A identidade leta | Vaira Vike-Freiberga | TEDxRiga
-
0:22 - 0:23Senhoras e senhores,
-
0:23 - 0:29estou aqui representando
o elemento terra e a identidade leta. -
0:30 - 0:33Mas a pessoa que está aqui na sua frente
-
0:33 - 0:39deixou a sua cidade natal,
Riga, aos seis anos -
0:39 - 0:43para retornar somente aos 60,
-
0:44 - 0:48e ser eleita presidente oito meses depois.
-
0:48 - 0:53Presidente de um país sem nunca
ter pertencido a um partido político, -
0:53 - 0:58sem ter feito uma campanha eleitoral,
-
0:58 - 1:02que geralmente pensamos
ser parte do processo democrático, -
1:02 - 1:06sem ter gasto um centavo
em despesas eleitorais. -
1:06 - 1:10Não é exatamente o caminho político usual.
-
1:11 - 1:16Entretanto, o caminho que eu segui
-
1:16 - 1:21me proporcionou algumas experiências
e conhecimento únicos. -
1:21 - 1:24E é isso que quero compartilhar com vocês,
-
1:24 - 1:29apesar do fato de que a terra onde nasci,
-
1:29 - 1:33o chão onde meus pés caminharam
durante a maior parte da minha vida, -
1:33 - 1:36não eram aqueles da minha terra natal,
-
1:36 - 1:42mas espalhados por seis países distintos
-
1:42 - 1:44em três continentes,
-
1:44 - 1:46num percurso
-
1:46 - 1:50no qual tive que aprender
cinco idiomas diferentes -
1:50 - 1:54e abandonar pelo caminho
alguns que não consegui dominar. -
1:54 - 1:59Como, num percurso estranho assim,
-
1:59 - 2:02alguém se tornar presidente de um país
-
2:02 - 2:05e ser especialista em sua identidade
-
2:05 - 2:08pode parecer um paradoxo,
-
2:08 - 2:13mas é um dos três principais
modelos de identidade -
2:13 - 2:20que a nação leta desenvolveu
devido a eventos históricos -
2:20 - 2:24como consequência
da Segunda Guerra Mundial. -
2:25 - 2:30Depois da primeira ocupação
e anexação pela União Soviética, -
2:30 - 2:32a ocupação nazista que se seguiu,
-
2:32 - 2:37o envolvimento dos letões
em ambos os lados da guerra -
2:37 - 2:39contra convenções internacionais,
-
2:39 - 2:42e então, três modelos foram desenvolvidos.
-
2:42 - 2:46Alguns, como meus pais e os do meu marido,
-
2:46 - 2:51partiram para o exílio com seus filhos,
na esperança de retornar -
2:51 - 2:54quando a comunidade internacional
determinasse novamente -
2:54 - 2:56a independência da Letônia,
-
2:56 - 2:57o que, é claro, não aconteceu.
-
2:57 - 3:02Os coitados nunca
ouviram falar dos protocolos -
3:02 - 3:04do Pacto de Molotov-Ribbentrop
-
3:04 - 3:09e, menos ainda, de Yalta e Teerã
onde os aliados estavam envolvidos. -
3:09 - 3:15O segundo modelo foi daqueles
que foram deportados para a Sibéria. -
3:15 - 3:19Suas vidas foram registradas
em filmes e documentários, -
3:19 - 3:24que vocês terão a oportunidade
de ver se estiverem na Letônia -
3:24 - 3:29durante o nosso Festival da Canção
que acontecerá em algumas semanas. -
3:29 - 3:32Por fim, a maioria das pessoas
permaneceu aqui na Letônia, é claro, -
3:32 - 3:37mas ficaram aqui em um país
submisso a um governo totalitário, -
3:37 - 3:40à ocupação estrangeira e presença militar,
-
3:40 - 3:44e a uma ideologia
e um sistema econômico impostos. -
3:45 - 3:48Eu falo, é claro, a partir
de uma certa perspectiva. -
3:48 - 3:51Primeiro daqueles que foram para o exílio,
-
3:51 - 3:54mas também daqueles que retornaram
-
3:54 - 3:59e tentaram curar as várias partes
separadas da nossa nação, -
4:00 - 4:03os galhos que foram cortados
da árvore comum, -
4:03 - 4:08para lembrar a todos que eles cresceram
do mesmo solo histórico, -
4:08 - 4:11do mesmo passado,
das mesmas tradições culturais, -
4:11 - 4:16e que é tudo isso que essencialmente
nos garante nossa identidade. -
4:16 - 4:21Mas a minha própria formação
de identidade não foi um caminho fácil, -
4:21 - 4:25e foi por isso que passei
muito do meu tempo livre -
4:25 - 4:28junto à minha carreira acadêmica,
-
4:28 - 4:34como uma contribuinte dedicada
e de êxito razoável na academia canadense. -
4:34 - 4:40Eu passei muito do meu tempo
me esforçando para criar meus filhos -
4:40 - 4:44nascidos no exterior,
do ponto de vista da Letônia, -
4:44 - 4:48nascidos em Montreal, canadenses natos,
-
4:48 - 4:49E mais:
-
4:49 - 4:53os filhos de muitos letões
em diferentes continentes -
4:53 - 4:58América do Sul, Austrália, Europa,
Estados Unidos, Canadá -
4:58 - 5:04e tentar inculcar neles um senso
do significado de ser letão e o porquê. -
5:04 - 5:10E cheguei à conclusão que identidade
é um processo complexo, -
5:11 - 5:13que ser um letão,
-
5:13 - 5:18ou alemão, americano, chinês,
ou qualquer outro, -
5:19 - 5:24é apenas uma das camadas de algo
como uma cebola da sua personalidade, -
5:24 - 5:28que cada um de vocês, cada um de nós,
-
5:29 - 5:33é parte de muitos grupos,
-
5:33 - 5:38conglomerados, associações, identidades.
-
5:39 - 5:41Pertencemos a muitas pessoas
-
5:41 - 5:46com as quais nos identificamos
de múltiplas formas. -
5:46 - 5:52Somos, de fato, mais como o bulbo
de um lírio do que o de uma cebola. -
5:52 - 5:55Lírios têm essas diferentes escamas
-
5:55 - 5:58que representam diferentes aspectos
de nossa personalidade. -
5:58 - 6:03Mas existem alguns elementos essenciais
da identidade que permanecem constantes. -
6:03 - 6:07Um deles é o que chamo de automático.
-
6:08 - 6:14A identidade natural que as crianças
adquirem à medida que crescem -
6:14 - 6:20e se socializam com suas famílias
e o ambiente a sua volta, -
6:20 - 6:22a família estendida, se a têm,
-
6:22 - 6:25e depois o jardim de infância, a escola,
-
6:25 - 6:28as outras crianças da rua,
a sociedade em geral, -
6:28 - 6:31e atualmente, cada vez mais,
-
6:31 - 6:36os meios eletrônicos de comunicação
de todos os tipos. -
6:36 - 6:39A criança desenvolve
um senso de si própria. -
6:39 - 6:44Cada criança se olha no espelho e,
em algum momento, diz: -
6:44 - 6:50"Essa é a pequena Annie",
ou a pequena Susie, ou o pequeno Tommy. -
6:50 - 6:54Eles sabem que estão vendo a si próprios
-
6:54 - 6:57e adquirem um senso de quem são.
-
6:57 - 7:01Mas é muito mais tarde
que esse senso pessoal de pertencimento, -
7:01 - 7:05de pertencer ao papai e à mamãe,
ou ao vovô, ou à vovó, -
7:05 - 7:09ou de viver em uma determinada rua,
ou uma determinada região, -
7:09 - 7:12se estende para um grupo maior.
-
7:12 - 7:16E isso acontece, mais cedo ou mais tarde,
dependendo das circunstâncias. -
7:16 - 7:18Para a minha geração,
como crianças no exílio, -
7:18 - 7:24quando encontramos pela primeira vez
crianças de outras nacionalidades -
7:24 - 7:28desenvolvemos o que chamo
de identidade reativa. -
7:28 - 7:31Quando alguém aponta o dedo para você
-
7:31 - 7:34e te chama de estrangeiro fedorento,
ou polonês fedorento, e você diz: -
7:34 - 7:37"Ei, não sou polonês, sou letão",
-
7:37 - 7:41você se dá conta de quem você é,
quer queira ou não. -
7:41 - 7:45Algumas vezes você gosta porque
eles brincam com você e são amigáveis, -
7:45 - 7:47e às vezes você não gosta,
-
7:47 - 7:51porque eles jogam pedras em você,
correm atrás de você e tentam lhe bater. -
7:51 - 7:54E você descobre
que nem todas as pessoas são iguais, -
7:54 - 7:59e mesmo no seu próprio povo
há alguns que, por exemplo, -
7:59 - 8:04no meu caso, em uma escola leta
em um campo de refugiados na Alemanha, -
8:04 - 8:08alguns eram mais amigáveis do que outros,
e assim acontece com estrangeiros. -
8:08 - 8:11Mas quando fiz amizade
com uma garota estoniana -
8:11 - 8:13que usava um gorro tricotado diferente
-
8:13 - 8:17com um padrão geométrico
e um tipo de coroa no topo, -
8:17 - 8:22parecido com o de Ana Bolena,
se você lembrar de seus retratos, -
8:22 - 8:24mas um gorro tricotado
com padrões geométricos, -
8:24 - 8:28eu achei bonitinho e lhe perguntei:
"Por que você usa esse gorro, -
8:28 - 8:31e as outras garotas estonianas
também usam gorros assim?" -
8:31 - 8:32Eu os achava bonitos.
-
8:32 - 8:35Ela disse: "Todos os estonianos usam".
-
8:35 - 8:39E quando perguntei à minha mãe
se poderia ter um gorro igual, -
8:39 - 8:43ela disse: "Estonianos
os usam, letões não". -
8:43 - 8:46Por mais que eu gostasse do gorro,
-
8:46 - 8:48me foi dito: "Não, você não é estoniana,
-
8:48 - 8:52isso é para meninas estonianas,
meninas letas não usam esses gorros." -
8:52 - 8:56Mais tarde, espalhando-se
por diferentes continentes -
8:56 - 8:59porque os campos de refugiados
tinham sido fechados na Alemanha, -
8:59 - 9:04houve muitas histórias
muito tristes, quase trágicas, -
9:04 - 9:08de meninas indo à escola,
digamos no interior dos EUA, -
9:08 - 9:12e suas mães lhes dizendo
que garotinhas decentes, -
9:12 - 9:17quando vão à escola, têm que usar
longas tranças com fitas -
9:17 - 9:20e vestidos com colarinhos
e punhos brancos. -
9:20 - 9:23Quando chegaram à escola
ficaram chocadas em ver -
9:23 - 9:25que todos apontavam para elas
-
9:25 - 9:29e que elas eram totalmente diferentes
das outras garotas da escola. -
9:30 - 9:34Quando elas disseram para suas mães
que as americanas não se vestiam assim, -
9:34 - 9:35as mães responderam:
-
9:35 - 9:37"Mas vocês não são americanas,
vocês são letãs." -
9:37 - 9:41E a pobre criança tinha que escolher
-
9:41 - 9:44entre continuar sendo diferente
e obedecer à mamãe -
9:44 - 9:47e permanecer na comunidade leta,
-
9:47 - 9:51ou se rebelar tão logo
sua idade o permitisse -
9:51 - 9:54e voltar as costas para a sociedade leta
e para a identidade leta, -
9:54 - 9:57e esquecer tudo isso
o mais rápido possível. -
9:57 - 9:59Eu passei a minha vida
-
9:59 - 10:04tentando convencer jovens de origem leta,
-
10:04 - 10:06começando pelos meus próprios filhos,
-
10:06 - 10:10mas também convencer a mim mesma
enquanto crescia -
10:10 - 10:15já que eu mesma cresci no exterior
e não em meu país natal, -
10:15 - 10:19que havia uma terceira forma
de identidade, de livre escolha. -
10:19 - 10:23E é essa que você se dá conta
quando pertence a um certo grupo, -
10:23 - 10:28seja um grupo étnico,
de herança cultural ou linguístico. -
10:28 - 10:30Você pode defini-lo de diferentes formas,
-
10:30 - 10:36mas ele abre portas que,
de outra forma, estariam fechadas. -
10:36 - 10:39Que aprender o idioma leto,
-
10:39 - 10:43falado por tão poucas pessoas no mundo,
-
10:43 - 10:47você se daria melhor
aprendendo chinês, sem dúvida, -
10:47 - 10:51mas pela sua identidade,
pelo seu sentimento de bem-estar, -
10:51 - 10:55pelas suas raízes estarem
acessíveis para você, -
10:55 - 11:00por aquela sensação
de pertencer a uma comunidade -
11:00 - 11:04em que você tem direito por nascimento,
-
11:04 - 11:09é algo que não pode ser substituído
por nenhuma outra coisa. -
11:09 - 11:11Você pode se tornar um novo canadense,
-
11:11 - 11:15um cidadão americano naturalizado,
-
11:15 - 11:19pode viajar para muitos países
e viver uma boa vida, -
11:19 - 11:21e casar com uma pessoa local e se adaptar.
-
11:21 - 11:23E encontrei muitos letões que disseram:
-
11:23 - 11:26"Eu casei com uma americana,
me apaixonei por ela, -
11:26 - 11:30mas ela não gostava
que eu saísse com outros letões -
11:30 - 11:33para eventos letos.
-
11:33 - 11:36Ela queria que eu os renegasse,
e eu achava que ela -
11:36 - 11:39estava se voltando
contra a minha identidade. -
11:39 - 11:42Ela estava se voltando contra quem sou".
-
11:42 - 11:45Mas quem sou não é definido
tão facilmente. -
11:45 - 11:49Uma das coisas que acho
que define quem sou no sentido étnico -
11:49 - 11:52é a herança cultural, é claro,
-
11:52 - 11:56da qual o conhecimento
do idioma, da história, -
11:56 - 11:58em nosso caso, do folclore,
-
11:58 - 12:00já que ele é uma grande parte
da nossa herança. -
12:00 - 12:05Essas são as riquezas
que estão disponíveis -
12:05 - 12:09para aqueles que desejam
pertencer à nação leta -
12:09 - 12:14sem precisar fazer uma escolha forçada.
-
12:14 - 12:20Sendo diferente dos outros,
você pode facilmente se misturar. -
12:20 - 12:24Quando você é um letão, pode se misturar
sem esforço em muitos países. -
12:24 - 12:28Ninguém vai olhar para você e saber
que você é um letão, ou tem origem leta. -
12:28 - 12:30Mas você pode manter,
-
12:30 - 12:34e é disso que tento
convencer muitos jovens -
12:34 - 12:38com quem tenho contato em vários países,
-
12:38 - 12:41você pode manter isso
como um jardim secreto: -
12:41 - 12:44a identidade leta que é a sua própria.
-
12:44 - 12:50E que, é claro, ficaremos muito felizes
de compartilhar com o resto do mundo, -
12:50 - 12:54se, de alguma forma, pudéssemos
ajudá-los a superar a barreira do idioma -
12:54 - 12:58e eles pudessem conhecer
o que ela tem a oferecer. -
12:58 - 13:01No meu caso, eu também fiz isso.
-
13:01 - 13:06Fiz meus pequenos esforços,
-
13:06 - 13:11escrevendo artigos acadêmicos e livros
-
13:11 - 13:15sobre a herança e a identidade letas
-
13:15 - 13:19e, especialmente,
sobre nossas canções folclóricas -
13:19 - 13:22e o que as faz tão extraordinárias,
-
13:22 - 13:24tão especiais,
-
13:24 - 13:29e por que vale a pena
conhecê-las e analisá-las. -
13:29 - 13:34E consideradas como herança
imaterial internacional -
13:34 - 13:38reconhecida pela UNESCO há vários anos.
-
13:39 - 13:43Para aqueles de vocês que estarão
na Letônia nas próximas semanas, -
13:43 - 13:48eu recomendo muito
ir ao Festival da Canção Leta, -
13:49 - 13:52assistir na televisão ou em vídeo.
-
13:52 - 13:54O que vemos no Festival da Canção Leta
-
13:54 - 14:00é algo que simboliza a tradição de cantar,
-
14:00 - 14:04que tem sido um pilar da identidade leta
-
14:04 - 14:06por muitos séculos,
-
14:06 - 14:10mesmo antes que a Letônia
se tornasse uma nação. -
14:10 - 14:11No século 19,
-
14:12 - 14:17quando os letões eram, em grande parte,
uma classe oprimida da sociedade, -
14:18 - 14:22eles começaram a cantar em corais.
-
14:22 - 14:25Quando os corais
se reuniram regionalmente -
14:26 - 14:29e organizaram festivais,
-
14:29 - 14:32perceberam que uma filha
-
14:33 - 14:36tinha nascido em Riga e outra em Valmiera,
-
14:36 - 14:38mas eles cantavam a mesma canção,
-
14:38 - 14:42e se fizeram a mesma pergunta
presente em uma das canções folclóricas: -
14:42 - 14:45"São elas filhas da mesma mãe?"
-
14:45 - 14:49E sim, elas são filhas da mesma mãe
que é a nação leta. -
14:49 - 14:54O ato de cantarem juntas foi o elemento
que permitiu que se tornassem -
14:54 - 14:57mais conscientes da identidade leta.
-
14:58 - 15:01E permitiu que se tornassem
mais conscientes das riquezas -
15:01 - 15:04que essa identidade oferecia a eles,
-
15:04 - 15:08bem diferente da condescendência
-
15:08 - 15:13e da depreciação que haviam sofrido
-
15:13 - 15:18nas mãos daqueles que ocupavam
os níveis mais altos da sociedade -
15:18 - 15:22nas várias forças de ocupação
ao longo dos séculos. -
15:22 - 15:27Os letões recuperaram
o senso do orgulho de si próprios, -
15:27 - 15:32não apenas a sua consciência como nação.
-
15:33 - 15:36E por meio dessa consciência,
eles se deram conta -
15:36 - 15:39de que, como uma nação,
-
15:39 - 15:43têm os mesmos direitos
de outras nações do mundo todo. -
15:43 - 15:46E, de muitas formas, reunir-se e cantar
-
15:46 - 15:49levou ao pensamento
de uma Letônia independente, -
15:49 - 15:51a criação de uma nação leta independente,
-
15:51 - 15:57e a tradição que conseguiu sobreviver
a tantas ocupações estrangeiras, -
15:57 - 16:01a várias ideologias impostas,
-
16:01 - 16:07que conseguiu sobreviver na Austrália,
na América, em outras partes da Europa, -
16:07 - 16:10por trás da Cortina de Ferro,
do outro lado. -
16:11 - 16:16A tradição que nos ajudou
a manter nossas raízes, -
16:17 - 16:19nossa ligação com o passado,
-
16:19 - 16:24nossa percepção de herança e direito
-
16:24 - 16:27do que significa para nós ser letão.
-
16:27 - 16:32E esse senso de direito, é claro,
nos torna europeus por completo. -
16:32 - 16:34É por isso que, como presidente,
-
16:34 - 16:40trabalhei tanto pra garantir que a Letônia
se tornasse membro da União Europeia. -
16:40 - 16:44É por isso que,
desde que deixei a presidência, -
16:44 - 16:47tenho sido uma defensora
tão entusiasta da unidade europeia. -
16:47 - 16:51Mas devo dizer que, além disso,
-
16:51 - 16:56vejo que da minha experiência
como presidente de uma nação -
16:56 - 17:02adquiri conhecimentos válidos
em qualquer outra parte do mundo, -
17:03 - 17:07e faço parte de pelo menos três clubes
diferentes e muitas organizações -
17:07 - 17:10com escopo internacional,
-
17:10 - 17:13que se preocupam com a condição da mulher,
-
17:13 - 17:17com a transição democrática
em vários países, -
17:17 - 17:21e me encontro agora,
com a minha identidade leta, -
17:22 - 17:25trabalhando nos campos do Senhor,
-
17:25 - 17:29que são aqueles de um cidadão do mundo.
-
17:29 - 17:34Como Ulisses, tendo retornado
à minha terra natal, -
17:34 - 17:39tendo sido capaz de expressar
verdadeiramente a minha identidade leta -
17:39 - 17:44de uma forma que me foi predestinada
por ter nascido aqui, -
17:44 - 17:50eu me torno uma europeia convicta,
-
17:50 - 17:55mas, mais do que tudo,
acho que todas essas experiências, -
17:55 - 17:59as da minha nação
e as minhas como indivíduo, -
17:59 - 18:05as dos meus compatriotas que sofreram
por terem sido deportados ou reprimidos, -
18:05 - 18:07todo esse sofrimento,
-
18:07 - 18:11pelo qual outras nações passaram,
tanto na Europa como em outros lugares, -
18:11 - 18:15contribuíram em cada caso
-
18:15 - 18:20para desenvolver nosso próprio
senso de humanidade. -
18:20 - 18:22E vou deixá-los com esse pensamento:
-
18:22 - 18:27seja qual for a sua identidade,
-
18:27 - 18:31ela deve começar por um senso
de valor intrínseco -
18:31 - 18:35como pessoa, como um ser humano,
-
18:35 - 18:38como um cidadão do mundo,
-
18:38 - 18:40como um membro da raça humana.
-
18:40 - 18:45É esse pertencimento,
esse senso de irmandade, -
18:45 - 18:49com pessoas que podem se parecer
totalmente diferente de vocês -
18:49 - 18:52que podem ter valores diferentes,
-
18:52 - 18:54experiências diferentes, com certeza,
-
18:54 - 18:56mas que, no final das contas,
-
18:56 - 19:01trilham o mesmo caminho
de todos os seres humanos. -
19:01 - 19:05Do nascimento, através do desenvolvimento,
-
19:05 - 19:10crescimento, uma carreira, experiências,
alegrias e sofrimentos, -
19:10 - 19:13e então, é claro, deixamos o palco
como disse Shakespeare, -
19:13 - 19:16tendo sido apenas atores no palco.
-
19:16 - 19:20Desejo a todos que passem a vida
-
19:20 - 19:23buscando por aquele solo firme
debaixo de seus pés -
19:23 - 19:26que é o que a identidade lhes dá.
-
19:26 - 19:31E lembrem-se, vocês não têm
apenas uma, mas muitas identidades. -
19:31 - 19:35E, constantemente, ao longo da vida,
vocês continuam tendo opções. -
19:35 - 19:39Vocês podem construir quem são
e quem desejam ser. -
19:39 - 19:42Boa sorte a todos.
-
19:43 - 19:45(Aplausos)
- Title:
- A identidade leta | Vaira Vike-Freiberga | TEDxRiga
- Description:
-
Vaira Vike-Freiberga é ativista social e política, cientista, professora e doutora honorária em várias universidades. Após retornar do exílio no Canadá, Vaira Vike-Freiberga se encarregou do Instituto Leto onde trabalhou até se tornar presidente da Letônia. Sua palestra é sobre a identidade leta que a levou através de seis diferentes países e três continentes com cinco idiomas distintos até que ela retornou e se tornou presidente da Letônia apesar de ter emigrado com 6 anos e retornado somente aos 60.
Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 19:54
Maricene Crus approved Portuguese, Brazilian subtitles for The Latvian identity | Vaira Vīķe-Freiberga | TEDxRiga | ||
Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for The Latvian identity | Vaira Vīķe-Freiberga | TEDxRiga | ||
Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for The Latvian identity | Vaira Vīķe-Freiberga | TEDxRiga | ||
Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for The Latvian identity | Vaira Vīķe-Freiberga | TEDxRiga | ||
Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for The Latvian identity | Vaira Vīķe-Freiberga | TEDxRiga | ||
Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for The Latvian identity | Vaira Vīķe-Freiberga | TEDxRiga | ||
Denise Pelusch accepted Portuguese, Brazilian subtitles for The Latvian identity | Vaira Vīķe-Freiberga | TEDxRiga | ||
Denise Pelusch edited Portuguese, Brazilian subtitles for The Latvian identity | Vaira Vīķe-Freiberga | TEDxRiga |