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Vacas, carbono e clima | Joel Salatin | TEDxCharlottesville

  • 0:21 - 0:25
    Os raios de sol são a essência da poesia.
  • 0:26 - 0:31
    Sonhos, fantasia,
    contos de fadas, raios de sol.
  • 0:31 - 0:34
    Com todas as suas qualidades
    esotéricas e místicas,
  • 0:34 - 0:37
    os raios de sol são a energia
    motora do planeta
  • 0:37 - 0:42
    num sentido muito visceral,
    físico, científico e empírico.
  • 0:43 - 0:46
    E se eu vos pedisse para irem lá fora
    apanhar uns raios do sol
  • 0:46 - 0:48
    — sabemos que eles são valiosos, não são?
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    Então, vão apanhar alguns,
    Podem trazê-los para aqui?
  • 0:51 - 0:53
    Falemos dos raios de sol.
  • 0:53 - 0:55
    As crianças vão levar isso a sério,
  • 0:55 - 0:59
    vão correr um pouco e vão tentar
    apanhá-los, nas não vão conseguir.
  • 1:00 - 1:02
    A verdade é que
  • 1:02 - 1:06
    uma coisa tão esotérica
    e tão mística como os raios de sol
  • 1:06 - 1:11
    é captada pelos painéis
    fotovoltaicos da Natureza,
  • 1:12 - 1:15
    ou seja, a fotossíntese nas plantas,
  • 1:15 - 1:17
    através da clorofila das plantas,
  • 1:17 - 1:20
    em especial, das ervas.
  • 1:22 - 1:26
    O problema é que muitos de nós,
    na nossa cultura moderna,
  • 1:26 - 1:29
    estamos desligados das ervas.
  • 1:29 - 1:32
    Quando digo "ervas", as pessoas
    pensam logo em relvados,
  • 1:32 - 1:35
    campos de golfe,
    talvez um campo de futebol.
  • 1:36 - 1:38
    Mas não pensam no tipo de ervas
  • 1:38 - 1:41
    que os Cavaleiros da Ferradura
    de Ouro encontraram
  • 1:41 - 1:44
    no início do século XVIII,
  • 1:44 - 1:46
    quando Spotswood,
    o governador colonial da Virgínia
  • 1:46 - 1:49
    enviou os seus amigos,
    os Cavaleiros da Ferradura de Ouro,
  • 1:49 - 1:50
    — todos eles britânicos —
  • 1:50 - 1:52
    os enviou pelas Montanhas Blue Ridge.
  • 1:52 - 1:55
    Os britânicos depararam
    com as Montanhas Blue Ridge.
  • 1:55 - 1:57
    O que é que havia
    para lá da Montanha Afton?
  • 1:57 - 1:59
    O que é que lá havia?
  • 1:59 - 2:01
    Assim, enviou-os para descobrirem
    o que é que havia.
  • 2:01 - 2:04
    Eles informaram o que tinham encontrado.
  • 2:04 - 2:06
    Passaram-se umas semanas e disseram:
  • 2:06 - 2:08
    "Onde quer que fôssemos
    no Vale Shenandoah,
  • 2:08 - 2:11
    "pudemos cortar as ervas
    e atá-las com um nó
  • 2:11 - 2:13
    "em cima da sela do cavalo".
  • 2:14 - 2:18
    Era uma silvopastagem magnífica
    para os alces, os veados, os faisões,
  • 2:18 - 2:21
    para os pombos de arribação,
    as galinhas da pradaria.
  • 2:21 - 2:26
    para os perus e os bisontes,
    em manadas de três a quatro milhões.
  • 2:26 - 2:30
    O capitão Jim Bridger encontrou
    uma manada nas Black Hills dos Dacotas,
  • 2:30 - 2:34
    quando foi enviado para as explorar
    — uma manada de sete milhões de bisontes.
  • 2:34 - 2:36
    Isso sempre me intrigou.
  • 2:36 - 2:38
    "Tenente, pode chegar aqui
    num instante, por favor?
  • 2:39 - 2:40
    "Afie a sua pena.
  • 2:40 - 2:43
    "Comece a contar: um, dois
    — está a perceber?"
  • 2:43 - 2:44
    (Risos)
  • 2:45 - 2:47
    Não faço a mínima ideia
  • 2:49 - 2:54
    mas o legado dessas manadas migratórias
  • 2:54 - 2:59
    que se moviam perante as queimadas
    naturais ou provocadas pelos índios
  • 2:59 - 3:02
    numa coreografia da paisagem,
  • 3:02 - 3:03
    esses padrões migratórios
  • 3:04 - 3:06
    em que se movimentavam
    milhares de quilómetros
  • 3:06 - 3:08
    criavam os solos
  • 3:08 - 3:12
    que atualmente estamos
    a degradar aqui no Midwest
  • 3:12 - 3:14
    e que já foram degradados na Virgínia
  • 3:14 - 3:18
    — mais de um metro de solo fértil
    eliminado na Virgínia —
  • 3:18 - 3:23
    durante a colonização europeia do estado
  • 3:23 - 3:26
    e que, até hoje,
    continuam a ser degradados,
  • 3:26 - 3:30
    porque transformámos este sistema
    magnífico, com base em plantas perenes,
  • 3:30 - 3:35
    num sistema agrícola anual,
    extremamente erosivo.
  • 3:35 - 3:37
    No Vale Shenandoah, onde eu vivo,
  • 3:37 - 3:40
    perdeu-se 1 a 1,5 metro de solo fértil
  • 3:40 - 3:44
    criando-se a turvação
    da atual Baía Chesapeake.
  • 3:44 - 3:47
    Então, como é que a Natureza funciona?
  • 3:47 - 3:50
    A Natureza funciona
    através dos raios de sol
  • 3:50 - 3:52
    que são captados pela fotossíntese
  • 3:52 - 3:56
    e transformados em biomassa,
    em material vegetal.
  • 3:57 - 3:59
    Se olharmos para os diversos
    tipos de plantas,
  • 3:59 - 4:05
    árvores, arbustos e ervas,
    pensamos intuitivamente:
  • 4:05 - 4:08
    "Qual é a planta mais eficaz
  • 4:08 - 4:12
    "a captar estes raios de sol
    e a sequestrar o carbono?"
  • 4:13 - 4:16
    Temos a tendência
    de pensar nas árvores, porque:
  • 4:16 - 4:18
    "Uau, olhem para toda aquela biomassa!"
  • 4:18 - 4:24
    Mas, na realidade,
    as árvores são as menos eficazes.
  • 4:24 - 4:29
    Os arbustos, o mato, e coisas semelhantes
    são mais eficazes.
  • 4:29 - 4:33
    Mas, no topo, está o pasto.
  • 4:34 - 4:37
    Quando olhamos para uma floresta,
  • 4:37 - 4:41
    estamos a ver 50 a 80 anos,
    ou mesmo 100 anos,
  • 4:41 - 4:44
    de carbono sequestrado
    todo ele de forma visível.
  • 4:44 - 4:48
    Não vemos 80 anos de pasto
  • 4:49 - 4:51
    visíveis, todos ao mesmo tempo.
  • 4:52 - 4:55
    As ervas passam por um ciclo
    de crescimento, tal como nós,
  • 4:55 - 4:59
    tal como todos os seres vivos
    passam por um ciclo de crescimento.
  • 4:59 - 5:04
    Começa devagar, depois acelera,
    e depois começa a envelhecer.
  • 5:05 - 5:08
    Considero três estádios do pasto
  • 5:08 - 5:10
    O primeiro é o estádio das fraldas.
  • 5:10 - 5:15
    Neste caixote, tenho plantas
    recém-comidas, no estádio das fraldas.
  • 5:15 - 5:17
    Este é o pasto infantil.
  • 5:17 - 5:20
    acabou de ser comido
    e está a voltar a crescer.
  • 5:20 - 5:24
    Aqui, tenho o pasto adolescente.
  • 5:25 - 5:27
    Pasto juvenil, de crescimento rápido.
  • 5:27 - 5:30
    Recordam quando conseguiam
    comer dois litros de gelado
  • 5:30 - 5:31
    sem engordarem?
  • 5:31 - 5:34
    Este é o pasto juvenil.
  • 5:34 - 5:40
    Depois, este também é jovem,
    mas, como veem, está a ficar acastanhado
  • 5:40 - 5:44
    e acaba por ser aquilo a que chamo
    "pasto de lar de idosos".
  • 5:44 - 5:46
    (Risos)
  • 5:46 - 5:48
    Envelhecimento, o fim.
  • 5:48 - 5:53
    Concentro-me no papel
    do herbívoro, na Natureza,
  • 5:53 - 5:58
    porque os herbívoros,
    ultimamente, têm má reputação:
  • 5:58 - 6:01
    as vacas, a alteração climática
    e todas essas coisas.
  • 6:01 - 6:04
    Como veem, os dados
  • 6:04 - 6:08
    para o estudo do efeito
    das vacas no ambiente
  • 6:08 - 6:11
    mostram que provêm duma posição
  • 6:12 - 6:14
    que não respeita nem reconhece
  • 6:14 - 6:17
    o herbívoro no seu papel clássico.
  • 6:17 - 6:19
    O papel do herbívoro
  • 6:19 - 6:22
    e a razão por que o planeta
    está tão cheio de herbívoros
  • 6:22 - 6:23
    — pensem em África,
  • 6:23 - 6:28
    pensem na América do Sul, nas alpacas,
    pensem na Indochina, os iaques.
  • 6:28 - 6:30
    estão por toda a parte.
  • 6:30 - 6:33
    As renas, os caribus,
    há imensos herbívoros,
  • 6:33 - 6:35
    as marmotas, os cães da pradaria, tudo.
  • 6:36 - 6:37
    (Risos)
  • 6:37 - 6:40
    Porque, sem eles,
  • 6:40 - 6:43
    esta biomassa transformar-se-ia
  • 6:43 - 6:49
    em material envelhecido, volátil,
    que morre e deixa de crescer.
  • 6:50 - 6:53
    O papel dos herbívoros na Natureza
  • 6:53 - 6:58
    é consumir isto, quando
    se aproxima do envelhecimento,
  • 6:59 - 7:01
    podá-lo,
  • 7:02 - 7:05
    tal como um viticultor poda uma vinha
  • 7:05 - 7:07
    ou num pomar se podam as macieiras.
  • 7:07 - 7:11
    Alguém acha mal e pergunta:
    "Porque é que está a podar as macieiras?"
  • 7:11 - 7:15
    Não. Pensamos que é bem feito,
    pensamos que é uma boa gestão.
  • 7:15 - 7:17
    É exatamente o que os herbívoros fazem.
  • 7:17 - 7:20
    Eles mondam isto para recomeçar
  • 7:20 - 7:25
    a produção rápida desta biomassa.
  • 7:26 - 7:30
    Sem eles, isso para,
    todo o programa para.
  • 7:31 - 7:33
    O problema é:
  • 7:34 - 7:38
    como reproduzimos isto
    se não temos padrões de migração?
  • 7:38 - 7:41
    Se não temos quatro milhões
    numa manada de búfalos,
  • 7:41 - 7:43
    se não temos 10 milhões
    de lobos a persegui-los,
  • 7:43 - 7:45
    se não temos incêndios,
  • 7:45 - 7:49
    se não temos a coreografia
    magnífica, espantosa da Natureza,
  • 7:49 - 7:53
    como é que reproduzimos este princípio
    espantoso que hidratava, criava solo,
  • 7:54 - 7:57
    alimentava as micorrizas
    e os actinomicetos
  • 7:57 - 8:01
    e criava os solos
    que continuamos a explorar?
  • 8:02 - 8:04
    Como é que reproduzimos isso,
  • 8:04 - 8:07
    quando temos um sistema
    de propriedade privada das terras?
  • 8:08 - 8:11
    Fazemos isso com vedações
    elétricas, de alta tecnologia.
  • 8:11 - 8:14
    Vedações elétricas com "microchips",
    da era espacial.
  • 8:14 - 8:16
    São quase invisíveis aos olhos
  • 8:16 - 8:20
    e, assim, podemos cercar
    uma manada de mil vacas
  • 8:21 - 8:24
    com um arame quase invisível
    que nunca veremos.
  • 8:24 - 8:27
    Dizemos aos visitantes:
    "Cuidado com o arame".
  • 8:27 - 8:28
    Eles encostam-se a ele e "Ai!"
  • 8:29 - 8:30
    (Risos)
  • 8:30 - 8:32
    É praticamente invisível
  • 8:32 - 8:36
    mas, como é uma barreira fisiológica
    muito forte, as vacas aprendem.
  • 8:36 - 8:38
    Veem-na melhor do que nós.
  • 8:38 - 8:41
    Conseguem ver tudo em volta da cabeça,
  • 8:41 - 8:44
    com exceção de 30 graus
    da parte posterior.
  • 8:44 - 8:47
    Conseguem vê-la, sabem que está ali.
  • 8:48 - 8:54
    Permite-nos reproduzir
    este movimento de manada
  • 8:54 - 8:58
    que elas tiveram séculos antes
    de termos privatizado as terras.
  • 9:00 - 9:04
    Chamamos a isto "captura de carbono,
    por lignificação,
  • 9:04 - 9:08
    "mediante conversão solar
    e cerco dos herbívoros em massa".
  • 9:08 - 9:09
    (Risos)
  • 9:11 - 9:15
    Quando a biomassa chega a este ponto,
  • 9:16 - 9:20
    podamo-la com os herbívoros,
    e depois ela recomeça a crescer.
  • 9:21 - 9:25
    Quando a folha começa
    a receber cada vez mais clorofila,
  • 9:25 - 9:30
    o crescimento acelera cada vez mais
    de modo que, daqui até aqui,
  • 9:31 - 9:33
    digamos, para efeitos da análise,
  • 9:33 - 9:38
    que daqui até aqui demora uns 20 dias.
  • 9:39 - 9:43
    E daqui até aqui, demora apenas 10 dias.
  • 9:44 - 9:47
    Portanto, vai acelerando
    e depois abranda.
  • 9:47 - 9:51
    O que nós fazemos é usar os herbívoros
  • 9:51 - 9:54
    — neste caso, uma vaca, mas pode ser
    uma ovelha, uma cabra, o que seja —
  • 9:55 - 9:59
    usamos o animal no seu papel histórico,
  • 9:59 - 10:01
    usando a vedação elétrica,
    de alta tecnologia
  • 10:01 - 10:06
    para gerir e estimular
    a produção de biomassa.
  • 10:07 - 10:08
    O objetivo é que
  • 10:08 - 10:12
    no condado de Augusta, onde eu vivo,
    que é para lá da montanha,
  • 10:12 - 10:13
    no Condado de Augusta,
  • 10:13 - 10:17
    a pastagem média,
    a produção de biomassa,
  • 10:17 - 10:20
    se a secarmos e a pesarmos,
  • 10:20 - 10:24
    a produção média de biomassa
    de erva, por hectare
  • 10:24 - 10:29
    no Condado de Augusta
    é de quase três toneladas por ano.
  • 10:30 - 10:31
    Na nossa herdade,
  • 10:32 - 10:35
    já aqui estamos há quase 60 anos,
    e nunca plantámos uma semente.
  • 10:35 - 10:37
    nunca comprámos um saco
    de fertilizante químico.
  • 10:37 - 10:43
    Na nossa herdade, em média,
    produzimos 11 toneladas por hectare.
  • 10:44 - 10:48
    Conhecemos bem a tensão
    entre a ecologia e a economia.
  • 10:49 - 10:52
    E que se insiste que só
    podemos ser sensíveis ambientalmente
  • 10:52 - 10:54
    se sacrificarmos a economia
  • 10:54 - 10:58
    e que não podemos ser economicamente
    viáveis se não sacrificarmos o ambiente.
  • 10:58 - 11:03
    Venho aqui defender a ideia
  • 11:03 - 11:08
    de que é um facto
    que podemos ter as duas coisas.
  • 11:09 - 11:14
    Mas o que temos de fazer
    é gerir as coisas de modo diferente,
  • 11:14 - 11:21
    Os dados que apontam para a pobre vaca
    como destruidora do planeta
  • 11:22 - 11:28
    assinalam este aspeto enganador
    como sendo a causa do problema.
  • 11:28 - 11:30
    O problema não são os herbívoros.
  • 11:30 - 11:33
    Os herbívoros estão a fazer
    o que sempre fizeram.
  • 11:33 - 11:37
    São um tonel portátil de tração dupla,
    para fermentar chucrute.
  • 11:37 - 11:39
    (Risos)
  • 11:39 - 11:42
    que transformam os carboidratos
    fermentando-os em carne e leite,
  • 11:42 - 11:44
    alimentos muito nutritivos.
  • 11:44 - 11:47
    Fazem exatamente o que é suposto fazerem.
  • 11:47 - 11:51
    Mas não estão a ser geridos
    da forma que as manadas selvagens
  • 11:51 - 11:54
    e que os padrões migratórios
    eram geridos, em que se movimentavam.
  • 11:55 - 11:59
    Abandonavam áreas por tempo suficiente
    para o pasto se desenvolver,
  • 11:59 - 12:05
    estes magníficos 50, 60, 70 dias
    do ciclo de expressão fisiológica
  • 12:06 - 12:09
    e depois voltavam a podar
    e a pastar na altura apropriada.
  • 12:09 - 12:13
    Com efeito, o que acontece
    na maioria das pastagens
  • 12:13 - 12:17
    é que as ervas nunca chegam
    a crescer a este ponto.
  • 12:17 - 12:18
    São mantidas muito curtas.
  • 12:18 - 12:21
    Assim, são consumidas
    20 vezes numa estação.
  • 12:22 - 12:25
    Se somarmos todos esses quilos,
  • 12:25 - 12:28
    chegamos a mais de uma tonelada por ano.
  • 12:28 - 12:32
    Em vez disso, nós deixamos
    que o pasto chegue até aqui
  • 12:32 - 12:36
    até à sua total expressão fisiológica,
    impedindo-lhe o acesso antes disso.
  • 12:36 - 12:39
    Mudamos as vacas, todos os dias,
    para outro local,
  • 12:39 - 12:41
    deixando o resto a descansar
  • 12:41 - 12:44
    e a passar por este rápido
    ciclo de acumulação.
  • 12:44 - 12:49
    Significa que triplicamos, quadruplicamos
    ou quintuplicamos mesmo
  • 12:49 - 12:53
    a quantidade de pasto que
    uma certa área pode produzir.
  • 12:53 - 12:56
    Aquela vaca está a produzir
    uns 23 kg de coisas boas, por dia.
  • 12:57 - 12:58
    (Risos)
  • 13:00 - 13:04
    Pensem no que acontece
    quando mudamos
  • 13:04 - 13:08
    de cerca de 5 toneladas
    de estrume e urina por hectare
  • 13:09 - 13:13
    para 23 toneladas
    de estrume e urina por hectare.
  • 13:13 - 13:18
    Subitamente, temos uma capacidade
    de constituir solo fértil.
  • 13:18 - 13:23
    Assim, cá estamos,
    não só a recolher mais,
  • 13:23 - 13:25
    mas a sequestrar mais carbono,
  • 13:25 - 13:30
    estamos a usar o animal
    no seu papel histórico,
  • 13:30 - 13:34
    estamos a reconhecer e a respeitar
    as qualidades inerentes da vaca.
  • 13:34 - 13:38
    Quando alimentamos os herbívoros
    com coisas estranhas como cereais
  • 13:38 - 13:40
    e os metemos num local fechado
  • 13:40 - 13:42
    e fazemos todo o tipo de profanações,
  • 13:42 - 13:45
    ou seja a burrice dos EUA
    — é como lhe chamo —
  • 13:45 - 13:46
    (Risos)
  • 13:46 - 13:51
    andaram a rir-se de nós
    durante 30 anos, por fazermos isto.
  • 13:51 - 13:56
    Disseram: "Moam as vacas mortas,
    deem-nas a comer às vacas".
  • 13:56 - 13:59
    Chamaram-nos luditas
    e antiprogressistas,
  • 13:59 - 14:01
    e anti-ciência.
  • 14:01 - 14:05
    "Adere ao programa, Salatin,
    que ideia é essa da erva?"
  • 14:05 - 14:08
    Quarenta anos depois,
    ouvimos por toda a parte:
  • 14:08 - 14:11
    "Bolas! Talvez não devêssemos
    ter feito isto!"
  • 14:11 - 14:12
    (Risos)
  • 14:15 - 14:18
    Não percebo porque é
    que continuamos a dar
  • 14:18 - 14:22
    a estes sofisticados agentes
    da nossa cultura
  • 14:23 - 14:26
    a liberdade de nos dizerem
    o que comer e como comer.
  • 14:26 - 14:29
    Assim, qual é o "e se?" disto tudo?
  • 14:29 - 14:31
    Imaginem só.
  • 14:32 - 14:34
    Se todos os nossos vizinhos fizessem isto,
  • 14:34 - 14:38
    em vez de pastorear continuamente
    50 vacas em 40 hectares
  • 14:39 - 14:42
    e as deixarem ali o ano inteiro,
    sem que o pasto possa crescer
  • 14:42 - 14:45
    para além do estádio
    a que chamo pasto de fraldas
  • 14:45 - 14:49
    e ficam ali, como se só metessem
    a primeira velocidade.
  • 14:49 - 14:53
    Podemos fazer muitas analogias
  • 14:53 - 14:57
    mas a questão é que a erva nunca acelera.
  • 14:57 - 15:02
    Não pode, é como dizer:
    "Eles nunca mais largam as fraldas?"
  • 15:02 - 15:05
    É a mesma coisa quanto ao pasto.
  • 15:05 - 15:08
    Mas se o controlarmos,
  • 15:08 - 15:13
    de modo que os animais só tenham acesso
    a uma pequena área cada dia
  • 15:13 - 15:16
    e criarmos um padrão de mosaico,
    sabem o que acontece?
  • 15:16 - 15:19
    Temos toupeiras e ratos-do-campo,
    temos locais de nidificação de aves,
  • 15:19 - 15:23
    temos um mosaico contínuo
    de polinização,
  • 15:23 - 15:27
    de flores, de trevos vermelhos, brancos,
  • 15:27 - 15:30
    e de dentes-de-leão
    bons para os polinizadores.
  • 15:30 - 15:34
    Temos todo o tipo de crescimento
    no subsolo
  • 15:34 - 15:36
    porque temos esta biologia.
  • 15:37 - 15:42
    O solo arrefece porque tem
    todo esta bela cobertura vegetal
  • 15:42 - 15:45
    que transpira e oxigena.
  • 15:46 - 15:48
    Estou a inalar o oxigénio desta planta.
  • 15:49 - 15:52
    E expiro o meu dióxido de carbono.
  • 15:52 - 15:54
    Não é fantástico?
  • 15:54 - 15:57
    Amanhã, ele passa por uma rã,
    depois vai para um solidago
  • 15:57 - 16:00
    e depois regressa e há
    esta espantosa interligação.
  • 16:01 - 16:02
    Então, e se...?
  • 16:03 - 16:07
    E se a Universidade da Virgínia
    servisse este tipo de carne
  • 16:07 - 16:10
    em vez da carne
    dos campos de concentração?
  • 16:10 - 16:13
    (Aplausos)
  • 16:17 - 16:21
    E se o McDonald's servisse isto?
  • 16:22 - 16:25
    E se o Burger King servisse isto?
  • 16:26 - 16:27
    E se vocês comessem isto?
  • 16:28 - 16:29
    E se eu comesse isto?
  • 16:30 - 16:35
    Uma forma abençoada de participar
  • 16:35 - 16:41
    na coreografia mais curativa,
    mais espantosa da Natureza,
  • 16:42 - 16:45
    respeitando a essência
    do que é ser uma vaca,
  • 16:45 - 16:49
    usando-a como um herbívoro
    no seu papel histórico
  • 16:50 - 16:54
    e participando nos cuidados
    com o planeta.
  • 16:54 - 16:57
    Obrigado por me terem permitido
    partilhar convosco uma coisa tão simples.
  • 16:57 - 16:58
    Obrigado.
  • 16:58 - 17:00
    (Aplausos)
Title:
Vacas, carbono e clima | Joel Salatin | TEDxCharlottesville
Description:

Joel Salatin, um agricultor orgânico, situado no Vale Shenandoah, na Virgínia, adora as suas ervas — e as vacas também as adoram. Nesta palestra, Salatin realça o papel que este herói, tantas vezes anónimo, do mundo vegetal desempenha na pecuária sustentável e os efeitos que a sua utilização eficaz pode ter no ambiente.

Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
17:05

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