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Neurodiversidade: a chave que desvendou o meu mundo | Elisabeth Wiklander | TEDxGöteborg

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    Meu nome é Elisabeth Wiklander,
  • 0:18 - 0:19
    e eu ...
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    eu sou autista.
  • 0:26 - 0:30
    O que vocês imaginam
    ao ouvirem a palavra "autista"?
  • 0:32 - 0:36
    Como vocês reagem
    ao ouvirem a palavra "autismo"?
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    Diriam que é um transtorno incurável?
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    Uma incapacidade?
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    Uma deficiência?
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    Essa é de fato a forma
    como a linguagem médica o descreve,
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    mas o autismo é muito mais do que isso.
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    Nenhum manual médico pode de fato explicar
    a experiência multifacetada do autismo.
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    Trata-se de uma diferença neurológica,
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    com um vasto espectro de formas
    de manifestação dentro de sua população.
  • 1:09 - 1:12
    Ele pode trazer dons
    e habilidades impressionantes,
  • 1:12 - 1:15
    e também algumas
    características arrasadoras.
  • 1:15 - 1:19
    Mas o autismo não necessariamente
    é o mesmo que deficiência.
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    Felizmente, hoje temos uma palavra
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    que se contrapõe
    a essa terminologia negativa:
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    "neurodiversidade".
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    A neurodiversidade descreve o grau
    de diversidade dos seres humanos,
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    do ponto de vista neurológico.
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    Ela sugere que as muitas variações
    das mentes humanas, como as dos autistas,
  • 1:41 - 1:44
    devem ser aceitas
    como parte natural e preciosa
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    da herança genética da humanidade.
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    O DNA nos mostra que o autismo
    é essencialmente uma condição genética,
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    algo que foi passado
    de forma hereditária por gerações
  • 1:56 - 2:00
    e que ainda está amplamente presente
    na população em geral.
  • 2:02 - 2:06
    Esses genes podem carregar
    algo tão positivo
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    que, apesar da diferença que causam,
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    persistiram ao longo da nossa evolução
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    e ainda se manifestam hoje.
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    Algumas das nossas invenções importantes,
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    obras de arte, música
  • 2:19 - 2:23
    e descobertas científicas
    que fizeram nosso mundo avançar
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    vêm de mentes autistas.
  • 2:27 - 2:30
    Com o empolgante avanço
    da tecnologia em neurociência,
  • 2:30 - 2:34
    descobrimos que os cérebros autistas
    são diferentes do padrão.
  • 2:35 - 2:36
    Além disso,
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    ao que parece, cada um deles
    é diferente de forma única.
  • 2:42 - 2:45
    Portanto, o autismo é rico em expressões,
  • 2:45 - 2:49
    mas ainda sofre
    com esteriótipos limitantes.
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    Hoje, quero falar sobre o meu autismo,
  • 2:55 - 2:58
    um que tem aparência de normalidade
  • 2:59 - 3:02
    e que pode causar impactos catastróficos
    na vida das pessoas,
  • 3:02 - 3:05
    não necessariamente
    por causa do autismo em si,
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    mas devido ao desconhecimento das pessoas
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    ou da falha em reconhecer
    que ele ao menos existe,
  • 3:11 - 3:14
    como eu acabaria descobrindo.
  • 3:17 - 3:20
    Bem, em situações sociais,
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    todos pomos expectativas
    uns sobre os outros.
  • 3:23 - 3:26
    Usamos um certo tipo de protocolo social,
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    que, quando seguido,
    nos premia com aceitação social.
  • 3:31 - 3:34
    Mas sempre senti que eu era diferente,
  • 3:34 - 3:38
    só que eu não sabia como,
    e certamente não sabia por quê.
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    Era como tivessem me dado
    um protocolo diferente
  • 3:44 - 3:47
    e eu não contasse com uma comunidade
    que me apoiasse e confirmasse
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    que a forma como eu interpretava
    o mundo também era válida.
  • 3:52 - 3:55
    Eu cresci me sentindo
    muito incompreendida,
  • 3:55 - 3:56
    por praticamente todo mundo,
  • 3:56 - 3:58
    até por minha própria família.
  • 3:59 - 4:03
    Se eu aplicasse o que seriam
    minhas razões, minhas intenções,
  • 4:03 - 4:05
    sobre o comportamento
    de outra pessoa, ou vice-versa,
  • 4:06 - 4:10
    o resultado era geralmente
    negativo e muito confuso.
  • 4:10 - 4:15
    Então, pra mim, o mundo social
    se tornou assustador e imprevisível.
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    Eu notava, porém, principalmente
    durante os anos de escola na Suécia,
  • 4:21 - 4:24
    que a minha mente havia sido
    premiada com talentos,
  • 4:24 - 4:28
    tais como capacidade analítica
    e foco mental intenso,
  • 4:29 - 4:31
    alta capacidade
    de memorização de informação,
  • 4:31 - 4:35
    o que fazia com que estudar
    me fosse muito prazeroso e fácil.
  • 4:36 - 4:39
    Então, na minha jornada acadêmica,
    eu vim para Göteborg,
  • 4:39 - 4:41
    onde estudei na universidade.
  • 4:42 - 4:46
    Depois fui para a Holanda,
    onde obtive meu mestrado em música.
  • 4:47 - 4:49
    Atualmente, vivo no Reino Unido
  • 4:50 - 4:54
    e sou violoncelista profissional
    na Orquestra Filarmônica de Londres,
  • 4:54 - 4:56
    viajando pelo mundo.
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    Mas isto aqui é bem incomum pra mim,
  • 5:01 - 5:05
    estar num palco falando com vocês,
    sem meu instrumento.
  • 5:05 - 5:08
    Não consigo evitar a sensação
    de que o esqueci em algum lugar.
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    Claro, talvez vocês pensem:
  • 5:13 - 5:15
    "Tá, ela toca numa grande orquestra.
  • 5:15 - 5:18
    Obviamente ela é bem-sucedida.
    Qual é o problema?"
  • 5:21 - 5:22
    Bem,
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    minha mente é bem literal,
  • 5:27 - 5:31
    e ela constantemente se choca
    com sutilezas não verbais e verbais
  • 5:31 - 5:33
    em situações sociais.
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    Isso me faz ter uma linha bem direta
    de abordagem e de diálogo no dia a dia.
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    Ainda não entendo muito bem
    o propósito de "jogar conversa fora",
  • 5:42 - 5:44
    embora hoje em dia eu até que goste.
  • 5:44 - 5:48
    Piadas e sarcasmo passam
    completamente despercebidos por mim.
  • 5:48 - 5:51
    Minha mente interpreta as coisas
    de forma bem literal.
  • 5:52 - 5:55
    Ela adora analisar tudo.
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    Meu mundo é bem intenso.
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    Meus sentidos são aguçados.
  • 6:03 - 6:06
    Meu cérebro absorve tudo
    como que através de um amplificador.
  • 6:07 - 6:10
    Meus interesses específicos
    podem me consumir por completo.
  • 6:11 - 6:13
    E as minhas emoções
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    podem ir de um extremo ao outro,
  • 6:17 - 6:19
    e elas ligam e desligam
    como um interruptor de luz.
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    Meus familiares, coitados,
  • 6:22 - 6:24
    ainda ficam completamente pasmos
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    quando vou de um total ataque
    à total tranquilidade
  • 6:30 - 6:31
    em menos de dois segundos.
  • 6:31 - 6:33
    Literalmente.
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    Então, pois é, o autismo
    influencia meus pensamentos,
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    minha imaginação,
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    meus sentidos, minhas emoções,
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    e a forma como processo informação.
  • 6:46 - 6:48
    Mas, sem saber disso,
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    era bem difícil pra mim manter amizades,
  • 6:51 - 6:54
    porque nossas expectativas sociais
    eram muito diferentes.
  • 6:55 - 6:57
    Às vezes, eu era tida como estranha,
  • 6:57 - 7:00
    e sofri muito bullying por isso.
  • 7:01 - 7:03
    Mas o mais arrasador,
  • 7:04 - 7:08
    o mais arrasador de tudo
    eram os mal-entendidos desgastantes
  • 7:08 - 7:14
    que dominavam a minha relação
    com as pessoas mais próximas a mim.
  • 7:15 - 7:17
    Linguagem corporal?
  • 7:17 - 7:18
    Mal interpretada.
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    Palavras?
  • 7:19 - 7:22
    Totalmente mal interpretadas.
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    Era bem frustrante.
  • 7:25 - 7:27
    Era como lutar contra um fantasma,
  • 7:27 - 7:29
    algo que ninguém conseguia entender,
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    nem mesmo os terapeutas
    que procuramos pra nos ajudar!
  • 7:34 - 7:37
    Então, era uma situação
    mentalmente angustiante,
  • 7:37 - 7:40
    que persistia ano após ano,
  • 7:40 - 7:44
    e, por volta dos meus 25 anos,
    eu havia chegado a um ponto bem sombrio
  • 7:45 - 7:49
    e comecei a realmente temer
    pelo meu futuro.
  • 7:53 - 7:54
    Mas aí
  • 7:55 - 8:00
    algo extraordinário
    aconteceu e mudou tudo.
  • 8:01 - 8:06
    Em 2006, ouvi falar
    sobre a síndrome de Asperger.
  • 8:07 - 8:09
    O termo está ultrapassado atualmente,
  • 8:09 - 8:11
    mas refere-se a uma forma de autismo,
  • 8:11 - 8:14
    no extremo altamente
    funcional do espectro.
  • 8:15 - 8:17
    Três anos depois, quando eu tinha 28 anos,
  • 8:17 - 8:19
    recebi esse diagnóstico
  • 8:20 - 8:23
    e percebi que praticamente
    um terço da minha vida
  • 8:24 - 8:28
    tinha sido baseado numa falsa
    percepção de mim mesma.
  • 8:28 - 8:29
    Imaginem só!
  • 8:30 - 8:33
    Não é de se admirar que minha vida
    tenha sido tão complicada!
  • 8:34 - 8:40
    Mas, aí, eu comecei a me enxergar
    num contexto novo e mais claro.
  • 8:40 - 8:45
    Toda a minha vida e todas as minhas
    experiências começaram a fazer sentido!
  • 8:46 - 8:52
    Isso me lançou numa incrível jornada
    de esclarecimento e transformação.
  • 8:53 - 8:55
    Finalmente eu tinha recebido algo
  • 8:55 - 9:00
    que me permitiu explorar a relatividade
    da minha percepção do mundo
  • 9:00 - 9:01
    comparada com a dos outros.
  • 9:01 - 9:05
    Ganhei acesso àquele protocolo misterioso,
  • 9:05 - 9:07
    e poderia começar a compará-lo com o meu.
  • 9:08 - 9:12
    Então, aprendi a identificar
    minhas diferenças.
  • 9:13 - 9:15
    Nos anos seguintes,
  • 9:15 - 9:19
    descobri formas eficazes
    de melhorar minhas habilidades sociais.
  • 9:20 - 9:22
    Aprendi a verbalizar minhas necessidades,
  • 9:22 - 9:24
    a reconhecer minhas limitações
  • 9:24 - 9:26
    e a desenvolver meus pontos fortes.
  • 9:27 - 9:31
    Descobri estratégias eficientes
    de levar meu dia a dia,
  • 9:31 - 9:33
    e melhorei significativamente
  • 9:33 - 9:36
    todos os "traços incapacitantes"
    do meu diagnóstico.
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    Mas foi preciso muito foco,
    dedicação e trabalho.
  • 9:44 - 9:47
    Como o autismo é um espectro,
  • 9:47 - 9:50
    eu tive que agir como uma pesquisadora
  • 9:50 - 9:54
    e coletar muita informação,
    de diversas fontes diferentes,
  • 9:54 - 9:55
    ao longo de muito tempo,
  • 9:55 - 9:59
    até conseguir completar
    o meu próprio quebra-cabeças.
  • 10:00 - 10:04
    Quando achei que tinha alcançado o nível
    de adequação exigido pela sociedade,
  • 10:05 - 10:09
    ainda sentia que algo não estava certo.
  • 10:10 - 10:12
    Faltava algo.
  • 10:13 - 10:15
    Eu conseguia mudar minha forma de agir,
  • 10:16 - 10:18
    mas não posso mudar meu jeito de ser.
  • 10:20 - 10:25
    Minha calibragem natural e biológica
    é e sempre será autista.
  • 10:25 - 10:28
    Só que agora eu tinha que conviver
    com esses novos e altos padrões sociais
  • 10:28 - 10:30
    que eu mesma tinha estabelecido pra mim.
  • 10:30 - 10:33
    Eu tinha conseguido entender
    as minhas diferenças.
  • 10:34 - 10:37
    Mas, como todos sabemos,
    uma relação é uma via de mão dupla.
  • 10:39 - 10:43
    Sem aceitação e entendimento
    do meu verdadeiro eu,
  • 10:43 - 10:46
    eu jamais seria verdadeiramente feliz,
  • 10:46 - 10:52
    e isso me fez um dia
    tomar uma decisão bem radical.
  • 10:54 - 10:58
    Em 2 de abril de 2015,
  • 10:59 - 11:02
    anunciei meu autismo nas redes sociais,
  • 11:02 - 11:06
    e comecei a falar sobre ele
    com todo mundo, abertamente.
  • 11:06 - 11:08
    Bum! Desse jeito.
  • 11:09 - 11:12
    Admito que foi assustador,
  • 11:12 - 11:14
    porque já conhecia o que havia por aí:
  • 11:14 - 11:17
    o estigma, o preconceito.
  • 11:17 - 11:19
    Tive muito receio
  • 11:19 - 11:24
    de que as pessoas projetassem sobre mim
    suas preconcepções sobre o autismo,
  • 11:24 - 11:28
    em vez de me deixarem mostrar
    como o autismo pode ser.
  • 11:33 - 11:35
    Mas não foi o que aconteceu.
  • 11:36 - 11:40
    O que aconteceu foi que minha vida
    mudou completamente,
  • 11:40 - 11:42
    quase que da noite pro dia.
  • 11:42 - 11:45
    As pessoas ficaram curiosas,
  • 11:45 - 11:49
    e recebi muito apoio de toda parte:
  • 11:49 - 11:51
    de amigos, de familiares, de colegas
  • 11:51 - 11:54
    e de pessoas que eu nem conhecia!
  • 11:54 - 11:56
    A mídia começou a prestar atenção,
  • 11:56 - 11:59
    e pessoas que se reconheciam
    em minha história
  • 11:59 - 12:03
    começaram me procurar,
    de perto e de longe, buscando ajuda.
  • 12:06 - 12:10
    Ver o quanto a minha situação era comum
  • 12:10 - 12:14
    e que poderia ser revertida de forma
    eficaz com as mesmas ferramentas que usei
  • 12:14 - 12:17
    me inspirou a compartilhar
    mais ainda minha experiência:
  • 12:18 - 12:25
    a de que conhecer a neurodiversidade
    abre novos canais de comunicação entre nós
  • 12:25 - 12:28
    por meio da identificação das diferenças
    que não conhecíamos antes
  • 12:28 - 12:31
    por estarem escondidas em nossas mentes.
  • 12:32 - 12:37
    Isso abriu meu mundo com uma chave
    que ajudou a identificar minhas diferenças
  • 12:37 - 12:42
    e a comunicá-las de forma
    que todos pudessem entender.
  • 12:43 - 12:46
    Então, hoje, sou uma pessoa muito feliz.
  • 12:46 - 12:48
    Tenho amizades maravilhosas,
  • 12:48 - 12:51
    tenho uma relação mais profunda
    com meus familiares
  • 12:51 - 12:55
    e estou descobrindo como é estar
    num relacionamento feliz e saudável
  • 12:55 - 12:56
    com um homem maravilhoso,
  • 12:57 - 12:59
    que felizmente também é muito paciente,
  • 12:59 - 13:03
    porque os mal-entendidos ainda acontecem.
  • 13:03 - 13:06
    Só que hoje eles podem ser resolvidos,
  • 13:06 - 13:08
    e portanto não são mais uma ameaça
    ao nosso relacionamento.
  • 13:09 - 13:12
    Ensinamos um ao outro a entender
    os protocolos um do outro,
  • 13:12 - 13:15
    e isso foi enriquecedor pra nós dois.
  • 13:19 - 13:21
    Ainda sou autista,
  • 13:22 - 13:23
    mas adoro isso.
  • 13:24 - 13:26
    Eu aceito isso!
  • 13:26 - 13:29
    Não posso mais me conformar
    com a palavra "deficiente",
  • 13:29 - 13:32
    porque, olhando pra trás, eu entendo
  • 13:32 - 13:36
    que o sofrimento pelo qual passei
    não veio do meu autismo,
  • 13:36 - 13:39
    mas do impacto da ignorância
    a respeito do autismo.
  • 13:40 - 13:43
    Se precisamos de cura pra alguma coisa,
    não é para o autismo,
  • 13:43 - 13:45
    mas para a ignorância e a intolerância.
  • 13:51 - 13:54
    As diferenças são sempre um desafio,
  • 13:55 - 14:00
    mas também são o que torna o mundo
    esse lugar tão bonito e espetacular.
  • 14:02 - 14:04
    Reconhecer que somos
    diferentes uns dos outros,
  • 14:04 - 14:06
    do ponto de vista neurológico,
  • 14:06 - 14:09
    nos ajuda a convivermos
    de forma mais tranquila,
  • 14:09 - 14:13
    sem termos que comprometer
    tanto a nossa autenticidade,
  • 14:13 - 14:18
    dando às nossas habilidades, talento
    e criatividade naturais mais liberdade,
  • 14:18 - 14:20
    não só para pessoas
    que estão no espectro autista,
  • 14:20 - 14:22
    mas para todos.
  • 14:23 - 14:27
    Unindo forças, podemos ter
    uma visão melhor de nós mesmos
  • 14:27 - 14:30
    e inspirarmos uns aos outros
    em novos níveis.
  • 14:32 - 14:35
    A população autista não é tão pequena.
  • 14:36 - 14:38
    Somente no Reino Unido,
  • 14:39 - 14:42
    somos quase 1 milhão de pessoas.
  • 14:44 - 14:48
    Conscientemente ou não, você nos verá
    entre seus amigos e colegas.
  • 14:48 - 14:50
    Talvez sejamos um familiar seu,
  • 14:51 - 14:52
    seu chefe,
  • 14:53 - 14:54
    ou um vizinho seu.
  • 14:55 - 14:58
    Talvez você tenha se apaixonado
    por alguém do espectro autista.
  • 15:02 - 15:03
    Por quê?
  • 15:04 - 15:10
    Por que devemos vestir esse padrão
    só porque serve pra maioria das pessoas?
  • 15:11 - 15:16
    Será que o que é neurologicamente aceito
    deve ser determinado pelo que é maioria?
  • 15:19 - 15:22
    Será que o valor humano
    é determinado pelo que é maioria?
  • 15:25 - 15:26
    Não, claro que não.
  • 15:26 - 15:30
    Ainda assim, muitos
    indivíduos autistas, vários deles,
  • 15:30 - 15:33
    ainda não têm acesso
    aos seus direitos básicos como cidadãos
  • 15:33 - 15:36
    pois o desconhecimento
    a respeito das nossas diferenças
  • 15:36 - 15:39
    ainda permeia todos
    os aspectos da sociedade.
  • 15:40 - 15:41
    Nós merecemos
  • 15:42 - 15:45
    o mesmo acesso à educação,
  • 15:45 - 15:47
    com conscientização e flexibilidade
  • 15:47 - 15:50
    em relação a nossa forma especial
    de processar informação.
  • 15:51 - 15:54
    Merecemos o mesmo acesso
    ao mercado de trabalho,
  • 15:56 - 15:57
    com conscientização
  • 15:58 - 16:01
    em relação à nossa sensibilidade
    em termos de códigos sociais
  • 16:01 - 16:03
    e absorção sensorial de informação.
  • 16:04 - 16:09
    Merecemos reconhecimento
    pelas nossas habilidades,
  • 16:09 - 16:14
    e merecemos o mesmo acesso
    a ajuda e apoio adequados,
  • 16:14 - 16:17
    onde a verdadeira fonte de nossa
    dificuldade seja melhor compreendida.
  • 16:18 - 16:21
    Todos os serviços
    precisam começar a evoluir
  • 16:21 - 16:24
    visando a levar em consideração
    a neurodiversidade,
  • 16:24 - 16:27
    ou muitas pessoas continuarão
    sendo preteridas,
  • 16:27 - 16:31
    e isso é totalmente prejudicial
    a toda a nossa sociedade.
  • 16:32 - 16:34
    É inaceitável
  • 16:34 - 16:37
    que, só porque alguns não se encaixam
    no padrão estabelecido,
  • 16:37 - 16:41
    corram o risco de sofrer
    discriminação, bullying,
  • 16:41 - 16:42
    sejam rotulados como deficientes
  • 16:42 - 16:47
    sejam relegados à margem da sociedade,
    se tornando meros espectadores.
  • 16:49 - 16:55
    Essa é uma fraqueza que nos priva
    das contribuições de mentes especiais,
  • 16:55 - 16:57
    que são valiosas pra todos nós
  • 16:58 - 17:00
    justamente por serem diferentes,
  • 17:00 - 17:02
    justamente por pensarem
    de forma inovadora.
  • 17:04 - 17:07
    A criança peculiar na escola, como eu,
  • 17:07 - 17:10
    tem tanto a oferecer ao mundo
    quanto qualquer outra pessoa.
  • 17:11 - 17:15
    Todo ser humano é valioso,
  • 17:15 - 17:20
    e a sociedade precisa se abrir mais
    para que todos tenham seu espaço nela.
  • 17:23 - 17:27
    Pode parecer uma tarefa intimidadora,
    mas precisamos ter coragem.
  • 17:27 - 17:32
    Coisas extraordinárias podem ser e foram
    realizadas por pessoas ordinárias,
  • 17:32 - 17:37
    seja qual for o espectro
    através do qual percebemos o mundo.
  • 17:39 - 17:40
    Obrigada.
  • 17:40 - 17:42
    (Aplausos)
Title:
Neurodiversidade: a chave que desvendou o meu mundo | Elisabeth Wiklander | TEDxGöteborg
Description:

O que vem à sua mente quando você ouve a palavra "autismo"? Nenhum manual de diagnósticos médicos é capaz de realmente explicar a experiência multifacetada do autismo. Trata-se de uma diferença neurológica, com um vasto espectro de formas de manifestação nessa população. Ele pode trazer talentos e habilidades incríveis, mas também características arrasadoras. Autismo não é necessariamente uma deficiência e, felizmente, hoje temos uma palavra que se contrapõe a essa terminologia negativa: "neurodiversidade".

Nesta palestra, Elisabeth explica como é ser autista, e ainda assim levar uma vida independente e bem-sucedida.

Nascida e criada numa cabana no meio do nada, na Suécia, Elisabeth Wiklander se mudou para Amsterdã para estudar e trabalhar, até que conseguiu uma posição superdisputada na Orquestra Filarmônica de Londres. Ela está acostumada a tentar coisas novas e a ir em busca de seus sonhos. Além de ser apaixonada pela natureza, por escaladas e por tocar violoncelo, Elisabeth é autista e foi diagnosticada com a síndrome de Asperger quando tinha 28 anos de idade. Até então, ela não tinha nenhuma explicação para seus pensamentos e comportamentos às vezes diferentes.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
18:00

Portuguese, Brazilian subtitles

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