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Dependência emocional | Arun Mansukhani | TEDxMalagueta

  • 0:13 - 0:17
    A dependência emocional
    é muito mal vista em nossa sociedade.
  • 0:17 - 0:20
    Ninguém quer ser um dependente emocional,
  • 0:20 - 0:22
    porque quando pensamos
    em dependência emocional
  • 0:22 - 0:26
    a primeira coisa que nos vem
    à cabeça é uma pessoa...
  • 0:26 - 0:29
    vamos dizer... pegajosa,
    pessoas que não podem ficar sozinhas,
  • 0:29 - 0:32
    pessoas que não terminam
    relacionamentos mesmo quando vão mal.
  • 0:33 - 0:35
    E isto, em nossa sociedade
    que é o contrário disso, né?
  • 0:35 - 0:38
    Numa sociedade de homens
    e mulheres que se fazem sozinhos
  • 0:38 - 0:41
    é muito mal visto;
    queremos pessoas autônomas,
  • 0:41 - 0:44
    autossuficientes, independentes.
  • 0:44 - 0:51
    Mas, nos esquecemos que somos
    a espécie mais social do planeta.
  • 0:51 - 0:53
    E isto é exatamente
    a mesma coisa que dizer
  • 0:53 - 0:57
    que somos a espécie mais dependente
    que existe no planeta.
  • 0:57 - 1:01
    Todo o nosso desenvolvimento foi social.
  • 1:01 - 1:03
    Sei que agora muitos dirão, bem...
  • 1:03 - 1:05
    é normal que as crianças
    sejam dependentes,
  • 1:05 - 1:07
    mas os adultos tem que ser independentes.
  • 1:07 - 1:10
    Isso é o que pensava
    a psicologia há pouco tempo.
  • 1:10 - 1:13
    Pensávamos que desenvolvimento era ir
  • 1:13 - 1:16
    da dependência absoluta na infância
  • 1:16 - 1:19
    à independência absoluta do adulto.
  • 1:19 - 1:22
    Mas, já sabemos que ultimamente
    as pessoas não se emancipam.
  • 1:22 - 1:24
    Realmente, o que sabemos
  • 1:24 - 1:28
    é que se houvesse um adulto
    absolutamente independente
  • 1:28 - 1:32
    seria uma patologia social e emocional.
    Seria um problema.
  • 1:32 - 1:34
    Seja pela solidão dessa pessoa,
  • 1:34 - 1:37
    ou pela falta de empatia
    que levou a estes problemas.
  • 1:37 - 1:41
    Realmente, nós não progredimos
    da dependência à independência.
  • 1:41 - 1:45
    O que acontece é que mudamos
    o tipo de dependência.
  • 1:45 - 1:49
    Quando somos pequenos, temos
    o que chamamos de dependência vertical.
  • 1:49 - 1:52
    Certo? Não sei se podem ver minhas mãos...
  • 1:52 - 1:57
    Em que existe uma pessoa que cuida
    e outra que é cuidada.
  • 1:57 - 1:59
    Uma pessoa que provê e outra que recebe,
  • 1:59 - 2:01
    que é o que acontece
    com as crianças e os pais.
  • 2:01 - 2:05
    E, ao longo de nossa vida,
    a dependência não desaparece,
  • 2:05 - 2:07
    mas vamos mudando a capacidade
  • 2:07 - 2:12
    até o ponto de chegar a ter a capacidade
    de depender horizontalmente
  • 2:12 - 2:16
    uns dos outros, em que um cuida
    e o outro recebe,
  • 2:16 - 2:20
    mas também o que recebe cuida e ambos dão.
  • 2:20 - 2:25
    Esta seria a relação de dependência
    ideal entre adultos: a interdependência.
  • 2:26 - 2:30
    Vocês já sabem que tem muitíssimos
    adultos que não chegam aqui, não sabem?
  • 2:30 - 2:34
    Alguns são seus parceiros, mas bem...
    deveriam ter chegado aqui.
  • 2:35 - 2:37
    Há pessoas que têm dificuldades
    nesta transição.
  • 2:37 - 2:42
    Há pais que são muito bons
    com bebês muito dependentes,
  • 2:42 - 2:45
    mas, quando as crianças
    se tornam adolescentes
  • 2:45 - 2:48
    e começam a exigir autonomia,
    isto é um conflito.
  • 2:48 - 2:51
    E, depois, existem adultos
    que, em suas relações de casal,
  • 2:51 - 2:54
    não buscam este tipo de relações,
    continuam buscando estas.
  • 2:54 - 2:57
    Seguem buscando alguém
    que cuide deles, que lhes sustente.
  • 2:57 - 3:01
    Ou, há outras que buscam alguém
    de quem cuidar ou a quem salvar.
  • 3:01 - 3:04
    Ou, ás vezes, alguém para dominar, certo?
  • 3:04 - 3:07
    E estas não são relações saudáveis.
  • 3:07 - 3:11
    As relações saudáveis de dependência
    entre adultos são estas: as horizontais.
  • 3:12 - 3:16
    O que é preciso para ter relações
    horizontais entre adultos?
  • 3:16 - 3:17
    Duas coisas.
  • 3:17 - 3:19
    Assim que eu gosto, que seja simples.
  • 3:19 - 3:21
    Autonomia e intimidade.
  • 3:21 - 3:23
    E agora a pergunta seguinte:
  • 3:23 - 3:26
    como temos autonomia e intimidade?
  • 3:26 - 3:29
    A primeira variável é
    a regulação emocional.
  • 3:29 - 3:32
    Regulação emocional
    é tudo aquilo que eu faço,
  • 3:32 - 3:35
    que influencia meu estado
    de ânimo e minhas emoções.
  • 3:35 - 3:39
    Os seres humanos têm, basicamente,
    dois grandes tipos de regulação emocional:
  • 3:39 - 3:43
    a autorregulação e a corregulação.
  • 3:43 - 3:47
    Autorregulação é tudo aquilo
    que eu faço sozinho,
  • 3:47 - 3:51
    que influencia meu estado de ânimo:
    praticar esporte, meditar,
  • 3:51 - 3:54
    fazer relaxamento...
    Tudo isto é autorregulação.
  • 3:54 - 4:00
    Corregulação é o que faço com outra
    pessoa ou pessoas, para ficar melhor.
  • 4:00 - 4:01
    Me dão uma notícia ruim
  • 4:01 - 4:06
    e ligo para alguém e conversando
    com esta pessoa me sinto melhor.
  • 4:06 - 4:07
    Isto é corregulação.
  • 4:07 - 4:09
    Estas são as duas grandes formas.
  • 4:09 - 4:13
    Vemos que existem pessoas
    que são muito boas autorregulando-se,
  • 4:13 - 4:17
    mas muito ruins corregulando-se.
    O que acontece com estas pessoas?
  • 4:17 - 4:20
    Que quando se sentem mal
    ou quando há um conflito
  • 4:20 - 4:25
    tendem a se isolarem, a se distanciarem,
    porque precisam se autorregular
  • 4:25 - 4:27
    antes de voltarem
    a fazer contato com os demais.
  • 4:27 - 4:30
    E também vemos que há pessoas
    com quem acontece o contrário.
  • 4:30 - 4:35
    Que são muito boas corregulando-se,
    mas muito ruins se autorregulando.
  • 4:35 - 4:38
    O que acontece? Quando há
    um conflito ou se sentem mal,
  • 4:38 - 4:41
    precisam do outro, precisam de gente.
  • 4:42 - 4:45
    Imaginem que estes dois formam um casal.
  • 4:45 - 4:49
    Não precisam imaginar muito,
    estes casais são muito comuns.
  • 4:49 - 4:54
    Em que há um "auto" e um "co"
    e tê uma briga, o que vai acontecer?
  • 4:55 - 5:00
    O "auto" vai tentar fugir,
    e o "co" vai atrás do "auto", né?
  • 5:00 - 5:03
    O que acontece? Não vão se corregular.
  • 5:03 - 5:07
    Vão se "codesregular" mutuamente.
  • 5:07 - 5:13
    Esta variável, a corregulação
    e a codesregulação, é o elemento central
  • 5:13 - 5:17
    que distingue os casais que funcionam bem
    dos que funcionam mal.
  • 5:19 - 5:22
    Esse é um problema porque as pessoas,
    à medida em que se codesregulam,
  • 5:22 - 5:26
    vão se distanciando cada vez mais,
    não se aproximando, vão se sentindo pior.
  • 5:26 - 5:30
    E as pessoas, quando se codesregulam,
    não resolvem os conflitos.
  • 5:30 - 5:33
    Simplesmente, o que fazem?
    Estacionam, certo?
  • 5:34 - 5:38
    E o que faz com que uma relação cresça
    é poder resolver os conflitos.
  • 5:38 - 5:40
    Os conflitos não são o problema,
  • 5:40 - 5:43
    o problema é como resolvemos
    estes conflitos, certo?
  • 5:43 - 5:48
    Vejam que este elemento que parece
    tão insignificante é essencial.
  • 5:49 - 5:53
    Junto com a corregulação, outra variável
    muito importante é a segurança da relação
  • 5:53 - 5:56
    que é quanto me sinto seguro
    quando estou sozinho,
  • 5:56 - 5:58
    e quanto me sinto seguro
    quanto estou com as pessoas.
  • 5:58 - 6:02
    Então, já sabemos onde está a autonomia.
  • 6:02 - 6:07
    Se sou capaz de me autorregular
    e sou capaz de ficar bem sozinho,
  • 6:07 - 6:09
    tenho capacidade de autonomia.
  • 6:09 - 6:14
    Se sou capaz de me corregular e tenho
    capacidade de ficar bem com os demais,
  • 6:14 - 6:17
    tenho capacidade de intimidade.
  • 6:17 - 6:23
    E isto é o que precisamos para poder
    manter relações adultas saudáveis,
  • 6:23 - 6:24
    horizontais, como dissemos, né?
  • 6:24 - 6:27
    Pessoas capazes de ter
    autonomia e intimidade.
  • 6:28 - 6:34
    A notícia que trago para vocês é
    que acreditamos que essas pessoas existem.
  • 6:35 - 6:38
    Não sabemos onde estão.
    Estamos procurando, não se preocupem.
  • 6:38 - 6:41
    Quando as encontrarmos, avisaremos vocês.
  • 6:41 - 6:43
    Se, por acaso... As chamo de "verdes".
  • 6:43 - 6:44
    Aí tenho um pontinho verde.
  • 6:44 - 6:47
    Se, por acaso, encontrarem
    com um "verde"...
  • 6:47 - 6:49
    Casem! Imediatamente!
  • 6:49 - 6:50
    (Risos)
  • 6:50 - 6:54
    Nada de união estável. Casem!
    "É muito feio"... Tanto faz! Casem!
  • 6:54 - 6:58
    "É que é um cara e eu não sou gay".
    Não importa! Ninguém é perfeito! Casem!
  • 6:58 - 7:00
    "E que não é assim tão bom..."
  • 7:00 - 7:01
    (Aplausos)
  • 7:01 - 7:02
    Muito obrigado! Obrigado!
  • 7:02 - 7:05
    (Aplausos)
  • 7:06 - 7:09
    E agora vem o melhor.
    "É que não sei se é bom de cama".
  • 7:09 - 7:12
    É bom de cama! Isso é o pior.
  • 7:12 - 7:16
    Porque a maior causadora
    das dinfunções sexuais
  • 7:16 - 7:17
    é a ansiedade interpessoal.
  • 7:17 - 7:21
    E elas não tem! Estas pessoas não tem.
  • 7:21 - 7:23
    Ou seja, além de tudo, são boas de cama.
  • 7:23 - 7:28
    Casem! Não pensem e terão
    um casamento tão feliz como...
  • 7:28 - 7:30
    o do Caco e da Piggy,
    que vocês sabem que foi bom.
  • 7:30 - 7:36
    Então, como a maioria de nós não tem
    esse grande nível de regulação,
  • 7:36 - 7:39
    é provável que encontrem
    pessoas com outros problemas.
  • 7:39 - 7:44
    Por exemplo, pessoas ruins neste polo,
    no polo da corregulação, certo?
  • 7:44 - 7:46
    São pessoas que se corregulam, como dizia,
  • 7:46 - 7:48
    que têm mais problemas para a autonomia.
  • 7:48 - 7:50
    Portanto, seu medo, qual é?
  • 7:50 - 7:53
    Muitas vezes estão inconscientes
    sobre este medo.
  • 7:53 - 7:55
    Mas seu medo básico
    é de serem abandonadas.
  • 7:55 - 7:58
    Abandonadas real ou emocionalmente.
  • 7:58 - 8:00
    Seu medo é que deixem de ser amadas.
  • 8:00 - 8:04
    Estas pessoas estão constantemente
    forçando para que as amem.
  • 8:04 - 8:08
    Como? Sendo queridas, trabalhando muito,
  • 8:08 - 8:10
    sendo muito eficazes,
    sendo muito eficientes.
  • 8:10 - 8:13
    Acredito que muitos de vocês
    se reconhecem nisto.
  • 8:13 - 8:17
    Se esquecendo das próprias necessidades,
    se prendendo às necessidades dos demais.
  • 8:17 - 8:20
    Custa muito para elas dizer não.
  • 8:20 - 8:23
    Dizem não duas vezes,
    na terceira dizem sim, certo?
  • 8:23 - 8:25
    Então têm que insistir três vezes.
  • 8:25 - 8:30
    Sempre digo que se vai ter uma equipe
    de trabalho, tem que ter, pelo menos,
  • 8:30 - 8:34
    um deste polo, que chamamos
    de "dependente-submisso".
  • 8:34 - 8:36
    Têm que ter, pelo menos,
    um "dependente-submisso",
  • 8:36 - 8:39
    que é quem faz as tarefas
    que ninguém quer fazer, certo?
  • 8:39 - 8:42
    "Tem que buscar um alto-falante".
    "Mas é o aniversário da minha filha".
  • 8:42 - 8:46
    "Precisa ir buscar". Três vezes.
    "Tá bom, eu vou". E deixa a filha.
  • 8:46 - 8:48
    Então, em uma equipe são muito bons.
  • 8:48 - 8:50
    Costumam se desgastar em 4 ou 5 anos.
  • 8:50 - 8:54
    Precisa trocar por outro, porque já
    não tem conserto. Já tenham isso previsto.
  • 8:54 - 8:55
    Falando sério,
  • 8:55 - 8:58
    este tipo de pessoa
    são pessoas que estão em risco
  • 8:58 - 9:01
    de cair em relações abusivas.
  • 9:01 - 9:05
    Porque podem cair nelas,
    e se caem é mais fácil
  • 9:05 - 9:08
    que fiquem do que as deixem.
  • 9:08 - 9:09
    Também podem ter...
  • 9:09 - 9:12
    E o que fazemos com isso?
    Com os verdes têm que se casar, eu disse.
  • 9:12 - 9:15
    Isto que viram que coloquei
    em amarelo, certo?
  • 9:15 - 9:16
    O que temos que fazer?
  • 9:16 - 9:22
    Depende. Se seu parceiro é um pouquinho
    cuidadoso, gosta de agradar, ótimo!
  • 9:22 - 9:26
    Ótimo, né?! Vai te tratar como um rei,
    ou como rainha, então continue com eles.
  • 9:26 - 9:29
    São um pouco chatos,
    a cada mês e meio, dois meses
  • 9:29 - 9:31
    dizem que você não os ama o suficiente,
  • 9:31 - 9:34
    você se sente mal quando ele
    te dá um super presente
  • 9:34 - 9:36
    e você não se lembra
    do aniversário dele...
  • 9:36 - 9:40
    São pequenas coisas que,
    com jogo de cintura, você vai resolvendo.
  • 9:40 - 9:45
    Se são muito dependentes,
    muito do polo submisso, não.
  • 9:45 - 9:48
    Porque uma coisa é você sair
    com seus colegas uma noite,
  • 9:48 - 9:50
    e receber uma mensagem à 1h dizendo:
  • 9:50 - 9:54
    "Divirta-se com seus amigos, amor.
    Te amo", e outra às 3h.
  • 9:54 - 9:56
    Tudo bem... E outra coisa é receber 15!
  • 9:57 - 9:58
    Se você recebe 15, eu...
  • 9:58 - 10:02
    Se é seu parceiro, se têm filhos,
    já não tem "meu amor".
  • 10:02 - 10:06
    Nada! Segue... Mas, se não...
    Tem muita gente no mundo, né?
  • 10:07 - 10:11
    Olhe e vai ver... Na TED...
    Muita gente. Pode procurar...
  • 10:11 - 10:14
    (Risos) (Aplausos)
  • 10:15 - 10:16
    Obrigado!
  • 10:18 - 10:20
    Você também pode gostar
    de alguém do polo oposto.
  • 10:20 - 10:24
    Se este é do polo dependente, este é
    o polo contradependente ou esquiva.
  • 10:24 - 10:29
    Se estes têm medo da autonomia,
    estes têm medo da intimidade.
  • 10:29 - 10:33
    Se seu medo era serem abandonados,
    o medo deles era serem invadidos.
  • 10:33 - 10:36
    Perder sua individualidade,
    perder essa autonomia que valorizam.
  • 10:36 - 10:40
    O que eles fazem, então?
    Vão embora, se distanciam.
  • 10:40 - 10:44
    Colocam espaço para os demais, precisam
    de muito mais espaço que os demais.
  • 10:44 - 10:47
    Não somente com os demais,
    também precisam de espaço consigo mesmos.
  • 10:47 - 10:51
    Eles não sabem, mas não
    percebem bem suas emoções, certo?
  • 10:51 - 10:54
    Eles acreditam que sentem
    menos que os demais.
  • 10:54 - 10:58
    Ou acreditam que o resto do mundo
    está louco e que temos muitas emoções.
  • 10:58 - 11:01
    Mas realmente eles sentem
    menos emoções que o normal.
  • 11:01 - 11:04
    Sinto muito pelo que estão
    descobrindo hoje.
  • 11:04 - 11:08
    Alguns também quase não sentem,
    inclusive fisicamente.
  • 11:08 - 11:09
    Muitos estão desconectados fisicamente.
  • 11:09 - 11:11
    São, normalmente, os que dançam muito mal.
  • 11:11 - 11:14
    Costumam se dedicar à informática
    com certa frequência.
  • 11:14 - 11:17
    (Risos) Para já irem os reconhecendo...
  • 11:17 - 11:21
    Há maneiras simples de reconhecê-los.
    Pode se colocar em frente a um...
  • 11:21 - 11:22
    Estão tão distantes de seus sentimentos,
  • 11:22 - 11:25
    que podem se colocar diante de um e dizer:
  • 11:25 - 11:27
    "Ei, como se sente?
    Vamos falar dos seus sentimentos".
  • 11:27 - 11:32
    E normalmente eles ficam paralisados.
    Piscam umas três vezes e dizem: "O quê?"
  • 11:32 - 11:34
    Esquiva. Sem dúvida.
  • 11:35 - 11:40
    Existem esquivas manifestos que se vê.
    Você está três anos com essa pessoa.
  • 11:41 - 11:43
    Nunca conheceu ninguém da sua família.
  • 11:43 - 11:46
    Nunca conheceu seus amigos.
  • 11:46 - 11:49
    Vamos! Se não percebeu
    que é esquiva, não sei o que falta!
  • 11:49 - 11:52
    Estes são os manifestos,
    mas também existem os emocionais.
  • 11:52 - 11:55
    que são os que aparentam
    se relacionar muito bem,
  • 11:55 - 11:57
    mas não criam intimidade.
  • 11:58 - 12:00
    Por um mistério da natureza,
    que ainda não sei,
  • 12:00 - 12:02
    vejamos se alguém faz
    uma tese de doutorado,
  • 12:02 - 12:06
    em todas as famílias
    têm um cunhado esquiva emocional.
  • 12:06 - 12:11
    Não sabemos porquê. Este é o personagem
    que você encontra nas ceias de natal,
  • 12:11 - 12:14
    nos churrascos... Fala com ele, e diz:
    "E aí? Tudo bem, tudo bem".
  • 12:14 - 12:17
    "Ah! Como vai? Tudo muito, muito,
    muito bem". Mas não se conecta.
  • 12:17 - 12:19
    Não sei se vocês conhecem algum destes.
  • 12:19 - 12:25
    Esquiva emocional. Parece que...
    mas a intimidade custa horrores, né?
  • 12:25 - 12:27
    Como se a autoestima deles
    dependesse dos demais.
  • 12:27 - 12:30
    Estes são menos dependentes
    da opinião dos demais.
  • 12:30 - 12:32
    Em um certo momento
    são mais capazes de dizer que sim.
  • 12:32 - 12:35
    Se aqueles sentem
    que não recebem o quanto dão,
  • 12:35 - 12:40
    estes sentem, muitas vezes,
    muita cobrança.
  • 12:40 - 12:43
    Como se os demais pedissem muito a eles,
    pedem muita vinculação afetiva.
  • 12:43 - 12:45
    Também se cansam.
  • 12:45 - 12:47
    São pessoas... muitas vezes,
    quando são cuidadores,
  • 12:47 - 12:49
    são cuidadores muito cansados.
  • 12:49 - 12:52
    E também se sentem culpados
  • 12:52 - 12:55
    por sentirem que não estão
    a altura do amor que recebem.
  • 12:55 - 12:57
    Ou que eles não amam tanto como os demais.
  • 12:57 - 13:00
    E o terceiro grande bloqueio,
    que não tem tanto a ver com a regulação
  • 13:00 - 13:04
    senão com a segurança da relação,
    é o bloqueio que chamamos dominante.
  • 13:04 - 13:07
    Se aqueles eram submissos dependentes,
    estes são contradependentes,
  • 13:07 - 13:09
    estes são dominantes.
  • 13:10 - 13:14
    Se os dependentes têm medo
    de serem abandonados,
  • 13:14 - 13:16
    os dominantes não têm medo
    de serem abandonados,
  • 13:16 - 13:19
    é como se tivessem, novamente,
    inconscientemente,
  • 13:19 - 13:20
    no fundo, a convicção
  • 13:20 - 13:24
    de que se as pessoas os conhecerem
    de verdade, vão lhes abandonar.
  • 13:24 - 13:27
    É como se tivessem tão baixo valor
  • 13:27 - 13:29
    que estão convencidos
    de que serão abandonados.
  • 13:29 - 13:32
    Ou, às vezes, a convicção
    a que chegaram ao longo da vida
  • 13:32 - 13:34
    é que não podem confiar nos demais.
  • 13:34 - 13:37
    Que os demais vão acabar lhes traindo.
  • 13:37 - 13:40
    Então, quando você é assim,
    como pode ter uma relação?
  • 13:41 - 13:42
    A partir do controle.
  • 13:42 - 13:46
    É a única forma que tem. Então,
    utilizam diferentes formas de controle.
  • 13:46 - 13:49
    Como? Controle agressivo. Domínio direto.
  • 13:49 - 13:51
    Disso já sabem que tem muito...
  • 13:51 - 13:53
    Às vezes, controle indireto.
    Passivo-agressivo.
  • 13:53 - 13:55
    Em que parece que não estou controlando.
  • 13:55 - 13:57
    "Mãe, vou tomar uma cerveja".
  • 13:57 - 14:01
    "Vai filho, divirta-se.
    Bem, não chegue muito tarde...
  • 14:01 - 14:04
    que você sabe que não durmo
    enquanto você não chega...
  • 14:04 - 14:07
    Você sabe que quando não durmo,
    sobe minha pressão...
  • 14:07 - 14:10
    E, quando sobe minha pressão,
    o médico disse que posso ter um infarto".
  • 14:10 - 14:12
    Às 11h em casa.
  • 14:12 - 14:16
    Seria um domínio passivo-agressivo.
    Que você não percebe.
  • 14:16 - 14:20
    Existem alguns ainda mais sutis,
    e alguns que chamamos:
  • 14:20 - 14:21
    a dependência invertida.
  • 14:21 - 14:24
    Que o que fazem é cuidar,
    mas cuidar tanto,
  • 14:24 - 14:27
    que fazem de você totalmente
    dependente deste cuidado.
  • 14:27 - 14:29
    São cuidadores-castradores.
  • 14:29 - 14:33
    Pessoas que vão te envolvendo totalmente.
    Tem um livro de Stephen King, "Misery".
  • 14:33 - 14:37
    Tem um filme também, que retrata
    de forma um pouco exagerada este padrão.
  • 14:37 - 14:42
    Bem, por aí podem ver,
    temos estes três grandes blocos.
  • 14:42 - 14:43
    O que acontece com qualquer um destes?
  • 14:43 - 14:47
    Podem perceber que nenhum deles
    mantêm relações horizontais, não?
  • 14:47 - 14:49
    O que acontece com eles
    quando se encontram com os verdes?
  • 14:49 - 14:53
    Que são muito poucos, mas se encontram
    alguns. Dificilmente formam uma relação.
  • 14:54 - 14:58
    Os verdes se tornam racistas,
    ficam entre eles, não entendem os outros.
  • 14:58 - 15:01
    Mas os outros também
    não entendem os verdes, certo?
  • 15:01 - 15:03
    Quais outros grupos se encaixariam?
  • 15:03 - 15:07
    Por exemplo, se temos daquele polo, dois
    agradadores-cuidadores, formarão um casal?
  • 15:08 - 15:11
    Os dois tentando agradar.
    Os dois tentando cuidar.
  • 15:11 - 15:16
    Nenhum sendo capaz de receber cuidado.
    Isso não vai a lugar nenhum. Termina.
  • 15:16 - 15:21
    Dois esquivas?
    Se se cumprimentam na rua, já...
  • 15:21 - 15:24
    nos damos por satisfeitos.
    Como vão formar um casal?
  • 15:24 - 15:26
    Mas vamos imaginar o contrário:
  • 15:26 - 15:30
    um agradador-cuidador com um esquiva.
  • 15:30 - 15:34
    O agradador-cuidador não pode evitá-lo,
    quer salvar o esquiva de sua tristeza.
  • 15:35 - 15:38
    Não pode, este ser desvalido,
    que fala pouco e olha para baixo.
  • 15:38 - 15:41
    Vejam como se encaixam bem:
    o Coiote e o Papa-Léguas, né?
  • 15:41 - 15:46
    O mesmo acontece com os dominantes
    e os mais submissos, né?
  • 15:46 - 15:49
    É muito difícil que se encaixem
    dominantes com dominantes.
  • 15:49 - 15:52
    Mas dominantes com submissos
    encaixam perfeitamente bem também.
  • 15:52 - 15:54
    Por isso vemos tantos casais
    deste bloco, certo?
  • 15:54 - 15:57
    Aí entram, não em um
    equilíbrio conflitivo,
  • 15:57 - 15:59
    e sim em uma escalada conflitiva.
  • 15:59 - 16:03
    Por isso vocês viram que os dominantes
    têm as luzes vermelhas,
  • 16:03 - 16:04
    ou seja, os focos vermelhos.
  • 16:04 - 16:07
    É com eles que vocês
    não têm que formar um casal.
  • 16:07 - 16:10
    Bem, isto seria um pouco...
    Poderia ficar aqui um tempo, mas...
  • 16:10 - 16:13
    A ideia era dar uma noção,
  • 16:14 - 16:17
    quase uma caricatura
    das diferentes relações.
  • 16:17 - 16:19
    Como se formam, como se estruturam.
  • 16:19 - 16:21
    E como se mantêm.
  • 16:21 - 16:24
    Gostaria de terminar com duas citações:
  • 16:24 - 16:28
    A do poeta inglês, Auden:
    "Devemos nos apegar ou morrer".
  • 16:28 - 16:32
    "We must attach or die".
    Que é inglês, mas parece mediterrâneo.
  • 16:33 - 16:36
    E a citação de Sartre:
    "O inferno são os outros".
  • 16:37 - 16:39
    Estas duas citações
    representam os dois polos.
  • 16:39 - 16:42
    E a ideia delas é que,
    entre estes dois polos,
  • 16:42 - 16:45
    entre esses tipos de relações asfixiantes
  • 16:45 - 16:47
    e viver as demais como um inferno,
  • 16:47 - 16:53
    tem uma ampla gama
    de relações saudáveis possíveis.
  • 16:53 - 16:57
    E estas relações saudáveis são
    muito interessantes por duas razões:
  • 16:57 - 17:02
    a primeira, porque realmente nós
    nos conhecemos na relação com os demais.
  • 17:03 - 17:07
    Quando estou com os demais,
    quando tenho conflitos com os demais,
  • 17:07 - 17:13
    nestes conflitos aparecem essas partes
    de mim que não gosto de ver normalmente.
  • 17:13 - 17:17
    A segunda razão porque as relações
    são interessantes, eu acho, é porque
  • 17:17 - 17:23
    se se resolvem bem os conflitos, ajuda
    a gente a aprender a amar as pessoas
  • 17:23 - 17:26
    que são falhas, que cometem erros,
    que se enganam...
  • 17:26 - 17:28
    Um pouco como todos nós, não?
  • 17:28 - 17:33
    Então, já sabem, agora quando terminar,
    no intervalo, quando estiverem aí fora,
  • 17:33 - 17:40
    se enrolem, se envolvam, como dizem...
    se apaixonem uns pelos outros, sei lá...
  • 17:40 - 17:44
    Dependam uns dos outros, mas,
    por favor, dependam de uma forma saudável.
  • 17:44 - 17:45
    Muito obrigado!
  • 17:45 - 17:47
    (Aplausos)
  • 17:47 - 17:48
    Obrigado.
  • 17:48 - 17:49
    (Aplausos)
Title:
Dependência emocional | Arun Mansukhani | TEDxMalagueta
Description:

É sempre negativo ser dependente emocional? Nesta surpreendente e divertida palestra em que todos nos sentiremos identificados, Arun nos ensina a reconhecer as personalidades com as que podemos estabelecer uma relação saudável de codependência. Arun é psicólogo clínico (doutor em Psicologia), Mestre em Psicologia Clínica, Mestre em Sexologia, Especialista em Hipnose Clínica, Especialista EuroPsy em Psicologia e Psicoterapia, Membro do conselho diretor da Federação Espanhola de Sociedades Sexológicas (FESS), Presidente da Comissão de Adoções Internacionais do COP-AO, e Assessor do ORAS-CONHU (Fundo de População das Nações Unidas).

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
Spanish
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
17:56

Portuguese, Brazilian subtitles

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