< Return to Video

A arte de fazer arcos

  • 0:01 - 0:05
    Diz-se que a relva é sempre mais verde
  • 0:05 - 0:08
    no outro lado da cerca,
  • 0:08 - 0:11
    e eu acredito que seja assim,
  • 0:11 - 0:13
    especialmente quando ouço o presidente Obama
  • 0:13 - 0:16
    a falar sobre o sistema de ensino coreano
  • 0:16 - 0:19
    como uma referência de sucesso.
  • 0:19 - 0:22
    Bem, posso dizer o seguinte:
  • 0:22 - 0:25
    na estrutura rígida e na natureza
    altamente competitiva
  • 0:25 - 0:28
    do sistema de ensino coreano,
  • 0:28 - 0:30
    também conhecido como "panela de pressão",
  • 0:30 - 0:36
    nem todos se conseguem dar bem.
  • 0:36 - 0:38
    Muitas pessoas respondem de maneiras diferentes
  • 0:38 - 0:41
    ao nosso sistema de ensino,
  • 0:41 - 0:45
    e a minha resposta a esse ambiente
    de alta pressão
  • 0:45 - 0:48
    foi fazer arcos com pedaços de madeira
  • 0:48 - 0:50
    que encontrava perto do meu apartamento.
  • 0:50 - 0:53
    Porquê arcos?
  • 0:53 - 0:56
    Não sei bem ao certo.
  • 0:56 - 0:59
    Talvez, perante a pressão constante,
  • 0:59 - 1:02
    o meu instinto primário de sobrevivência
  • 1:02 - 1:06
    se tenha conectado com os arcos.
  • 1:06 - 1:08
    Se pensarem sobre isso,
  • 1:08 - 1:11
    o arco ajudou realmente a humanidade a sobreviver
  • 1:11 - 1:14
    desde a Pré-História.
  • 1:14 - 1:17
    A área num raio de três quilómetros
    a partir da minha casa
  • 1:17 - 1:19
    tinha sido uma floresta de amoreiras
  • 1:19 - 1:22
    durante a dinastia Joseon,
  • 1:22 - 1:26
    onde os bichos-da-seda eram alimentados
    com folhas de amoreira.
  • 1:26 - 1:31
    Para aumentar o conhecimento histórico deste facto,
  • 1:31 - 1:35
    o governo plantou árvores de amoreira na zona.
  • 1:35 - 1:37
    As sementes destas árvores
  • 1:37 - 1:40
    foram também levadas pelos pássaros
  • 1:40 - 1:43
    até às paredes à prova de som
    da via rápida da cidade
  • 1:43 - 1:48
    que foram construídas por volta dos
    Jogos Olímpicos de 1988.
  • 1:48 - 1:50
    A área próxima a estas paredes,
  • 1:50 - 1:53
    à qual ninguém presta atenção,
  • 1:53 - 1:56
    ficou livre de qualquer intervenção de maior,
  • 1:56 - 2:02
    e foi aí que eu encontrei os
    meus primeiros tesouros.
  • 2:02 - 2:05
    À medida que comecei a mergulhar mais
    na construção de arcos,
  • 2:05 - 2:10
    comecei a procurar mais longe,
    para lá da minha vizinhança.
  • 2:10 - 2:12
    Quando ia em visitas de estudo,
  • 2:12 - 2:15
    férias de família, ou simplesmente
    quando estava a voltar para casa
  • 2:15 - 2:18
    vindo de aulas extracurriculares,
  • 2:18 - 2:20
    dava voltas pelas áreas arborizadas
  • 2:20 - 2:22
    e juntava galhos de árvore
  • 2:22 - 2:26
    com as ferramentas que escondia
    na minha mochila da escola.
  • 2:26 - 2:29
    Essas ferramentas eram coisas como serras, facas,
  • 2:29 - 2:32
    foices e machados,
  • 2:32 - 2:36
    que eu cobria com um pedaço de toalha.
  • 2:36 - 2:38
    Eu trazia os ramos para casa
  • 2:38 - 2:40
    em autocarros e no metro,
  • 2:40 - 2:43
    mal conseguindo segurá-los.
  • 2:43 - 2:47
    Não trouxe as ferramentas aqui para Long Beach.
  • 2:47 - 2:49
    Segurança de aeroporto.
  • 2:49 - 2:51
    (Risos)
  • 2:51 - 2:55
    Na privacidade do meu quarto, coberto de serradura,
  • 2:55 - 2:59
    eu serrava, aparava e polia madeira a noite toda,
  • 2:59 - 3:01
    até que o arco tomasse forma.
  • 3:01 - 3:06
    Um dia, estava a dar forma a uma peça de bambu
  • 3:06 - 3:10
    e acabei por pegar fogo ao sítio onde estava.
  • 3:10 - 3:15
    Onde? No telhado do meu prédio,
  • 3:15 - 3:19
    um lugar a que 96 famílias chamam lar.
  • 3:19 - 3:21
    Um cliente de uma loja do outro lado da rua
  • 3:21 - 3:23
    chamou o 112,
  • 3:23 - 3:25
    e eu corri pela escada abaixo
    para contar à minha mãe,
  • 3:25 - 3:30
    com metade do meu cabelo queimado.
  • 3:30 - 3:32
    Quero aproveitar esta oportunidade
  • 3:32 - 3:36
    para dizer à minha mãe,
    que se encontra hoje na plateia:
  • 3:36 - 3:38
    Mãe, peço imensa desculpa,
  • 3:38 - 3:42
    e serei mais cuidadoso com o fogo
    de agora em diante.
  • 3:42 - 3:45
    A minha mãe teve de dar muitas explicações
  • 3:45 - 3:47
    para convencer as pessoas de que o seu
    filho não tinha cometido
  • 3:47 - 3:50
    um incêndio criminoso premeditado.
  • 3:53 - 3:57
    Eu também pesquisei extensivamente
    sobre arcos de todo o mundo.
  • 3:57 - 3:59
    Nesse processo, tentei combinar
  • 3:59 - 4:02
    os diferentes arcos de vários locais
    geográficos e pontos da História
  • 4:02 - 4:06
    para criar o arco mais eficaz.
  • 4:06 - 4:08
    Trabalhei também com muitos
    tipos diferentes de madeira,
  • 4:08 - 4:11
    como bordo, teixo e amoreira,
  • 4:11 - 4:13
    e fiz diversas experiências de disparo
  • 4:13 - 4:16
    na área arborizada perto da via rápida
  • 4:16 - 4:19
    que mencionei anteriormente.
  • 4:19 - 4:21
    O arco mais eficaz, para mim,
  • 4:21 - 4:23
    seria assim:
  • 4:23 - 4:28
    Um: Pontas curvas para maximizar a elasticidade
  • 4:28 - 4:31
    quando se puxa e se dispara a flecha.
  • 4:31 - 4:36
    Dois: Barriga curvada para dentro
    para uma maior potência regulável,
  • 4:36 - 4:40
    o que significa mais força.
  • 4:40 - 4:44
    Três: Sustentação na camada externa do galho,
  • 4:44 - 4:47
    para armazenamento máximo de tensão.
  • 4:47 - 4:55
    E quatro: Corno usado para armazenar
    a energia durante a compressão.
  • 4:55 - 4:58
    Depois de ajustar, partir, redesenhar,
  • 4:58 - 5:01
    reparar, dobrar e aperfeiçoar,
  • 5:01 - 5:04
    o meu arco ideal começou a tomar forma,
  • 5:04 - 5:08
    e quando, finalmente, ficou pronto,
  • 5:08 - 5:12
    tinha este aspecto.
  • 5:13 - 5:15
    Fiquei tão orgulhoso de mim mesmo
  • 5:15 - 5:21
    por ter inventado sozinho o arco perfeito.
  • 5:21 - 5:24
    Esta é uma foto de arcos tradicionais coreanos
  • 5:24 - 5:26
    tirada num museu.
  • 5:26 - 5:32
    Vejam como o meu arco se parece com eles.
  • 5:32 - 5:33
    Obrigado aos meus antepassados
  • 5:33 - 5:39
    por terem roubado a minha invenção.
    (Risos)
  • 5:40 - 5:41
    Através da construção de arcos,
  • 5:41 - 5:44
    entrei em contacto com parte das minhas origens.
  • 5:44 - 5:48
    Aprender toda a informação
    acumulada através do tempo,
  • 5:48 - 5:51
    e ler as mensagens deixadas
    pelos meus antepassados,
  • 5:51 - 5:53
    foi melhor do qualquer terapia de consolo
  • 5:53 - 5:58
    ou conselho que qualquer
    adulto vivo me pudesse dar.
  • 5:58 - 6:01
    Reparem, eu pesquisei arcos de todo o mundo,
  • 6:01 - 6:05
    sem nunca me preocupar em
    procurar mais perto de mim.
  • 6:05 - 6:07
    Apercebendo-me disto,
  • 6:07 - 6:10
    comecei a interessar-me pela história da Coreia,
  • 6:10 - 6:13
    que nunca antes me tinha inspirado.
  • 6:13 - 6:17
    No final de contas, a relva,
    muitas vezes, é mais verde
  • 6:17 - 6:18
    do nosso lado da cerca,
  • 6:18 - 6:22
    embora não nos apercebamos disso.
  • 6:22 - 6:26
    Agora, vou mostrar-vos como o meu arco funciona.
  • 6:26 - 6:29
    Vejamos como este funciona.
  • 6:32 - 6:34
    Este é um arco de bambu,
  • 6:34 - 6:38
    com 45 libras de potência regulável.
  • 6:38 - 6:40
    (Barulho de disparo de flecha)
  • 6:40 - 6:45
    (Aplausos)
  • 6:48 - 6:53
    O mecanismo de funcionamento dos arcos
    pode ser simples,
  • 6:53 - 6:55
    mas, para se fazer um bom arco,
  • 6:55 - 6:59
    é necessária uma grande dose de sensibilidade.
  • 6:59 - 7:02
    É preciso consolar e comunicar
  • 7:02 - 7:05
    com a madeira.
  • 7:05 - 7:06
    Cada fibra na madeira
  • 7:06 - 7:09
    tem a sua própria função e razão de ser,
  • 7:09 - 7:12
    e apenas com a cooperação e harmonia entre elas
  • 7:12 - 7:16
    se faz um excelente arco.
  • 7:16 - 7:18
    Eu posso ser apenas um estudante esquisito
  • 7:18 - 7:20
    com interesses pouco comuns,
  • 7:20 - 7:23
    mas espero estar a dar uma contribuição
  • 7:23 - 7:27
    ao partilhar a minha história com todos vocês.
  • 7:27 - 7:29
    O meu mundo ideal é um lugar
  • 7:29 - 7:31
    onde ninguém é deixado para trás,
  • 7:31 - 7:35
    onde todos são necessários
    exactamente onde estão,
  • 7:35 - 7:38
    como as fibras e os tendões num arco.
  • 7:38 - 7:41
    Um lugar onde o forte é flexível
  • 7:41 - 7:45
    e o vulnerável é resiliente.
  • 7:45 - 7:47
    O arco assemelha-se a mim,
  • 7:47 - 7:50
    e eu assemelho-me ao arco.
  • 7:50 - 7:55
    Neste momento, estou a disparar
    uma parte de mim para vocês.
  • 7:55 - 7:58
    Não, melhor ainda, uma parte da minha mente
  • 7:58 - 8:00
    acabou de ser disparada para a vossa mente.
  • 8:00 - 8:03
    Acertou no alvo?
  • 8:03 - 8:04
    Obrigado.
  • 8:04 - 8:10
    (Aplausos)
Title:
A arte de fazer arcos
Speaker:
Dong Woo Jang
Description:

Dong Woo Jang tem um passatempo peculiar. Jang, que tinha 15 anos quando deu a palestra, conta a história de como viver na floresta de cimento de Seul o inspirou a construir o arco perfeito. Veja-o a demonstrar um dos seus belos arcos feitos à mão.

more » « less
Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
08:28
Isabel Vaz Belchior approved Portuguese subtitles for Dong Woo Jang
Isabel Vaz Belchior edited Portuguese subtitles for Dong Woo Jang
Isabel Vaz Belchior edited Portuguese subtitles for Dong Woo Jang
Luísa Batista accepted Portuguese subtitles for Dong Woo Jang
Luísa Batista commented on Portuguese subtitles for Dong Woo Jang
Luísa Batista edited Portuguese subtitles for Dong Woo Jang
Antonio Fonseca edited Portuguese subtitles for Dong Woo Jang
Antonio Fonseca edited Portuguese subtitles for Dong Woo Jang
  • - Tiveram de ser feitas várias alterações ao texto, quer gramaticais, quer a nível de vocabulário, para o tornar em português de Portugal e não do Brasil, já que o objectivo desta legenda era ser em português de Portugal mas, erradamente, se encontrava em português do Brasil (tradução que já existia previamente para este vídeo).
    - Foram adicionados pontos finais onde faltavam, assim como maiúsculas e acentos.
    - Corrigiram-se erros ortográficos.
    - Trocou-se uma ou outra palavra para haver maior clareza.

Portuguese subtitles

Revisions

  • Revision 4 Edited (legacy editor)
    Isabel Vaz Belchior