O poder da sedução na nossa vida quotidiana | Chen Lizra |TEDxVancouver

Um olhar sobre a sedução com referência especial a Cuba. A oradora afirma que usar a sedução adequadamente pode levar a uma melhor autoconfiança com todos os seus benefícios.

Esta palestra foi feita num evento TEDx, usando o formato das Conferências TED, mas organizado de forma independente por uma comunidade local. Saiba mais em: http://ted.com/tedx

(Música latino-americana)

(Risos)

(Música)

Homem: Vou para a sala verde
nas traseiras.

(Risos)

Se quiseres conversar, quando acabares.

Chen Lizra: Primeiro dá-me o sinalizador.

Homem: Ok. Obrigado.

CL: Uhhh!

CL: Estou a ver que não precisas
de um café, pois não?

Homem: Ok.

CL: Chamo-me Chen Lizra.

Sou dançarina, autora e empresária.

Comecei esta palestra
com uma dança de sedução

porque quero que primeiro
sintam a sedução,

para vos pôr — mais ou menos —
dentro do espírito.

Sinto um grande fascínio pela sedução,
não só quanto à dança e aos movimentos,

mas também com o modo
como podemos aplicá-la

de forma prática, na vida do dia-a-dia.

Desde 2005 que vou a Cuba, com frequência,

para treinar com os melhores
dançarinos profissionais.

Foi quando comecei a encarar a sedução
como uma valiosa aptidão da vida.

Sinto-me muito fascinada com a sedução.

mas, principalmente,
porque é uma coisa muito divertida.

Acredito mesmo que toda a gente
tem em si o poder de seduzir.

só precisamos de o libertar.

E também acho que precisamos
de desenvolver essa aptidão

desde tenra idade,

para que possa ajudar-nos
a ter mais êxito na vida.

Portanto, examinemos
a sedução por momentos,

e olhemos para a nossa perceção de sedução,

o que é que isso significa.

Quando ouvimos
a palavra "sedução" pela primeira vez,

temos uma série de noções erradas.

A palavra tem sido sexualizada
tantas vezes

que nem sequer conseguimos imaginá-la
como uma aptidão positiva.

Normalmente, associamos sedução
com qualquer coisa negativa,

porque consideramos que é uma forma
de influência menos honesta ou aceitável.

As pessoas que são seduzidas facilmente

sentem-se manipuladas,
até certo ponto, para a situação.

Quando pensamos nos papéis dos sexos,
nem sequer é uma questão

de que os homens têm muito mais liberdade
que as mulheres para seduzir.

E quando pensamos
em trabalho e sedução,

pensamos logo em subir na vida,
através da cama, e em não ser profissional.

Sabemos o que as pessoas dizem,
há quem diga que o dinheiro é mau,

mas o dinheiro em si mesmo
não é mau, pois não?

Acontece que o dinheiro dá-nos poder,

e o poder pode ser usado
para o bem ou para o mal;

depende do que somos por dentro.

Com a sedução, é exatamente a mesma coisa,

depende do nosso ADN e
do que escolhermos fazer com ela.

Eu escolhi fazer uma sedução requintada,

e acrescentá-la ao meu sentido
de lealdade e de integridade.

A sedução refere-se realmente
ao nosso poder considerável

que não estamos a usar,
que queremos libertar.

Iríamos dizer ao super-homem
para não deter uma bala?

Ou a um médico para não salvar uma vida?

Claro que não.

A sedução é encanto, ligação,

vulnerabilidade, orgulho,

autoconfiança e apelo.

Sou uma das pessoas com sorte
que passa a vida a ir a Cuba.

E tenho vindo a observar
essa cultura há muito tempo,

vendo como os cubanos
parecem estar conscientes

dos seus poderes de sedução.

Podemos dizê-lo de muitas maneiras,

Para mim, Cuba tem sido como
um "laboratório de sedução",

onde posso estudar a sedução
e perceber como eles a usam melhor.

Mas os cubanos não são
as únicas pessoas do mundo

que sabem como usar a sedução.

Podemos experimentá-la
noutros países do mundo:

em Israel, no Brasil e nos dominicanos
e em muitos outros países.

No entanto, em Cuba encontrei
uma combinação de coisas,

uma combinação de coisas muito especial,

que não encontrei
em mais parte nenhuma do mundo,

e hoje vou falar de algumas delas.

Provavelmente vão concordar comigo
quando eu digo

que as hipóteses de encontrar
este tipo de sedução abertamente

na América do Norte, é quase zero.

Acredito mesmo que podemos
aprender uma valiosa lição de vida

com os cubanos, sobre a vida e a sedução.

E, dito isto, se quisermos
tentar agarrar na sedução

e transformá-la numa espécie
de fórmula qualquer, qual seria ela?

Um: desejo — comecem a tomar notas!

Desejo significa saber o que queremos

e depois ter vontade de o obter.

Em Cuba, a rumba é um jogo de sedução
entre o homem e a mulher.

A mulher é a galinha coquete
e o rapaz é o galo sedutor.

A mulher usa o corpo
para seduzir o homem, dizendo:

"Queres? Vem buscá-lo".

Por outro lado, o rapaz usa o seu corpo

para demonstrar a sua masculinidade.

Vai tentar distraí-la.
Bum! Desencadeia um ataque.

(Risos)

Está a tentar galá-la e engravidá-la.

Ela repara no ataque, bloqueia-o,

faz troça dele por ele não ter conseguido,

e diz: "Não conseguiste. Tenta outra vez".

Os cubanos interagem nas ruas
todos os dias,

como se estivessem a jogar
o jogo da rumba.

Mantêm sempre viva uma tensão,
uma tensão sexual.

É como, quase conseguiste, mas não.

Mas se experimentares, talvez.

(Risos)

Manter vivo o "talvez"
é a arte de apresentar

possibilidades potenciais

e depois alimentá-las com o desejo.

Trata-se de aprender onde estão
os botões emocionais,

e depois acioná-los.

Quando há verdadeiro desejo,
mesmo que esteja escondido,

é possível atraí-lo.

Mas é preciso perceber
o que falta às outras pessoas,

e depois dar-lhes isso.

E, quando a coisa é bem feita,
é praticamente impossível dizer "não".

Número dois: confiança.

Uma forte autoconfiança
é essencial para a sedução.

Sem ela, não podemos ir atrás
do que queremos.

A nossa autoimagem forma-se
numa idade muito jovem

e é profundamente afetada
pelo nosso meio ambiente,

Os cubanos elogiam os seus filhos
desde tenra idade

para eles se sentirem confiantes
e gostarem do seu corpo

porque reconhecem que isso
é uma valiosa aptidão na vida.

Podemos vê-los na piscina no hotel,
a música é explosiva,

estão erotizados pela música,
e os pequenos estão ao pé deles.

Eles viram-se para eles e dizem:

"Que lindo!" ou "Que linda eres!"
— "És tão lindo!"

Juntem a isto que em Cuba
não há publicidade,

porque é um país comunista,

portanto não há nada
que distorça a imagem do corpo.

Os cubanos, ao contrário de nós,
não são afetados pelos "media"

para tentarem e pensarem
que precisam de um corpo perfeito.

Pelo contrário, a sua autoimagem
é formada pela beleza

que o seu meio lhes faz sentir,
e pelo grande amor que recebem em casa.

Em consequência disto tudo,

os cubanos crescem sentindo
um intenso orgulho e autoconfiança,

independentemente do tipo
ou da forma de corpo que possam ter.

E é este tipo de autoconfiança
que leva posteriormente

a como nos apresentamos
em todas as áreas da nossa vida

e ao êxito que temos.

Linguagem corporal.

Quando andamos nas ruas de Havana,

rapazes e raparigas
observam-se uns aos outros,

abertamente, todo o tempo.

Não tentam escondê-lo.

E os rapazes tratam as mulheres
por "Linda!", "Preciosa!"

E as mulheres respondem
com o que existe no seu corpo,

e como acentuam as suas curvas
quando andam,

porque sabem que estão
a ser observadas e admiradas,

e gostam disso.

Torna-se realmente fácil
seduzir e ser seduzido,

porque sabemos
o que a outra pessoa está a sentir.

A sedução também aparece
no tom da nossa voz,

no tipo de olhar que lançamos,
no que dizemos e como o dizemos

e, por vezes, acrescentando
mesmo um pequeno toque.

A linguagem corporal
é muito importante para a sedução

porque comunica à outra pessoa

o que queremos.

Número quatro: atração.

Para seduzir eficazmente alguém

tem que haver uma ativação da atração,

despertar-lhes o desejo
de nos darem o que queremos

e fazê-lo libertar-se.

Mas, primeiro, temos que nos ligar
e interagir com a outra pessoa.

Se assim não for,
como chegaremos ao seu coração?

E para que a sedução funcione realmente,

temos que lhe dar
a nossa exclusiva atenção, num momento.

Uma das coisas mais encantadores
que observei nos homens cubanos,

é como eles perseguem o que querem
totalmente indiferentes às consequências

de serem magoados ou de serem rejeitados.

Seduzirão uma mulher vezes sem conta,

tornando o seu sentimento
desejado e especial,

mesmo depois de ela dizer "não"
uma série de vezes,

insinuando-se lentamente no coração dela
e despertando esse desejo.

Num "não" havia um "talvez"
que se transforma num "sim".

É diabolicamente "sexy".

Esta indiferença pelo fracasso
é uma aptidão profundamente poderosa

que observei nalgumas
das pessoas mais sedutoras

que já conheci.

Mas elas podem fazê-lo

porque desenvolveram tanto
as suas intuições

que distinguem facilmente
entre um "não" que significa "não",

e um "não" que significa "talvez",

porque ninguém quer não aceitar
um "não" que signifique "não".

O que eu queria que vocês soubessem

é que toda a gente tem
o poder de sedução dentro de si.

O truque é aprender a usá-lo e quando.

A sedução é uma aptidão,
seja como for que a considerem.

Podem chamar-lhe: namoro, persuasão,

conquistar alguém, encantar,
isso não interessa.

Mas o que é, na verdade,
é usar todos os elementos

de que aqui falei na palestra,
que são, um: desejo, dois: confiança,

três: linguagem corporal, quatro: atração,

para construir a ligação
que nos dê o que queremos.

Também é importante não esquecer
que a sedução não é uma ciência,

mas uma arte, e aí reside a sua beleza,
provém do coração.

E, como qualquer arte, pode ser ensinada.

Mas, para conquistar
uma completa autoexpressão dela,

temos que dedicar-lhe tempo
para a dominar, e torná-la nossa.

A minha esperança é que todos vós
vejam a sedução

como uma valiosa aptidão de vida,
tal como eu aprendi.

Porque muita gente
perde essa atitude infantil

quando passam para a idade adulta,
e falta-lhes qualquer coisa.

E o mundo não será um local melhor
se não o fizermos.

Acredito que a sedução
leva à autoconfiança,

e a autoconfiança leva ao âxito
em todas as áreas da nossa vida.

Dominem a sedução e podem ter
tudo o que quiserem na vida.

Tudo.

Fiz um TED Talk, não fiz?

(Risos)

Obrigada.

(Aplausos)