Quem decide o significado da arte? - Hayley Levitt
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0:13 - 0:16Imagine que você e um amigo estão
em uma exposição de arte -
0:16 - 0:19e uma pintura marcante chama sua atenção.
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0:19 - 0:22O vermelho vibrante parece ser
um símbolo do amor, para você, -
0:22 - 0:25mas seu amigo está convencido
de que é um símbolo da guerra. -
0:25 - 0:29E onde você vê estrelas
em um céu romântico, -
0:29 - 0:34seu amigo percebe os poluentes
que induzem o aquecimento global. -
0:34 - 0:37Para resolver a questão, você procura
na internet, onde lê que a pintura -
0:37 - 0:42é uma réplica de um projeto que a artista
fez quando estava na primeira série: -
0:42 - 0:47vermelho era sua cor favorita
e os pontos prateados são fadas. -
0:47 - 0:51Você agora sabe exatamente quais intenções
levaram à criação dessa obra. -
0:51 - 0:55Você está errado em ter apreciado a obra
como algo que a artista não pretendia? -
0:55 - 0:59Você a aprecia menos
agora que sabe a verdade? -
0:59 - 1:01Até que ponto as intenções da artista
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1:01 - 1:04deveriam afetar
sua interpretação da pintura? -
1:04 - 1:06É uma questão que tem sido levantada
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1:06 - 1:12por filósofos e críticos de arte
por décadas, sem consenso à vista. -
1:12 - 1:13Na metade do século 20,
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1:13 - 1:18o crítico literário W.K. Wimsatt
e o filósofo Monrow Beardsley -
1:18 - 1:21argumentaram que
a intenção artística era irrelevante. -
1:21 - 1:24Eles chamaram isso de falácia intencional:
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1:24 - 1:28a crença de que valorizar a intenção
do artista era errado. -
1:28 - 1:30O argumento deles
era baseado em dois pontos: -
1:30 - 1:34primeiro, os artistas que estudamos
não estão mais vivos, -
1:34 - 1:35nunca gravaram suas intenções,
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1:35 - 1:40ou simplesmente estão indisponíveis para
responder perguntas sobre seus trabalhos. -
1:40 - 1:44Segundo, mesmo que houvesse
um monte de informações relevantes, -
1:44 - 1:46Wimsatt e Beardsley acreditavam
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1:46 - 1:49que isso nos distrairia das qualidades
da obra propriamente dita. -
1:49 - 1:51Eles comparam arte com uma sobremesa:
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1:51 - 1:53se você experimenta um pudim,
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1:53 - 1:57a intenção do chefe não afeta o modo como
você percebe o sabor ou a textura dele. -
1:57 - 2:02O que importa, eles diziam,
é que o pudim "presta". -
2:02 - 2:06Claro, o que "presta" para uma pessoa
pode não "prestar" para outra. -
2:06 - 2:09E como diferentes interpretações
ocorrem a pessoas diferentes, -
2:09 - 2:13os pontos prateados na nossa pintura
poderiam sim ser interpretados como fadas, -
2:13 - 2:16estrelas, ou poluentes.
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2:16 - 2:20Pela lógica de Wimsatt e Beardsley,
a interpretação do artista sobre sua obra -
2:20 - 2:25seria apenas uma dentre muitas outras
possibilidades igualmente aceitáveis. -
2:25 - 2:26Se você acha isso problemático,
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2:26 - 2:30pode gostar mais do que dizem
Steven Knapp e Walter Benn Michaels, -
2:30 - 2:34dois teóricos literários
que rejeitaram a falácia intencional. -
2:34 - 2:37Eles argumentaram que
o significado dado pelo artista -
2:37 - 2:39era não só uma interpretação possível,
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2:39 - 2:42mas a única interpretação possível.
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2:42 - 2:44Por exemplo, suponha
que você está andando por uma praia -
2:44 - 2:49e chega a uma série de marcas na areia
que formam o verso de uma poesia. -
2:49 - 2:52Knapp e Michaels acreditam que
o poema perderia todo seu sentido -
2:52 - 2:56se você descobrisse que as marcas
não foram trabalho de alguém, -
2:56 - 2:58mas alguma coincidência estranha
produzida pelas ondas. -
2:58 - 3:01Eles acreditavam
que um criador intencional -
3:01 - 3:05era o que tornava o poema
sujeito à compreensão. -
3:05 - 3:07Outros pensadores
defenderam um meio termo, -
3:07 - 3:12sugerindo que a intenção é só uma peça
de um quebra-cabeça bem maior. -
3:12 - 3:15O filósofo contemporâneo
Noel Carroll tomou essa posição, -
3:15 - 3:19argumentando que a intenção do artista
é relevante para sua audiência -
3:19 - 3:21assim como a intenção de um falante
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3:21 - 3:24é relevante para a pessoa com quem
ele está conversando. -
3:24 - 3:27Para entender como as intenções
funcionam em conversas, -
3:27 - 3:31Carrol disse para imaginarmos alguém
segurando um cigarro e pedindo um fósforo. -
3:31 - 3:33Você responde estendendo um isqueiro,
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3:33 - 3:36entendendo que a motivação dela
é acender o cigarro. -
3:36 - 3:39As palavras usadas
para fazer o pedido são importantes, -
3:39 - 3:43mas as intenções por trás da questão
ditam sua compreensão e, enfim, -
3:43 - 3:45sua resposta.
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3:45 - 3:49Você está inclinado a aceitar qual teoria?
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3:49 - 3:52Você acredita, como Wimsatt e Beardsley,
que quando se trata de arte, -
3:52 - 3:54a prova deveria estar no pudim?
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3:54 - 3:58Ou você acha que a intenção do artista
e suas motivações para suas obras -
3:58 - 3:59afetam seu significado?
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3:59 - 4:02A interpretação da arte
é um campo complexo -
4:02 - 4:06que provavelmente nunca oferecerá
uma resposta definitiva.
- Title:
- Quem decide o significado da arte? - Hayley Levitt
- Speaker:
- Hayley Levitt
- Description:
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Veja a lição completa: https://ed.ted.com/lessons/who-decides-what-art-means-hayley-levitt
Há uma questão que tem sido discutida por filósofos e críticos de arte há décadas: até que ponto a intenção de um artista deve afetar sua interpretação da obra? Os planos e motivações do artista afetam seu significado? Ou tudo vem do julgamento do espectador? Hayley Levitt explora a complexa teia de interpretação artística.
Lição de Hayley Levitt, dirigida por Avi Ofer.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TED-Ed
- Duration:
- 04:21
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