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Format: Layer, Start, End, Style, Name, MarginL, MarginR, MarginV, Effect, Text
Dialogue: 0,0:00:13.00,0:00:16.04,Default,,0000,0000,0000,,Imagine que você e um amigo estão\Nem uma exposição de arte
Dialogue: 0,0:00:16.04,0:00:18.66,Default,,0000,0000,0000,,e uma pintura marcante chama sua atenção.
Dialogue: 0,0:00:18.66,0:00:22.08,Default,,0000,0000,0000,,O vermelho vibrante parece ser \Num símbolo do amor, para você,
Dialogue: 0,0:00:22.08,0:00:25.44,Default,,0000,0000,0000,,mas seu amigo está convencido\Nde que é um símbolo da guerra.
Dialogue: 0,0:00:25.44,0:00:28.96,Default,,0000,0000,0000,,E onde você vê estrelas \Nem um céu romântico,
Dialogue: 0,0:00:28.96,0:00:33.79,Default,,0000,0000,0000,,seu amigo percebe os poluentes \Nque induzem o aquecimento global.
Dialogue: 0,0:00:33.79,0:00:37.41,Default,,0000,0000,0000,,Para resolver a questão, você procura \Nna internet, onde lê que a pintura
Dialogue: 0,0:00:37.41,0:00:41.91,Default,,0000,0000,0000,,é uma réplica de um projeto que a artista \Nfez quando estava na primeira série:
Dialogue: 0,0:00:41.91,0:00:46.75,Default,,0000,0000,0000,,vermelho era sua cor favorita\Ne os pontos prateados são fadas.
Dialogue: 0,0:00:46.75,0:00:51.33,Default,,0000,0000,0000,,Você agora sabe exatamente quais intenções\Nlevaram à criação dessa obra.
Dialogue: 0,0:00:51.33,0:00:55.40,Default,,0000,0000,0000,,Você está errado em ter apreciado a obra\Ncomo algo que a artista não pretendia?
Dialogue: 0,0:00:55.40,0:00:58.92,Default,,0000,0000,0000,,Você a aprecia menos \Nagora que sabe a verdade?
Dialogue: 0,0:00:58.92,0:01:01.04,Default,,0000,0000,0000,,Até que ponto as intenções da artista
Dialogue: 0,0:01:01.04,0:01:04.33,Default,,0000,0000,0000,,deveriam afetar \Nsua interpretação da pintura?
Dialogue: 0,0:01:04.33,0:01:06.28,Default,,0000,0000,0000,,É uma questão que tem sido levantada
Dialogue: 0,0:01:06.28,0:01:11.78,Default,,0000,0000,0000,,por filósofos e críticos de arte\Npor décadas, sem consenso à vista.
Dialogue: 0,0:01:11.78,0:01:13.48,Default,,0000,0000,0000,,Na metade do século 20,
Dialogue: 0,0:01:13.48,0:01:17.99,Default,,0000,0000,0000,,o crítico literário W.K. Wimsatt\Ne o filósofo Monrow Beardsley
Dialogue: 0,0:01:17.99,0:01:21.36,Default,,0000,0000,0000,,argumentaram que \Na intenção artística era irrelevante.
Dialogue: 0,0:01:21.36,0:01:23.83,Default,,0000,0000,0000,,Eles chamaram isso de falácia intencional:
Dialogue: 0,0:01:23.83,0:01:28.09,Default,,0000,0000,0000,,a crença de que valorizar a intenção\Ndo artista era errado.
Dialogue: 0,0:01:28.09,0:01:30.27,Default,,0000,0000,0000,,O argumento deles \Nera baseado em dois pontos:
Dialogue: 0,0:01:30.27,0:01:33.55,Default,,0000,0000,0000,,primeiro, os artistas que estudamos\Nnão estão mais vivos,
Dialogue: 0,0:01:33.55,0:01:35.45,Default,,0000,0000,0000,,nunca gravaram suas intenções,
Dialogue: 0,0:01:35.45,0:01:39.60,Default,,0000,0000,0000,,ou simplesmente estão indisponíveis para\Nresponder perguntas sobre seus trabalhos.
Dialogue: 0,0:01:39.61,0:01:44.16,Default,,0000,0000,0000,,Segundo, mesmo que houvesse \Num monte de informações relevantes,
Dialogue: 0,0:01:44.16,0:01:45.70,Default,,0000,0000,0000,,Wimsatt e Beardsley acreditavam
Dialogue: 0,0:01:45.70,0:01:49.09,Default,,0000,0000,0000,,que isso nos distrairia das qualidades \Nda obra propriamente dita.
Dialogue: 0,0:01:49.09,0:01:51.23,Default,,0000,0000,0000,,Eles comparam arte com uma sobremesa:
Dialogue: 0,0:01:51.23,0:01:52.77,Default,,0000,0000,0000,,se você experimenta um pudim,
Dialogue: 0,0:01:52.77,0:01:57.34,Default,,0000,0000,0000,,a intenção do chefe não afeta o modo como\Nvocê percebe o sabor ou a textura dele.
Dialogue: 0,0:01:57.34,0:02:01.60,Default,,0000,0000,0000,,O que importa, eles diziam,\Né que o pudim "presta".
Dialogue: 0,0:02:01.60,0:02:05.68,Default,,0000,0000,0000,,Claro, o que "presta" para uma pessoa\Npode não "prestar" para outra.
Dialogue: 0,0:02:05.68,0:02:09.02,Default,,0000,0000,0000,,E como diferentes interpretações\Nocorrem a pessoas diferentes,
Dialogue: 0,0:02:09.02,0:02:13.27,Default,,0000,0000,0000,,os pontos prateados na nossa pintura \Npoderiam sim ser interpretados como fadas,
Dialogue: 0,0:02:13.27,0:02:15.51,Default,,0000,0000,0000,,estrelas, ou poluentes.
Dialogue: 0,0:02:15.51,0:02:19.66,Default,,0000,0000,0000,,Pela lógica de Wimsatt e Beardsley,\Na interpretação do artista sobre sua obra
Dialogue: 0,0:02:19.66,0:02:24.55,Default,,0000,0000,0000,,seria apenas uma dentre muitas outras\Npossibilidades igualmente aceitáveis.
Dialogue: 0,0:02:24.55,0:02:26.20,Default,,0000,0000,0000,,Se você acha isso problemático,
Dialogue: 0,0:02:26.20,0:02:30.29,Default,,0000,0000,0000,,pode gostar mais do que dizem\NSteven Knapp e Walter Benn Michaels,
Dialogue: 0,0:02:30.29,0:02:33.98,Default,,0000,0000,0000,,dois teóricos literários \Nque rejeitaram a falácia intencional.
Dialogue: 0,0:02:33.98,0:02:36.50,Default,,0000,0000,0000,,Eles argumentaram que \No significado dado pelo artista
Dialogue: 0,0:02:36.50,0:02:39.05,Default,,0000,0000,0000,,era não só uma interpretação possível,
Dialogue: 0,0:02:39.05,0:02:41.80,Default,,0000,0000,0000,,mas a única interpretação possível.
Dialogue: 0,0:02:41.80,0:02:44.49,Default,,0000,0000,0000,,Por exemplo, suponha \Nque você está andando por uma praia
Dialogue: 0,0:02:44.49,0:02:49.01,Default,,0000,0000,0000,,e chega a uma série de marcas na areia\Nque formam o verso de uma poesia.
Dialogue: 0,0:02:49.01,0:02:52.22,Default,,0000,0000,0000,,Knapp e Michaels acreditam que \No poema perderia todo seu sentido
Dialogue: 0,0:02:52.22,0:02:55.69,Default,,0000,0000,0000,,se você descobrisse que as marcas\Nnão foram trabalho de alguém,
Dialogue: 0,0:02:55.69,0:02:58.28,Default,,0000,0000,0000,,mas alguma coincidência estranha\Nproduzida pelas ondas.
Dialogue: 0,0:02:58.28,0:03:00.50,Default,,0000,0000,0000,,Eles acreditavam \Nque um criador intencional
Dialogue: 0,0:03:00.50,0:03:04.59,Default,,0000,0000,0000,,era o que tornava o poema \Nsujeito à compreensão.
Dialogue: 0,0:03:04.59,0:03:06.93,Default,,0000,0000,0000,,Outros pensadores \Ndefenderam um meio termo,
Dialogue: 0,0:03:06.93,0:03:11.82,Default,,0000,0000,0000,,sugerindo que a intenção é só uma peça \Nde um quebra-cabeça bem maior.
Dialogue: 0,0:03:11.82,0:03:15.26,Default,,0000,0000,0000,,O filósofo contemporâneo \NNoel Carroll tomou essa posição,
Dialogue: 0,0:03:15.26,0:03:18.93,Default,,0000,0000,0000,,argumentando que a intenção do artista\Né relevante para sua audiência
Dialogue: 0,0:03:18.93,0:03:20.66,Default,,0000,0000,0000,,assim como a intenção de um falante
Dialogue: 0,0:03:20.66,0:03:24.16,Default,,0000,0000,0000,,é relevante para a pessoa com quem\Nele está conversando.
Dialogue: 0,0:03:24.16,0:03:27.10,Default,,0000,0000,0000,,Para entender como as intenções\Nfuncionam em conversas,
Dialogue: 0,0:03:27.10,0:03:31.21,Default,,0000,0000,0000,,Carrol disse para imaginarmos alguém\Nsegurando um cigarro e pedindo um fósforo.
Dialogue: 0,0:03:31.21,0:03:33.20,Default,,0000,0000,0000,,Você responde estendendo um isqueiro,
Dialogue: 0,0:03:33.20,0:03:36.25,Default,,0000,0000,0000,,entendendo que a motivação dela\Né acender o cigarro.
Dialogue: 0,0:03:36.25,0:03:39.10,Default,,0000,0000,0000,,As palavras usadas \Npara fazer o pedido são importantes,
Dialogue: 0,0:03:39.10,0:03:43.47,Default,,0000,0000,0000,,mas as intenções por trás da questão\Nditam sua compreensão e, enfim,
Dialogue: 0,0:03:43.47,0:03:45.49,Default,,0000,0000,0000,,sua resposta.
Dialogue: 0,0:03:45.49,0:03:48.52,Default,,0000,0000,0000,,Você está inclinado a aceitar qual teoria?
Dialogue: 0,0:03:48.52,0:03:52.26,Default,,0000,0000,0000,,Você acredita, como Wimsatt e Beardsley,\Nque quando se trata de arte,
Dialogue: 0,0:03:52.26,0:03:53.100,Default,,0000,0000,0000,,a prova deveria estar no pudim?
Dialogue: 0,0:03:53.100,0:03:57.69,Default,,0000,0000,0000,,Ou você acha que a intenção do artista\Ne suas motivações para suas obras
Dialogue: 0,0:03:57.69,0:03:59.35,Default,,0000,0000,0000,,afetam seu significado?
Dialogue: 0,0:03:59.35,0:04:02.11,Default,,0000,0000,0000,,A interpretação da arte\Né um campo complexo
Dialogue: 0,0:04:02.11,0:04:06.16,Default,,0000,0000,0000,,que provavelmente nunca oferecerá\Numa resposta definitiva.