A crise de refugiados é um teste do nosso caráter
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0:01 - 0:04Vou falar sobre
a crise global de refugiados -
0:04 - 0:08e o meu objetivo é mostrar
para vocês que essa crise -
0:08 - 0:12é gerenciável, e não insolúvel.
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0:12 - 0:17Mas também vou mostrar que essa crise
diz respeito tanto a nós e quem somos, -
0:17 - 0:21quanto aos refugiados na linha de frente.
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0:21 - 0:24Para mim, isso não é apenas
uma obrigação profissional, -
0:24 - 0:29porque dirijo uma ONG que apoia refugiados
e pessoas deslocadas ao redor do mundo. -
0:29 - 0:31Isso é pessoal.
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0:31 - 0:33Eu adoro esta foto.
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0:34 - 0:36Aquele rapaz bonito à direita
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0:36 - 0:37não sou eu.
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0:38 - 0:41É o meu pai, Ralph, em Londres, em 1940,
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0:41 - 0:43com o seu pai, Samuel.
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0:44 - 0:46Eles eram refugiados judeus da Bélgica.
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0:46 - 0:50Eles fugiram no dia da invasão nazista.
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0:51 - 0:52E eu também adoro esta foto.
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0:53 - 0:55É um grupo de crianças refugiadas
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0:56 - 0:58chegando da Polônia à Inglaterra em 1946.
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0:59 - 1:02No meio está a minha mãe, Marion.
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1:03 - 1:06Ela foi enviada para começar uma nova vida
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1:06 - 1:07em um novo país,
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1:07 - 1:08sozinha,
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1:08 - 1:10com 12 anos de idade.
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1:11 - 1:16O que eu sei é que, se o Reino Unido
não tivesse aceitado refugiados -
1:16 - 1:17nos anos 1940,
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1:18 - 1:21eu certamente não estaria aqui hoje.
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1:22 - 1:26Passados 70 anos,
a roda completou seu giro. -
1:27 - 1:30Parece que muros estão sendo erguidos,
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1:30 - 1:32que há uma retórica política de vingança
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1:32 - 1:36e que valores humanitários
e princípios estão em guerra, -
1:37 - 1:41nos mesmos países que há 70 anos
disseram "nunca mais" -
1:41 - 1:46para a falta de pátria e de esperança
das vítimas da guerra. -
1:47 - 1:50No último ano, a cada minuto,
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1:50 - 1:54mais de 24 pessoas eram
deslocadas de suas casas -
1:54 - 1:57devido a conflitos,
violência e perseguição: -
1:57 - 2:00outro ataque com armas químicas na Síria,
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2:00 - 2:03ataques do Talibã no Afeganistão,
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2:03 - 2:09meninas sequestradas da escola
no nordeste da Nigéria pelo Boko Haram. -
2:10 - 2:13Não são pessoas se mudando
para um novo país -
2:13 - 2:15para ter uma vida melhor.
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2:15 - 2:18Elas estão fugindo por suas vidas.
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2:19 - 2:21É uma tragédia real
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2:22 - 2:27que os refugiados mais famosos
não possam vir aqui hoje falar com vocês. -
2:27 - 2:29Muitos de vocês conhecem esta imagem.
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2:30 - 2:32Ela mostra o corpo sem vida
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2:32 - 2:35do garoto de 5 anos, Alan Kurdi,
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2:35 - 2:39um refugiado sírio que morreu
no Mediterrâneo em 2015. -
2:39 - 2:42Ele morreu junto
com outros 3,7 mil refugiados -
2:42 - 2:44que tentavam chegar à Europa.
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2:44 - 2:46No ano seguinte, 2016,
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2:47 - 2:495 mil pessoas morreram.
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2:51 - 2:53É muito tarde para elas,
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2:53 - 2:56mas não é tarde demais
para milhões de outros. -
2:56 - 2:58Não é tarde demais
para pessoas como Frederick. -
2:59 - 3:02Eu o encontrei no campo de refugiados
de Nyarugusu, na Tanzânia. -
3:02 - 3:04Ele é do Burundi.
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3:04 - 3:06Ele queria saber onde poderia
terminar seus estudos. -
3:06 - 3:09Ele estudou 11 anos na escola
e queria cursar o 12º ano. -
3:09 - 3:15Ele me disse: "Eu rezo para que meus dias
não terminem neste campo de refugiados". -
3:16 - 3:19E não é tarde demais para Halud.
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3:19 - 3:22Seus pais eram refugiados palestinos
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3:22 - 3:25que viviam no campo de refugiados
de Yarmouk, em Damasco. -
3:25 - 3:27Ela é filha de pais refugiados
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3:27 - 3:31e agora ela mesma
é uma refugiada no Líbano. -
3:31 - 3:35Ela trabalha para o Comitê Internacional
de Resgate ajudando outros refugiados. -
3:35 - 3:38Mas ela não tem nenhuma certeza
-
3:38 - 3:40sobre seu futuro,
-
3:40 - 3:42onde ele está ou o que a espera.
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3:42 - 3:46Esta conversa é sobre Frederick, Halud
-
3:46 - 3:48e milhões de pessoas como eles.
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3:48 - 3:50Por que eles estão deslocados,
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3:50 - 3:55como sobrevivem, que ajuda necessitam
e quais são nossas responsabilidades. -
3:56 - 3:58Eu acredito realmente
-
3:58 - 4:01que a maior questão do século 21
-
4:02 - 4:05está relacionada ao nosso
compromisso com estranhos. -
4:05 - 4:09O futuro "você" é sobre o seu dever
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4:09 - 4:10de ajudar estranhos.
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4:10 - 4:16Vocês sabem melhor do que ninguém,
o mundo está mais conectado do que nunca, -
4:16 - 4:18e ainda assim o grande perigo
-
4:18 - 4:22é que estamos sendo consumidos
por nossas diferenças. -
4:22 - 4:24E não existe jeito melhor de testar isso
-
4:24 - 4:27do que a forma
como tratamos os refugiados. -
4:27 - 4:30Aqui estão os fatos: 65 milhões de pessoas
-
4:30 - 4:33deslocadas de suas casas por violência
e perseguição no último ano. -
4:33 - 4:35Se elas formassem um país,
-
4:35 - 4:39seria o 21º maior país do mundo.
-
4:39 - 4:41A maioria dessas pessoas,
cerca de 40 milhões, -
4:41 - 4:45continua em seus países,
mas 25 milhões são refugiadas. -
4:45 - 4:49Elas atravessam a fronteira
para um país vizinho. -
4:49 - 4:53A maioria delas vive em países pobres,
-
4:53 - 4:56relativamente pobres ou de renda
média ou baixa, como o Líbano, -
4:56 - 4:58onde Halud está vivendo.
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4:59 - 5:04No Líbano, uma em cada
quatro pessoas é refugiada, -
5:04 - 5:07um quarto de toda a população.
-
5:07 - 5:09E os refugiados ficam por muito tempo.
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5:09 - 5:11O tempo médio de abrigo
-
5:11 - 5:12é de dez anos.
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5:13 - 5:18Eu fui ao maior campo de refugiados
do mundo, no leste do Quênia. -
5:18 - 5:19Seu nome é Dadaab.
-
5:19 - 5:21Ele foi construído em 1991 e 1992
-
5:21 - 5:26como um "campo temporário"
para os somalis fugidos da guerra civil. -
5:26 - 5:27Conheci Silo.
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5:28 - 5:31Ingenuamente, perguntei:
-
5:31 - 5:34"Você acha que algum dia
voltará para casa, na Somália?" -
5:34 - 5:36E ela disse: "Como assim?
-
5:36 - 5:38Eu nasci aqui".
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5:39 - 5:41E quando perguntei aos responsáveis
-
5:41 - 5:45quantas das 300 mil pessoas
naquele campo haviam nascido lá, -
5:45 - 5:46eles me responderam:
-
5:47 - 5:49"Cem mil".
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5:50 - 5:53Isso é o que significa
um deslocamento de longa duração. -
5:53 - 5:56Agora, as causas disso são profundas:
-
5:56 - 5:59Estados fragilizados,
que não apoiam seu próprio povo, -
5:59 - 6:01um sistema de política internacional
-
6:01 - 6:04mais fraco que qualquer outro, desde 1945,
-
6:04 - 6:08e diferenças sobre teologia, governo
e engajamento com o mundo exterior -
6:08 - 6:11em partes significativas
do mundo muçulmano. -
6:13 - 6:16Agora, esses são desafios
de longo prazo, para gerações. -
6:16 - 6:20Por isso digo que esta crise
é duradoura e não temporária. -
6:20 - 6:25E é complexa. E quando os problemas
são grandes, complexos e de longo prazo, -
6:25 - 6:28as pessoas acham que nada pode ser feito.
-
6:28 - 6:31Quando o papa Francisco
foi para Lampedusa, -
6:31 - 6:33na costa italiana, em 2014,
-
6:33 - 6:36ele acusou a todos nós
e à população mundial -
6:36 - 6:40do que ele chamou
de "a globalização da indiferença". -
6:41 - 6:42É uma frase assustadora.
-
6:42 - 6:46Significa que nossos corações
viraram pedra. -
6:46 - 6:48Agora, eu não sei, me digam.
-
6:48 - 6:53Podemos discordar do papa,
mesmo em uma conferência TED? -
6:53 - 6:54Mas eu discordo.
-
6:54 - 6:56Acho que as pessoas querem fazer algo,
-
6:56 - 7:00mas não sabem se existe alguma
solução para esta crise. -
7:00 - 7:02E o que quero dizer para vocês hoje
-
7:02 - 7:06é que, apesar de os problemas serem reais,
as soluções também são. -
7:06 - 7:07Solução um:
-
7:07 - 7:10esses refugiados precisam trabalhar
nos países em que vivem, -
7:10 - 7:14e esses países precisam
de grande apoio econômico. -
7:14 - 7:16Na Uganda, em 2014, foi feito um estudo:
-
7:17 - 7:2080% dos refugiados
que estavam na capital Kampala -
7:20 - 7:22não precisavam de ajuda humanitária,
porque já trabalhavam. -
7:22 - 7:24Recebiam apoio para trabalhar.
-
7:24 - 7:26Solução número dois:
-
7:26 - 7:30educação para as crianças
é o mínimo, e não um luxo. -
7:30 - 7:33Ainda mais quando deslocadas
por tanto tempo. -
7:33 - 7:38As crianças podem se recuperar mais rápido
quando recebem apoio social e emocional, -
7:38 - 7:39junto com alfabetização.
-
7:39 - 7:41Eu vi por mim mesmo.
-
7:43 - 7:46Mas metade das crianças refugiadas,
que deveriam estar no ensino primário, -
7:46 - 7:48não recebem nenhum tipo de instrução.
-
7:48 - 7:51Assim como os três quartos
que deveriam estar no ensino secundário. -
7:51 - 7:53Isso é loucura.
-
7:54 - 7:56Solução número três:
-
7:56 - 8:00a maioria dos refugiados está
em áreas urbanas e não em campos. -
8:00 - 8:02O que um refugiado gostaria
de ter em uma cidade? -
8:02 - 8:07Gostaria de ter dinheiro para pagar
um aluguel ou comprar roupas. -
8:07 - 8:10Este é o futuro do sistema humanitário,
ou uma parte significativa dele: -
8:10 - 8:12deem dinheiro aos refugiados,
assim vocês os ajudam -
8:12 - 8:15e ajudam a economia local.
-
8:15 - 8:17E ainda há uma quarta solução,
-
8:17 - 8:20que é controversa,
mas precisa ser debatida. -
8:20 - 8:23Os refugiados mais vulneráveis
precisam de um novo começo -
8:23 - 8:26e de uma nova vida, em um novo país.
-
8:26 - 8:28Inclusive no Ocidente.
-
8:28 - 8:32Os números são relativamente pequenos,
centenas de milhares, não milhões, -
8:32 - 8:35mas o simbolismo é enorme.
-
8:36 - 8:39Este não é o momento
de banir os refugiados, -
8:39 - 8:40como propõe a administração de Trump.
-
8:40 - 8:44É hora de acolher as pessoas
que são vítimas do terror. -
8:44 - 8:45E lembrem-se...
-
8:45 - 8:48(Aplausos)
-
8:52 - 8:56Lembrem-se, podemos questionar
se eles estão sendo devidamente avaliados. -
8:56 - 9:00Essa pergunta é boa e pertinente.
-
9:00 - 9:04A verdade é que os refugiados
que chegam para se reinstalarem -
9:04 - 9:08são mais julgados do que qualquer outra
pessoa que chega ao nosso país. -
9:08 - 9:10Então, é razoável fazer essa pergunta,
-
9:10 - 9:15mas não é razoável dizer que refugiado
é um outro termo para terrorista. -
9:15 - 9:16Agora, o que acontece...
-
9:16 - 9:20(Aplausos)
-
9:20 - 9:23O que acontece quando os refugiados
não podem trabalhar, -
9:23 - 9:24não podem ir para a escola,
-
9:24 - 9:28não podem ganhar dinheiro,
não podem ter esperança? -
9:28 - 9:30O que acontece é que eles se arriscam.
-
9:30 - 9:35Dois anos atrás fui à Lesbos,
uma linda ilha grega. -
9:35 - 9:37Lá vivem 90 mil pessoas.
-
9:37 - 9:41Em um ano, 500 mil refugiados
passaram por essa ilha. -
9:41 - 9:43E quero mostrar o que eu vi
-
9:43 - 9:46quando dirigi pelo norte da ilha:
-
9:46 - 9:51uma pilha de coletes salva-vidas
que foram usados na travessia. -
9:51 - 9:52E quando cheguei mais perto,
-
9:52 - 9:55vi pequenos coletes salva-vidas
para as crianças. -
9:55 - 9:56Eram os amarelos.
-
9:56 - 9:58Eu tirei esta foto.
-
9:58 - 10:01Vocês não podem ver bem
o que está escrito, mas vou ler. -
10:01 - 10:05"Aviso: não protege contra afogamento."
-
10:06 - 10:08Então, no século 21,
-
10:08 - 10:11crianças estão recebendo
coletes salva-vidas, -
10:11 - 10:13para alcançarem a segurança na Europa,
-
10:13 - 10:16embora esses coletes
não possam salvar suas vidas -
10:16 - 10:19se caírem do barco que as está levando.
-
10:21 - 10:24Isto não é somente uma crise, é um teste.
-
10:26 - 10:29É um teste que as civilizações
enfrentam há tempos. -
10:30 - 10:32É um teste de humanidade.
-
10:32 - 10:34É um teste para nós do mundo ocidental,
-
10:34 - 10:37sobre quem nós somos e o que defendemos.
-
10:39 - 10:43É um teste sobre o nosso caráter
e não somente sobre nossas políticas. -
10:43 - 10:45Os refugiados são um caso difícil.
-
10:45 - 10:48Eles realmente vêm
de partes distantes do mundo. -
10:48 - 10:50Eles passaram por traumas.
-
10:50 - 10:52Eles geralmente têm religiões diferentes.
-
10:52 - 10:55Essas são exatamente as razões
pelas quais devemos ajudá-los, -
10:55 - 10:57e não o contrário.
-
10:57 - 11:02E a razão para ajudá-los diz respeito
ao que isso fala sobre nós. -
11:02 - 11:05Ela revela nossos valores.
-
11:05 - 11:07Empatia e altruísmo
-
11:07 - 11:10são dois dos fundamentos da civilização.
-
11:11 - 11:14Transforme essa empatia
e altruísmo em ação -
11:14 - 11:17e nos livraremos
de crenças morais básicas. -
11:17 - 11:19E, no mundo moderno, não temos desculpa.
-
11:19 - 11:23Não podemos dizer que não sabemos
o que está acontecendo em Juba, no Sudão, -
11:23 - 11:25ou em Aleppo, na Síria.
-
11:25 - 11:28Está lá, no nosso smartphone,
-
11:28 - 11:29na nossa mão.
-
11:29 - 11:32Ignorância não é mais uma desculpa.
-
11:32 - 11:37Se falharmos em ajudar, mostraremos
que não temos compaixão nenhuma. -
11:37 - 11:41Isto também revela o que sabemos
sobre nossa própria história. -
11:41 - 11:43Os refugiados têm direitos
ao redor do mundo, -
11:43 - 11:47pela extraordinária liderança ocidental
de homens e mulheres de estado, -
11:47 - 11:51que, após a Segunda Guerra Mundial,
os transformaram em direitos universais. -
11:52 - 11:56Despreze a proteção aos refugiados
e desprezaremos a nossa própria história. -
11:56 - 11:58Isso é...
-
11:58 - 11:59(Aplausos)
-
11:59 - 12:03Isso também revela o poder da democracia
-
12:03 - 12:06como refúgio da ditadura.
-
12:06 - 12:09Quantos políticos vocês já ouviram dizer:
-
12:09 - 12:14"Acreditamos no poder do nosso exemplo,
e não no exemplo do nosso poder"? -
12:14 - 12:16Eles querem dizer
que o que defendemos importa mais -
12:16 - 12:18do que as bombas que lançamos.
-
12:18 - 12:21Os refugiados, buscando onde ficar,
-
12:21 - 12:26veem o Ocidente como lugar de refúgio
e fonte de esperança. -
12:27 - 12:29Russos, iranianos,
-
12:29 - 12:32chineses, eritreios e cubanos
-
12:32 - 12:35vieram para o Ocidente
em busca de segurança. -
12:35 - 12:38Corremos o risco de jogar tudo isso fora.
-
12:38 - 12:40E isso revela outra coisa sobre nós:
-
12:40 - 12:43se temos alguma humildade
para assumir nossos erros. -
12:43 - 12:45Não sou uma dessas pessoas
-
12:45 - 12:49que acredita que todos os problemas
mundiais são causados pelo Ocidente. -
12:49 - 12:50Não são.
-
12:50 - 12:53Mas, quando erramos,
deveríamos reconhecer. -
12:53 - 12:56Não foi por acaso que o país
que recebeu mais refugiados -
12:56 - 12:58do que qualquer outro, os EUA,
-
12:58 - 13:02recebeu mais refugiados do Vietnã
do que qualquer outro país. -
13:02 - 13:04Isso fala pela história.
-
13:04 - 13:08Mas há histórias mais recentes,
no Iraque e no Afeganistão. -
13:08 - 13:11Não se pode compensar
erros de política internacional -
13:11 - 13:13com ações humanitárias,
-
13:13 - 13:17mas quando você estraga alguma coisa,
você tem o dever de ajudar a repará-la. -
13:17 - 13:20E esse é o nosso dever agora.
-
13:22 - 13:23Vocês se lembram que comecei dizendo
-
13:23 - 13:26que queria explicar
que a crise de refugiados -
13:26 - 13:29era gerenciável e não insolúvel?
-
13:29 - 13:32É verdade. Quero que vocês
pensem de um novo jeito, -
13:32 - 13:35mas também quero que vocês façam coisas.
-
13:36 - 13:38Se você é empregador,
-
13:38 - 13:40contrate refugiados.
-
13:40 - 13:43Se você ficou convencido
por esses argumentos, -
13:43 - 13:45ajude a combater esses mitos,
-
13:45 - 13:48quando a família, amigos
e colegas os repetirem. -
13:48 - 13:50Se você tem dinheiro,
-
13:50 - 13:53doe a instituições que fazem a diferença
para refugiados ao redor do mundo. -
13:54 - 13:56Se você é um cidadão,
-
13:56 - 13:58vote em políticos
-
13:58 - 14:02que vão colocar em prática
as soluções propostas aqui. -
14:02 - 14:06(Aplausos)
-
14:06 - 14:08O compromisso com estranhos
-
14:08 - 14:10se mostra
-
14:10 - 14:13em pequenos e grandes gestos,
-
14:13 - 14:15prosaicos e heroicos.
-
14:16 - 14:18Em 1942,
-
14:19 - 14:21minha tia e minha avó viviam em Bruxelas
-
14:21 - 14:23durante a ocupação alemã.
-
14:24 - 14:26Elas foram convocadas,
-
14:26 - 14:32pelas autoridades nazistas, para irem
à estação ferroviária de Bruxelas. -
14:32 - 14:36Minha avó imediatamente pensou
que havia algo de errado. -
14:37 - 14:39Ela suplicou para que seus parentes
-
14:39 - 14:42não fossem para a estação.
-
14:42 - 14:44Eles disseram para ela:
-
14:45 - 14:48"Se nós não formos, se não fizermos
o que eles mandaram, -
14:48 - 14:50nós teremos problemas".
-
14:51 - 14:53Vocês podem imaginar o que aconteceu
-
14:53 - 14:56com os parentes que foram
à estação ferroviária de Bruxelas. -
14:56 - 14:58Nunca mais foram vistos.
-
14:58 - 15:00Mas minha avó e minha tia
-
15:01 - 15:03foram para uma cidadezinha
-
15:03 - 15:05ao sul de Bruxelas,
-
15:06 - 15:09onde haviam passado férias
na década anterior. -
15:09 - 15:13Elas se apresentaram na casa
de um fazendeiro local, -
15:13 - 15:16um católico chamado Monsieur Maurice,
-
15:16 - 15:18e pediram abrigo.
-
15:19 - 15:21E ele deu.
-
15:21 - 15:23E, ao final da guerra,
-
15:23 - 15:2717 judeus estavam vivendo
naquela cidadezinha. -
15:28 - 15:30Ainda jovem, perguntei à minha tia:
-
15:30 - 15:33"Você pode me levar
para conhecer Monsieur Maurice?" -
15:33 - 15:37E ela disse: "Sim, eu posso.
Ele ainda é vivo. Vamos encontrá-lo". -
15:37 - 15:39Então, por volta de 1983, 1984,
-
15:39 - 15:41fomos vê-lo.
-
15:41 - 15:44E, como só um adolescente conseguiria,
-
15:44 - 15:45quando o conheci,
-
15:45 - 15:48ele era um senhor de cabelos brancos,
-
15:48 - 15:50eu perguntei:
-
15:51 - 15:53"Por que você fez aquilo?
-
15:53 - 15:56Por que assumiu aquele risco?"
-
15:57 - 15:59Ele olhou pra mim, encolheu os ombros
-
15:59 - 16:01e disse, em francês:
-
16:01 - 16:03"On doit".
-
16:03 - 16:04Era meu dever.
-
16:04 - 16:07Isso era inato nele.
-
16:07 - 16:08Era natural.
-
16:08 - 16:13E o que quero dizer é que isso deveria
ser natural e inato para nós também. -
16:13 - 16:14Diga para si mesmo:
-
16:15 - 16:18a crise de refugiados é gerenciável,
-
16:18 - 16:19não insolúvel,
-
16:19 - 16:21e cada um de nós
-
16:21 - 16:25tem a responsabilidade pessoal
de ajudar a resolvê-la. -
16:25 - 16:29Porque isto é sobre o resgate
de nós mesmos e nossos valores, -
16:29 - 16:32tanto quanto sobre o resgate
dos refugiados e de suas vidas. -
16:32 - 16:34Muitíssimo obrigado!
-
16:34 - 16:37(Aplausos)
-
16:45 - 16:48Bruno Giussani: Obrigado.
David Miliband: Eu que agradeço. -
16:48 - 16:52BG: São sugestões muito fortes, o chamado
à responsabilidade individual também é. -
16:52 - 16:54Mas estou intrigado com um pensamento.
-
16:54 - 16:59Você mencionou, e estas são suas palavras:
"extraordinária liderança do Ocidente" -
16:59 - 17:01que liderou, há uns 60 anos,
-
17:01 - 17:03toda a discussão sobre direitos humanos,
-
17:03 - 17:06convenções sobre refugiados, etc. etc.
-
17:07 - 17:10Aquela liderança ocorreu
após um grande trauma -
17:10 - 17:14e dentro de um momento
político consensual. -
17:14 - 17:16E agora o momento é de divisão.
-
17:16 - 17:18Na verdade, os refugiados são
uma das causas da divisão. -
17:18 - 17:21Então, de onde virá essa liderança agora?
-
17:21 - 17:24DM: Bem, acho que você está certo em dizer
-
17:24 - 17:27que a liderança criada em tempos de guerra
-
17:27 - 17:30tem outro temperamento, outro ritmo
e uma perspectiva diferente -
17:30 - 17:33da liderança criada em tempos de paz.
-
17:34 - 17:37Assim, minha resposta seria que a
liderança tem que vir de baixo, -
17:37 - 17:39não de cima.
-
17:39 - 17:42Quero dizer, um tema recorrente
nas conferências desta semana -
17:42 - 17:46foi a democratização do poder.
-
17:46 - 17:51Temos que preservar nossas democracias,
mas também temos que ativá-las. -
17:51 - 17:53E quando as pessoas me dizem
-
17:53 - 17:54que há violência contra os refugiados,
-
17:54 - 17:56o que eu digo para elas é:
-
17:56 - 17:58"Não. O que existe é uma polarização,
-
17:58 - 18:01e, neste momento, os que estão com medo
estão causando mais ruido -
18:01 - 18:03do que os que estão orgulhosos.
-
18:03 - 18:07Então minha resposta para sua questão
é que nós vamos apoiar e encorajar -
18:07 - 18:08e dar confiança às lideranças
-
18:08 - 18:10quando nos mobilizarmos.
-
18:10 - 18:14E acho que, quando você
busca por liderança, -
18:14 - 18:15tem que olhar para si mesmo
-
18:15 - 18:17e mobilizar sua própria comunidade
-
18:17 - 18:20para criar condições
para um tipo diferente de acordo. -
18:20 - 18:22BG: Obrigado, David.
Obrigado por vir ao TED. -
18:22 - 18:26(Aplausos)
- Title:
- A crise de refugiados é um teste do nosso caráter
- Speaker:
- David Miliband
- Description:
-
Em 2016, 65 milhões de pessoas foram deslocadas de suas casas por causa de conflitos e desastres. Isso não é apenas uma crise. É um teste sobre quem nós somos e o que defendemos, diz David Miliband. E cada um de nós tem uma responsabilidade pessoal para ajudar a resolver isso. Nesta palestra imperdível, Miliband nos mostra formas específicas e tangíveis para ajudar os refugiados e transformar empatia e altruísmo em ação.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 18:38
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