-
Então eu sou o Ryan, um amigo da Lizzie.
-
Sou investigador em biofísica
na Universidade de Georgetown
-
e também coordeno duas organizações
sem fins lucrativos que lidam sobretudo com o apoio às famílias
-
e as as pessoas nos seus relacionamentos.
-
Esta é a minha família.
-
A minha missão na vida é
basicamente ajudar as pessoas a se relacionarem bem.
-
Nesse sentido, realizo muitos workshops
para famílias
-
também as ajudo a compreender
questões médicas.
-
Estou aqui para falar da circuncisão,
-
à qual chamo o "Elefante no Hospital",
-
porque, a meu ver, é algo assustador
que acontece na nossa cultura,
-
embora falemos pouco sobre isso.
-
São feitas cerca de 500.000 a 1.000.000 milhões
de circuncisões por ano nos EUA,
-
quase sempre nos três primeiros
dias de vida dos bebés
-
e é algo completamente desnecessário.
Segundo as minhas pesquisas,
-
acredito que se trata de um procedimento
totalmente prejudicial para as crianças.
-
O que vamos fazer, o mais rápido que conseguir,
-
é um debate sobre o que esse processo implica
do ponto de vista da criança,
-
de quais os seus efeitos sobre sobreviventes adultos,
-
sobre o porquê dos pais aceitarem este procedimento,
e o que sabem sobre o mesmo
-
e como existem médicos
que o fazem.
-
Antes disso, quero olhar para todos,
para que nos conheçamos melhor.
-
Farei algumas perguntas e usaremos esta tecnologia tradicional.
-
Vou pedir a vocês, por favor,
-
que apontem em determinada direção
em cada questão.
-
Esta parede significa "benéfica",
-
o tecto é "neutro",
e "prejudicial" é aquela parede.
-
Por exemplo,
o que pensam dos pés de lírio?
-
São antropólogos pelo que
a maioria já terá ouvido falar dos pés de lírio.
-
Qual o sentido de ...?
-
Bem, todos os que responderam
acham que é prejudicial.
-
Ainda bem, fico satisfeito com a resposta.
-
Mutilação genital feminina,
-
quantas pessoas já ouviram falar disso?
-
Óptimo, consideram universalmente prejudicial.
-
E se fizessemos mastectomias profiláticas,
-
Digamos que para evitar
o cancro da mama
-
e salvar centenas de milhares de vidas de mulheres por ano,
-
e imaginem que o fazíamos a todos as bebés.
-
Consideram benéfico? Prejudicial? Neutro?
-
Bem, temos alguns alguns "neutrais"
e aguns "prejudicais.
-
Tudo bem.
-
E o que pensam do corte de tecido não essencial a uma criança?
-
Como o corte
dos lóbulos da orelhas de todos,
-
porque nos parecem desnecessários,
inconvenientes ou feios?
-
Ok, é prejudicial.
-
E quanto à circuncisão?
-
Por onde começar?
-
Há todo o tipo de repostas.
-
Bem, temos um público diversificado.
-
Agora, duas outras questões
-
para que nos conhecermos melhor.
-
Quem de vós acha
que tem prepúcio?
-
Alguém?
-
Quem acha que tem prepúcio?
-
É a parte removida durante a circuncisão.
-
Está bem, é uma pergunta complicada.
-
Ambos, homens e mulheres, nascem com prepúcios.
-
"Prepúcio" ´é simplemente um nome
de uma parte do clitóris ou pénis.
-
Provavelmente a maioria
das mulheres aqui presentes o tem
-
e quem sabe alguns dos homens também.
-
Quem aqui vem de uma cultura onde
-
a mutilação genital feminina
é uma norma social?
-
Ninguém, ok.
-
Quem aqui vem de uma cultura onde
-
a mutilação genital masculina
é uma norma social?
-
Praticamente todos nós.
-
Quem conhece alguém
mutilado genitalmente em criança?
-
Podem ser vocês, um amigo vosso,
os vossos pais ou filho.
-
A maioria (todos).
-
Isto prova que é algo que já afectou
as nossas vidas de alguma forma.
-
Estou a demonstrar que é um assunto importante
do qual não falamos muito.
-
Agora vou explicar porque penso assim.
-
Creio que a forma de falar
da circuncisão na nossa cultura
-
serve para ocultar
o tipo de procedimento que é.
-
Talvez tenham ouvido que
há melhor limpeza do pénis,
-
que todos e que muitos pensam
"eu sou circuncidado e estou bem".
-
"É um pequeno corte" ou
"remoção de uma prega de pele inútil",
-
em linguagem banal.
-
Já todos ouvimos isto.
-
O que vos vou pedir é
que coloquem tudo isso de lado,
-
tudo aquilo em que pensam
-
e que consigam pensar
de uma nova forma na qual
-
estes argumentos ilógicos a favor
não interfiram na vossa opinião.
-
Suponham que a circuncisão é
um processo cíclico na nossa cultura
-
feito às crianças,
que se tornam sobreviventes adultos,
-
alguns agora pais
-
e que os médicos os convencem
a realizar esta cirurgia nos filhos.
-
Esta, ao contrário de qualquer outra cirurgia
nos hospitais dos Estados Unidos,
-
elimina uma parte que é saudável e única
de um órgão,
-
com exeção
da alteração da genitália interna,
-
mas são decerto muito semelhantes.
-
Elimina uma parte saudável do corpo.
-
Não é utilizada como tratamento.
-
Os médicos não pensam que
estão a tratar crianças,
-
eles sabem que é
uma cirurgía social.
-
Tem complicações significativas.
-
É realizada em menores
que não podem dar os seu consentimento.
-
É ilegal, um crime federal grave
fazê-la em bebés do sexo feminino,
-
mas é incentivada e realizada em bebés do sexo masculino.
-
Isso resulta na perda de
uma função para o resto da vida
-
e o tecido é usado comercialmente.
-
Apenas uma pequena contextualização.
-
Percebo-vos, acreditem,
e vou dar-vos provas disso.
-
Não faria uma afirmação tão radical
sem provas.
-
Primeiro terminemos com um contexto
geográfico e histórico.
-
Este é um mapa do mundo.
-
No geral, nos países a verde não se pratica
a mutilação genital masculina.
-
Nos poucos e pequenos países
amarelos a norte
-
é uma prática cada vez mais questionada a nível legal.
-
A circuncisão é agora rara
no Canadá, na Inglaterra e Austrália,
-
onde também era praticada em bebés,
-
mas parou nos anos 50
devido a um artigo
-
que provava que morriam crianças
todos os anos em Inglaterra,
-
cerca de 14 crianças por ano,
-
pelo que deixou de ser feita.
-
Noutros países, excepto nos Estados Unidos,
onde é feita a bebés,
-
é realizada em adolescentes
na maioria das vezes,
-
na África Sub sariana
e nas culturas Islâmicas Sunitas.
-
Como aconteceu isto?
-
Tornou-se uma prática médica
em vez de ser uma prática tribal ou cultural.
-
E surgiu no fim do século XIX,
-
quando as pessoas não tinham a teoria
dos germes,
-
mas a teoria da excitação
do sistema nervoso.
-
E a moral Vitoriana,
-
na qual a pessoa vê
o quer ver a maior parte das vezes.
-
Existem muitas publicações médicas
que mostram que a circuncisão curou
-
a paralisia, a epilepsia,
a doença do quadril
-
e todo o tipo de problemas que,
atualmente,
-
para os quais é improvável
haver uma cura.
-
A intenção era realmente mutilar
os orgãos genitais das crianças.
-
Pensavam que tal os ajudaría a longo prazo
-
porque evitaria que sentissem
muita excitação sexual,
-
que de acordo com o modelo vitoriano era
o tipo de excitação mais perigosa.
-
Peço desculpa,
-
Deveria ter-vos advertido antes ...
-
Desculpem-me.
-
Vou mostrar alguns slides
ilustrativos
-
e aconselho-vos a não olharem para eles
caso não se sintam confortáveis
-
Tentarei avisar quando eles surgirem.
-
Também gostaria de referir outra coisa:
-
vou utilizar expressões diferentes.
-
Vou passar a chamar à circuncisão de
"mutilação genital"
-
porque é uma expressão mais neutra,
-
mais precisa e descritiva.
-
Penso que 'circuncisão' é um eufemismo
que associamos a algo bom.
-
O termo 'incircunciso'
vou substituir por 'intacto',
-
uma vez que 'incircunciso' dá a sensação
de que a circuncisão é a "norma"
-
e que os não circuncidados
simplesmente não o foram ainda.
-
Seria como chamar 'não mastectomizadas'
às mulheres que têm seios
-
o que seria inconveniente.
-
Da mesma forma, espero vos sensibilizar
para o desconforto de chamar "intatos" aos incircuncisos.
-
Os seguintes slides
têm algumas coisas menos agradáveis e,
-
novamente,
aconselho que não olhem, se preferirem.
-
Esta é a parte sobre a criança.
-
Vamos ver como é este procedimento para a criança.
-
Esta é a parte mais gráfica,
junto com as complicações.
-
E o que quero é que pensem
no que é vulgarmente discutido
-
a partir da perspectiva dos pais que pensam
"Os pais têm o direito de escolher".
-
Quero que questionem este discurso
e pensem no ponto de vista da criança.
-
A quem pertence o corpo da criança?
-
Quais os direitos das crianças?
-
Porque fazem isto aos meninos e às meninas não?
-
O que isso nos diz sobre
a nossa opinião sobre os diferentes géneros?
-
Neste slide vemos três exemplos diferentes
de mutilação.
-
No canto superior esquerdo vemos uma jovem
-
a ser circuncidada no seu contexto cultural.
-
No canto superior direito,
um jovem a ser circuncidado no seu contexto cultural.
-
E no canto inferior direito, um bebé a ser circuncidado no hospital.
-
Quero que olhem para os rostos deles,
-
simplesmente olhem para eles,
-
porque quero que pensem
no que eles sentiram.
-
Acredito que estavam a passar
por uma experiência muito semelhante.
-
Ainda assim, na nossa cultura,
-
na qual nos vejo como uma espécie de imperialistas,
-
estamos prontos a apontar o dedo e dizer
-
"Oh estas coisas terríveis que fazem nos países
onde se pratica a mutilação genital feminina".
-
Mas não falamos da masculina,
-
que é praticada em crianças sob
as mesmas condições de higiene,
-
e tem a mesma taxa de mortalidade
nesses países.
-
E ainda incentivamos a sua prática em rapazes no nosso país.
-
Como se faz uma circuncisão?
-
Os slides seguintes vão ser os mais exemplificativos.
-
Isto é um exemplo do suporte
-
ao qual se amarra o bebé
-
e onde é feito o procedimento.
-
Vamos visionar um pequeno vídeo exemplificativo.
-
O vídeo tem som,
-
se estiver bem conetado.
-
Mais uma vez, não olhem,
caso vos incomode.
-
Aconselho que respirem fundo
-
se tiveram dificuldade em respirar
como me aconteceu durante o vídeo.
-
Consigo perceber uma certa
indiferença traquila
-
no tom de voz do médico,
-
que não está minimamente perturbado pela situação.
-
O bebé chora
-
como choram os bebés submetidos
-
a situações de pressão extrema,
-
não é choro de "estou com fome".
-
Para além da dor do procedimento em si
-
e dos vários dias que leva a sarar
-
existem complicações inerentes à circuncisão
que podem colocar a criança em risco.
-
Podemos classificá-las e dividi-las em dois tipos.
-
As complicações cirúrgicas,
-
que começam pelas mais pequenas
-
como a cicatriz que
todos os circuncisos têm.
-
Muitos homens não sabem que
o anel ao redor do seu pénis
-
é uma cicatriz de circuncisão,
-
ou descobrem ao me ouvirem falar.
-
É algo que acontece sempre.
-
Mas existe uma série de outras complicações
que podem ser problemáticas
-
e que nem sempre ocorrem.
-
Como a aderência balano-prepucial,
-
quando o processo de cicatrização corre mal
-
e as duas partes do pénis que não deviam estar unidas
se unem.
-
Estas imagens mostram,
em cima, à esquerda,
-
uma fístula.
-
É como se o médico induzisse a formação de hipospádias.
-
A linha preta que desce é uma sonda
que é introduzida no meato,
-
a abertura da uretra
-
e sai para fora pelo buraco adicional
que o médico criou.
-
Em cima, à direita, vemos a glande quase amputada.
-
Abaixo, à esquerda, foi retirada tanta pele
-
que os corpos cavernosos e a glande do pénis
são introduzidos no escroto.
-
Em baixo, à direita, o pénis foi
acidentalmente amputado.
-
Também existem complicações pós-operatórias
-
como problemas na amamentação,
-
que é algo importante pois o desenvolvimento
da capacidade de amamentação
-
é essencial para os bebés.
-
O termo "hemorragia",
-
que parece pouco importante,
-
consta no formulário de consentimento
e pensamos "Oh, não é nada demais",
-
mas um bebé tem apenas
cerca de 354 mililitros de sangue,
-
pelo que a perda de alguns mililitros pode
pode ser fatal
-
ou obrigar a uma transfusão de sangue.
-
Aumento da resposta à dor.
-
Infeção, que também é muito grave
para um recém-nascido.
-
Meatite, que é uma irritação no meato.
-
Tudo isto pode ser um problema porque,
caso se agrave,
-
o bebé não poderá urinar
e será preciso fazer um cateterismo.
-
Necrose
-
e até mesmo a perda permanente do pénis,
ou morte.
-
Falei com um urologista pediátrico,
-
que é quem resolve estas complicações.
-
Ele disse que durante dois anos
tratou mais de 275 bebés,
-
dos quais quase metade
precisaram ser operados.
-
Foram então submetidos a outra operação
-
para tentar reparar os danos que sofreram.
-
Já vimos grande parte das imagens,
-
mas nos próximos slides
vamos ver a anatomia dos adultos,
-
e podem não olhar, caso preferirem.
-
Quantos de vocês já viram um pénis intato?
-
O vosso ou o de um amigo?
-
Se não viram, peçam a alguém
que esteja disposto a vos mostrar.
-
Tenho conversado com centenas de homens,
-
quer circuncidados quer não circuncidados
-
Muitos homens que foram circuncidados
-
não estão satisfeitos.
-
Estão conscientes, ou começam a ficar,
de que lhes retiram alguma coisa
-
e foram submetidos
a algo que não escolheram.
-
Também falei com pais arrependidos
do procedimento.
-
O que é o prepúcio?
-
O prepúcio é
uma espécie de idea construída socialmente.
-
É apenas uma parte do pénis
-
mas, como o cortámos,
precisamos dar-lhe outro nome.
-
De facto, no formulário de consentimento
são mencionadas as possíveis complicações
-
que confirmam o risco de lesionar o pénis.
-
Criámos uma realidade na qual
a amputação do pénis não é considerada lesão.
-
Só é lesão
se cortarmos parte do que se pretendia cortar.
-
Quero mostrar-vos o que é o prepúcio,
-
dedicar-lhe algum tempo.
-
O prepúcio de um homem adulto,
a parte que teria sido removida,
-
mede entre 30 a 40
centímetros quadrados,
-
tem o tamanho de
un post-it retangular.
-
É a parte mais erógena do homem.
-
Contém 10.000 a 20.000
terminações nervosas.
-
E também torna a pele que cobre o eixo do pénis móvel.
-
Esta é a diferença, durante o coito
-
ou outro tipo de interação sexual,
-
a distinção entre
este tipo de interação
-
e o que passa nas partes do corpo
onde a pele se move facilmente.
-
Por exemplo, as minhas bochechas são flexíveis
para que eu possa fazer isto.
-
De facto, isto é uma coisa importante
-
porque há outro tipo de nervo,
chamado mecanorrecetor,
-
que é estimulado pelo movimento
-
e é o contributo masculino
para a lubrificação durante a relação sexual,
-
seja ela entre dois homens
ou um homem e uma mulher.
-
O prepúcio tem duas partes diferentes.
-
O freio é...
-
A minha mão é pequena para exemplificar mas...
-
É esta zona em forma de leque.
-
Abaixo, no sulco coronal,
estão a maioria dos nervos.
-
E o músculo dartos é um músculo cutâneo
-
que permite ao prepúcio
responder ao frio e ao medo
-
rodeando o pénis,
fazendo-o contrair.
-
Em 2007, realizou-se
a primeira investigação
-
para tentar avaliar onde o pénis é sensível.
-
Avaliaram um grupo de homens intatos
-
e um grupo de homens circuncidados.
-
Neste gráfico colorido verificamos que
-
as áreas com maior sensibilidade,
têm cor castanha
-
seguidas das de cor arroxeada.
-
Em comparação
com um pénis circuncidado,
-
vemos que a maioria das áreas sensíveis
foi eliminada.
-
Somente a zona da cicatriz
e o que restou do freio
-
são áreas sensíveis nos homens circuncidados.
-
Podemos compará-los desta forma
-
e nem precisam acreditar em mim,
perguntem a amigos,
-
a um circuncidado e a outro não circuncidado
-
ou até a vocês,
-
onde há maior sensibilidade.
-
Para a maioria dos homens é na área do freio
-
ou na zona da cicatriz.
-
Para que tenham uma idéia real,
-
o que John, o fotógrafo, fez
-
foi basear-se num homem com prepúcio
-
para desenhar estas linhas e saber
que tecido foi retirado.
-
A outra diferença que quero mencionar
-
é que o interior que
normalmente rodeia o pénis
-
de alguma forma acaba por o invaginar,
-
protege-o,
-
e mantém-no húmido.
-
Se compararmos com um pénis circuncidado,
-
o tecido parece mais suave,
-
húmido e quente,
-
tem maior volume
-
e não tem cicatriz.
-
As setas estão a apontar para a cicatriz
-
para que vejam onde ela está.
-
Caso tenham alguma pergunta
-
perguntem,
consoante avançamos,
-
porque estou a passar muita informação.
-
Agora, vamos falar sobre os pais.
-
Como disse, falei com centenas de pais
-
sobretudo devido ao meu trabalho com deles.
-
Para muitos pais, é quando recebem os seus filhos,
-
que tomam consciência do formulário que assinaram.
-
Existe um problema com o consentimento informado.
-
Ou há falta de informação,
-
ou perguntam se os pais querem
circuncidar os filhos em momentos difíceis,
-
como o parto.
-
E perguntam como se não fosse algo importante.
-
Querem uma almofada?
Uma chícara de chá?
-
Querem que circuncidemos o vosso filho?
-
Dizem tudo no mesmo tom,
-
e isso é preocupante.
-
Vejo todos envolvidos num pseudo processo
de consentimento informado
-
no qual os pais
precisam confiar nos médicos.
-
São os médicos que supostamente
se ocupam da parte da medicina.
-
Todavia, a informação que transmitem
é muito superficial,
-
falam pouco das complicações envolvidas
-
as mesmas são banalizadas,
-
omitem as funções do prepúcio,
-
não se menciona que é um órgão sexual,
-
e omitem as questões éticas
das decisões que envolvem o corpo do bebé.
-
Há também
um conflito de intereses implícito,
-
uma vez que este tecido
tem muitas utilizações comerciais.
-
Os pais nem tão pouco sabem que
é doloroso por uma semana ou mais.
-
E o bebé sofre durante o processo.
-
Existe uma ferida que precisa sarar,
-
é uma ferida no pénis
-
e os bebés são muito sensíveis à dor.
-
Quantos de vocês já brincaram com um bebé
de um amigo ou vosso, com poucos dias de idade?
-
Eles são muito frágeis.
-
O que acontece é que ferimos um bebé
-
e agora os recém-pais
têm de lidar com o processo de cura
-
e também descobrir o que é a parentalidade.
-
Têm as complicações acrescidas
da vigilância de sinais de infeção,
-
da troca do penso e de cuidarem
de um bebé mais chateado do que o normal.
-
Em comparação, com
um bebé circuncidado
-
não há quase nada para fazer.
-
De facto, nem há que lavar o pénis,
-
tal como não se lavaria
a vagina de uma bebé com sabão,
-
basta limpar com água.
-
Não é necessário retrair a pele,
-
ela retrai-se sozinha.
-
é um bebé com menos problemas de saúde
e mais feliz.
-
Agora prometi que eu iria mostrar
que realmente utilizamos o prepúcio.
-
Usamo-lo para três coisas
-
que tenho sido capaz de descobrir.
-
Investigação.
-
Há um grande número de produtos
que podemos comprar pela Invitrogen,
-
que é uma empresa onde compro
outras coisas sem células de prepúcio
-
para a minha investigação em biofísica.
-
Vendem alguns produtos com prepúcios neonatais,
-
vocês mesmos podem procurá-los.
-
No hospital podem receber
um "tratamento de pele mágico"
-
com tecido de prepúcio cultivado.
-
E quem é muito rico
pode comprar cosméticos
-
que também são derivados
de tecido de prepúcio neonatal.
-
Ah, os cósméticos.
-
Podem falar mais alto?
-
"Por que é que as pessoas querem usá-los na pele?"
-
As pessoas julgam que
terão menos rugas.
-
A ideia é que as células dos bebés...
-
São jovens e eficazes.
-
Se isto vos deixa preocupados, fico satisfeito
-
porque quero que isto nos preocupe.
-
Vamos ouvir de uma obstetra
como justificam estas coisas.
-
Esta é Lisa Masterson, entrevistada
no programa de Craig Ferguson Late, o Late Show.
-
Sabes que, novamente, é uma decisão pessoal.
-
Como obstetra, falo muito com os meus pacientes.
-
Há muitos benefícios para a saúde
e reduz alguns riscos,
-
mas é realmente um procedimento social.
-
Tem que decidir se quer
que o seu filho seja como você.
-
É algo cultural, social.
-
Existem vantagens para a sáude,
sobretudo para a mulher,
-
como a redução de DSTs e da transmissão
del VPH, que provoca cancro cervical.
-
Reduz as DSTs, os casos de cancro e outras problemas.
-
Mas não aconteceria a mesma coisa
com a lavagem regular do pénis?
-
Claro que sim.
-
Então podemos cortá-lo,
ou podem lavá-lo,
-
Nós podemos decidir?
-
Exato.
-
É uma decisão difícil, Doutora.
Não sei...
-
É claro que aprecio o ponto de vista de Craig.
-
Ele é Escocês, e no país dele,
não se faz este procedimento aos bebés.
-
Mas lembremo-nos do que ela disse.
-
Ela está a diz que,
enquanto pais, temos que escolher,
-
e quero questionar essa perspectiva.
-
Temos que escolher para o nosso filho
outras opções de modificação corporal?
-
Como um novo nariz ou algo do género?
-
Se a ideia de fazer fazer algo ao nosso filho é
porque queremos que eles pareçam diferentes,
-
fico contente pois é o que desejo.
-
Quero que nos questionemos
-
porque nos preocupamos tanto que as crianças
tenham o aspeto que desejamos que elas tenham
-
Neste caso, temos noção de como devem ser
os orgãos genitais dos rapazes.
-
Ok, então na última parte falaremos de
como convencemos os médicos realizar este procedimento.
-
Tenho algumas citações de profissionais
que deixaram de fazê-lo,
-
como Marilynn Milos,
-
uma enfermeira
que se recusou a cooperar na cirurgia
-
e foi despedida por dizer aos pais
que a mesma não é obrigatória.
-
Michelle Storms,
uma obstetra muito conhecida,
-
foi ridicularizada
por deixar de praticar essas cirurgias em 1988.
-
Falei com o Chefe de Obstetrícia
do Hospital Universitario de Georgetown,
-
porque os obstetras fazem
a maioria das cirurgias, e ela disse
-
"Medicamente não faz sentido.
-
Não gosto do procedimento,
mas sou boa a fazê-lo.
-
Já fiz milhares de circuncisões".
-
Ela foi clara ao dizer que é algo social,
-
sem sentido médico,
-
mas disse-me
que vai continuar a fazê-las.
-
Como convencemos os médicos a fazer este procedimento?
-
Começamos por patologizar um órgão saudável.
-
Não se fala no prepúcio na maiora dos livros
de anatomia e medicina dos EUA,
-
e portanto não se discute qual a função dele.
-
Não é considerado um órgão sexualmente importante;
-
Apenas ensinam os médicos
como removê-lo.
-
Levam-nos erradamente a crer
na filosofia do retrair e lavar,
-
o que é problemático porque,
como podem ver na imagem,
-
quando nascemos o prepúcio
normalmente está ligado à glande.
-
O que vimos anteriormente no vídeo da circuncisão
-
era uma ferramenta que girava
para soltar o prepúcio e cortá-lo.
-
O prepúcio está unido para proteger os bebés
dos problemas comuns dos bebés.
-
As fraldas deles podem conter urina ou fezes
-
e os bebés podem ficar com assaduras.
-
O prepúcio tem uma função protetora
quando somos jovens.
-
Vai-se despegando gradualmente
-
e torna-se retrátil,
-
mas quando o forçamos ele rompe-se
-
e gera-se uma infeção.
-
Caso o lavemos com sabão
também criamos um foco de infeção.
-
Por último,
fazemos um diagnóstico errado de fimose.
-
Existe fimose quando
há tecido cicatrizado
-
na abertura do prepúcio
e este não pode retrarir-se.
-
Há tratamentos com creme esteróide
para amaciar o tecido cicatricial.
-
Mas quando um bebé de três meses tem fimose
algo está errado
-
pois não podemos puxar o prepúcio para trás
sem que doa.
-
Deve estar unido à glande, nasce assim
e será retrátil por si mesmo.
-
Então,
por que se fazem circuncisões?
-
Segundo os pais,
a principal razão é uma questão de aparência.
-
Querem que filho seja
como os outros ou como o próprio pai.
-
Também acreditam que é mais bonito
ou mais fácil de limpar.
-
Considero que é a solicitação dos médicos
que reforça ou valida a escolha do procedimento.
-
Gostariam que o vosso filho fosse circuncidado?
Como um procedimento feito por médicos parece nos aceitável.
-
Os médicos também utilizam
outros argumentos que corroboram esta ideia.
-
Dizem que reduz
a taxa de cancro do pénis,
-
as infeções do trato urinário,
-
a taxa de cancro cervical
nas futuras parceiras sexuais do vosso filho
-
e a taxa de transmissão
do HIV de mulher para homem,
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que é a razão mais recente.
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Como vos mostrei no início,
temos muita bagagem cultural
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e as razões estámos habituados a fazer
circuncisões já não fazem sentido no contexto atual.
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Criámos razões à posteriori para
nos sentirmos mais confortáveis com o que fazemos.
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Irei aprofundá-las.
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Além da crítica social de que são
razões criadas para que nos sintamos bem,
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observamos que a aparência e a limpeza
são as principais razões para a circuncisão.
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Este argumento é usado para apoiar
a mutilação genital masculina e feminina,
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em todas as culturas nas quais sei
que essas práticas são realizadas.
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E são apenas argumentos inventados.
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Como se sabe
que algo está mais limpo de uma forma ou outra?
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A Sociedade Americana do Cancro alega
que isso não protege do cancro do pénis.
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E é irrelevante,
a taxa é de 1 em cada 100.000.
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Morrem mais pessoas na circuncisão
do que por cancro do pénis.
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As infeções do trato urinário;
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tiveram por base um extenso estudo de 1986
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efetuado por um senhor chamado Wiswell.
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O problema é que as suas instruções
geravam infeções do trato urinário
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em indivíduos com prepúcio
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porque dizia aos pais
para forçar, retrair o prepúcio e lavar com sabão.
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É como se uma bebé pequena
fosse submetida a duches vaginais.
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Haveria uma taxa mais elevada
de infecções fungicas e do trato urinário
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pois as colónias
de barreiras protetoras seriam destruídas.
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Cancro cervical em parceiras sexuais.
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Em primeiro lugar,
é uma intervenção preventiva
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para proteger possíveis
parceiras dos bebés quando estes crescem.
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E como sabemos se essa pessoa não será monge ou homossexual?
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Eles podem ser operados mais tarde.
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Além disso, o cancro cervical é orginado
pelo vírus do papiloma humano.
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Provavelmente muitos aparenderam isto
nas aulas de Educação Sexual.
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Os próprios autores que examinaram
os maridos e as mulheres do estudo
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descobriram que
tinham diferentes tipos de VPH.
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Não sei se eram casos de poligamia encoberta ou algo parecido.
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Mas isto coloca em causa
os resultados do estudo,
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porque os homens nao tinham o VPH
que causou cancro cervical às suas parceiras.
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Gesundheit.
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Em último lugar está
a circuncisão como prevenção do VIH.
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Esta ideia começou
sobretudo em 2000 e anos seguintes.
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A prova disso são
três estudos aleatórios,
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realizados em África,
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possivelmente porque nenhum
Conselho de Revisão Ética o teria permitido nos EUA.
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Conseguiram
voluntários para serem circuncidados,
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circuncidaram metade aleatoriamente
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e observaram a rapidez com que eles contraiam VIH.
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Eles tinham uma metodologia problemática
da qual falarei mais adiante.
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Afirmaram que a possibilidade dos homens contrairem
VIH era 60 por cento menor.
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As provas que mostram o contrário
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estão nos outros estudos
que foram realizados.
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Os dados geográficos,
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ao verificarmos a correlação
entre a porcentagem dos circuncidados
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e as taxas de VIH na população,
contradizem o que foi dito.
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Por exemplo,
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Os EUA têm a taxa mais elevada de VIH
entre todos os países industrializados
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e também
a taxa mais alta de circuncisões.
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Não seria assim
se a circuncisão protegesse tanto.
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Nos minutos que ainda me sobram
vou falar do que correu mal no estudo.
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Nos três estudos, agruparam homens intatos,
circuncidaram-nos e observaram a rapidez com que contraiam VIH.
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De cada vez que iam à clínica
davam-lhes preservativos
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e aconselhamento sobre sobre sexo seguro.
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O grupo circuncidado foi
pelo menos o dobro das vezes à clínica
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para serem circuncidados
e acompanhados.
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Além disso, quando se é circuncidado,
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não se pode ter relações sexuais
durante quatro a seis semanas.
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Pediram ao grupo de circuncisos
abstinência durante seis semanas
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mas eles não começaram a contar
em seis semanas
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começaram a contar no momento.
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Assim, os circuncidados
estiveram protegidos por seis semanas
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pois não conseguiam ter relações.
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Para além disso, usaram um teste anticorpos.
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E, como sabem, quando se faz
um destes testes numa clínca
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dizem
que existe um período de três meses
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de espera
desde a última exposição
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para saber se temos VIH.
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Mas eles não esperaram esses três meses
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e a maioria ou metade dos benefícios
ocorreram nesse tempo,
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pelo que aquelas infeções são
anteriores ao estudo,
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anteriores
ao ensaio e aleatorização.
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Também haviam
muitos problemas de controlos,
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incluindo o contato com sangue
e o coito anal recetivo.
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Também me preocupa que os autores do estudo
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comparem a circuncisão
a uma vacina eficaz.
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O que dizem é que,
se os resultados são precisos,
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o que eu duvido,
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reduz a possibilidade de contrair VIH,
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cada vez que praticamos sexo,
em 60 por cento.
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Se praticarmos sexo desprotegido com frequência,
também acabaremos por contrair VIH.
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Pensemos na vacina contra o sarampo.
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Com as doses de reforço,
99 por cento das pessoas fica imune.
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Provavelmente é o vosso caso.
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Isto é o exemplo de uma vacina eficaz.
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99 por ciento de imunidade permanente.
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Não é como 60 por cento menos probabilidade
de sermos infetados em cada exposição.
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Há seres humanos que acreditam
que são imunes ao VIH porque foram circuncidados
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dos países africanos.
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E isso é algo que me preocupa bastante.
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Para recapitular,
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julgo que socialmente temos tendência
para a mutilação infantil,
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sobretudo em relação aos rapazes.
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Acredito que é muito prejudicial para as crianças,
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bem como para os sobreviventes,
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para os pais,
que querem o melhor para os filhos,
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e para os médicos,
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porque julgo que
eles estudam para ajudar as pessoas,
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e aprendem este procedimento
de uma forma descontextualizada.
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Muitos pensam que
não é da sua responsabilidade fazer alguma coisa,
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incluindo organizaçõs profisionais
como a Academia Americana de Pediatria,
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o Colégio Americano
de Obstetras e Ginecologistas,
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e também os médicos,
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porque têm que transmitir uma boa imagem.
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Se dissermos que os médicos fazem algo mal,
estamos a dar-les má imagem.
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Os administradores do hospital
e os médicos não querem destaque negativo.
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Os obstetras
não pensam na criança que operam como paciente.
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O comité de ética do hospital disse
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que não são as pessoas indicadas
para tratar deste tema.
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Penso que todas estas organizações estão a negligenciar
pais, filhos e a todos.
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Espero que vos tenha motivado
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e que partilhem esta informação,
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porque, se eles não assumem responsabilidades,
espero que nós o façamos.
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Contem aos vossos amigos.
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Vou deixar o link desta aprentação para o vosso professor.