  • 8:21 - 8:24
    Podem criar, podem inovar.
  • 8:24 - 8:27
    Há uma mensagem
    que gostava que levassem
  • 8:27 - 8:29
    entre tudo o que eu disse,
    e que é esta:
  • 8:30 - 8:32
    nunca ninguém mudou o mundo
  • 8:32 - 8:36
    fazendo o que o mundo
    lhe disse para fazerem.
  • 8:36 - 8:38
    Obrigado.
  • 8:38 - 8:40
    (Aplausos)
Title:
Como a escola torna os miúdos menos inteligentes | Eddy Zhong | TEDxYouth@BeaconStreet
Description:

Eddy Zhong, um empresário de tecnologia de sucesso, mergulha na verdade por detrás do nosso sistema de ensino. Eddy acredita firmemente que o sistema de ensino diminui a criatividade e limita os miúdos a um determinado caminho para o êxito. Acha que os miúdos são ensinados a acreditar que a faculdade é um passo necessário na vida e que é obrigatório atingir determinadas metas. Esta palestra desafia as crenças vulgares de toda a estrutura do nosso ensino.

Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
08:44

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