Scott Fraser: Porque é que as testemunhas oculares se enganam?
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0:02 - 0:07O homicídio aconteceu há pouco mais de 21 anos,
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0:07 - 0:11a 18 de Janeiro de 1991,
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0:11 - 0:13numa pequena
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0:13 - 0:15zona residencial
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0:15 - 0:18de Lynwood, California, a poucos quilómetros
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0:18 - 0:21a sudoeste de Los Angeles.
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0:21 - 0:24O pai saiu de dentro de casa
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0:24 - 0:27para dizer ao filho adolescente e aos seus
cinco amigos -
0:27 - 0:30que já era hora de parar com a brincadeira
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0:30 - 0:33no jardim da frente e no passeio,
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0:33 - 0:36e vir para dentro, e acabar os trabalhos de casa,
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0:36 - 0:38e prepararem-se para ir para a cama.
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0:38 - 0:42Enquanto o pai estava a dar estas instruções,
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0:42 - 0:45um carro passou, devagar,
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0:45 - 0:48e assim que passou pelo pai e pelos adolescentes,
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0:48 - 0:52uma mão saiu da janela do passageiro da frente,
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0:52 - 0:57e - "Bang, Bang!" — matou o pai.
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0:57 - 1:01E o carro acelerou dali para fora.
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1:01 - 1:02A polícia,
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1:02 - 1:06os agentes encarregues da investigação, foram
espantosamente eficientes. -
1:06 - 1:09Tomaram em consideração todos
os habituais culpados, -
1:09 - 1:13e em menos de 24 horas tinham seleccionado
o seu suspeito: -
1:13 - 1:17Francisco Carrillo, um miúdo de 17 anos
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1:17 - 1:19que vivia a uns dois ou três quarteirões de
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1:19 - 1:22onde o incidente tinha ocorrido.
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1:22 - 1:26Encontraram fotos dele. Prepararam um conjunto
de fotos para comparação, -
1:26 - 1:30e no dia a seguir ao disparo,
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1:30 - 1:33mostraram-no a um dos adolescentes, e ele disse,
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1:33 - 1:35"É esta a foto.
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1:35 - 1:40"Foi este que eu vi a disparar e que matou o pai."
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1:40 - 1:43Era tudo o que um juiz, numa audiência preliminar,
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1:43 - 1:48precisava de ouvir, para levar o Sr. Carrillo a tribunal
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1:48 - 1:51por homicídio em primeiro grau.
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1:51 - 1:54Na investigação que se seguiu antes do
julgamento em si, -
1:54 - 1:57foram mostradas, a cada um dos cinco
outros adolescentes, -
1:57 - 2:02fotos, do mesmo conjunto de fotos para comparação.
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2:02 - 2:04A foto que podemos considerar ser mais provável
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2:04 - 2:07ter sido aquela que foi mostrada no conjunto de fotos
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2:07 - 2:10para comparação, está em baixo no canto esquerdo
destas fotos de pessoas presas pela polícia. -
2:10 - 2:14A razão por que não temos absoluta certeza
é por causa -
2:14 - 2:18da natureza da conservação das provas
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2:18 - 2:20no nosso sistema judicial,
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2:20 - 2:25mas isso é toda uma outra TEDxTalk
para mais tarde. (Risos) -
2:25 - 2:28Então, no julgamento em si,
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2:28 - 2:31todos os seis adolescentes testemunharam,
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2:31 - 2:35e indicaram as identificações que tinham feito
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2:35 - 2:38no conjunto de fotos para comparação.
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2:38 - 2:43Foi condenado. Recebeu sentença
de prisão perpétua, -
2:43 - 2:49e foi transportado para a Prisão Folsom.
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2:49 - 2:51Então, qual é o problema?
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2:51 - 2:55Francamente, julgamento justo,
investigação completa. -
2:55 - 2:59Ah, sim, nunca foi encontrada qualquer arma.
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2:59 - 3:03Nunca foi identificado qualquer veículo como sendo
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3:03 - 3:06aquele em que o atirador esticou o braço,
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3:06 - 3:10e nunca foi acusada qualquer pessoa
como tendo sido -
3:10 - 3:13o condutor do veículo do atirador.
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3:13 - 3:17E o álibi do Sr. Carrillo?
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3:17 - 3:22Quais dos pais aqui presentes na sala
não seriam capazes -
3:22 - 3:25de mentir quanto ao paradeiro do vosso filho
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3:25 - 3:29na investigação de um assassinato?
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3:31 - 3:34Enviado para a prisão,
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3:34 - 3:37insistiu de forma inflexível na sua inocência,
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3:37 - 3:42coisa que fez consistentemente durante 21 anos.
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3:42 - 3:45Então qual é o problema?
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3:45 - 3:48O problema, na verdade, para este tipo de casos
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3:48 - 3:52vem muitas vezes de décadas de pesquisa científica
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3:52 - 3:56envolvendo a memória humana.
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3:56 - 3:59Desde logo, temos toda a análise estatística
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3:59 - 4:01do trabalho do "Innocence Project,"
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4:01 - 4:04em que sabemos que temos, já uns
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4:04 - 4:07280 casos documentados em que as pessoas foram
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4:07 - 4:11condenadas erradamente e posteriormente
exoneradas, -
4:11 - 4:18algumas com pena de morte, com base
em posterior análise do ADN, -
4:18 - 4:21e sabemos que mais de três quartos de todos
estes casos -
4:21 - 4:28de exoneração envolveram apenas o depoimento da identificação por testemunhas oculares
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4:28 - 4:31durante o julgamento que levou à condenação.
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4:31 - 4:37Sabemos que as identificações de testemunhas
oculares são falíveis. -
4:37 - 4:39As outras vêm de um aspecto interessante
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4:39 - 4:42da memória humana que está relacionado
com várias funções cerebrais -
4:42 - 4:44mas, a bem da brevidade, posso aqui resumir tudo
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4:44 - 4:47numa simples frase:
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4:47 - 4:52O cérebro odeia o vácuo.
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4:52 - 4:56Debaixo das melhores condições de observação,
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4:56 - 4:57absolutamente as melhores,
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4:57 - 5:01apenas detectamos, codificamos e armazenamos
nos nossos cérebros -
5:01 - 5:05partes e pedaços da experiência inteira
à nossa frente, -
5:05 - 5:07e são armazenados em locais diferentes do cérebro.
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5:07 - 5:11Por isso agora, quando é importante para nós
sermos capazes de nos lembrarmos -
5:11 - 5:14o que foi que experienciamos,
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5:14 - 5:20temos algo incompleto, parcialmente armazenado,
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5:20 - 5:22e o que acontece?
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5:22 - 5:25Sob a consciência, sem o requisito para
qualquer tipo de -
5:25 - 5:30processamento motivado, o cérebro preenche
a informação -
5:30 - 5:32que não estava lá,
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5:32 - 5:35que não estava originalmente armazenada,
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5:35 - 5:37a partir de dedução, especulação,
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5:37 - 5:40de fontes de informação que vieram até nós,
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5:40 - 5:43o observador, depois da observação.
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5:43 - 5:45Mas isso acontece sem termos consciência,
de tal maneira -
5:45 - 5:49que nem sequer estamos cientes de ter ocorrido.
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5:49 - 5:51Chama-se a isso "memórias reconstruídas."
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5:51 - 5:56Acontece-nos em todos os aspectos
da nossa vida, a toda a hora. -
5:56 - 5:59Foram essas duas considerações, entre outras
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5:59 - 6:03— memórias reconstruídas, o facto de que as
testemunhas oculares não são confiáveis — -
6:03 - 6:07que foram parte da motivação
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6:07 - 6:09para um grupo de advogados de recurso,
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6:09 - 6:12liderados por uma extraordinária advogada,
chamada Ellen Eggers, -
6:12 - 6:17reunirem as suas experiências e talentos
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6:17 - 6:18e, junto de um tribunal superior, requererem
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6:18 - 6:23novo julgamento para Francisco Carrillo.
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6:23 - 6:28Mantiveram-me, como neurofisiologista forense,
-
6:28 - 6:30porque eu tinha o conhecimento técnico,
como especialista -
6:30 - 6:32em identificação através da memória das
testemunhas oculares, -
6:32 - 6:35o que, obviamente, faz sentido neste caso, certo?
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6:35 - 6:39Mas. também, porque tinha conhecimento
e poderia testemunhar -
6:39 - 6:43sobre a natureza da visão nocturna humana.
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6:43 - 6:46Bem, o que tem isso a ver com isto?
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6:46 - 6:49Bem, quando se lê todo o material
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6:49 - 6:52deste caso Carrillo,
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6:52 - 6:55uma das coisas que, subitamente,
nos impressiona, é que -
6:55 - 6:58os oficiais que investigaram, disseram que
havia boa luz -
6:58 - 7:02na cena do crime, durante os disparos.
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7:02 - 7:05Todos os adolescentes testemunharam
durante o julgamento -
7:05 - 7:09que conseguiam ver muito bem.
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7:09 - 7:12Mas isto ocorreu em meados de Janeiro,
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7:12 - 7:18no hemisfério norte, às 7 da noite.
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7:18 - 7:21Por isso fiz os cálculos
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7:21 - 7:23para a data lunar e a data solar
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7:23 - 7:26naquela localização na Terra na hora da ocorrência
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7:26 - 7:28dos disparos, certo,
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7:28 - 7:31e já passava à vontade do fim do crepúsculo civil
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7:31 - 7:33e não havia lua no céu naquela noite.
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7:33 - 7:35Por isso toda a luz nesta área do sol e da lua
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7:35 - 7:38é o que vêem neste mesmo ecrã.
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7:38 - 7:41A única luz naquela área tinha de vir
-
7:41 - 7:44de fontes artificiais,
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7:44 - 7:47e é aqui que eu saio e de facto faço a reconstrução
-
7:47 - 7:50da cena com fotómetros, com várias medidas
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7:50 - 7:52de iluminação e várias outras medidas de
-
7:52 - 7:56percepção de cor, juntamente com câmaras especiais
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7:56 - 7:58e filme de alta velocidade, certo?
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7:58 - 8:01Pego em todas as medições e registo-as, certo?
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8:01 - 8:03E a seguir tiro fotografias, e isto é como a cena
-
8:03 - 8:05seria à hora dos disparos
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8:05 - 8:07a partir da posição dos adolescentes
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8:07 - 8:11olhando para o carro a passar e disparar.
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8:11 - 8:13Isto é olhando directamente para a rua
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8:13 - 8:16a partir de onde eles estavam.
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8:16 - 8:18Lembrem-se, o relatório dos investigadores dizia
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8:18 - 8:20que havia boa luz.
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8:20 - 8:23Os adolescentes disseram que podiam ver
muito bem. -
8:23 - 8:26Isto é olhando para este,
-
8:26 - 8:30por onde o veículo que disparou fugiu
a alta velocidade, -
8:30 - 8:35e isto é a luz directamente por detrás do pai
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8:35 - 8:37e dos adolescentes.
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8:37 - 8:41Como podem ver, é, no máximo, fraca.
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8:41 - 8:45Ninguém vai chamar a isto, bem iluminado, boa luz,
-
8:45 - 8:48e de facto, por melhores que sejam estas imagens,
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8:48 - 8:51e a razão porque as tiramos é que eu sabia que
iria ter de testemunhar em tribunal, -
8:51 - 8:55e uma imagem vale mais que mil palavras
-
8:55 - 8:57quando se está a tentar comunicar números,
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8:57 - 9:00conceitos abstractos como lux, a medida
internacional de iluminação, -
9:00 - 9:05os valores do Teste de Percepção de Cor Ishihara.
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9:05 - 9:09Quando se apresenta isso a pessoas que
não são versadas -
9:09 - 9:12nesses aspectos da ciência, elas tornam-se
-
9:12 - 9:14salamandras, apáticas, ao sol do meio-dia. É como
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9:14 - 9:17falar sobre a tangente do ângulo visível, certo?
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9:17 - 9:20Os seus olhos ficam vidrados, certo?
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9:20 - 9:24Um bom perito forense tem também de ser
um bom educador, -
9:24 - 9:26um bom comunicador, e isso é parte da razão
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9:26 - 9:29porque tiramos as fotos, para mostrar não apenas
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9:29 - 9:31onde as fontes de luz estavam , e aquilo que
chamamos o "spill", -
9:31 - 9:34a distribuição, mas também para que seja mais fácil,
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9:34 - 9:38para quem vai de facto julgar, compreender
as circunstâncias. -
9:38 - 9:41Estas são algumas das imagens que eu, de facto,
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9:41 - 9:43usei quando testemunhei,
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9:43 - 9:45mas mais importante, para mim como cientista,
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9:45 - 9:47são aqueles registos, os registos do fotómetro,
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9:47 - 9:52que eu posso converter em verdadeiras previsões
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9:52 - 9:55da capacidade do olho humano
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9:55 - 9:58sob aquelas circunstâncias,
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9:58 - 10:01e a partir dos meus registos que eu obtive no local
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10:01 - 10:04sob as mesmas condições solares e lunares
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10:04 - 10:07à mesma hora, e etc, certo,
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10:07 - 10:08pude prever
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10:08 - 10:10que não haveria percepção de cor fidedigna,
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10:10 - 10:12o que é crucial para o reconhecimento facial,
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10:12 - 10:15e que haveria apenas visão escotópica,
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10:15 - 10:17o que significa que haveria muito pouca resolução
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10:17 - 10:19o que chamamos detecção no limite,
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10:19 - 10:21e que além disso, porque os olhos estavam
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10:21 - 10:25completamente dilatados sob esta luz,
a profundidade de campo, -
10:25 - 10:28a distância a que conseguimos focar e ver detalhes,
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10:28 - 10:34teria sido de menos de 46 centímetros.
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10:34 - 10:36Foi isso que testemunhei no tribunal,
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10:36 - 10:39e embora o juiz estivesse muito atento,
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10:39 - 10:41tinha sido uma audição muito, muito longa
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10:41 - 10:46para este requerimento de novo julgamento,
e como resultado, -
10:46 - 10:48notei pelo canto do olho
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10:48 - 10:52que pensei que talvez o juiz fosse precisar
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10:52 - 10:54mais alguma coisa
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10:54 - 10:56do que apenas de mais números.
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10:56 - 10:59E foi aqui que me tornei um pouco audaz,
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10:59 - 11:00e virei-me
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11:00 - 11:03e perguntei ao juiz,
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11:03 - 11:05disse: "Excelência, penso que deveria sair
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11:05 - 11:08"e olhar a cena em pessoa."
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11:08 - 11:11Ora, eu posso ter usado um tom que
foi mais de desafio -
11:11 - 11:13do que de pedido... (Risos)
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11:13 - 11:18...mas, de qualquer maneira, é graças
a este homem e à sua coragem -
11:18 - 11:21que ele disse: "Sim, eu vou."
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11:21 - 11:25Um choque na jurisprudência americana.
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11:25 - 11:28Por isso de facto, encontramos condições idênticas,
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11:28 - 11:30reconstruímos tudo outra vez,
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11:30 - 11:34ele saiu com uma brigada inteira de agentes do xerife
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11:34 - 11:39para o proteger nesta comunidade, certo? (Risos)
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11:39 - 11:44Colocámo-lo, de facto, ligeiramente mais para a rua,
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11:44 - 11:47por isso mais perto do veículo suspeito,
o veículo do atirador, -
11:47 - 11:50do que estavam de facto os adolescentes,
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11:50 - 11:52por isso ele ficou a um par de metros da berma
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11:52 - 11:55virado para o meio da rua.
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11:55 - 11:58Fizemos vir um carro,
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11:58 - 12:03um carro idêntico ao descrito pelos
adolescentes, certo? -
12:03 - 12:05Tinha um condutor e um passageiro,
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12:05 - 12:08e depois de o carro ter passado pelo juiz,
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12:08 - 12:12o passageiro esticou a mão,
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12:12 - 12:16apontou-a ao juiz enquanto o carro seguia,
-
12:16 - 12:19tal como os adolescentes tinham descrito, certo?
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12:19 - 12:22Ora bem, ele não usou uma arma verdadeira
na sua mão, -
12:22 - 12:24por isso tinha um objecto preto na mão
que era semelhante -
12:24 - 12:26à arma que foi descrita.
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12:26 - 12:29Apontou-a, e isto foi o que o juiz viu.
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12:29 - 12:36Isto é o carro a 9 metros do juiz.
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12:36 - 12:39Há uma arma a sair do lado do passageiro
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12:39 - 12:41e apontada na nossa direcção.
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12:41 - 12:43É a 9 metros de distância.
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12:43 - 12:45Alguns dos adolescentes disseram que,
na realidade, o carro -
12:45 - 12:48estava a 4,5 metros quando se deu o disparo.
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12:48 - 12:52Ok. Isto é a 4,5 metros.
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12:52 - 12:56Nesta altura, fiquei um pouco preocupado.
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12:56 - 13:00Este juiz, não queiram jogar poker com ele.
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13:00 - 13:05Foi completamente estóico. Não consegui ver um
simples estremecer de uma sobrancelha. -
13:05 - 13:08Não consegui ver o mais leve acenar de cabeça.
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13:08 - 13:12Não tinha qualquer noção de como ele estava
a reagir a isto, -
13:12 - 13:15e depois de ele olhar para esta reconstituição,
-
13:15 - 13:16vira-se para mim e diz:
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13:16 - 13:19"Há mais alguma coisa que quer que eu veja?"
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13:19 - 13:23Eu disse: "Excelência" — e não sei se me sentia
-
13:23 - 13:26encorajado pelas medições científicas que tinha
-
13:26 - 13:30no meu bolso, e o meu conhecimento de que
eram exatas, -
13:30 - 13:32ou se foi pura estupidez,
-
13:32 - 13:35o que foi o que os advogados de defesa pensaram...
(Risos) -
13:35 - 13:37...quando me escutaram dizer:
-
13:37 - 13:40"Sim, Excelência, quero que fique neste preciso lugar
-
13:40 - 13:44"e quero que o carro dê outra volta ao quarteirão
-
13:44 - 13:47"e quero que regresse e quero que pare
-
13:47 - 13:51"mesmo à sua frente, a cerca de um metro,
-
13:51 - 13:55"e quero que o passageiro estique a sua mão
-
13:55 - 13:57"com um objecto preto e o aponte a si,
-
13:57 - 14:03"e pode olhar durante quanto tempo quiser."
-
14:03 - 14:07E foi isto que ele viu. (Risos)
-
14:07 - 14:11Irão notar, algo que também estava no meu
relatório de teste, -
14:11 - 14:14toda a luz dominante vem do lado norte,
-
14:14 - 14:15o que significa que o rosto do atirador ficaria
-
14:15 - 14:18obscurecido. Teria ficado em contra-luz.
-
14:18 - 14:20Para além disso, o tecto do carro
-
14:20 - 14:24causa o que chamamos uma nuvem de sombra
dentro do carro -
14:24 - 14:27o que o torna mais escuro.
-
14:27 - 14:32E isto é a cerca de um metro de distância.
-
14:32 - 14:35Porque é que eu arrisquei?
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14:35 - 14:39Eu sabia que a profundidade de campo era
de 45 cm ou menos. -
14:39 - 14:41Um metro, bem poderia ter sido
-
14:41 - 14:45a distância de um campo de futebol.
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14:45 - 14:47Foi isto que ele viu.
-
14:47 - 14:51Ele regressou, houve mais alguns dias em que se
-
14:51 - 14:53escutou provas. No final,
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14:53 - 14:56ele decidiu que iria conceder
-
14:56 - 14:59um novo julgamento.
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14:59 - 15:02E além disso, libertou o Sr. Carrillo
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15:02 - 15:05para que ele pudesse ajudar na preparação
da sua própria defesa -
15:05 - 15:11se a acusação decidisse voltar a julgá-lo.
-
15:11 - 15:13Coisa que decidiram não fazer.
-
15:13 - 15:18Ele é agora um homem livre. (Aplausos)
-
15:18 - 15:22(Aplausos)
-
15:22 - 15:27Aqui está ele a abraçar a avó da sua namorada.
-
15:27 - 15:31Ele... A sua namorada estava grávida
quando ele foi para tribunal, -
15:31 - 15:35certo? E ela teve um pequeno bebé, um menino.
-
15:35 - 15:38Ele e o seu filho estão ambos agora a ter aulas na
-
15:38 - 15:44Universidade do Estado da Califórnia Long Beach.
(Aplausos) -
15:44 - 15:48E o que é que este exemplo...
-
15:48 - 15:52...o que é que é importante, para nós
mantermos em mente? -
15:52 - 15:56Primeiro que tudo, há uma longa história de antipatia
-
15:56 - 15:58entre a ciência e a lei
-
15:58 - 16:01na jurisprudência americana.
-
16:01 - 16:04Poderia deliciar-vos com histórias de ignorância
-
16:04 - 16:08através de décadas de experiência como
perito forense -
16:08 - 16:13em simplesmente tentar levar a ciência
à sala do tribunal. -
16:13 - 16:18A parte oposta sempre a combatê-la e
a opôr-se a ela. -
16:18 - 16:21Uma sugestão é que todos nós nos tornemos
muito mais -
16:21 - 16:24conscientes da necessidade, através de políticas,
-
16:24 - 16:26através de procedimentos,
-
16:26 - 16:29de ter mais ciência na sala do tribunal,
-
16:29 - 16:32e penso que um grande salto final nessa direcção
-
16:32 - 16:33é mais requisitos,
-
16:33 - 16:36com o devido respeito para com as faculdades de Direito,
-
16:36 - 16:41de Ciência, Tecnologia, Engenharia, Matemática,
-
16:41 - 16:43para qualquer pessoa que vá para Direito,
-
16:43 - 16:47porque são eles que se tornam juízes.
-
16:47 - 16:50Pensem sobre como seleccionamos os nossos
juízes neste país. -
16:50 - 16:53É muito diferente da maior parte das outras
culturas. Certo? -
16:53 - 16:55O que também queria sugerir,
-
16:55 - 16:58o cuidado que todos nós temos de ter,
-
16:58 - 17:00tenho constantemente de me lembrar,
-
17:00 - 17:03sobre realmente quão precisas são as memórias
-
17:03 - 17:08que sabemos ser verdadeiras, nas quais
acreditamos? -
17:08 - 17:12Há décadas de pesquisa,
-
17:12 - 17:16exemplos e exemplos de casos como este,
-
17:16 - 17:18em que indivíduos
-
17:18 - 17:21realmente, realmente acreditam. Nenhum
dos adolescentes -
17:21 - 17:23que o identificaram
-
17:23 - 17:26pensava que estava a identificar a pessoa errada.
-
17:26 - 17:30Nenhum deles pensava que não podia ver
o rosto da pessoa. -
17:30 - 17:32Todos temos de ser muito cuidadosos.
-
17:32 - 17:35Todas as nossas memórias são memórias
reconstruídas. -
17:35 - 17:38São o produto do que experienciámos originalmente
-
17:38 - 17:41e de tudo o que aconteceu a seguir.
-
17:41 - 17:43São dinâmicas.
-
17:43 - 17:45São maleáveis. São voláteis,
-
17:45 - 17:49e como resultado, todos temos de nos lembrar
de ser cautelosos, -
17:49 - 17:52porque a precisão das nossas memórias
-
17:52 - 17:56não é medida por quão nítidas elas são
-
17:56 - 18:01ou quão certos nós estamos de elas
serem correctas. -
18:01 - 20:30Obrigado. (Aplausos)
- Title:
- Scott Fraser: Porque é que as testemunhas oculares se enganam?
- Speaker:
- Scott Fraser
- Description:
-
Scott Fraser estuda a forma como os humanos se lembram dos crimes — e como os testemunham. Nesta impressionante palestra, que se foca num tiroteio mortal ao pôr-do-sol, sugere que mesmo as testemunhas oculares mais próximas do crime podem criar "memórias" do que não poderiam ter visto. Porquê? Porque o cérebro odeia o vácuo.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 20:50
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Isabel Vaz Belchior approved Portuguese subtitles for Why eyewitnesses get it wrong | |
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Isabel Vaz Belchior accepted Portuguese subtitles for Why eyewitnesses get it wrong | |
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Isabel Vaz Belchior edited Portuguese subtitles for Why eyewitnesses get it wrong | |
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Isabel Vaz Belchior edited Portuguese subtitles for Why eyewitnesses get it wrong | |
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Sara Oliveira commented on Portuguese subtitles for Why eyewitnesses get it wrong | |
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Nuno Miranda Ribeiro commented on Portuguese subtitles for Why eyewitnesses get it wrong |