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Quem decide o significado da arte? - Hayley Levitt

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    Imagine que você e um amigo estão
    em uma exposição de arte
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    e uma pintura marcante chama sua atenção.
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    O vermelho vibrante parece ser
    um símbolo do amor, para você,
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    mas seu amigo está convencido
    de que é um símbolo da guerra.
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    E onde você vê estrelas
    em um céu romântico,
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    seu amigo percebe os poluentes
    que induzem o aquecimento global.
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    Para resolver a questão, você procura
    na internet, onde lê que a pintura
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    é uma réplica de um projeto que a artista
    fez quando estava na primeira série:
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    vermelho era sua cor favorita
    e os pontos prateados são fadas.
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    Você agora sabe exatamente quais intenções
    levaram à criação dessa obra.
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    Você está errado em ter apreciado a obra
    como algo que a artista não pretendia?
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    Você a aprecia menos
    agora que sabe a verdade?
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    Até que ponto as intenções da artista
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    deveriam afetar
    sua interpretação da pintura?
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    É uma questão que tem sido levantada
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    por filósofos e críticos de arte
    por décadas, sem consenso à vista.
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    Na metade do século 20,
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    o crítico literário W.K. Wimsatt
    e o filósofo Monrow Beardsley
  • 1:18 - 1:21
    argumentaram que
    a intenção artística era irrelevante.
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    Eles chamaram isso de falácia intencional:
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    a crença de que valorizar a intenção
    do artista era errado.
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    O argumento deles
    era baseado em dois pontos:
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    primeiro, os artistas que estudamos
    não estão mais vivos,
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    nunca gravaram suas intenções,
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    ou simplesmente estão indisponíveis para
    responder perguntas sobre seus trabalhos.
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    Segundo, mesmo que houvesse
    um monte de informações relevantes,
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    Wimsatt e Beardsley acreditavam
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    que isso nos distrairia das qualidades
    da obra propriamente dita.
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    Eles comparam arte com uma sobremesa:
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    se você experimenta um pudim,
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    a intenção do chefe não afeta o modo como
    você percebe o sabor ou a textura dele.
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    O que importa, eles diziam,
    é que o pudim "presta".
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    Claro, o que "presta" para uma pessoa
    pode não "prestar" para outra.
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    E como diferentes interpretações
    ocorrem a pessoas diferentes,
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    os pontos prateados na nossa pintura
    poderiam sim ser interpretados como fadas,
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    estrelas, ou poluentes.
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    Pela lógica de Wimsatt e Beardsley,
    a interpretação do artista sobre sua obra
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    seria apenas uma dentre muitas outras
    possibilidades igualmente aceitáveis.
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    Se você acha isso problemático,
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    pode gostar mais do que dizem
    Steven Knapp e Walter Benn Michaels,
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    dois teóricos literários
    que rejeitaram a falácia intencional.
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    Eles argumentaram que
    o significado dado pelo artista
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    era não só uma interpretação possível,
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    mas a única interpretação possível.
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    Por exemplo, suponha
    que você está andando por uma praia
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    e chega a uma série de marcas na areia
    que formam o verso de uma poesia.
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    Knapp e Michaels acreditam que
    o poema perderia todo seu sentido
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    se você descobrisse que as marcas
    não foram trabalho de alguém,
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    mas alguma coincidência estranha
    produzida pelas ondas.
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    Eles acreditavam
    que um criador intencional
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    era o que tornava o poema
    sujeito à compreensão.
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    Outros pensadores
    defenderam um meio termo,
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    sugerindo que a intenção é só uma peça
    de um quebra-cabeça bem maior.
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    O filósofo contemporâneo
    Noel Carroll tomou essa posição,
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    argumentando que a intenção do artista
    é relevante para sua audiência
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    assim como a intenção de um falante
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    é relevante para a pessoa com quem
    ele está conversando.
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    Para entender como as intenções
    funcionam em conversas,
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    Carrol disse para imaginarmos alguém
    segurando um cigarro e pedindo um fósforo.
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    Você responde estendendo um isqueiro,
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    entendendo que a motivação dela
    é acender o cigarro.
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    As palavras usadas
    para fazer o pedido são importantes,
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    mas as intenções por trás da questão
    ditam sua compreensão e, enfim,
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    sua resposta.
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    Você está inclinado a aceitar qual teoria?
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    Você acredita, como Wimsatt e Beardsley,
    que quando se trata de arte,
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    a prova deveria estar no pudim?
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    Ou você acha que a intenção do artista
    e suas motivações para suas obras
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    afetam seu significado?
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    A interpretação da arte
    é um campo complexo
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    que provavelmente nunca oferecerá
    uma resposta definitiva.
Title:
Quem decide o significado da arte? - Hayley Levitt
Speaker:
Hayley Levitt
Description:

Veja a lição completa: https://ed.ted.com/lessons/who-decides-what-art-means-hayley-levitt

Há uma questão que tem sido discutida por filósofos e críticos de arte há décadas: até que ponto a intenção de um artista deve afetar sua interpretação da obra? Os planos e motivações do artista afetam seu significado? Ou tudo vem do julgamento do espectador? Hayley Levitt explora a complexa teia de interpretação artística.

Lição de Hayley Levitt, dirigida por Avi Ofer.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TED-Ed
Duration:
04:21
Leonardo Silva approved Portuguese, Brazilian subtitles for Who decides what art means?
Leonardo Silva accepted Portuguese, Brazilian subtitles for Who decides what art means?
Leonardo Silva edited Portuguese, Brazilian subtitles for Who decides what art means?
Victória Albuquerque Silva edited Portuguese, Brazilian subtitles for Who decides what art means?
Victória Albuquerque Silva edited Portuguese, Brazilian subtitles for Who decides what art means?

Portuguese, Brazilian subtitles

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